sábado, 13 de outubro de 2012

Agarra-me Se Puderes

Hoje em dia Burt Reynolds é uma sombra do que foi. Na década de 70 ele era o rei das bilheterias. Estrelando filmes de consumo popular o ator era o sonho de todas as mulheres e para completar a inveja de todos os homens. Usando um visual macho man, com bigode e jeito de caipirão o ator logo foi elevado ao patamar de ídolo das multidões. Seu auge de popularidade ocorreu justamente nesse "Agarra-me Se Puderes" uma das maiores bilheterias da década de 70. A produção caiu no gosto dos americanos e fez tanto sucesso que daria origem a mais dois filmes, com enredo praticamente igual, e que no Brasil receberam os inacreditáveis títulos de "Desta Vez Te Agarro" (1980) e "Agora Você Não Escapa" (1983). Mas qual foi o segredo do sucesso desses filmes? Em essência a trilogia nada mais é do que uma série de filmes que misturam humor e ação, tudo embalado com muitas perseguições, fugas espetaculares e policiais estúpidos.

O filme sendo sincero não tem muito pé, nem cabeça. Tudo se resume na tentativa de um caminhoneiro chamado Bandit (Burt Reynolds) em levar cervejas para uma festa red neck no leste do Texas! O problema é que isso seria proibido por um xerife casca grossa local. Em cima desse argumento simplório toda a trama do filme é construída. Pela estrada afora Bandit enfrenta uma centena de tiras que sempre estão em seu encalço. Nem precisa dizer que os tiras retratados no filme são todos palermas e incompetentes, incluindo o interpretado pelo ator Mike Henry, o mesmo sujeito que não deu certo como Tarzan na década anterior. É a velha fórmula de rir da autoridade sendo passada para trás por um esperto caipira, às do volante. De resto tem a Sally Field, novinha, fazendo uma noiva em fuga de seu casamento. Mas nem se preocupe, isso não tem a menor importância. O que importa mesmo em "Agarra-me Se Puderes" é a ação sem trégua e as risadas de Bandit quando a polícia come sua poeira pelas estradas americanas. Se você entrar no clima certamente vai se divertir também.

Agarra-me Se Puderes (Smokey and the Bandit, Estados Unidos, 1977) Direção: Hal Needham / Roteiro: Hal Needham, Robert L. Levy / Elenco: Burt Reynolds, Sally Field, Jerry Reed, Mike Henry, Michael Mann / Sinopse: Bandit (Burt Reynolds) é um caminhoneiro fanfarrão que tentará levar um carregamento de bebidas para o leste do Texas. Sua viagem porém não será fácil pois o zerife local quer impedir que ele chegue ao seu destino.

Pablo Aluísio.

Antes de Partir

"Antes de Partir" trata de um tema complicado - a morte - mas procura impor um ritmo de leveza e alto astral. Na trama conhecemos os dois personagens principais, Edward Cole (Jack Nicholson) e Carter Chambers (Morgan Freeman). Ambos estão com doenças terminais e conscientes de que não viverão por muito tempo. Para superar essa triste realidade decidem aproveitar o pouco de vida que lhes restam, fazendo tudo aquilo que sempre quiseram fazer mas que até aquele momento eram apenas planos. Assim o filme se desenvolve, ambos colocam os pés na estrada e vão viver experiências diferentes, realizar velhos sonhos há muito adormecidos. Não precisa nem explicar que o grande atrativo de "Antes de Partir" é seu elenco fantástico. Jack Nicholson e Morgan Freeman são atores consagrados, com extenso currículo de trabalhos maravilhosos e agora se unem nessa que parecia ser uma boa idéia, mostrar dois homens em frente à sua própria mortalidade e a forma como lidam com essa situação extrema.

Infelizmente o filme não consegue deslanchar nesse aspecto. A despeito de estarmos na presença de dois excelentes grandes atores o roteiro simplesmente não consegue lidar com o tema de forma satisfatória. Faltou profundidade, faltou ir até as últimas consequências. O texto parece temer entrar em questões mais profundas, em discutir o que pensam essas duas pessoas que estão no ocaso de suas vidas. Um exemplo disso é a postura religiosa dos personagens. É natural que em um momento delicado desses as pessoas procurem refúgio em algum tipo de crença religiosa mas no filme nada disso é tratado muito a fundo, ficando quase sempre em cima do muro, de maneira bastante artificial. O roteiro parece ter medo de adotar uma atitude adulta sobre a morte. Em vista de tudo isso a sensação final é de que certamente "Antes de Partir" poderia ser um filme bem melhor do que realmente é. Também pudera o diretor Rob Reiner não é certamente conhecido por temas profundos em seus filmes, pelo contrário, tudo parece leve e artificial no que dirige. Essa característica se repete aqui, justamente em um tema que na minha opinião não caberia esse tipo de postura. De qualquer modo ver Nicholson e Freeman se torna um paliativo. É pouco, poderia ser muito mais interessante, mas não significa que necessariamente você perderá seu tempo. Os dois juntos valem pelo menos uma conferida mesmo que o gosto ao final seja de frustração.

Antes de Partir (The Bucket List, Estados Unidos, 2007) Direção: Rob Reiner / Roteiro: John Schwartzman / Elenco: Jack Nicholson, Morgan Freeman, Sean Hayes, Rob Morrow, Hugh B. Holub, Alfonso Freeman, Serena Reeder, Ian Anthony Dale, Richard McGonagle, Christopher Stapleton. / Sinopse: Na trama conhecemos os dois personagens principais, Edward Cole (Jack Nicholson) e Carter Chambers (Morgan Freeman). Ambos estão com doenças terminais e conscientes de que não viverão por muito tempo. Para superar essa triste realidade decidem aproveitar o pouco de vida que lhes restam, fazendo tudo aquilo que sempre quiseram fazer mas que até aquele momento eram apenas planos.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Coisa

Título no Brasil: A Coisa
Título Original: The Stuff
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Larco Productions
Direção: Larry Cohen
Roteiro: Larry Cohen
Elenco: Michael Moriarty, Andrea Marcovicci, Garrett Morris, Paul Sorvino, Scott Bloom, Danny Aiello

Sinopse:
Uma gosma deliciosa e misteriosa que escorre da terra é comercializada como a mais nova sensação de sobremesa, mas a guloseima apodrece mais do que os dentes quando lanchonetes parecidos com zumbis, que só querem consumir mais daquela estranha substância a qualquer custo, começam a infestar o mundo.

Comentários:
Eu tenho lembranças desse filme desde os tempos das locadoras de vídeo VHS. Eu costumava frequentar uma locadora nos anos 80 em que esse filme sempre estava na prateleira, pegando poeira. Um dia, sem maiores opções, aluguei a fita. Olha, as minhas lembranças são de um filme divertido, com efeitos especiais meio toscos, onde os personagens humanos vão virando geleia e um roteiro simples que tentava colocar ordem naquele caos. Um filme de pura diversão mesmo. Hoje em dia, pelo que vejo, virou uma raridade de encontrar. Acho que não veria de novo, mas deixo aqui no blog o registro de que um dia no passado, lá nos distantes anos 80, eu assisti a esse "A Coisa". Bons tempos.

Pablo Aluísio.

Rock of Ages

O filme foi baseado numa pequena peça que está em cartaz na Broadway há anos. Com estrutura tradicional o enredo explora a chegada de Sherrie Christian (Julianne Hough) em Los Angeles. Ela é uma garota do interior que sonha se tornar estrela na nova cidade. A realidade porém logo bate à porta, ela é assaltada e sem dinheiro nem ter onde ficar acaba indo trabalhar de garçonete na casa de shows Bourbon, um local onde grandes grupos de rock começaram suas carreiras. Embora com passado glorioso a Boubon atualmente está praticamente falida. Além disso é alvo de protestos moralistas que querem fechá-la. Para salvar da falência um show é programado com o super astro  Stacee Jaxx (Tom Cruise) que vai realizar o último concerto ao lado de sua banda antes de partir para uma carreira solo. Rock of Ages se propõe a ser um musical ambientado no mundo do rock da década de 80. Há a tentativa de recriar toda aquela época, quando os roqueiros exageravam nas caras e bocas e enchiam seus cabelos de spray para parecerem fortes e selvagens. Quem foi jovem nos anos 80 certamente vai gostar da trilha sonora cheia de músicas daqueles tempos. O grande problema de Rock of Ages talvez seja a disparidade entre a peça original, despojada e modesta, e o filme, uma produção milionária cheia de pretensão.

Tom Cruise, o astro, deve ter adorado personificar seu personagem, um rockstar embriagado pela fama e sucesso. Embora seja complicado engolir o almofadinha Cruise como um roqueiro de uma banda de Heavy Metal, o fato é que no final das contas ele não se sai tão mal. De fato acaba virando a melhor coisa do filme uma vez que os atores que interpretam o casalzinho central é fraco e sem muito talento. A atriz Julianne Hough é inegavelmente linda e com um cabelo à la Farrah Fawcett se torna um colírio aos olhos. Mas como cantora deixa realmente a desejar. Pior se sai seu partner, o mexicano  Diego Bonetta, um ator sem qualquer carisma que não consegue criar identificação com o público em geral. Como Cruise apenas não consegue salvar todo um filme o musical fica pelo caminho no saldo geral. Vale destacar por fim a divertida atuação do sempre bom Alec Baldwin. Sua cena se assumindo gay é realmente completamente nonsense e muito engraçada. Um pequeno momento de humor em uma produção que se leva à sério demais.

Rock Of Ages - O Filme (Rock of Ages, Estados Unidos, 2012) Direção: Adam Shankman / Roteiro: Justin Theroux, Chris D'Arienzo, Allan Loeb baseado na peça de Chris D'Arienzo / Elenco: Tom Cruise, Julianne Hough, Alec Baldwin, Russel Brand, Mary J.Blige, Bryan Cranston, Diego Bonetta / Sinopse: Garota do interior vai para Los Angeles tentar se tornar uma estrela de sucesso mas tudo o que consegue é se tornar garçonete em uma famosa casa de shows.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Espetacular Homem-Aranha

Cultura pop por excelência o personagem Homem-Aranha ressurge nas telas em uma nova franquia com tudo renovado. Para quem não sabe toda a equipe técnica que realizou (muito bem por sinal) os filmes da trilogia anterior foi substituída. Sam Raimi, Tobey Maguire, todos foram embora. Um novo roteiro foi escrito - igualmente mostrando as origens dos personagens - e a Sony resolveu recomeçar praticamente do zero. Ao custo milionário de 230 milhões de dólares o novo Spiderman finalmente ganhou as telas do mundo todo. Muita gente torceu o nariz pois a trilogia original ainda era muito recente. Como vivemos em um mundo em alta velocidade, onde a força do capital fala mais alto, os executivos do estúdio nem pensaram duas vezes antes de aprovar essa que promete ser a nova franquia do cabeça de teia. A boa notícia é que O Espetacular Homem-Aranha é realmente muito bom, muito divertido e vai agradar aos espectadores (talvez apenas os mais xiitas e ranzinzas não curtirão). Como se trata de um filme de "origens" tudo recomeça. Pater Parker (Andrew Garfield, com cara de adolescente mesmo) é um jovem estudante que durante uma visita a um centro de pesquisas de um grupo industrial acaba sendo picado por uma aranha modificada geneticamente. A fusão de seu DNA com a do inseto acaba criando diversas modificações na vida do rapaz: ele fica bem mais forte, ágil, e consegue até mesmo subir paredes e prédios altos. Uma verdadeira simbiose entre um homem e uma aranha!

O sucesso do Spiderman não é complicado de entender. Stan Lee, que nunca foi bobo nem nada, criou um personagem que iria criar uma forte identificação com seu público alvo. Peter Parker era um estudante comum de High School, sem grana, passando por dificuldades na escola, sendo alvo de bullying e apaixonado pela garota mais bonita e popular do colégio. Ela obviamente não lhe dá a mínima bola. Agora responda rápido: existe algum jovem no mundo que não iria se identificar com uma estória dessas? Não me admira em nada que a mitologia do Aranha nunca  tenha perdido sua força, sempre conseguindo se comunicar com as novas gerações, mesmo após tantos anos de sua criação. Essa nova releitura nos cinemas tem tudo para agradar aos fãs. A estória continua irresistível, o casal central de atores é bem carismático e o elenco de apoio é da melhor qualidade. O vilão também é outro ponto positivo. O Dr. Curt Connors (Rhys Ifans) é a própria personificação do cientista que não consegue mais separar sua vida pessoal de suas pesquisas. O Lagarto feito digitalmente é convincente e bem elaborado. Em suma, O Espetacular Homem-Aranha certamente vai agradar aos garotos e aos marmanjos que adoravam as aventuras dos personagens dos gibis quando eram guris. Não deixe de assistir.

O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man,  Estados Unidos, 2012) Direção: Marc Webb / Roteiro: Alvin Sargent, James Vanderbilt, Steve Kloves / Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field, C. Thomas Howell, Embeth Davidtz, Chris Zylka, Denis Leary, Campbell Scott, Irrfan Khan, Kelsey Chow, Stan Lee / Sinopse: Peter Parker (Andrew Garfield) é um jovem estudante que é picado por uma aranha e se torna um super-herói com poderes especiais. Agora terá que enfrentar um monstro que aterroriza a cidade.

Pablo Aluísio.

Demônio

Título no Brasil: Demônio
Título Original: Devil
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Erick Dowdle
Roteiro: Brian Nelson, M. Night Shyamalan
Elenco: Chris Messina, Geoffrey Arend, Bojana Novakovic, Logan Marshall-Green
  
Sinopse:
Um grupo de pessoas, sem qualquer aparente ligação entre si, fica preso em um elevador de um grande prédio de uma metrópole americana. Diante dessa situação verdadeiramente claustrofóbica começam a ocorrer eventos inexplicáveis, de natureza sobrenatural. Atos de violência são cometidos dentro do elevador e todos procuram sobreviver àquele caos e desespero. 

Comentários:
M. Night Shyamalan acabou virando um diretor do tipo “ame ou odeie”. Embora tenha começado muito bem sua carreira com filmes intrigantes como "O Sexto Sentido" o fato inegável é que o cineasta anda meio perdido atualmente. Como se não bastassem os fracassos de público e crítica ele agora tenta inovar em um gênero que o diretor mostra não ter muito domínio. Aqui ele tentou segundo suas próprias palavras "criar um terror no ambiente urbano das grandes cidades". Embora o filme "Demônio" seja assinado pelo inexpressivo John Erick Dowdle a verdade é que essa produção tem a marca inconfundível do indiano. Além de produzir "Demônio" o texto é de sua autoria. Então nem adianta colocar um verdadeiro “laranja” como diretor pois todos sabemos que se trata na realidade de um filme de Shyamalan. A premissa é até promissora, tudo passado em apenas um ambiente. Tudo bem em tentar extrair de uma única situação todos os acontecimentos para realizar um filme, o problema é quando a monotonia e o tédio atingem o espectador. Certamente Shyamalan tenta de todas as formas evitar que isso aconteça, mas em vão. Em vários momentos a trama cai no lugar comum, isso quando não se torna puramente absurda e forçada. O argumento inclusive me lembrou de outro filme chamado "Enterrado Vivo" que acabou sendo mais bem sucedido nesse tipo de produção que explora um evento único. Shyamalan também não consegue escapar de cair na pura bobagem. O filme mais parece um episódio do antigo seriado "The Twillight Zone", "Amazing Stories" ou até mesmo "Contos da Cripta". O problema é que se naqueles seriados os episódios duravam pouco mais de meia hora, aqui o filme se estende por quase uma hora e meia... então é inevitável que haja muita enrolação (e tédio). Eu olhei bastante para o relógio durante a exibição do filme e isso definitivamente nunca é um bom sinal. O tempo passou devagar... devagar... Talvez fosse mais produtivo que o filme fosse dividido em duas pequenas estórias de terror já que não cansaria tanto o espectador. Além do mais no final se poderia ao menos gostar de um ou outro episódio do filme. Pena que não pensaram assim. Para falar a verdade Devil é um tanto previsível e chato (e quando sua identidade foi finalmente revelada eu literalmente bocejei pois já tinha perdido o interesse pelo roteiro lá pelos 45 minutos de exibição). Definitivamente não fiquei satisfeito com o desfecho... Enfim, não recomendo muito o filme. Ainda prefiro meus seriados de contos de terror de antigamente. Eram mais honestos em sua proposta. Não foi dessa vez que o indiano acertou novamente.

Pablo Aluísio.

Esquadrão Classe A

Quem é um pouco mais velho certamente se lembra da série original que era exibida pelo canal SBT no Brasil. Esquadrão Classe A era um produto diferente, com muito humor mas focado principalmente na ação desenfreada – até porque se vivia no cinema uma verdadeira febre de filmes de ação estrelados por atores como Stallone, Schwarzenegger e Chuck Norris. O tempo passou, a série sofre queda de audiência e após poucas temporadas foi definitivamente cancelada. Como em Hollywood hoje se vive uma escassez enorme de novas ideias os produtores voltaram na década de 80 em busca de algo para reciclar. A bola da vez foi justamente o Esquadrão Classe A. O que dizer de um filme como esse? Sinceramente acho que os produtores pensam que os jovens de hoje devem ter algum problema de déficit de atenção e por isso colocam uma nova explosão a cada cinco minutos de duração. Será que eles têm receio de que os jovens fiquem distraídos sobre o que se passa na tela e por isso promovem uma explosão atrás da outra para acordar todo mundo? E por que não escrevem um roteiro com o mínimo de inteligência? São questões complicadas de responder. O fato é que o remake de Esquadrão Classe A se resume a isso: uma explosão atrás da outra, uma cena inverossímil seguida de outra e quando já estamos fartos de tanta pirotecnia o filme simplesmente acaba. Nada é desenvolvido a contento, nada é minimamente explorado e a sensação de vazio impera quando o filme finalmente chega ao seu final.

Não que a série original fosse muito melhor do que isso mas a questão é que estamos falando de algo produzido há quase 30 anos, então o mínimo que se poderia esperar agora era que realizassem algo melhor, mais bem feito, mais caprichado. O pior desse filme é seu argumento bobo demais. Tudo gira em torno da busca por placas matrizes usadas para a fabricação de dinheiro que foram roubadas do governo americano. Até aí tudo bem. O que me deixou perplexo é entender porque tanto alvoroço por isso? Será que os roteiristas não sabiam que essas placas são numeradas e basta o Banco Central cancelar seus números de série para tudo se resolver? Acho que não pois no filme o governo dos EUA faz de tudo para recuperar elas. E tome explosão. No cinema então o filme se torna um tormento tremendo, tamanha a barulheira sem fim. Como o roteiro é previsível temos também uma pequena reviravolta envolvendo os vilões do enredo mas nada de muito surpreendente. E é só. Fui com as expectativas bem baixas, esperando um filme assim e realmente ele conseguiu ser pior do que eu esperava. Melhor rever o Mr T fazendo cara de mau no seriado antigo. Era mais divertido.

Esquadrão Classe A (The A-Team, Estados Unidos, 2010) Direção: Joe Carnahan / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas, Skip Woods / Elenco: Liam Neeson, Bradley Cooper, Quinton "Rampage" Jackson, Jessica Biel, Sharlto Copley, David Richmond-Peck. / Sinopse: O filme narra as aventuras do chamado Esquadrão Classe A. Quando matrizes do governo americano são roubadas o grupo entra em ação para recupera-las.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A Fera do Rock

Jerry Lee Lewis tinha vocação para piromaníaco. Ele gostava mesmo era de tocar fogo nas coisas. Quando não estava no palco colocando fogo em seu piano, estava fora dele jogando gasolina nas chamas de sua carreira. Foi o mais incendiário artista da primeira geração do Rock ´n´ Roll. Lewis surgiu na Sun Records, a mesma pequenina gravadora de Memphis que revelou Elvis Presley. Tinha talento, ótima perfomance de palco e uma postura que reunia rebeldia, arrogância e ousadia. Seu sonho era um dia se tornar maior que o próprio Elvis! Após emplacar vários sucessos partiu para uma viagem à Inglaterra naquela que seria sua turnê de consagração. O futuro parecia promissor e brilhante. Infelizmente a imprensa britânica acabou com seus sonhos. Um jornalista descobriu meio que ao acaso que ele havia se casado com sua prima de apenas 14 anos. Isso bastou para que tudo viesse abaixo em pouco tempo. Lewis foi banido das rádios, seus shows foram cancelados e em pouco tempo ele viu tudo o que restava de sua outrora carreira virar literalmente cinzas. A vida do chamado “The Killer” é certamente das mais interessantes e curiosas da música americana e por isso em 1989 virou filme sob direção de Jim McBride, com Dennis Quaid no papel principal. Embora historicamente incorreto em alguns aspectos “A Fera do Rock”  é até hoje lembrado com carinho pelos fãs de musicais em geral.

A estética que foi escolhida foi bem technicolor, exagerada, vibrante, com linguagem das comédias românticas dos anos 50. A trilha sonora é uma delícia e reúne todos os grandes sucessos de Lewis no auge de sua carreira como Great Balls Of Fire, Whole Lotta Shakin’ Goin’ On, Crazy Arms e High School Confidential. É certo que Dennis Quaid está muito afetado na pele de Jerry Lee Lewis mas isso não tira o charme da produção. Uma jovem e talentosa Winona Ryder dá brilho ao elenco ao interpretar Myra Gale Brown, a prima adolescente de Lewis que acabaria sendo sua ruína. O elenco aliás está muito bem, com todos à vontade em seus respectivos personagens. O próprio Jerry Lee Lewis resolveu participar do clipe promocional do filme, cantando e tocando piano ao lado de Dennis Quaid. Tirando esse lado mais colorido da película a verdade pura e simples é que a vida de Lewis estaria mais para um drama pesado do que para uma comédia musical como essa. Eu entendo que os produtores não quiseram fazer nada baixo astral e ao invés disso optaram por celebrar o artista. Nada há de errado nisso. Só que se deve registrar que o que fizeram a Lewis durante muitos anos foi de uma crueldade imensa. Arrasaram com um artista talentoso apenas por uma questão de falso moralismo extremo. Ainda bem que Jerry Lee Lewis é acima de tudo um grande sobrevivente. Enfrentou todas as barras e conseguiu em vida ver sua estrela renascer novamente. Palmas para ele. O que fica é a certeza que Jerry Lee Lewis foi certamente um grande nome do Rock americano que merece todo o respeito e reverência. Um verdadeiro The Killer que marcou para sempre a música do nosso tempo.


A Fera do Rock (Great Balls of Fire!, Estados Unidos, 1989) Direção: Jim McBride / Roteiro: Jack Baran, Jim McBride baseados no livro de Myra Lewis e Murray Silver Jr./ Elenco: Dennis Quaid, Winona Ryder, Stephen Tobolowsky, Trey Wilson, Alec Baldwin / Sinopse: Cinebiografia do cantor de rock dos anos 50 Jerry Lee Lewis. Revelado pela Sun Records de Sam Phillips acaba tendo sua carreira destruída por ter se casado com sua prima menor de idade.

Pablo Aluísio

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Bolt - O Supercão

Na guerra pelas bilheterias das animações os estúdios Disney nunca brincam em serviço, lançando todos os anos fortes candidatos no mercado. Esse Bolt certamente tem pedigree, com custo milionário (130 milhões de dólares) o filme deixa a animação tradicional de lado para apostar de uma vez por todas nas técnicas mais modernas, com produção digital de última geração. Para tanto a Disney teve a coragem (e ousadia) de escalar dois novatos para a direção! Convenhamos que bater de frente com a Pixar com dois marinheiros de primeira viagem, mesmo tendo um orçamento milionário nas mãos, pode não ser uma boa idéia. Embora a dupla Byron Howard e Chris Williams tenha se esforçado em entregar um produto à altura do absurdo padrão de qualidade da Disney o fato é que o resultado deixou a desejar. A animação inclusive parece não ter agradado muito o público, tanto que sua bilheteria foi considerada bem decepcionante. Mas afinal o que deu errado em Bolt?

De certa forma a falta de um gancho melhor no enredo pesou contra a animação. A trama é bem simples: Bolt é um simpático cãozinho usado em programas de TV que acredita ter realmente super poderes. Quando sem querer vai parar nas ruas acaba descobrindo a realidade: que é apenas um cão ator e não um super-herói todo poderoso. Ao seu lado aparecem dois novos amigos, um Hamster que vive dentro de uma bolha de plástico (um dos mais divertidos personagens) e uma gata com muita personalidade. Já a garotinha Penny tem a voz na versão americana da estrela teen Miley Cyrus. O enredo vai fazer você se lembrar imediatamente de outros filmes famosos como "Ed Tv" e "O Show de Truman". Será que esse enredo se mostrou complexo demais para as a garotada? Ainda mais para seu público alvo que são as crianças até no máximo 10 anos? Pode ser. Mesmo assim, sendo considerado um dos filmes menores da Disney a animação deve ser assistida. Não é nenhum clássico do eterno estúdio mas vista sob um ponto de vista de mero passatempo pode até mesmo divertir.

Bolt - O Supercão (Bolt, Estados Unidos, 2008) Direção: Byron Howard, Chris Williams / Roteiro: Chris Sanders / Elenco (vozes): John Travolta, Milley Cyrus, Susie Emans, Malcolm McDowell / Sinopse: Caõzinho ator que vive dentro de um programa de TV pensa ter super poderes como um verdadeiro super- herói. Quando vai para as ruas descobre a verdade sobre sua vida.

Pablo Aluísio.

O Campeão de Hitler

Max Schmeling (1905 - 2005) foi um campeão de boxe alemão que conseguiu conquistar o título de pesos pesados vencendo a lenda americana Joe Louis em plena Nova Iorque nas vésperas da II Guerra Mundial. Como não poderia deixar de ser o Estado Nazista Alemão procurou de todas as formas se apropriar da vitória do lutador para propagar suas idéias racistas de superioridade branca. Joe Louis, o lutador americano, era negro e Schmeling era o que Hitler gostava de chamar de ariano puro. Para os nazistas a vitória de Max representava a concretização de suas teses que afirmavam serem os negros inferiores aos arianos brancos. O curioso é que Max não era um nazista, apenas um esportista que não conseguia desvencilhar seu talento esportivo da propaganda política do Terceiro Reich. A história como se vê é das mais interessantes mas esse "O Campeão de Hitler" não consegue alcançar maiores vôos se limitando a apenas contar os fatos da forma mais didática (e burocrática) possível. A produção não é vergonhosa ou algo do tipo, dentro de suas possibilidades tudo é ambientado de forma razoável, o problema realmente é que o filme não consegue mostrar muito da personalidade do personagem principal, não explora melhor o conflito que viveu e fica praticamente ali no básico, sem qualquer tipo de inovação ou ousadia artística.

Mesmo sendo muito limitado esse filme serve para duas coisas pelo menos: A primeira é conhecer melhor a história de  Max Schmeling, seu auge, sua fama e depois sua queda e declínio e depois servir de trampolim para que o espectador possa pesquisar melhor sobre esse esportista. Entre as curiosidades mais interessantes basta citar que após a Guerra, pobre e desempregado, o boxeador para ganhar o pão de cada dia ia até as bases militares americanas apostar lutas com os soldados em busca de alguns trocados. Mesmo assim engana-se quem pensa que Max morreu pobre e jogado em alguma sarjeta. Por um desses caprichos do destino ele conseguiu dar a volta por cima e através de seus amigos na América conseguiu os direitos de comercialização de um produto americano que permanecia inédito na Alemanha até aquele dia. O nome do produto? Coca-Cola!!! Nem é preciso explicar que morreu milionário. Maior ironia do destino que essa poucas vezes vi em minha vida. Em suma, "O Campeão de Hitler" passa longe de ser um filme brilhante, pelo contrário, é burocrático e quadrado ao extremo, mas servirá pelo menos como curiosidade histórica.

O Campeão de Hitler (Max Schmeling, Alemanha, 2011) Direção: Uwe Boll / Roteiro: Timo Berndt / Elenco: Henry Maske, Susanne Wuest, Heino Ferch / Sinopse: Cinebiografia do boxeador Max Schmeling, que durante o auge do nazismo na Alemanha conseguiu vencer a lenda americana, o campeão Joe Louis, em plena Nova Iorque. Usado como propaganda por Hitler viu sua fama e sucesso acabar com a explosão da II Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

Homem de Ferro

Primeira aventura do Homem de Ferro nos cinemas. Esse personagem da Marvel sempre foi muito querido pelos fãs dos quadrinhos mas nunca havia tido um tratamento tão vip como agora. Embora tenha seus fãs mais leais o fato é que o Homem de Ferro vinha em crise de popularidade, tendo inclusive seus títulos próprios cancelados no Brasil. O filme porém mudou tudo, agora ele é sempre um dos mais lembrados heróis do universo Marvel, virando inclusive uma força no mercado de licenciamentos com muitos brinquedos, jogos, camisas e demais bugigangas à venda. De fato o personagem é bem interessante, não apenas por ser uma nova versão dos antigos robôs dos filmes de ficção da década de 50 mas por ter também um alter ego muito singular, o bilionário Tony Stark (Robert Downey Jr.). Um fato curioso que poucos parecem se dar conta é que Stark é na realidade uma versão no mundo da ficção de Howard Hughes, um excêntrico magnata que viveu nos EUA (e que foi retratado pelo cinema no filme "O Aviador" com Leonardo Di Caprio fazendo o papel). Hughes assim como Stark era louco por tecnologia e aplicava muito tempo e dinheiro com invenções - algumas bem malucas - e aventuras. Morreu completamente louco e isolado em um quarto de hotel em Las Vegas, cercado de lixo e fezes por todos os lados. Apesar de seu final inglório Hughes está em Stark em praticamente todos os aspectos, seu visual (com o famoso bigodinho), seus maneirismos, seus projetos mirabolantes, etc. 

Esse Homem de Ferro, o filme, faz parte de um longo processo que vem há tempos se perpetuando no mundo do cinema americano. Descobriu-se, desde Batman de Tim Burton, que havia uma enorme legião de fãs de quadrinhos ávidos por consumir filmes de seus super-heróis preferidos. Vendo a mina de ouro os estúdios correram atrãs dos direitos autorais o que não foi fácil pois a Marvel sempre foi muito mal gerenciada, vendendo os seus direitos sem muito critério. A batalha pelos direitos do Homem Aranha, por exemplo, durou anos! Como o Homem de Ferro sempre foi considerado um personagem de segundo escalão a compra dos direitos de uso foi bem mais fácil. O filme é muito eficiente, bem realizado e competente. Nada de muito brilhante surge em cena mas em nenhum momento a produção decepciona. Robert Downey Jr, depois de anos de abuso de drogas e vexames públicos conseguiu finalmente que um grande estúdio apostasse as fichas nele, o escalando para o personagem principal. Direção de arte, efeitos digitais, tudo parece se enquadrar muito bem no final das contas. O velho Hughes certamente ficaria orgulhoso. 

Homem de Ferro (Iron Man, Estados Unidos, 2008) Direção: Jon Favreau / Roteiro:: Arthur Marcum, Matt Holloway, Mark Fergus, Hawk Ostby baseados no famoso personagem da Marvel criado por Stan Lee  / Elenci: Robert Downey Jr., Terrence Howard, Gwyneth Paltrow, Jeff Bridges, Samuel L. Jackson, Leslie Bibb, Stan Lee, Shaun Toub, Bill Smitrovich, Faran Tahir. / Sinopse: Tony Stark (Robert Downey Jr) é  um excêntrico bilionário e industrial que resolve criar uma inédita arma de guerra, uma armadura letal que também lhe serve como salva vidas uma vez que ele depende do equipamento para sobreviver.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de outubro de 2012

Facção Vermelha

O planeta vermelho continua sendo alvo das piores bombas que são lançadas. Parece que todo filme vagabundo usa Marte como cenário ultimamente. Esse Facção Vermelha é dos piores. Baseado em game a produção não consegue acertar em quase nada. O roteiro é clichê, da primeira à última cena. Um mistura vulgar de elementos que fizeram parte de Guerra Nas Estrelas e O Vingador do Futuro. Personagens ridículos interpretados por atores ineptos, tudo embalado por alguns dos diálogos mais estúpidos já escritos. Como se não bastasse tanta ruindade ainda temos que perder tempo com o enredo patético: No futuro, 25 anos após Marte de tornar independente da Terra, grupos rivais lutam pelo controle do planeta. Há os rebeldes conhecidos como Saqueadores que lutam contra a chamada “Facção Vermelha” (esquerdistas de araque) e por fim o governo estabelecido que combate todos eles. A direção de arte é horrível, fora de moda, brega, ultrapassada.

No meio da lama de tanta incompetência só um ator é mais conhecido: Robert Patrick. Para quem já fez Arquivo X e Exterminador do Futuro 2 certamente é uma vergonha participar de um projeto vagabundo como esse. O personagem principal é interpretado pelo ator Brian J. Smith, que é simplesmente 100% inexpressivo e sem talento. O resto do elenco não merece sequer menção. O vilão é um estúpido capitão com tapa olho! Um horror! Por fim cabe falar sobre os efeitos digitais. São todos fracos e mal feitos. Enfim o filme é tão ruim que não merece nem mais ser detonado, apenas ignorado. Fuja desse “Facção Vermelha” que é seguramente um dos piores filmes de ficção feitos ultimamente. Sem graça e chato só merece o ostracismo eterno, seja aqui ou seja em Marte!

Facção Vermelha (Red Faction: Origins, Estados Unidos, 2011) Direção: Michael Nankin / Danny Bilson, Paul De Meo / Elenco: Brian J. Smith, Danielle Nicolet, Kate Vernon, Robert Patrick / Sinopse: três grupos lutam pelo controle do planeta Marte após esse se tornar independente da Terra.

Pablo Aluísio.

Como Treinar o Seu Dragão

Animação baseada no livro infantil How to Train Your Dragon, de Cressida Cowell. A trama gira em torno de um jovem guerreiro que descobre um dragão ferido e resolve criar ele como seu bichinho de estimação. Dreamworks é o mais jovem entre os estúdios de Hollywood e aqui consegue um de seus grandes sucessos no mundo da animação. Por ser uma companhia novata vive envolvida em boatos de fechamento, venda, negociação, etc. A única grande força por trás da Dreamworks realmente é a grife Spielberg. Bom, pelo menos agora eles também podem estampar o grande sucesso dessa animação que chegou entre as dez maiores bilheterias de 2010. Cair no gosto do grande público é o sonho de todo estúdio hoje e cair no gosto justamente com uma animação é um sonho ainda maior: geralmente esses filmes são altamente lucrativos pois não custam tão caro e nem se apóiam em estrelas egocêntricas que podem de uma hora pra outra afundar uma nova franquia milionária.

Esse "Como Treinar o Seu Dragão" é bom mas não está no nível das animações da Pixar. Embora o filme tenha boas cenas de ação e aventura, um dragão carismático e uma série de bons personagens secundários o resultado final, embora satisfatório, fica apenas na média. As crianças obviamente vão adorar, embora o roteiro seja mais indicado para os garotinhos, por ser uma aventura mais vigorosa sem as nuances românticas que cativam as meninas. A ação fica em primeiro plano. Além disso gostei da mensagem ecológica que o roteiro traz, demonstrando que o homem e a natureza não precisam ser necessariamente inimigos mas sim que devem caminhar juntos pelo progresso de ambos. Como era de se esperar já foi anunciada sua continuação. Ninguém pode ignorar os milhões que a animação rendeu nas bilheterias. Fora o sucesso de público a animação também parece ter agradado muito aos membros da Academia pois foi indicado aos Oscars de melhor Filme de Animação, Trilha Sonora e Música Original. Um saldo mais do que positivo. Steven Spielberg agradece.

Como Treinar o Seu Dragão (How To Train Your Dragon, Estados Unidos, 2010) Direção: Dean DeBlois, Chris Sanders / Roteiro: William Davies, Dean DeBlois, Chris Sanders / Elenco (vozes):  Jay Baruchel, Gerard Butler, Craig Ferguson, America Ferrera, Jonah Hill / Sinopse: Um jovem guerreiro descobre um dragão e resolve criar ele como seu bichinho de estimação.

Pablo Aluísio.

A Era do Gelo 4

Quarta continuação da franquia de animação Ice Age. Essa é a galinha dos ovos de ouro dos estúdios Fox. Os personagens são carismáticos, os enredos são redondinhos e a clima de humor infantil conquistou muitos fãs durante todos esses anos. O curioso é que mesmo estando na quarta aventura a série não parece perder fôlego, conquistando ótimas bilheterias ao redor do mundo. Apesar do público não mostrar sinais de cansaço com o filme a verdade pura e simples é que os roteiros começaram a dar voltas, sem ir para lugar nenhum. Aqui os roteiristas resolveram acrescentar novos personagens, sendo vários deles piratas dos sete mares – numa óbvia tentativa de pegar carona em outra franquia de grande sucesso, “Piratas do Caribe”. O resultado é irregular, sem novidades, batendo nas mesmas teclas de sempre.

O projeto foi desde o começo idealizado pelo talentoso cineasta brasileiro Carlos Saldanha. O sucesso lhe daria carta branca para desenvolver novos projetos, alguns bem pessoais como a animação “Rio”. Pra falar a verdade se formos comparar os dois filmes, essa franquia é bem superior. Um dos trunfos de “A Era do Gelo” é o esquilinho que sempre está em busca de seu alimento preferido. Em gags cômicas muito divertidas, que lembram inclusive as antigas animações televisivas como “Tom e Jerry” e “Papa Léguas”, o personagem encanta as crianças, principalmente as mais pequeninas. Então é isso, a Era do Gelo segue com sua galeria de personagens amados pelas crianças como o mamute Manny (Ray Romano / Diogo Vilela), o tigre dente-de-sabre Diego (Denis Leary / Márcio Garcia) e a atrapalhada preguiça Sid (John Leguizamo / Tadeu Mello). Não esquecendo também da simpática avó de Sid e sua mascote preciosa (que vai ser uma grata surpresa para a garotada). Essa quarta aventura não traz nada de novo mas isso parece ser irrelevante para o público alvo que não parece disposto a abrir mão de todos eles.

A Era do Gelo 4 (Ice Age: Continental Drift, Estados Unidos, 2012) Direção: Steve Martino, Mike Thurmeier / Roteiro: Michael Berg, Jason Fuchs, Mike Reiss / Elenco: Ray Romano, Denis Leary, John Leguizamo, Queen Latifah / Elenco nacional: Diogo Vilela, Márcio Garcia, Tadeu Mello, Cláudia Jimenez / Sinopse: Após o colapso de uma placa da terra em decorrência de mudanças climáticas, os simpáticos Manny, Diego, Sid e sua avó se lançam nos sete mares onde enfrentarão piratas, sereias e todos os tipos de aventuras. 

Pablo Aluísio.

Os Deuses Vencidos

Eu considero esse filme simplesmente obrigatório para todos os cinéfilos. O elenco é estrelar e o roteiro muito bem desenvolvido, resultando numa produção memorável. “Os Deuses Vencidos” foi baseado no famoso livro de autoria de Irwin Shaw. A proposta é mostrar aspectos da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de alguns combatentes, tanto do lado dos aliados como também dos soldados do Eixo. Tudo mostrado sem cair nos clichês típicos dos filmes de guerra, que sempre procuraram mostrar os soldados americanos como heróis virtuosos e os alemães como monstros assassinos e sanguinários. A intenção é realmente construir um mosaico mais próximo da realidade, mostrando que em ambos os lados lutaram pessoas comuns, com sonhos e objetivos que foram interrompidos de forma brutal pela guerra. Olhando sob esse ponto de vista realmente não existia grande diferença entre um militar americano ou alemão. Todos queriam voltar para casa o mais rapidamente possível, sobreviver aos combates e retornar para a vida que tinham antes da guerra começar. O filme tem longa duração, com quase três horas de duração, e é fácil entender o porquê. São duas histórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo. Na primeira somos apresentados ao tenente alemão Christian Diestl (Marlon Brando) na França ocupada. Essa parte é bem interessante pois o ator na época fez questão de mostrar o oficial nazista como um ser humano comum e não como o vilão caricato dos filmes de guerra que conhecemos. Nem é preciso dizer que Marlon se saiu muito bem em mais uma atuação marcante de sua filmografia.

Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o  diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico.


Os Deuses Vencidos (The Young Lions, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Irwin Shaw / Elenco: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin,  Maximilian Schell, Lee Van Cleef,  Hope Lange, Barbara Rush / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial militares americanos e alemães sofrem o impacto do conflito em suas vidas pessoais e profissionais.

Pablo Aluísio.