sábado, 9 de janeiro de 2010

Jovens Adultos

Para algumas pessoas os anos no colégio representam o ponto alto de suas vidas. Principalmente para os populares, os bonitos, os "reis do high school". Quando os anos chegam e se vêem em dificuldades emocionais e financeiras sentem enorme saudades daquele período - incluindo aí os antigos amores do passado. É justamente essa situação que vive Mavis Gary (Charlize Theron). Rainha da beleza no colégio de sua cidade, popular ao extremo, ela chega aos 37 anos sem muito o que comemorar. Divorciada, fazendo sexo casual com desconhecidos, sem conseguir se firmar na carreira de escritora, ela acaba surtando quando recebe um Email de seu antigo namorado de escola anunciando com muita alegria o nascimento de seu filho! Sem pensar muito ela decide voltar à pequena cidade de Mercury para tentar reconquistar o namoradinho dos tempos de escola. O roteiro de "Jovens Adultos" é de Diablo Cody, ex stripper que acabou ficando famosa depois do sucesso de "Juno", uma pequena obra prima que causou impacto em seu lançamento.

Depois de se envolver com algumas bobagens como "Garota Infernal" finalmente Diablo reencontra o caminho dos bons roteiros. "Jovens Adultos" não é um filme excepcional mas dentro de sua proposta é muito bem realizado e escrito. E o mérito não cabe apenas a Diablo Cody mas também a ótima atriz Charlize Theron. Sua personagem não é nenhuma heroína romântica, pela contrário, ela mente, age mal e tenta de todas as formas roubar o antigo namorado de sua atual esposa. Em nenhum momento tem alguma crise de consciência por agir assim e nem está preocupada com os fatores morais de sua decisão. Em outras palavras é uma personagem muito próxima do que efetivamente acontece na maioria da vida das pessoas. Eu particularmente gostei bastante do resultado final justamente por isso, de sua veracidade. Enfim "Jovens Adultos" é uma boa pedida, espero que daqui em diante Diablo Cody realize mais projetos como esse e "Juno" e deixa as bobagens definitivamente de lado.

Jovens Adultos (Young Adult, Estados Unidos, 2011) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Diablo Cody / Com: Charlize Theron, Patrick Wilson e Patton Oswalt / Sinopse: Charlize Theron interpreta Mavis Gary, uma escritora de livros infantis que retorna para sua pequena cidade natal para recuperar seus dias de glória do tempo em que era a rainha da beleza em sua escola.

Pablo Aluísio.

Tiros na Broadway

Título no Brasil: Tiros na Broadway
Título Original: Bullets Over Broadway
Ano de Produção: 1994
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax Films
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen, Douglas McGrath
Elenco: John Cusack, Dianne Wiest, Jack Warden, Chazz Palminteri, Joe Viterelli, Jennifer Tilly, Rob Reiner, Mary-Louise Parker.

Sinopse:
Nova Iorque, década de 1920. O dramaturgo e escritor David Shayne (John Cusack) é um idealista que não aceita vender a dignidade de sua arte. Sem trabalho e passando por dificuldades acaba porém aceitando o financiamento de um gângster valentão para a produção de uma de suas peças. Para isso há uma condição que o escritor terá que aceitar, a escalação da namorada pouco talentosa do chefe criminoso, Olive (Jennifer Tilly), que terá que ganhar um destaque dentro da encenação.

Comentários:
Arranjar um lugar numa peça para alguém sem qualquer talento. Como se isso não fosse um problema e tanto Shayne ainda tem que lidar com o complicado temperamento de sua estrela principal, Helen Sinclair (Dianne Wiest). No meio de tanta confusão todos são surpreendidos ainda pelo improvável talento para a dramaturgia do grandalhão capanga do chefe mafioso, o truculento Cheech (Chazz Palminteri). Um filme muito querido do diretor por seus fãs. Por essa época Woody Allen pareceu ter flertado com o cinemão americano mais comercial. Seus roteiros mais intelectuais, intimistas, interiores, que discutiam questões existenciais foram deixados de lado para dar mais espaço ao humor, aos figurinos luxuosos e à uma produção bem mais trabalhada. Mesmo assim o diretor conseguiu fazer tudo isso sem deixar de lado sua inteligência, além da fina ironia que sempre o caracterizou. Um Allen excelente!.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Toda Forma de Amor

Jovem cartunista (Ewan McGregor) relembra dois períodos distintos de sua vida. No primeiro recorda dos últimos momentos da vida de seu pai (Christopher Plummer). Diagnosticado com um cãncer agressivo seu velho resolve finalmente, aos 75 anos, assumir sua homossexualidade para espanto de todos. Na outra linha temporal ele recorda o começo de seu relacionamento com uma jovem francesa (Melanie Laurent). Após conhecer a charmosa garota numa festa ele finalmente sente que encontrou sua cara metade. Será mesmo? Lida assim a sinopse podemos ficar com a impressão que o filme "Toda Forma de Amor" é no fundo um dramalhão com ares de comédia romântica. Nada mais longe da realidade. O roteiro com muita inteligência e sutileza dribla essa armadilha e constrói um filme muito bem amarrado, cativante, com muito bom humor e inteligência. O fato do personagem ser cartunista ajuda muito nesse aspecto. Ao longo da estória vamos acompanhando com muito charme as intervenções do personagem principal, ao mesclar seu trabalho com os eventos que vai vivenciando em sua vida pessoal.

O elenco está excepcionalmente bem. Também pudera, essa é um produção fundada em diálogos e boas atuações eram mais do que necessárias para dar tudo certo. Após um hiato de alguns anos aparecendo em filmes apenas medianos o ator Ewan McGregor finalmente volta à boa forma. O personagem que interpreta, Oliver, sem dúvida é um presente para qualquer intérprete. Irônico, levemente deprimido, ele vê o mundo pelos olhos da arte que produz e isso faz toda a diferença no resultado final. Já Christopher Plummer parece também ter tirado a sorte grande. Interpretando o velho Hal ele simplesmente dá show em cena. Ao dar vida a uma pessoa que não precisa mais provar nada à ninguém ele brilha em cena. Não me admira em nada o fato dele ter sido o vencedor do Oscar e ter ganho vários prêmios nas útlimas semanas. Merece. Enfim, "Toda Forma de Amor" é simpático, agradável e muito bem atuado. Nos tempos atuais em que o cinema cada vez mais demonstra sinais de escassez dessas qualidades o filme é mais do que recomendado.

Toda Forma de Amor (Beginners, Estados Unidos, 2011) Direção: Mike Mills /Roteiro: Mike Mills / Elenco: Ewan McGregor, Christopher Plummer e Mélanie Laurent / Sinopse: Oliver (Ewan McGregor) conhece a irreverente e imprevisível Anna (Mélanie Laurent), alguns meses após seu pai Hal Campos (Christopher Plummer) ter falecido. Este novo amor preenche a memória de Oliver com recordações de seu pai, que saiu do armário aos 75 anos, após a morte de sua esposa de 45 anos, para viver uma vida completa.

Pablo Aluísio.

O Despertar de Uma Paixão

Jovem médico inglês (Edward Norton) resolve se voluntariar para ir até a distante China onde está ocorrendo uma epidemia de cólera. A viagem tem dois objetivos: estudar o vírus da doença e levar sua esposa (Naomi Watts) para bem longe de Londres onde ele tem um caso extra conjugal com um influente político. "O Despertar de uma Paixão" me lembrou muito de outro filme que segue basicamente a mesma linha: "Entre Dois Amores". Em ambos acompanhamos os problemas de relacionamento entre duas pessoas em uma região exótica ou distante dos grandes centros. Esse tipo de produção atual com estilo de filmes antigos me atrai muito. O fato do roteiro ser baseado em famosa obra literária (de autoria de W. Somerset Maugham) só ajuda a engrandecer ainda mais o resultado final. Gostei de basicamente tudo, do enredo, da trilha sonora e claro da melhor coisa da produção: sua fotografia deslumbrante. O elenco está muito bem. Edward Norton compõe um personagem muito tímido, um cientista que não se dá muito bem com relacionamentos humanos. Sua aproximação com sua futura esposa no começo do filme é complicada pois ele não leva o menor jeito com galanteios. Essa aliás só se casa com ele por pura falta de opção após ser pressionada por seus pais (que abominam a idéia dela continuar solteirona).

O filme foi dirigido pelo cineasta John Curran que não tem nada de muito relevante em sua filmografia. De qualquer forma eu gostei de seu "Homens em Fúria" que apesar de não ter sido um sucesso de público e crítica demonstrou que Curran sabe acima de tudo contar uma boa estória. Se for passada em lugares remotos, com ótimas paisagens de fundo, ainda melhor. Aqui também há um subtexto muito interessante ao mostrar um homem da ciência tentando vencer preconceitos e tradições arcaicas em um lugar distante de tudo e de todos. Em suma, vale a pena assistir esse "O Despertar de Uma Paixão" um filme com jeitão de produção antiga, daquelas que não se fazem mais como antigamente.

O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, Estados Unidos, 2006) Direção: John Curran / Roteiro:Ron Nyswaner, baseado em livro de W. Somerset Maugham / Elenco: Edward Norton, Naomi Watts, Liev Schreiber e Toby Jones / Sinopse: Na década de 1920. Walter Fane (Edward Norton), um médico de classe média alta se casa com Kitty (Naomi Watts). Logo após se mudam para a China onde o marido pretende relaizar pequisas médicas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Beleza Roubada

Título no Brasil: Beleza Roubada
Título Original: Stealing Beauty
Ano de Produção: 1996
País:  Itália / França / Reino Unido
Estúdio: Fiction Films, France 2 Cinéma
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Bernardo Bertolucci, Susan Minot
Elenco: Liv Tyler, Jeremy Irons, Jason Flemying, Stefania Sandrelli, Rachel Weisz.

Sinopse:
Lucy Harmon (Liv Tyler) é uma jovem americana que decide ir até a Itália para descansar, reencontrar velhos amigos e repensar sua vida. Sua mãe havia se suicidado e ela procura entender o que de fato teria acontecido. A paz e a tranquilidade da Europa podem lhe trazer todas as respostas. Além disso ela pretende na viagem à Toscana descobrir a identidade de seu pai biológico, há muito desconhecido. A bucólica região acabará lhe trazendo novas perspectivas, com alegrias, novos amores e reflexões sobre si mesma.

Comentários:
O filme mais leve e despretensioso do grande cineasta Bernardo Bertolucci. Aqui ele deixa a complexidade torturada de alguns de seus personagens de filmes anteriores para mostrar a bucólica realidade de uma garota que está em busca do amor de sua vida enquanto passeia numa Itália dos sonhos. Essa produção transformou Liv Tyler na musa dos filmes cults, muito embora tenha chamado a atenção inicialmente em sua carreira em diversos videoclips ao estilo MTV. Em termos de elenco porém quem rouba os holofotes é realmente Jeremy Irons que está soberbo em cada cena. Um grande ator em um filme menor. A Toscana nunca foi tão linda e solar! Mesmo assim acho um filme bem mediano que exagera na linguagem e no ritmo europeu de fazer cinema. No fundo a estória criada por Bernardo Bertolucci não é grande coisa e ele próprio parece deslumbrado com a presença de Liv Tyler em seu filme. Por certo estava apaixonado! Infelizmente nada disso transparece para a tela e Beleza Roubada logo se torna cansativo. Pois é, até beleza demais cansa em excesso.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sob o Domínio do Medo

Essa é a segunda transposição para as telas do livro "The Siege of Trencher's Farm" de Gordon Williams. A obra literária original mostrava uma imagem nada agradável de certos moradores de uma típica cidade sulista do interior dos EUA. Embora o livro tenha sua fama todos os cinéfilos certamente se lembram muito mais do filme original com Dustin Hoffman no elenco e direção de Sam Peckinpah. O filme realizado na década de 70 marcou época por causa de sua violência estilizada. O original tinha uma tensão e um suspense inovadores na linguagem cinematográfica da época o que não se repete aqui nessa releitura. Nessa nova versão resolveu-se trocar tudo isso pela simples e pura violência irracional, sem maiores preocupações com estilo ou estrutura. Os tempos são outros realmente. O que realmente marca esse remake atual é sua característica de produção B com orçamento restrito..Por essa razão esqueça maiores comparações. Claro que a trama segue praticamente a mesma do antigo filme com Dustin Hoffman: casal vai morar em uma pequena cidade do sul dos EUA e lá começa a sofrer hostilidades dos moradores locais. A esposa é nascida na cidade e conhece as manias dos habitantes mas o maridão é do tipo nerd, roteirista e escritor de Hollywood que logo é tachado de "otário" pelos valentões e beberrões do local. Além disso ela foi namorada no passado de um dos trabalhadores locais que vai até sua casa para realizar reformas em um dos telhados do imóvel. A tensão decorrente dessa situação logo se impõe. Como sabemos os red necks (caipirões americanos) não são um bom exemplo de gente culta e civilizada. Pelo contrário, conseguem cultuar até nos dias atuais uma mentalidade completamente atrasada e anacrônica.

O elenco é todo formado basicamente por atores de seriados o que vai ser divertido para quem gosta de acompanhar séries. O destaque vai para o ator sueco Alexander Skarsgård. que interpreta o vampiro Eric Northman em "True Blood". Certamente ele tem uma boa presença em cena que não compromete o resultado do filme embora também não surpreenda em momento algum. James Marsden, que faz o protagonista, apesar de carismático ainda não tem cacife para levar uma produção dessas para o sucesso nas bilheterias (tanto que o filme teve resultado bem ruim nesse aspecto não conseguindo sequer recuperar seu investimento). De resto, como já disse, só sobra mesmo muita violência (estupros, torturas, assassinados e mortes bizarras - inclusive uma com uma armadilha para urso, totalmente inusitada). Enfim, um remake realmente desnecessário e sem importância mas que pode até mesmo servir para aliviar o tédio em uma tarde chuvosa se você não exigir muito.

Sob o Domínio do Medo (Straw Dogs, Estados Unidos, 2011) Direção: Rod Lurie / Roteiro: Rod Lurie, David Zelag Goodman baseados na obra "The Siege of Trencher's Farm" de Gordon Williams / Elenco: James Marsden, Kate Bosworth, Alexander Skarsgår / Sinopse: Casal vai morar em uma pequena cidade do sul dos EUA e lá começa a sofrer hostilidades dos moradores locais. A esposa é nascida na cidade e conhece as manias dos habitantes mas o maridão é do tipo nerd, roteirista e escritor de Hollywood que logo é tachado de "otário" pelos valentões e beberrões do local. Além disso ela foi namorada no passado de um dos trabalhadores locais que vai até sua casa para realizar reformas em um dos telhados do imóvel. A tensão decorrente dessa situação logo se impõe.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vestígios do Dia

Terminei de rever "Vestígios Do Dia". Fazia tempo que tinha visto pela última vez então foi um prazer renovado. Nem é preciso dizer que mesmo após todos esses anos o filme não perdeu nem uma cota de seu charme, de sua delicadeza e de sua elegância. Na minha opinião ainda continua sendo uma grande obra prima do cinema. Muita gente não consegue até hoje captar a essência desse roteiro, o que é uma pena, pois a mensagem é tão sutil e delicada que passa despercebida a muitos. Não chegam a entender que "Vestígios do Dia" tem um dos enredos mais românticos já filmados. O mais interessante de tudo é que o filme consegue fazer isso sem nenhum tipo de afeto físico entre os protagonistas. Tudo é apenas sugerido, insinuado. Não há um beijo sequer entre eles, por exemplo. Isso porém acaba não tendo importância pois a emoção e o sentimento são tão presentes que esse tipo de coisa acaba sendo um mero detalhe.

A atração entre o mordomo (Hopkins) e sua governanta (Emma Thompson) é latente mas não assumida abertamente por causa das convenções sociais a que ambos estão submetidos. Além disso Hopkins brilha como uma pessoa que simplesmente não consegue expressar suas emoções. Criado para ser um mordomo a vida inteira e possuir uma educação exemplar ele acaba perdendo a capacidade de se revelar a quem quer que seja, mesmo para a mulher que sente atração e nutre sentimentos românticos. Assim é erguido um muro invisível que não deixa que ambos se declarem um ao outro. Tudo isso é de uma sutileza fenomenal. Apenas um cineasta com a sensibilidade de James Ivory conseguiria transportar isso para a tela no tom certo.

Desnecessário dizer que o resultado é excelente. O roteiro é um primor, a direção e a reconstituição de época são soberbas mas o melhor vem da interpretação dos atores. Esse filme traz a melhor atuação da carreira de Anthony Hopkins, embora isso possa causar surpresa em muitos é a mais pura verdade. Ele faz um mordomo de um Lord inglês que se apaixona por uma empregada da mansão, feita pela Emma Thompson. É um filme de momentos sutis. Existe uma cena maravilhosa em que Hopkins tenta se declarar à sua paixão mas por questões sociais, timidez, nervosismo e até mesmo preconceito se reprime. Poucas vezes vi um momento tão divinamente interpretado no cinema como esse. É genial. Vestígios do Dia é um primor, um filme feito para pessoas sofisticadas e de muito bom gosto. Como não poderia deixar de ser é uma produção britânica do mais alto nível. O diretor Ivory é um dos meus preferidos de todos os tempos. E é por essa e outras razões que considero "Vestígios Do Dia" uma perfeição da sétima arte. Poucas vezes algo assim tão sutil encontrou um veículo tão competente nas telas. Um primor!

Vestigios do Dia (The Remains of the Day, Estados Unidos, Inglaterra, 1993) Direção: James Ivory / Elenco: Christopher Reeve, Anthony Hopkins, Emma Thompson, Caroline Hunt / Sinopse: 1958. James Stevens (Anthony Hopkins), um homem de idade, em um grande carro antigo começa uma viagem pela Inglaterra em direção ao mar. Por muitos anos ele foi o mordomo-chefe de Darlington Hall, uma famosa casa de campo. Neste época sacrificou sua vida pessoal por vários anos para ter um alto desempenho profissional, mesmo reprimindo seus sentimentos e passasse uma frieza que na verdade não era parte da sua personalidade. Ele está indo visitar Sally Kenton (Emma Thompson), que ele não vê há muito tempo e tinha sido governanta em Darlington. Ele pensa que talvez ela possa ser persuadida a retomar a sua antiga posição, trabalhando para o novo proprietário de Darlington, um congressista americano aposentado.

Pablo Aluísio.

A Difícil Arte de Amar

Revi recentemente esse "A Difícil Arte de Amar". Me recordo que na primeira vez que vi não me deixou muito impressionado. Revendo me pareceu bem melhor agora. A verdade é que quando assisti pela primeira vez era muito jovem, tinha outros interesses e o tema do filme realmente não iria me atrair muito. Aqui temos basicamente uma estória de amor adulta, sem romantismos exacerbados, com clara intenção de retratar um relacionamento tal como na vida real. Os protagonistas Rachel (Meryl Streep) e Mark (Jack Nicholson) são sim apaixonados entre si mas ao mesmo tempo têm que lidar com a dureza da vida cotidiana (problemas de reforma na casa recém comprada após o casamento, dificuldades de grana, filhos chorando e enchendo o saco). O grande atrativo é justamente esse. Nem ele é um dândi romântico (pelo contrário é infiel, barrigudo e nada atraente) e nem ela é uma diva (anda mal arrumada, tem problemas com envelhecimento, filhos e tudo mais que conhecemos bem). No meio de tudo isso tentam manter um casamento meio falido e cambaleante. Igual a provavelmente 90% dos casais no mundo real.

Além do bom roteiro e argumento "Heartburn" tem como maior atrativo ver em cena dois dos grandes intérpretes do cinema americano: Meryl Streep e Jack Nicholson. Embora ambos estejam em grande forma deve-se reconhecer que o filme é de Meryl. Sem sinais de vaidade ela se entregou de corpo e alma a uma personagem sem nenhum glamour. Já Jack está ali como mera escada para Streep. Isso não é demérito e nem significa que ele esteja ruim em cena, pelo contrário, é uma consequência do próprio roteiro que foi concebido assim mesmo. Por fim, para os nostálgicos, o filme traz a famosa trilha sonora escrita e cantada por Carly Simon. A música tema foi um tremendo hit dos anos 80 e certamente todos vão se lembrar dela na primeira audição. Enfim, bom filme, com ótimas atuações mostrando a "vida como ela é".

A Difícil Arte de Amar (Heartburn, Estados Unidos, 1986) Diretor: Mike Nichols / Roteiro: Nora Ephron / Elenco: Meryl Streep, Jack Nicholson, Jeff Daniels, Maureen Stapleton, Milos Forman, Kevin Spacey / Sinopse: Rachel (Meryl Streep) e Mark (Jack Nicholson) são dois jornalistas que se conhecem em um casamento e, pouco tempo depois, se casam. Quando ela está na sua segunda gravidez, descobre que o marido tem um caso. O roteiro é uma visão autobiográfica da separação do casamento da roteirista Nora Ephron com Carl Bernstein (autor de Todos os Homens do Presidente) e foi baseado no best-seller da escritora.

Pablo Aluísio.