sábado, 28 de janeiro de 2012

As Bruxas de Salem

A peça "As Bruxas de Salem" foi escrita por Arthur Miller no auge das "caças às bruxas" (Macarthismo) quando o senador Joseph McCarthy começou a implantar uma política de paranoia e perseguição contra pessoas e setores que ele julgava serem de esquerda ou comunistas. Muitas pessoas eram acusadas sem nenhuma prova ou base legal. Era a perseguição pela perseguição, onde várias reputações foram destruídas sem qualquer justificativa plausível. Entre os acusados de subversivo estava o próprio Arthur Miller que foi perseguido e interrogado no congresso americano. Depois de passar por tudo isso ele se inspirou em um fato real ocorrido em Salem, Massachusetts, no ano de 1692, para criar uma metáfora da situação política que era vivida nos EUA naquele momento. Naquela ocasião uma pequena garota acusou vários moradores da cidade de bruxaria o que levou a uma convulsão social, com todos acusando a todos em um delírio fanático religioso. "As Bruxas de Salem" nos leva a várias conclusões sobre tudo o que ocorreu naquela vila. A primeira é que religião em excesso leva ao histerismo completo. Hoje em dia leis civis e penais protegem os cidadãos de loucuras como essa que ocorreu em Salem mas tenho certeza que se não fosse isso teríamos muitos casos parecidos até nos dias atuais. Eu mesmo conheço pessoas que de tão religiosas se tornaram completamente insanas. Tenho absoluta convicção que essas mesmas pessoas não pensariam duas vezes antes de tomar as mesmas atitudes que vemos no filme.

O enredo também demonstra sem rodeios a verdadeira face da coletividade humana. Utilizando-se do clima geral de paranoia e histerismo muitos moradores de Salem simplesmente acusaram desafetos que tinham sem nenhuma base ou prova das supostas atividades demoníacas. Muitos cidadãos ditos exemplares da comunidade começaram a acusar todos com quem tinham alguma diferença pessoal apenas por vingança e mesquinharia pessoal. Sobre o filme em si não há muito o que comentar. É um excelente trabalho de atores de extremo talento. Elogiar Daniel Day-Lewis é chover no molhado. Winona, a cleptomaníaca, está ótima também. Tiveram que adaptar seu personagem pois a verdadeira Abigail Williams tinha apenas onze anos quando começou a delirar e mandar os habitantes de Salem para a forca. Assim Winona faz uma personagem com mais idade, saindo já da adolescência, com o óbvio objetivo de afastar o caráter pedófilo de seu envolvimento com John Proctor.. Em conclusão "As Bruxas de Salem" expõe como poucos textos a podridão da alma humana. Tape o nariz e encare o filme, vai valer a pena!

As Bruxas de Salem (The Crucible, Estados Unidos, 1996) Diretor: Nicholas Hytner / Roteiro: Arthur Miller baseado em sua peça "The Crucible" / Elenco: Daniel Day-Lewis, Winona Ryder, Paul Scofield, Joan Allen, Bruce Davison, Rob Campbell./ Sinopse: Abigail Williams (Winona Ryder) é uma jovem que se apaixona por um homem casado, John Proctor (Daniel Day-Lewis), Rejeitada começa a inventar estórias de bruxaria na pequena Salem onde mora. As inverdades trarão consequências terríveis para todos no local.

Pablo Aluísio.

Guerreiro

Esse filme é uma grata surpresa. Provavelmente muita gente vai ignorar pensando tratar-se de mais um daqueles especiais de vale tudo que saem diretamente em DVD. Realmente o marketing feito em torno dessa produção deixou a desejar e no Brasil ele sequer conseguiu espaço nas salas de cinema. Uma pena. A premissa é interessante: acompanhamos a estória de dois jovens. Um deles (Tom Hardy) reencontra o pai (Nick Nolte) após anos sem nenhum contato. O outro (Joel Edgerton) é professor de High School que em sérias dificuldades financeiras (o banco está prestes a executar sua casa) resolve voltar para o ringue atrás do prêmio de cinco milhões de dólares de uma nova competição chamada Sparta. Os personagens e a dramaticidade do filme são bem desenvolvidos o que é uma surpresa e tanto tratando-se do tema da produção pois era de supor que tudo se concentrasse apenas na pancadaria irracional, mas não, os atores estão bem e o roteiro é bem escrito, totalmente redondinho. Claro que em um momento ou outro o filme cai no clichê, o que é normal em termos de cinema esportivo mas esses pequenos deslizes não comprometem o resultado final. Tudo é de bom gosto e bem desenvolvido. As lutas também são bem coreografadas e chegam a empolgar.

O diretor Gavin O´Connor também faz parte do elenco do filme interpretando o promotor da luta JJ Riley, um ex figurão de Wall Street que resolve investir pesado na categoria. Gavin é bom diretor embora até agora não tenha feito nada de muito marcante. Seu melhor filme é "Força Policial" que ele dirigiu há três anos. Curiosamente tinha um enredo até mesmo um pouco parecido com esse "Guerreiro". É um cineasta que se preocupa com pequenos detalhes que fazem diferença no resultado final. Enfim, "Guerreiro" é um belo sopro de renovação no gênero cinema esportivo. Em tempos de fim da linha para antigos heróis do estilo como Rocky Balboa nada melhor do que surgir alguém para revitalizar os chamados "filmes de luta". Recomendo.

Guerreiro (Warrior, Estados Unidos, 2011) Direção: Gavin O'Connor / Roteiro:Cliff Dorfman, Gavin O'Connor, Peter Anthony Tambakis / Elenco: Joel Edgerton, Tom Hardy, Nick Nolte, Jennifer Morrison / Sinopse: Dois irmãos acabam em lados opostos durante uma competição esportiva de luta.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

9 1/2 Semanas de Amor

Mickey Rourke foi um dos maiores símbolos sexuais do cinema nos anos 80. Sabia disso? Hoje ele está com sua aparência prejudicada por várias cirurgias plásticas mal realizadas mas há vinte anos o ator era considerado um sex symbol absoluto. Ele inclusive ditou moda no jeito de se vestir, andar, se comportar, sempre surgindo com barba por fazer dando aquele toque desleixado que as mulheres adoravam. Ninguém era mais cool do que Mickey Rourke em Hollywood. Esse "9 1/2 Semanas de Amor" foi feito para capitalizar em cima dessa imagem. Basicamente o filme não possui muita substância ou conteúdo, sendo mesmo uma produção que apela para a sensualidade, para o instinto do espectador. O roteiro tem ecos de "O Último Tango em Paris" pois as situações são muito parecidas entre si. Duas pessoas se conhecem, se envolvem e ignoram todos os demais fatores como convenções sociais, tabus e preconceitos. Eles se bastam a si mesmos. No fundo somos levados a presenciar apenas o encontro avassalador entre um homem e uma mulher que levam a paixão até suas últimas consequências. É em essência a adoração do corpo, do prazer sexual, sem culpa, sem mancha, sem medo. A paixão se bastando a si mesma.

Como é um filme sensorial não existem grandes falas ou teses em debate, nada disso. A paixão não precisa ser intelectual, bastando a química funcionar entre os dois corpos e nada mais. Nada de conversas intelectuais ou algo do tipo. É de pele, calor, sensualidade, que o filme trata. Nesse ponto o diretor Adrian Lyne foi muito feliz pois realizou uma metáfora do desejo sexual livre de tabus ou sentimentos de culpa. Tudo muito simples. Um homem, uma mulher e a paixão que dura exatamente nove semanas e meia de amor. Tudo tão simples (e definitivo). Quem nunca passou por uma paixão assim? Essas geralmente são justamente as que mais duram pois a aventura traz um sabor todo especial para o libido tanto masculino quanto feminino. Casamentos são chatos e aborrecidos. Relacionamentos sérios demais também. Bom mesmo é se entregar de corpo e alma a momentos assim, sem se preocupar com o dia de amanhã! Depois desse filme Mickey Rourke fez filmes bem melhores como "Coração Satânico" ou "Barfly", por exemplo, mas nunca mais conseguiu repetir o fenômeno comercial e social de "9 1/2 Semanas de Amor " que ficou em cartaz em São Paulo por anos a fio, se tornando o maior cult movie de sua carreira. As cenas viraram referências e influenciaram comercias de TV, videoclips e muito mais. Kim Basinger também nunca mais esteve tão bela e sensual como aqui. É aquela coisa, certos filmes se tornam a cara de uma geração justamente por terem sido realizados em determinada época. Esse é um caso típico. Amado por uns, odiado por outros, o fato é que a áurea de cult permanece intacta. Em sua simplicidade viril e instintiva o filme conseguiu atingir o público de forma muito especial. Era um reflexo da cultura sexual de sua época. Só isso já é o bastante para transformar a produção em um marco do cinema dos anos 80.

9 1/2 Semanas de Amor (9 1/2 Weeks, Estados Unidos, 1986) Direção: Adrian Lyne / Roteiro: Sarah Kernochan, Zalman King / Elenco: Mickey Rourke, Kim Basinger, Margaret Whitton / Sinopse: Elizabeth (Kim Basinger) é uma corretora de arte que conhece casualmente John (Mickey Rourke). A atração é imediata e juntos embarcam em um relacionamento sexual e emocional intenso.

Pablo Aluísio.

Diário de um Banana

Eu me recordei de imediato dos filmes de John Hughes embora os personagens dele fossem mais velhos (os gatões e gatinhas de Hughes estavam no High School enquanto Banana e seu amigo ainda são garotos recém saídos das fraldas no chamado Junior High). O filme é levinho, divertido e bem bolado. Não é nenhuma obra prima como aqueles ótimos filmes de Hughes dos anos 80 mas tem seus bons momentos. Não conheço os quadrinhos que deram origem ao filme mas achei muito legal o uso deles durante todo o desenrolar da estória. A única falta que senti foi dos chamados amores adolescentes mas isso provavelmente se explique pela pouca idade dos personagens mesmo.

A garotada do elenco é muito boa. O garoto Zachary Gordon que faz o papel principal de Greg (o banana do título) é muito talentoso e competente. Seu amigo gordinho (Robert Capron) também atua bem mas quem eu destaco mesmo é a jovem Chloe Grace Mortez que seguramente é a melhor atriz juvenil em atividade hoje em Hollywood. A primeira vez que ela me chamou atenção foi ao lado de Nicolas Cage em "Kick Ass". Depois continuou brilhante como a vampirinha do remake "Deixe Me Entrar" e finalmente deu show no novo filme de Martin Scorsese "A Invenção de Hugo Cabret". A garota tem toda pinta que vai se tornar uma grande estrela no futuro - espero que consiga passar pela complicada transição para a carreira adulta. Enfim, "Diário de um Banana" parece um filme teen dos anos 80. Apreciei tanto que vou em breve assistir sua continuação. Recomendo.

Diário de um Banana (Diary of a Wimpy Kid, Estados Unidos, 2010) / Diretor: Thor Freudenthal / Roteiro: Jackie Filgo, Jeff Filgo, Gabe Sachs, Jeff Judah / Elenco: Zachary Gordon, Robert Capron, Rachael Harris, Steve Zahn, Devon Bostick, Chloe Moretz / Sinopse: Greg Heffley (Zachary Gordon) é um estudante da sexta série, que tem de enfrentar o maior desafio de sua vida: sobreviver ao ensino fundamental. Ele encontra maneiras peculiares de lidar com os valentões do colégio e conquistar sua popularidade.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Chuva Negra

Nick Conklin (Michael Douglas) é um policial norte-americano que é designado para levar um perigoso criminoso até o Japão e entregar sua custódia às autoridades locais. Chegando lá é enganado e acaba entregando o bandido para seus antigos companheiros de crime. Parte então para tentar corrigir seu erro caçando o fugitivo pelas ruas japonesas. Filmes dos anos 80 usaram e abusaram de gelo seco, néon e trilhas sonoras cheias de sintetizadores. Esse "Chuva Negra" não nega sua origem e nem a época em que foi realizado. O diferencial fica por conta da direção de Ridley Scott. O filme é visualmente muito bonito justamente por causa de seu trabalho. Ridley nasceu como cineasta no mercado publicitário e levou todos os maneirismos desse meio para seus filmes. Cada tomada parece ser um comercial de algum produto à venda. De qualquer maneira também procurou dar o melhor de si, aproveitando ao máximo a beleza natural das locações realizadas no Japão, chegando ao ponto de usar a famosa poluição visual das grandes cidades japonesas em seu favor. O roteiro não é inovador, pelo contrário, repete de certa fórmula que foi muito usada nos policiais daquela década. Michael Douglas ao lado de Andy Garcia conseguem manter o interesse pois carisma é o que não falta à dupla de atores.

A única critica maior que tenho a fazer a "Chuva Negra" é a forma muito estereotipada que os japoneses são mostrados em cena. Todos eles são de uma forma ou outra clichês orientais ambulantes. Até o parceiro de Douglas no Japão, interpretado pelo bom ator Ken Takakura, não consegue fugir a isso. O fato é que na época em que o filme foi lançado Japão e EUA disputavam uma ferrenha guerra comercial. Grandes grupos japoneses estavam adquirindo empresas americanas em um ritmo jamais visto. Até no meio cinematográfico isso vinha ocorrendo com a compra da Columbia Pictures pelo grupo Sony. Isso de certa forma mexeu com os brios dos americanos que resolveram se vingar dos orientais nas telas, geralmente os retratando como caricaturas e não como personagens reais. Apesar disso "Chuva Negra" ainda é um bom filme policial dos anos 1980. Diverte e serve como bom passatempo. Pode conferir sem receios.

Chuva Negra (Black Rain, Estados Unidos, 1989) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Craig Bolotin, Warren Lewis / Elenco: Michael Douglas, Andy Garcia, Ken Takakura / Sinopse: Nick Conklin (Michael Douglas) é um policial norte-americano que é designado para levar um perigoso criminoso até o Japão e entregar sua custódia às autoridades locais. Chegando lá é enganado e acaba entregando o bandido para seus antigos companheiros de crime. Parte então para tentar corrigir seu erro caçando o fugitivo pelas ruas do Japão.

Pablo Aluísio.

Tudo Pelo Poder

Gostei bastante do filme. Reconheço que ele começa meio lento, disperso e sem foco. Os personagens não são devidamente apresentados e tudo é meio que jogado na cara do espectador. Porém passado esse começo meio complicado o filme engrena. É um roteiro que foca nos bastidores das primárias do partido Democrata. George Clooney faz o candidato que apesar de tentar seguir um caminho ético logo cede ao jogo da política e literalmente faz tudo para alcançar o poder (em raro caso de título nacional que retrata fielmente o que se passa na tela). O que mais me deixou surpreso aqui foi que o liberal Clooney acaba atirando justamente no partido que apoia nos EUA! Seria uma declaração de "mea culpa" após ter se envolvido no mundo político americano? Quem sabe... De fato no filme ele encarna o típico político americano que a despeito de cultivar uma imagem publica impecável tem vários esqueletos em seu armário.

Uma coisa chama a atenção aqui. Embora George Clooney seja obviamente mostrado como o principal no elenco na realidade seu personagem é mero coadjuvante. Os verdadeiros "astros" de "Ides of March" são os coadjuvantes. Escrevo sem medo de errar que esse é o melhor elenco de apoio do ano, senão vejamos: Philip Seymour Hoffman Ryan Gosling Paul Giamatti e Marisa Tomei, ou seja só fera e o melhor, todos ótimos em cena. Em suma, recomendo "Tudo Pelo Poder" sem restrições. É um filme bem roteirizado, interpretado e executado.

Tudo Pelo Poder (The Ides of March, Estados Unidos, 2011) Diretor: George Clooney / Roteiro: Grant Heslov / Elenco: George Clooney, Ryan Gosling, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Jeffrey Wright / Sinopse: Stephen Myers (Ryan Gosling), um assessor de uma grande campanha presidencial ao governo dos EUA tenta sobreviver no pantanoso mundo político da capital americana.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Margin Call: O Dia Antes do Fim

Não é um filme para todos os públicos. Na realidade a trama é bem técnica e por essa razão só vai atingir mesmo plateias especificas, em especial as pessoas que foram lesadas no mercado financeiro em 2008, logo após a derrocada de grandes entidades do setor, fato que desencadeou a crise na economia americana que persiste até os dias atuais. O roteiro também não dá mole ao espectador pois usa e abusa do jargão econômico que envolve esses grandes grupos. Tudo se passa em menos de 24 horas - desde o momento em que um jovem analista descobre o rombo na agência até o momento em que desesperados os altos executivos resolvem liquidar com tudo para venderem os ativos enquanto podem, pois no mercado financeiro grandes fortunas literalmente se pulverizam da noite para o dia.

O elenco é excepcionalmente muito bom. Kevin Spacey novamente dá show ao interpretar um executivo de alto escalão em crise existencial. Os grandes momentos dramáticos do filme ocorrem justamente com ele em cena. Do outro lado da balança temos outra grande interpretação, dessa vez com Jeremy Irons, fazendo o típico “tubarão” do mercado, um sujeito que não se importa em enganar milhões de pessoas desde que não perca dinheiro diante da crise eminente. Para um filme que se sustenta basicamente em interpretações individuais e diálogos a presença desses grandes atores garante o alto nível do programa. Enfim, recomendo o filme mas com certas restrições pois ele é mais adequado para as pessoas que de uma forma ou outra estão envolvidas com o mercado financeiro e tem intimidade com esse universo. Essas certamente gostarão mais do resultado final.

Margin Call - O Dia Antes do Fim (Margin Call, Estados Unidos, 2011) Direção de J.C. Chandor / Roteiro: J.C. Chandor / Elenco: Kevin Spacey, Paul Bettany, Jeremy Irons, Zachary Quinto, Penn Badgley / Sinopse: O alto escalão de uma grande empresa que administra fundos tenta lidar com a crise financeira que se abateu sobre o setor durante tensas 24 horas em 2008.

Pablo Aluísio.

Um Lugar ao Sol

George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequências trágicas para todos os envolvidos. "Um Lugar Ao Sol" é um dos grandes clássicos da carreira de Montgomery Clift e Elizabeth Taylor. O filme mescla muito bem romance, suspense e drama. Vivendo em dois mundos completamente distintos o personagem de Montgomery Clift, um pobre rapaz que anseia subir na vida algum dia, acaba perdendo o controle dos acontecimentos em sua vida emocional, o que o levará a pagar um alto preço por se envolver com duas garotas ao mesmo tempo. George Stevens foi um dos grandes diretores do cinema americano. Austero e detalhista ele filmava muitas tomadas diferentes, de ângulos diversos para só depois montar o filme ao seu bel prazer. Assistindo "Um Lugar ao Sol" é fácil perceber que ele estava literalmente obcecado pelo belo rosto juvenil de Elizabeth Taylor. O cineasta usa e abusa de vários closes do rosto de sua atriz, o que não é nada mal uma vez que Liz estava no auge de sua beleza. Com traços delicados e lindos olhos azuis (que infelizmente não foram captados pois o filme foi rodado em preto e branco) a estrela poucas vezes esteve tão bonita como aqui.

O roteiro foi baseado no livro "An American Tragedy" de Patrick Kearney. Embora ficcional a estória foi inspirada em fatos reais acontecidos em Chicago na década de 20. A situação toda é bastante sórdida e demonstra que não existem muitos limites para a maldade da alma humana, embora no filme o personagem Geroge Eastman seja de certa forma amenizado. É fácil compreender a razão. Não haveria como rodar toda uma produção como essa em cima de um mero assassino. Assim tudo foi cuidadosamente suavizado para não chocar muito o público americano dos anos 50. O resultado de tanto capricho veio depois nas bilheterias e nas ótimas críticas que o filme conseguiu. Shelley Winters e Montgomery Clift foram indicados ao Oscar. Embora não tenham sido premiados o filme em si conseguiu vencer em seis categorias (inclusive direção e roteiro), se consagrando naquele ano. Até o gênio Charles Chaplin se rendeu ao filme declarando que havia sido o "melhor filme que já tinha assistido em sua vida". Além disso os bastidores da produção deram origem a muitas histórias saborosas envolvendo Clift e Taylor, que se tornariam amigos até o fim de suas vidas. Depois disso não há muito mais o que escrever. Para os cinéfilos "Um Lugar ao Sol" é mais do que obrigatório. Um filme essencial.

Um Lugar ao Sol (A Place In The Sun, Estados Unidos, 1951) Direção: George Stevens / Roteiro: Harry Brown, Michael Wilson / Elenco: Montgomery Clift, Elizabeth Taylor, Shelley Winters, Anne Revere / Sinopse: George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequência trágicas para todos os envolvidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia (William C. Mellor), Melhor Figurino (Edith Head), Melhor Edição (William Hornbeck) e Melhor Música (Franz Waxman).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Hora Final

Filme estranhíssimo da carreira de Gregory Peck. Quem pensa que vai assistir um filme convencional de submarinos vai ter uma surpresa e tanto! Para começo de conversa a estória se passa após uma guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética! Isso mesmo, você não leu errado! Peck é tudo o que sobrou da outrora gloriosa marinha americana e só escapou do hecatombe nuclear justamente porque estava dentro de um submarino! O interessante é que esse cenário pós apocalipse só vai sendo informado ao espectador aos poucos, enquanto se vai acompanhando o estranho flerte entre o Peck e Ava Gardner. Aliás uma das coisas que mais chamam atenção aqui é o elenco. Formado por jovens atores que iriam despontar para o estrelado nos anos seguintes (como o estranho Anthony Perkins de Psicose) e veteranos das telas (como Fred Astaire em um papel particularmente melancólico).

Mas o principal mérito de “A Hora Final” é realmente a ousadia da proposta do argumento do filme. Claro que em plena guerra fria, onde a paranóia na sociedade americana estava a mil, o filme fazia mais sentido. Hoje em dia se torna muito anacrônico e estranho. O diretor também foca muito em cima das relações pessoais dos personagens que mesmo sabendo que vão morrer em breve tentam seguir com suas vidas, namorando, passeando à beira mar, etc. Confesso que esse clima surreal é uma das coisas mais surpreendentes que já vi, ainda mais em filmes antigos. “A Hora Final” tem pinta e jeito de filme de guerra mas não é. É uma ficção apocalíptica que pode ser considerado o “avô” das produções pós apocalipse como “O Dia Seguinte”. Assista e se surpreenda.

A Hora Final (On The Beach, Estados Unidos, 1959) Direção de Stanley Kramer / Roteiro de John Paxton e Nevil Shute / Elenco: Gregory Peck, Ava Gardner, Anthony Perkins e Fred Astaire / Sinopse: Capitão da Marinha americana (Peck) chega na Austrália para uma missão secreta com um submarino nuclear australiano.

Pablo Aluísio.

A Mulher de Preto

A Hammer era uma produtora muito famosa nos anos 50 e 60 por causa de seus filmes de terror. Recentemente assisti alguns clássicos deles, como os filmes de Drácula estrelados por Christopher Lee. Aqui encontramos todos os ingredientes que fizeram a fama do estúdio inglês: muito clima, portas rangendo, sombras e sustos, muitos sustos. A premissa dessa estória inclusive tem muito a ver com o próprio Drácula. Tal como acontece no famoso livro de Bram Stoker, aqui temos um advogado chegando a uma antiga casa isolada para acertar certos problemas jurídicos. Claro que no caso de "A Mulher de Preto" não existem vampiros mas sim fantasmas e assombrações. De qualquer forma a estrutura de ambas as estórias são bem semelhantes. Algumas críticas andam reclamando do ator Daniel Ratcliffe no filme afirmando que ele é muito jovem para interpretar o personagem do advogado mas penso que devemos dar um desconto ao rapaz pois ele já demonstrou que é bastante esforçado e quer criar agora uma carreira independente e longe de Harry Potter (que o consagrou e que seguramente vai lhe assombrar até o fim de seus dias como ator).

O roteiro de "A Mulher de Preto" é bem simples, a maior parte dele se passa numa casa isolada e escura, localizada numa ilha, por isso a direção de arte tinha que ser caprichada - e é. Não é simples recriar com eficiência mansões mal assombradas pois ou ficam mal feitas ou falsas demais. Aqui gostei bastante do resultado pois foi bem convincente a ambientação. Não vou criticar o filme por causa de seus clichês - sim ele tem vários clichês. Isso porque é baseado em uma obra relativamente recente escrita por Susan Hill e o que se vê na tela é de certa forma proposital mesmo, uma homenagem ou uma tentativa de recriar os antigos e tradicionais filmes de terror. Textos assim, feitos com essa intenção, geralmente trazem de volta fórmulas que já foram usadas muitas e muitas vezes no cinema, por isso não importa muito que reapareçam aqui - aliás essa parece ter sido a intenção dos roteiristas. No saldo final, apesar de alguns deslizes, gostei do resultado. É um filme de terror atual com cara de velho e como gosto da cultura vintage esse aqui certamente me agradou. Em tempos de gore levar alguns sustos como os que surgem aqui são mais do que bem vindos. A velha tradição de sombras e sustos caiu muito bem. Recomendo.

A Mulher de Preto (The Woman in Black, Inglaterra, 2012) Direção de James Watkins / Roteiro de Jane Goldman baseado no romance de Susan Hill / Elenco: Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Janet McTeer, Lucy May Barker, Emma Shorey / Sinopse: Jovem advogado (Daniel Radcliffe) é enviado para remota cidade com o objetivo de realizar um inventário de uma antiga casa há muito abandonada.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Lanceiros da Índia

O filme enfoca a ocupação inglesa nos postos mais avançados da fronteira indiana. Para quem andou cabulando as aulas de história é bom relembrar que durante longos anos o império britânico dominou a Índia. O roteiro obviamente adota a visão do colonizador. Não é para menos, a produção é de 1935 então é lógico que os indianos não iriam aparecer como heróis ou virtuosos. Pelo contrário, os colonizados aqui são retratados como animais traidores e covardes. Já os ingleses são o supra sumo da honra, são à prova de torturas e chegam ao ponto de não revidar fogo inimigo para cumprir ordens dos superiores! Uma situação no mínimo esquisita, vamos convir. Luvas de pelica é pouco! O elenco é liderado por Gary Cooper em um figurino que hoje chama a atenção! Roupas espalhafatosas parecem ter sido a marca registrada das tropas coloniais inglesas. Tudo é muito exagerado e chamativo (e por incrível que pareça de acordo com o protocolo militar daquela época!). Cooper inclusive está muito parecido com Rodolfo Valentino nas cenas - até o famoso bigodinho de Valentino ele adotou!

A despeito de seus problemas ideológicos temos que admitir que "Lanceiros da Índia" tem uma bela produção. Há ótimas cenas de batalha, inclusive a explosão real de um paiol dos rebeldes da fronteira. Curiosamente apesar de passar uma extrema veracidade em termos de fotografia o filme não foi feito em terras indianas mas sim no americaníssimo Alabama. De qualquer forma não fez muita diferença naquela época. O diretor Henry Hathaway teve com "Lanceiros da Índia" sua primeira oportunidade de dirigir um grande filme de estúdio. O êxito comercial de Lanceiros iria lhe proporcionar uma carreira longa e produtiva nos anos seguintes em Hollywood onde teria a oportunidade de dirigir grandes mitos do cinema como John Wayne e Marilyn Monroe. No final das contas "Lanceiros da Índia" é um boa aventura que diga-se de passagem não envelheceu tanto assim apesar de passados quase 80 anos de seu lançamento.

Lanceiros da Índia (The Lives of a Bengal Lancer, Estados Unidos, 1335) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Grover Jones baseado no romance de Francis Yeats-Brown / Elenco: Gary Cooper, Franchot Tone, Richard Cromwell, Guy Standing / Sinopse: O filme enfoca a ocupação inglesa nos postos mais avançados da fronteira indiana.

Pablo Aluísio.

Capitão América: O Primeiro Vingador

O que posso dizer do "Capitão América"? Que ele foi um personagem criado para levantar a moral das tropas americanas durante a II Guerra Mundial? Acredito que todo mundo já sabe disso. Que depois de cumprir essa sua missão de marketing patriota perdeu o sentido? Também acredito que todos já devem ter percebido. Ele deveria ter cumprido sua missão e desaparecer mas não foi bem isso que aconteceu. O fato é que o Capitão se recusa a pendurar o escudo. Ao invés de sumir do mapa e se tornar apenas uma curiosidade do esforço de guerra americana ele voltou das cinzas e hoje há um renovado interesse no personagem. Como explicar isso? Ainda mais hoje em dia com tanto sentimento antiamericano por aí. Bom, de fato o Capitão América é uma entidade completamente ultrapassada e careta hoje em dia mas Hollywood é Hollywood e não perderia a chance de ganhar em cima de sua notoriedade e fama.

Assim desenterraram a velha bandeirona ianque, colocaram uma verniz de politicamente correto em cima do velho soldado e conseguiram vender novamente o (antigo) peixe. E o filme? Dentro do universo dos quadrinhos até que não faz feio, se convertendo em um produto cinematográfico mediano. Não é tão ruim a ponto de estar no mesmo nível que Mulher Gato e Lanterna Verde mas fica longe também de chegar perto do último Batman ou até mesmo de Homem Aranha. Assim fica na média, não surpreende mas também não decepciona. Em termos de direção de arte esperava um pouco mais. Na minha opinião o personagem foi modernizado demais. Além das mudanças em seu vestuário (como a inclusão de um feio capacete), ainda tentaram apagar seu uniforme, pouco se distinguindo dos soldados comuns. Que bobagem! Estariam com vergonha do fato do uniforme do Capitão ser na verdade uma bandeira americana disfarçada? Ora, me poupem. Tragam as estrelas e listras de volta!

Outro ponto a se criticar é a mudança no visual retrô em tudo a que se refere à II Guerra Mundial. As armas - inclusive aviões e tanques - não são nem um pouco compatíveis com às do conflito. Deveriam ter optado por um visual realmente anos 40, até porque até mesmo os fãs dos quadrinhos gostariam de ver algo nesse estilo. Há uma ideologia por trás desse personagem que na minha opinião deve ser mantida (queiram ou não os que não suportam propaganda patriótica norte-americana). O fato é que desvirtuando o personagem se perde sua essência. O filme "Capitão América" tem altos e baixos e duas partes completamente diferentes entre si. O ponto alto do filme acontece em seus primeiros 60 minutos. O personagem não chega a ser muito carismático mas mantém o interesse. O problema do filme é que em seu terço final se rende aos clichês do gênero, se transformando em pirotecnia e correrias descerebradas, tudo mais do mesmo, nada original. Enquanto se mostrou aspectos da origem do herói tudo ia muito bem, depois que partiu para a pancadaria o filme caiu assustadoramente. O vilão também não é grande coisa e cai na velha armadilha de tentar "conquistar o mundo"! Quantas vezes você já viu isso em um filme?! Enfim, Capitão América fica ali no meio termo. Não é ruim mas poderiam ter realizado um produto melhor - e por favor tragam a bandeirona de volta! Assuma a patriotada Tio Sam!

Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger, Estados Unidos, 2011) Direção: Joe Johnston / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Chris Evans, Hugo Weaving, Samuel L. Jackson / Sinopse: Soldado se torna objeto de experiências do exército americano que busca a criação de um combatente ideal para as guerras.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Carga da Brigada Ligeira

Produção da década de 1930 que mostra com muita eficiência um dos fatos mais marcantes da história militar inglesa. O filme é de 1936 mas tem um roteiro tão bom, uma produção tão bem feita que nem parece que tem mais de sete décadas de existência. O argumento é baseado em fatos históricos: a história do regimento 27 de lanceiros do exército britânico na Índia. Durante uma invasão a um forte guarnecido pela companhia, um líder tribal local promoveu uma verdadeira chacina matando mulheres e crianças. Em represália o jovem Major Geoffrey Vickers (Errol Flynn) resolve por conta própria e em desrespeito a uma ordem direta atacar as tropas russas e do Khan para vingar a morte daquelas pessoas. A história real foi trágica e culminou na morte de vários soldados mas o roteiro, como era de se esperar, não trata do assunto como um erro de guerra mas como um ato de bravura desses militares. O debate sobre o valor ou desvalor desse ato segue em discussão até os dias de hoje. Até que ponto um oficial pode ignorar ordens superiores mesmo que baseado em um correto senso de justiça?

O elenco é liderado pelo astro da época, Errol Flynn. Lembrando certos momentos de filmes anteriores seus o ator consegue trazer credibilidade ao papel. Como era um galã o roteiro traz o seu inevitável interesse romântico contando novamente com Olivia de Havilland. O diferencial é que aqui ela é disputada por Flynn e seu irmão, um agente da diplomacia inglesa. David Niven também está no filme mas em um papel tão apagado que sua presença é desperdiçada,  pois o seu personagem é totalmente secundário e coadjuvante. A produção é mais uma bem sucedida parceria entre o cineasta veterano Michael Curtiz e o astro Errol Flynn. Juntos realizaram grandes sucessos como "As Aventuras de Robin Hood" e "Capitão Blood", sempre contando com a ótima produção dos estúdios Warner. Em suma, "A Carga da Brigada Ligeira" ainda é um excelente filme e mostra que é possível mesclar eventos reais históricos com ficção sem perder a qualidade e o interesse. Recomendo com certeza!

A Carga da Brigada Ligeira (The Charge of the Light Brigade,Estados Unidos, 1936) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Michael Jacoby baseado na obra de Alfred Lord Tennyson / Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Patric Knowles, Henry Stephenson, Donald Crisp, Nigel Bruce, David Niven / Sinopse: O filme narra a história do regimento 27 de lanceiros do exército britânico na Índia. Durante uma invasão a um forte guarnecido pela companhia, um líder tribal local promoveu uma verdadeira chacina matando mulheres e crianças. Em represália o jovem Major Geoffrey Vickers (Errol Flynn) resolve por conta própria e em desrespeito a uma ordem dada atacar as tropas russas e do Khan para vingar a morte daquelas pessoas.

Pablo Aluísio.

Compramos um Zoológico

Jovem viúvo (Matt Damon) resolve comprar uma nova casa para ele e seus dois filhos, uma garotinha e um pré adolescente. Após pesquisar por vários imóveis escolhe uma bela casa com amplo terreno. O problema é que o local na realidade é um zoológico com tigres, ursos e animais diversos. O novo filme do diretor Cameron Crowe é uma produção família, bem desenvolvido, leve, soft, tipicamente um filme familiar que enobrece os laços de parentesco entre pais e filhos. Há uma pequena tensão entre Damon e seu primogênito mas nada que se torne pesado ou dramático demais. O filme tem dramas familiares contidos, nada que vá preocupar a quem quer apenas um passatempo divertido. Apesar disso também não é uma produção infantil. Nada de bichos falantes ou algo do tipo. Obviamente os animais estão todos lá, mas como meras peças do enredo. Matt Damon está bem adequado ao papel. Ele tem esse estilo boa praça e amigão e facilmente os espectadores criarão empatia com ele. Já Scarlett Johansson é apenas uma coadjuvante de luxo. Não tem uma presença marcante e também não mostra muita química com Damon no namorico que acontece no roteiro.

Esse é o filme mais singular de Cameron Crowe. Não existe nenhum traço mais autoral do diretor (que ficou conhecido em suas obras originais justamente por isso). Crowe apresenta apenas um daqueles chamados "filmes de estúdio" onde tudo já vem devidamente empacotado e pensado pelos executivos engravatados das grandes produtoras cabendo ao diretor apenas entregar o produto pronto e embalado. É uma produção típica para passar nos cinemas de shopping center - divertido sim mas sem maiores pretensões. Pelo menos esse aqui não aborrece no final das contas, dando para assistir sem maiores problemas.

Compramos um Zoológico (We Bought a Zoo, Estados Unidos, 2011) / Diretor: Cameron Crowe / Roteiro: Aline Brosh McKenna, Cameron Crowe, baseados na obra de Benjamin Mee / Elenco: Matt Damon, Scarlett Johansson, Elle Fanning, Patrick Fugit, Stephanie Szostak, Thomas Haden Church, Carla Gallo, Desi Lydic, John Michael Higgins / Sinopse: Benjamin Mee (Matt Damon) é um homem que, ao lado de sua família, encontra uma bela casa no interior, mas é surpreendido ao descobrir que o lugar é um zoológico abandonado. Assim, ele aceita o desafio e compra a casa, na esperança de restaurar a antiga glória do local.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de janeiro de 2012

O Planeta Proibido

Adaptação para o mundo da ficção da peça de Shakespeare, A Tempestade. Aqui acompanhamos a expedição de um grupo de cientistas e militares do planeta Terra a um planeta distante de nosso sistema solar. Nesse local eles encontram um estranho habitante, o Dr Morbius. "O Planeta Proibido" lembra muito os antigos episódios das séries televisivas "Jornada nas Estrelas" e "Perdidos no Espaço". Na realidade ambas se inspiraram claramente na proposta desse filme. Basta lembrar dos enredos "cabeças" de Star Trek e na direção de arte de "Lost in Space". Quem acompanha cultura pop de ficção vai encontrar muitas referências - o que prova que o filme realmente fez escola e pode ser considerado um dos mais influentes do gênero. O Robô é um exemplo disso. Sua figura seria literalmente copiada em "Perdidos no Espaço" pois a "lata de sardinhas" (como Dr Smith o chamava) tem o mesmo design e até a mesma personalidade (aliás o robô é mil e uma utilidades, faz comida, serve a mesa, fabrica as roupas e serve até como destilaria!). Mas não para por aí. O Robô Robby iria ser copiado ainda até mesmo em desenhos animados – como esquecer Rosie, a empregada robô dos Jetsons, por exemplo?

Leslie Nielsen, ainda jovem e posando de galã interespacial é muito divertido. Na verdade assim que o filme começa levamos algum tempo para o reconhecer pois ainda era muito moço (embora o nariz de batata deixe claro de quem se trata). Já Walter Pidgeon que interpreta o personagem Dr Morbius me lembrou demais de Vincent Price pois ambos tinham exatamente o mesmo tom de voz e são bem parecidos também fisicamente. O diretor de "O Planeta Proibido", Fred M. Wilcox, morreria muito cedo e só faria apenas mais um filme, o que é uma pena, pois mostrou que sabia levar uma boa estória sem estragá-la com obviedades. Talvez o fato de ter dirigido vários filmes da Lassie o tenha deixado mais sensível nessa questão. Enfim é isso, para quem gosta desse tipo de ficção o filme é simplesmente obrigatório.


O Planeta Proibido (Forbidden Planet, Estados Unidos, 1956) Direção: Fred M. Wilcox / Roteiro: Cyril Hume, Irving Block, Allen Adler baseados na peça de William Shakespeare / Elenco: Anne Francis, Leslie Nielsen, Warren Stevens, Jack Kelly / Sinopse: Transposição para o mundo da ficção da peça de Shakespeare, A Tempestade. Aqui acompanhamos a expedição de um grupo de cientistas e militares do planeta Terra a um planeta distante de nosso sistema solar. Nesse local eles encontram um estranho habitante, o Dr Morbius.

Pablo Aluísio.