sábado, 16 de junho de 2012
Shaft
O elenco é bem interessante. Jackson não compromete como Shaft. O destaque na minha opinião fica com o vilão da estória, um playboy filhinho de papai acusado de homicídio interpretado por... Christian Bale!!! Esbanjando boçalidade e arrogância (como o próprio ator na vida real), Bale acrescenta bastante no resultado final do filme. E pensar que em poucos anos ele estaria justamente no outro lado, prendendo criminosos como Batman. Outro destaque é Busta Rhymes interpretando um traficante latino. Gostei de sua interpretação que quase, apenas quase, cai na caricatura. Enfim, Shaft vale a espiada - não é um grande filme policial mas pelo menos funciona como passatempo descompromissado.
Shaft (Shaft, Estados Unidos, 2000) Diretor: John Singleton / Roteiro: John Singleton, Richard Price, Shane Salerno / Elenco: Samuel L. Jackson, Vanessa L. Williams, Jeffrey Wright, Christian Bale / Sinopse: Shaft (Samuel L. Jackson) é um policial negro durão que tem que ldiar com a criminalidade de uma forma bem peculiar. Baseado no antigo filme cult da cultura vintage negra Shaft.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
O Sol é Para Todos (1962)
Título Original: To Kill a Mockingbird
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Robert Mulligan
Roteiro: Horton Foote, baseado em livro de Harper Lee
Elenco: Gregory Peck, John Megna, Frank Overton, Rosemary Murphy, Mary Badham
Sinopse:
Tom Robinson (Brock Peters) é um rapaz negro acusado de estuprar Mayella Violet Ewell (Collin Wilcox Paxton), uma jovem branca. Numa sociedade extremamente racista o advogado Atticus Finch (Gregory Peck) resolve então defender o réu, mas começa a sofrer todo tipo de hostilidade por parte da população local por ter tomado essa decisão. Para aquelas pessoas o acusado sequer deveria ser defendido no tribunal das acusações que lhe estavam sendo feitas. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator (Gregory Peck), Melhor Roteiro Adaptado (Horton Foote) e Melhor Direção de Arte. Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz Coadjuvante (Mary Badham), Melhor Fotografia (Russell Harlan) e Melhor Música (Elmer Bernstein). Também vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Gregory Peck) e Melhor Música (Elmer Bernstein).
Comentários:
Esse é um dos grandes clássicos da história do cinema americano. Que filme maravilhoso! Fiquei impressionado como em um só roteiro tantos valores morais e éticos são repassados ao espectador! Não é necessário aqui expor todos os significados importantes dentro do rico argumento, mas um dos que mais me chamaram atenção foi o desfecho do julgamento mostrado no filme. Fugindo de clichês baratos, a obra mostra a verdadeira face da extrema debilidade do sistema judiciário americano. O argumento também explicita alguns fundamentos jurídicos importantes para uma sociedade dita civilizada, como o direito ao contraditório e a ampla defesa. Como demonstrado na história nem sempre a sociedade é a mais adequada para julgar e punir seus pares, uma vez que o senso comum é extremamente falho e para dizer a verdade, inúmeras vezes infantil e até tolo. Assim apenas a lei e o direito a um julgamento justo se mostram viáveis para saciar o sentimento de justiça dentro da comunidade. O fato é que Gregory Peck, de uma dignidade fora do comum, mostra claramente que o sistema é falho, injusto e nocivo, principalmente quando a emoção e o preconceito superam a razão. Seu posicionamento como advogado no filme é uma lição de postura, ética e comprometimento com a causa de seu cliente. Nenhuma outra profissão no mundo lida tão de perto com esses valores como a de advogado, que quando bem cumprida e desempenhada pode trazer enorme satisfação pessoal. Tirando esse aspecto importante, outro também me chamou muito a atenção: O lirismo e nostalgia envolvidos na forma como a história é contada. Ao mesmo tempo em que mostra o drama de tribunal, "O Sol é Para Todos" também expõe a bucólica vida dos filhos do advogado. Subindo em árvores, brincando pelas redondezas e curiosos em relação a Boo, um vizinho deficiente mental que será vital para o desfecho do filme. Essa visão inocente contrasta exatamente com a mentalidade dos moradores locais: ignorantes, racistas e preconceituosos. Recentemente o presidente Obama promoveu uma exibição do filme na Casa Branca, algo muito significativo sobre a importância dessa obra cinematográfica. Nada mais justo uma vez que "O Sol é Para Todos" é um filme grandioso, realmente maravilhoso. Um dos melhores da era de ouro de Hollywood. Está mais do que recomendado.
Pablo Aluísio.
Catch 44
Esse é apenas o segundo filme dirigido por Aaron Harvey. Ele nunca fez nada de muito relevante mas demonstra ter bom controle sobre a narrativa do filme, que não é fácil e pode até mesmo confundir os espectadores menos atentos. Confesso que achei seu estilo muito comprometido com o jeito Tarantinesco de ser, ou seja, muitos diálogos (a maioria papo furado) interligados com cenas de violência irracional. A cena final do filme mostra bem isso pois é literalmente um banho de sangue. De qualquer forma ele tenta criar um bom clima (o que de certa forma consegue) com cenas que jogam o tempo todo com sombra e luz (principalmente nas internas dentro do bar onde praticamente acontece toda a trama do filme). O saldo final é interessante, nada medíocre. Vale a pena dar uma espiada.
Catch .44 (Catch .44, Estados Unidos, 2011) Direção: Aaron Harvey / Roteiro: Aaron Harvey / Elenco: Bruce Willis, Forest Whitaker, Malin Akerman, Brad Dourif / Sinopse: Três jovens garotas acabam se envolvendo com Mel (Bruce Willis), um influente chefão do crime organizado. Ao longo do caminho acabam conhecendo tipos bizarros como Ronny (Forest Whitaker), um assassino psicótico.
Pablo Aluísio.
Crepúsculo: Amanhecer Parte 1
Roteiro e Argumento: A roteirista Melissa Rosenberg teve a complicada missão de usar uma meia estória para um filme inteiro. Claro que a sensação de enchimento de linguiça surge aqui e acolá mas devo dizer que seu trabalho foi muito interessante. O filme é curto, justamente para não se tornar aborrecido, e termina de forma satisfatória justamente em cima de um gancho para o próximo filme. A Rosenberg veio da tv, é roteirista de “Dexter” e outros seriados famosos - esticar sem estragar um texto é com ela mesma!
Produção: Todos os filmes da saga Crepúsculo possuem o mesmo tipo de produção: simples que nunca enche os olhos. Aqui acontece a mesma coisa. A direção de arte é discreta, até mesmo no casamento de Bella pois tudo é bem simplório. Não consigo entender onde enfiaram 120 milhões de dólares nessa produção uma vez que é muito dinheiro para um resultado tão comum!
Direção: Bill Condon tinha um certo prestigio por causa de filmes como “Dreamgirls”, “Kinsey” e “Deuses e Monstros” mas ultimamente andava bem em baixa, dirigindo alguns telefilmes. Nesse "Amanhecer" ele fez um trabalho de diretor contratado mesmo, sem nenhum traço autoral visível. Seu grande mérito na minha opinião foi contar a estória de forma quadradinha mas correta. Como os próprios livros não são também Shakespeare acho que seu trabalho ficou de bom tamanho. Não inventou mas também não estragou o material que os fãs querem ver na tela.
Elenco: Continuam todos fracos. Outro dia li um texto que tentava justificar isso afirmando que eles tentavam fazer o melhor mas eram todos limitados. É verdade. Pattinson continua incapaz de transmitir qualquer emoção com maior profundidade e Kristen continua na mesma, apática. O personagem que mais foi exigido em termos de interpretação em "Amanhecer" foi o lobo Jacob mas Lautner sempre confunde boa interpretação com caretas em série. Como são todos jovens possa ser que com o tempo venham a melhorar como atores. De qualquer forma não foi dessa vez que eles conseguiram transmitir algum tipo de talento em cena.
Crepúsculo: Amanhecer Parte 1 (The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1, Estados Unidos, 2011) Direção: Bill Condon / Roteiro: Melissa Rosenberg baseada no livro de Stephenie Meyer / Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner / Sinopse: A humana Bella Swan (Kristen Stewart) após contrair matrimònio com o vampiro Edward (Robert Pattinson) resolve passar sua lua de mel no exótico Rio de Janeiro, Brasil. Lá descobre estar grávida do ser da noite o que poderá trazer terríveis consequências para sua vida.
Pablo Aluísio.
Vida de Inseto
Só agora assisti pela primeira vez. A PIxar é fenomenal, um grande celeiro de talentos da animação e assim fica quase obrigatório assistir qualquer uma de suas produções. Esse "Vida de Inseto" não tinha assistido antes porque achei muito parecido com "Formiguinhaz", que não havia gostado muito. De fato os filmes são bem semelhantes mas a técnica de "Vida de Inseto" é superior. Os personagens são mais bem produzidos, coloridos e vibrantes. Além disso há sempre uma preocupação com roteiro e argumento. Esse aqui tem ecos de vários filmes clássicos, principalmente "Os Sete Samurais" e obviamente "Sete Homens e um Destino". O diferencial é que o grupo de insetos que tenta salvar a pequena vila das formigas é na realidade uma trupe circense sem qualquer pretensão de lutar contra os gafanhotos malvadões. Por falar neles o principal motivo de eu ter assistido "Vida de Inseto" foi ouvir a participação de Kevin Spacey no papel de Hopper, o chefão do grupo. Esse sempre foi um dos meus atores preferidos e seu talento é tão marcante que até aqui se destaca!
Essa animação tem dois diretores. Sendo que um deles, John Lasseter, é o mesmo de "Toy Story 1 e 2". Sinceramente não há como comparar ambas as animações. Toy Story é muito superior em qualquer tipo de análse. "Vida de Inseto" na realidade é muito mais infantil e bastante indicado para crianças bem pequenas - de 5 a 10 anos - enquanto "Toy Story" consegue se comunicar até mesmo com pessoas mais velhas por causa de seu clima de nostalgia. Enfim, é isso. Não se classifica entre os melhores momentos da Pxar mas de forma em geral cumpre seu papel e é eficiente na sua proposta de produção para os mais pequeninos. Para quem é fã do estúdio vale a pena conferir.
Vida de Inseto (A Bug´s Life, Estados Unidos, 1998) Direção: John Lasseter, Andrew Stanton / Roteiro: John Lasseter, Andrew Stanton / Elenco (vozes): Kevin Spacey, Dave Foley, Julia Louis-Dreyfus / Sinopse: Insetos de circo são confundidos com seus personagens e levados a um formigueiro para defendê-los de terríveis gafanhotos.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Despertar dos Mortos
A produção também não é das melhores. A Hammer aqui preferiu deixar os efeitos digitais de lado para se concentrar apenas em jogos de luzes e sombras e uso de maquiagem mais artesanal (ao estilo Ketchup). Nada de errado com essa decisão o problema é que o filme realmente falha na criação do suspense e no clima do terror. O roteiro não consegue causar medo em momento algum e a produção simples como é, ajuda ainda mais a tornar tudo muito banal, batido, sem impacto. Além disso usar crianças como seres sobrenaturais já está mais do que saturado nos filmes do gênero. Os japoneses, por exemplo, já usaram e abusaram desse artifício e tudo soa a prato requentado mesmo. As mortes também são fracas, algumas risíveis e nada é marcante. Em resumo mais uma produção B de terror que não consegue assustar nem criancinha. Se até a Hammer, com toda a sua tradição, não consegue mais nos surpreender então a coisa realmente anda feia no mundo dos filmes de terror. No fundo quem anda precisando despertar do mundo dos mortos mesmo é o próprio gênero, atualmente em franca decadência!
Despertar dos Mortos (Wake Wood, Inglaterra, 2011) Direção: David Keating / Roteiro: David, Brendan McCarthy / Elenco: Aidan Gillen, Eva Birthistle, Timothy Spal / Sinopse: Um jovem casal se vê diante da maior tragédia de suas vidas quando sua pequena filhinha é atacada e morta por um cão feroz. Desesperados acabam descobrindo que os moradores locais cultuam um estranho ritual que consegue por apenas 3 dias trazer de volta à vida aqueles que já morreram. O problema é que não conseguem seguir á risca todos as regras dessa ressurreição o que trará consequências graves para todos os envolvidos.
Pablo Aluísio.
Santuário
Quando foi lançado "Santuário" foi vendido pelo marketing promocional como o "novo filme de James Cameron de Titanic e Avatar". Bobagem. O problema é que James Cameron leva tanto tempo para lançar um filme novo que o estúdio tenta de todas as formas faturar em torno de seu nome, o usando sempre que possível, mesmo quando a sua participação no projeto seja mínima ou de menor importância. Um exemplo claro disso é esse filme. Muita gente foi ao cinema pensando reencontrar o famoso diretor. Bom, não encontraram nada. "Santuário" é um filme fraco em todos os aspectos. Não se salva nem naquilo que se esperava ser um ponto positivo certo: sua elegância técnica. Claro que muita gente não esperava um bom roteiro e nem tampouco grandes atuações (grandes falhas em praticamente todos os filmes anteriores de Cameron) mas pelo menos era de se esperar um filme com lindas imagens subaquáticas. Mas nem isso o filme cumpre de forma satistatória. Sinceramente esperava mais do aspecto visual do filme. Pensei que iria encontrar belas e lindas imagens de mergulho em cavernas (um dos esportes mais radicais que existem) mas ao invés disso vi muito mais cenas de escalada e espeleologia, o que foi bem frustrante. Nada contra estalactites e estalagmites, mas aquilo em certo momento começou a ficar aborrecido e chato. Se o filme foi vendido como uma produção de primeira linha abaixo da água onde foram parar essas tão prometidas cenas?!
O fato do roteiro ser mal escrito prejudicou ainda mais o filme. A relação "pai e filho" dos dois personagens mais centrais nunca soa no tom certo. Os demais coadjuvantes não melhoram o quadro pois no fundo todos sabemos que eles estão ali somente para morrer em determinada cena e mais nada. Na verdade o diretor Alister Grierson é muito inexperiente em cinema. Ele já havia dirigido alguns documentários antes mas provou que não sabe dirigir atores em cena. Os personagens são totalmente vazios e desprovidos de personalidade. O cineasta parece preocupado apenas em captar grandes momentos da natureza (como em seus documentários) sem desenvolver o lado humano do filme. Como é um protegido de James Cameron, Grierson acabou sendo escalado para o filme errado, exercendo a função errada. Ele ficaria bem melhor como diretor de fotografia do que como diretor geral do filme. Em suma, "Santuário" é bem decepcionante. Não funciona como documentário de boas imagens e nem como cinema convencional. Uma decepção completa.
Santuário (Sanctum, Estados Unidos, 2011) Direção: Alister Grierson / Roteiro: John Garvin, Andrew Wight / Elenco: Rhys Wakefield, Allison Cratchley, Christopher Baker / Sinopse: Pai e filho participam de uma exploração em uma caverna profunda. O que não contavam é que um acontecimento imprevisto irá mudar o destino de todos.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Muito Além do Jardim
Simplório jardineiro tem que deixar a casa onde morou durante toda a sua vida após a morte de seu patrão. Inocente e puro vai ter que enfrentar o desafio do mundo lá fora. Finalmente revi "Muito Além do Jardim" após vários anos. Interessante, o filme não envelheceu como eu pensava. Peter Sellers está muito bem no papel do jardineiro, um homem simples, que não sabe ler e nem escrever mas que por uma série de coincidências involuntárias acaba conhecendo o presidente dos EUA, se tornando a partir daí um formador de opinião apesar de que, no fundo, ele não tem opinião nenhuma. Não sei bem o termo médico para me referir ao personagem de Sellers. Sua personalidade é infantil, pueril, nada adequada à sua idade. De qualquer forma ele é uma pessoa que só conhece o mundo exterior pela TV e em essência é completamente alienado do que ocorre ao seu redor. A fábula nasce justamente disso, pois mesmo sem ter nada a dizer ou pensar acaba influenciando em assuntos dos quais não tem a menor ideia.
É de certa forma uma alegoria sobre o fato de que no fundo a opinião de uma pessoa simples como ele tem mais peso e importância do que a de muitos políticos que vemos por aí. O tom é de fábula e curiosamente a estrutura da narrativa dá margem a muitas interpretações. Pode se olhar o ângulo do jardineiro, uma pessoa de bom coração, pura, com QI abaixo da normalidade, mas que mesmo assim tem mais a dizer ou pensar do que o alto escalão do governo. Também se pode analisar o filme sob outra perspectiva, a que coloca todos os demais personagens do filme como "idiotas", sendo o único com um certo equilibrio justamente o Chance Garden. Ou então pode se olhar o filme sob um ótica filosofal, ao qual a felicidade não depende de riqueza material ou luxo mas sim do fato de ser feliz com os pequenos detalhes da vida, por mais limitada que ela seja. Enfim, o que tirei de conclusão sobre a mensagem subliminar desse filme é que cada um deve tirar suas próprias conclusões - pois "Muito Além do Jardim" tem essa peculiaridade de se comunicar de forma diferenciada com cada espectador. É um roteiro de nuances, detalhes, que se leva a uma reflexão muito particular de cada um. Cada pessoa vai criar seu próprio toque de identificação com a mensagem que o filme tenta passar. "Muito Além do Jardim" é um clássico e recomendá-lo seria desnecessário. É o tipo de filme que você tem que assistir algum dia, pelo menos uma vez na vida. É uma obra prima.
Muito Além do Jardim (Being There, Estados Unidos, 1979) Direção: Hal Ashby / Roteiro: Jerzy Kosinski baseado no livro de Jerzy Kosinski / Elenco: Peter Sellers, Shirley MacLaine, Melvyn Douglas / Sinopse: Simplório jardineiro tem que deixar a casa onde morou durante toda a sua vida após a morte de seu patrão. Inocente e puro vai ter que enfrentar o desafio do mundo lá fora.
Pablo Aluísio.
A.C.A.B. - All Cops Are Bastards
Excelente filme italiano que mostra um grupo de policiais da tropa de choque daquele país. Os tiras são mostrados como pessoas com vários problemas não só na profissão como também em suas vidas pessoais. Tudo de forma extremamente bem roteirizada - realmente o filme é muito bem escrito. Nesse ponto me lembrou bastante do nosso "Tropa de Elite" pois somos introduzidos nas vidas dos policiais, sem medo de mostrar uma realidade nua, crua e dura! A.C.A.B. é uma sigla usada por torcedores europeus de futebol em relação aos policiais das tropas de contenção que são justamente os que enfrentam os Hooligans durante as partidas de futebol. Como se sabe as torcidas européias são bem conhecidas por sua violência e truculência. Batalhas campais são comuns (inclusive aconteceram recentemente na última Eurocopa). "All Cops Are Bastards" (em português "Todos os Tiras São Bastardos") mostra bem o clima que impera entre torcedores e policiais nesses eventos esportivos. Mas não é só.
A.C.A.B. também mexe numa ferida profunda pelo qual passa a sociedade europeia nesse momento. A questão da imigração desenfreada e o crescente aumento do sentimento nacionalista nesses países. Em crise os europeus, principalmente jovens e desempregados, sentem grande sentimento de ressentimento e ódio racial em relação aos imigrantes de países mais pobres como Tunísia e Romênia. Para esses grupos neo nazistas o que se vê hoje na Europa é uma inversão de valores aonde o imigrante é protegido pela lei e o nacional é colocado para escanteio. No filme isso é retratado na estória de um jovem policial que vê sua pobre mãe ser despejada pelas autoridades italianas para ser colocada em seu lugar uma família de Tunisianos, imigrantes ilegais. Além disso o filho do comandante do esquadrão de choque se torna adepto de um grupo de Skinheads. Enfim, muitos subtextos interessantíssimos em um filme extremamente atual, inteligente e instigante. A.C.A.B. é sem dúvida um dos melhores filmes europeus do ano.
A.C.A.B - All Cops Are Bastards (Idem, Itália, 2012) Direção: Stefano Sollima / Roteiro: Daniele Cesarano baseado no livro de Carlo Bonini / Elenco: Pierfrancesco Favino, Filippo Nigro, Marco Giallini / Sinopse: Um grupo de policiais da tropa de choque italiana precisa enfrentar os problemas de sua profissão. Salários baixos, violência e atritos com a população e Hooligans de times italianos.
Pablo Aluísio.
Os Mercenários
Stallone não desiste. Já prestes a entrar na terceira idade o ator não se rende ao peso dos anos, sempre procurando se reinventar. Quem diria que nessa altura de sua vida ele conseguiria emplacar uma nova franquia de sucesso? Pois é, ele conseguiu. Se não já bastassem as franquias Rocky e Rambo, o idoso astro emplaca agora mais esse "Os Mercenários". De certa forma o grande problema aqui é o atraso. Essa produção deveria ter estreado há 25 anos pelo menos, em pleno anos 80. Se tivesse sido lançado naquela época seria um estouro certamente. Maior do que foi agora. Claro que na época seria impossível reunir tantos astros de ação em apenas um filme pois na década de 80 eles ganhavam cachês milionários (algo que hoje em dia não se repete mais). Lançado agora o filme soa apenas como uma aventura retrô, com muita testosterona mas pouquíssima qualidade cinematográfica. De certa forma ele só funciona como produto de nostalgia para quem era jovem ou criança na década de 80 e cresceu assistindo aqueles filmes violentos de ação de Stallone e cia. É curioso porque naqueles tempos Stallone lutava muito para trazer melhores roteiros para seus filmes que sempre eram criticados severamente nesse aspecto. Em uma atitude quase de mea culpa Stallone literalmente jogou o balde aqui e resolveu assumir esse tipo de defeito em "Os Mercenários" pois o roteiro é tão fraquinho!
Basicamente se trata de uma premissa bem básica para servir de estopim para a pancadaria e as pirotecnias habituais. Praticamente não há atuação ou qualquer argumento mais trabalhado. O ùnico ator que traz alguma coisa próxima de uma "atuação" é Mickey Rourke (em determinada cena ele mostra seu grande talento e declama o texto mais longo do filme enquanto Stallone fica olhando com cara de bobão). Há ainda a reunião tão falada dos três maiores ícones dos filmes de ação dos anos 80: Sylvester Stallone, Arnold Scharzenegger e Bruce Willis. Para quem é fã do estilo isso era algo esperado há muitos anos. A cena em si é até bacaninha mas menos engraçada ou marcante do que poderia ser. O resto do filme é pura action movie ao estilo anos 80 (muito tiro, chute, explosões e inimigos morrendo a atacado). Quando o personagem de Stallone resolve matar ele detona uns 400 caras de uma vez só! Me lembrou até de "Comando Para Matar" o mais exagerado filme daquela década. É aquele tipo de coisa que todo já viu e reviu muitas e muitas vezes, então sem surpresas. Senti falta também de vilões melhores. Eric Roberts é muito sem expressão e o general do terceiro mundo (obviamente uma caricatura) não consegue ser marcante. No mais uma curiosidade: nos últimos 25 minutos de filme quase não há diálogos - só porrada. É isso, "Os Mercenários" é um filme da década de 80 que não foi produzido nos anos 80. Vale como nostalgia mas com cara de prato requentado. E que venha a continuação agora, com o Chuck Norris! Pelo menos promete ser bem mais divertido do que esse primeiro.
Os Mercenários (Expendables, Estados Unidos, 2010) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Dave Callaham, Sylvester Stallone / Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Steve Austin, Mickey Rourke, Bruce Willis, Arnold Scharzenegger / Sinopse: Um grupo de mercenários são contratados para derrubar um corrupto governo militar numa ilha do terceiro mundo.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Fúria de Titãs 2
"Fúrias de Titãs 2" assim como o primeiro filme da franquia prefere ignorar os acontecimentos da mitologia original novamente. Alguns seres mitológicos bem conhecidos como Minotauro finalmente surgem em cena mas apenas como coadjuvantes sem maior importância, bem distante do espaço de destaque que tinha nos textos milenares. Estão lá também os Ciclopes, o cavalo voador Pegasus e claro Kronos, que aqui surge como um monstro colossal feito de fogo e larvas incandescentes. Infelizmente como tudo é muito ligeiro e sem profundidade nenhum personagem é minimamente desenvolvido. Nem a tensa relação entre Zeus e Hades é desenvolvida e explorada. Perseu então praticamente não tem personalidade, surgindo apenas em ação e combate, sem qualquer trabalho realizado em cima de sua persona. Uma pena. Personagens tão ricos em história e mitologia viram meros bonequinhos para uma tonelada de efeitos digitais. Diante de tudo isso o melhor a fazer é ler a mitologia grega original mesmo.
Fúria de Titãs 2 (Wrath of the Titans, Estados Unidos, 2010) Direção: Jonathan Liebesman / Roteiro: Dan Mazeau, David Johnson / Elenco: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes / Sinopse: Perseu (Sam Worthington) é o filho bastardo do grande Zeus (Liam Neeson) que tenta levar uma vida normal de mortal mas é chamado novamente para a batalha para enfrentar o terrível Kronos, um titã colossal que está prestes a fugir de sua prisão.
Pablo Aluísio.
Fúria de Titãs
Vamos aos fatos. Fui assistir hoje Fúria de Titãs. Pensei que iria ser horrível mas para minha surpresa não foi. Esse filme é um blockbuster que se assume como tal. Os produtores sabiam bem disso e fizeram sim um filme pipoca mas pelo menos tiveram o bom senso de não torrar nossa paciência com um filme enorme e sem fim (como Avatar). A duração é rápida (pouco mais de uma hora e meia de duração) e vai logo direto ao ponto. Assim não chega a aborrecer. A produção tem bons efeitos especiais, um roteiro que faz uma mistureba de mitologia grega e nórdica, atuações sem importância e um final com um monstro colossal. Bem ao gosto do público adolescente de hoje. É um produto de consumo rápido e descartável, não há como negar, mas pelo menos não é pretensioso e nem tenta ser o que efetivamente não é. Fica muito longe do charme do filme original que foi lançado no começo da década de 80 e não tem nenhum grande nome no elenco como aquele. Em essência é quase um videogame para falar a verdade, só faltando mesmo a interação com o jogador / espectador.
Como cinema ele tem vários outros pontos fracos que podem ser citados. O principal foi não terem sido fiéis à mitologia grega. De posse desses efeitos especiais o filme seria muito interessante se tivesse seguido à risca a mitologia original, principalmente para quem gosta do tema como eu. O design da Medusa não me agradou totalmente. Parece uma serpente mas curiosamente mantém a beleza de seu rosto, tal como era antes de ser amaldiçoada pelos deuses (um dos poucos pontos do roteiro que segue mais de perto com a mitologia original). Por falar em deuses todos estão fracos nesse filme: Zeus e Hades são decepções, principalmente em termos de atuação (todo mundo no controle remoto). E cadê o meu querídissimo Poseidon? Esqueceram dele. Hermes também foi ignorado, logo ele que é vital na mitologia de Perseu. Mas isso seria pedir demais dos executivos de Hollywood. Diverte sim, mas só se você for com expectativas baixas (como foi o meu caso).
Fúria de Titãs (Clash of the Titans, Estados Unidos, 2010) Direção: Louis Leterrier / Roteiro: Travis Beacham, Phil Hay / Elenco: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes / Sinopse: Perseu (Sam Worthington) é o filho bastardo do grande Zeus (Liam Neeson) e terá que provar toda sua força e poder contra um terrível monstro mitológico.
Pablo Aluísio.
O Vizinho
O grande destaque do elenco, como não poderia deixar de ser, é de Samuel L. Jackson. Dando uma pausa em seus personagens "motherfuckers" que falam um palavrão atrás do outro, Jackson faz um cara que a despeito de ser abusivo em seu trabalho policial, tenta à sua maneira, colocar uma certa ordem no caos reinante em que vive. Impõe regras e limites aos filhos adolescentes após a morte da mãe deles numa educação severa. Obviamente que em certo momento do filme há uma guinada para transformar esse personagem em um psicopata perigoso mas isso é apenas pontual. O diretor Neil LaBute nunca fez nada de muito importante. Sua filmografia é formada basicamente por filmes medianos. Seu único trabalho de maior projeção é "A Enfermeira Betty" com Renee Zellwegger e só. Aqui ele fica na média do que sempre dirigiu, um bom passatempo apenas, sem nada de muito relevante a acrescentar a não ser as duas coisas que citei no começo do texto. Em falta de filmes melhores a assistir vale a espiada.
O Vizinho (Lakeview Terrace, Estados Unidos, 2009) Direção: Neil LaBute / Roteiro: David Loughery), Howard Korder / Elenco: Samuel L. Jackson, Patrick Wilson, Kerry Washington / Sinopse: Policial negro (Samuel L. Jackson) começa a ter vários atritos com seu vizinho. Usando de meios ilegais ele fará da vida do sujeito um verdadeiro inferno.
Pablo Aluísio.
Gamer
Esse é o tipo de produto que se consome em cinemas de shopping center. Tudo muito rápido, ágil, ultra acelerado. Não é bem um filme mas sim um fast food. A edição corre a mil e o roteiro foi escrito por e para fãs de videogame... pena que o conteúdo é zero! Eu na verdade já tinha assistido esse filme antes. Seu nome é "The Running Man - O Sobrevivente". O argumento é o mesmo, a única diferença é que algumas coisas foram acrescentadas nesse remake disfarçado, como por exemplo, o fato das pessoas que estão lutando na arena desse reality show violento são na verdade controladas por gamers, jogadores de video game. Curioso mas um deles é retratado como um gordo glutão que tem como avatar no jogo uma loira sensual (que na verdade é a esposa do personagem de Gerard Butler no filme). Esse aliás está mais inexpressivo do que nunca, eu nunca o considerei um bom ator mas aqui ele está bem pior do que costume! Totalmente sem expressão em cena.
Do elenco do filme aliás só destaco Michael C. Hall (ele mesmo, o Dexter do famoso seriado). Fazendo um vilão baseado nesses milionários da internet ao estilo Bill Gates, Hall consegue fazer milagre em um papel bem rasinho, sem expressividade. O filme é curtinho, quase um média metragem (uma hora e vinte de duração), o que é um alívio já que não há mesmo muita estória para contar. A dupla de diretores nunca fez nada de muito relevante e parecem pensar entender o que os jovens querem ver no cinema atualmente - pouco conteúdo, muita pirotecnia e enredos de games. Para não dizer que desgostei de tudo vou terminar essa resenha elogiando a edição (não poderia ser diferente numa produção como essa) e a trilha sonora que adapta velhas canções com arranjos mais modernos. Enfim é isso. Se você é fã de games pode até vir a se divertir, caso contrário não, definitivamente não vai gostar!
Gamer (Gamer, Estados Unidos, 2009) Direção: Direção: Mark Neveldine, Brian Taylor / Roteiro: Mark Neveldine, Brian Taylor / Elenco: Gerard Butler, Michael C. Hall, Ludacris / Sinopse: Em um futuro violento competidores entram em um reality show aonde são dirigidos por jogadores de videogames.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Montgomery Clift: Além do Sexo!
Montgomery Clift realmente não era visto com mulheres em sua passagem por Hollywood. Ator consagrado de teatro resolveu ir para a capital do cinema atraído pelos bons cachês. Mesmo assim nunca se considerou um membro ativo daquela comunidade. Pouco ia a festas e eventos sociais e procurava manter sua privacidade a todo custo. Tanta discrição acabou despertando suspeitas. Como não era visto com mulheres em público logo se começou a especular se era gay. O interessante é que ao contrário de outros gays famosos em Hollywood, como Rock Hudson, por exemplo, tampouco existem testemunhos de algum ex amante do astro. O que parece ter realmente acontecido foi um simples desinteresse sexual por parte de Montgomery Clift, seja por homens, seja por mulheres. Era neutro ou como se diz atualmente, assexuado, desinteressado por sexo.
Clift tinha grandes paixões platônicas geralmente por mulheres. Sua paixão não realizada por Elizabeth Taylor era conhecida. Taylor sempre casando e descasando nunca deu uma chance para Mont e o considerava apenas um grande amigo. Equivocadamente ela pensava que ele era gay mas tampouco chegou a ver ele com qualquer homem em todo o tempo que conviveu ao seu lado. A eterna solteirice de Clift incomodou inclusive seu pai. Confrontado o ator simplesmente explicou: "Minha vida já é complicada demais sem outra pessoa, por isso não me envolvo mais seriamente com alguém. Mesmo assim darei 10 mil dólares a qualquer um que comprove que não gosto de garotas". Depois que sofreu um grave acidente de carro Montgomery Clift ficou ainda mais recluso e retraído. Sentindo fortes dores de cabeça e sofrendo com as consequências do acidente as chances de sair para cortejar com qualquer pessoa, seja homem ou mulher, ficaram nulas. Clift morreu solteirão e carregando uma injusta fama de homossexual quando na verdade ele simplesmente parecia estar além do sexo.
Pablo Aluísio.