quinta-feira, 24 de julho de 2025

M3GAN 2.0

M3GAN 2.0
Esse é apenas o segundo filme dessa franquia, mas já mudaram tudo! No primeiro filme tínhamos uma boa história de terror e suspense. Agora virou uma fita de ação de Ficção High Tech. Eu não gostei dessa mudança. A Megan vinha para aumentar o panteão de bonecos de filmes de terror. No primeiro filme ela era praticamente uma bonequinha do terror (mesmo sabendo que se tratava de um robô). Assim seus filmes ficavam no mesmo nicho dos filmes da Annabelle, do Chucky (de Brinquedo Assasino) e do Robert (de O Boneco do Mal). Infelizmente jogaram esse estilo pela janela. Agora a Megan está mais para Terminator mesmo! 

O filme assim ganha em agilidade e ação, mas perde em carisma, desenvolvimento dos personagens e climas de suspense (que nesse segundo filme sumiram de vez!). O público foi aos cinemas e o filme tem feito sucesso desde o seu lançamento. Entretanto fico me perguntando qual foi a fatia dessa bilheteria que se sentiu enganada no final de tudo.  Penso que não foi uma parte desprezível. Porque embora muitas vezes caminhem juntos, terror e ficção, possuem seus próprios nichos de público. Pagaram para ver um filme de terror e se deram conta que estavam vendo um filme de ação futurista! A galera do terror perdeu a Megan. Será que o público de ficção vai gostar dela tanto assim? Essa é uma pergunta que será respondida no terceiro filme! 

M3GAN 2.0 (M3GAN 2.0, Estados Unidos, 2025) Direção: Gerard Johnstone / Roteiro: Gerard Johnstone, Akela Cooperm, James Wan / Elenco: Amie Donald, Jenna Davis, Allison Williams, Violet McGraw / Sinopse: Após ser destruída no primeiro filme, Megan está de volta. Seus arquivos de programa estão intactos e foram usados para a produção de um novo robô destrutivo. Apenas retornando, Megan poderá combater essa criação de extremo perigo para a humanidade. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Deixa Ela Entrar

Essa pequena obra prima é uma das gratas surpresas do ano nas telas de cinema do Brasil. "Deixa Ela Entrar" tem todo os ingredientes que vão agradar aos fãs de terror, além dos que gostam de bom cinema de uma forma em geral. Baseado em um livro de sucesso do escritor John Lindqvist o filme tem um desenvolvimento único e cativante, que prende a atenção do espectador desde o primeiro momento. Como o filme é sueco ficamos salvos dos velhos clichês que imperam nos filmes de vampiro provenientes de Hollywood. Não há profusão de sangue e nem de efeitos especiais, tudo é realizado e mostrado de forma sutil e delicada, com cadência, o que exalta ainda mais as virtudes do roteiro inteligente e bem escrito. 

 O argumento em si é simples. Logo no começo do filme somos apresentados à tediosa rotina de vida do garotinho Oskar (Kare Hedebrant). Ele vive em um conjunto habitacional de prédios em sua cidade na Suécia. De dia frequenta o colégio, onde logo vira alvo de bullying de alguns garotos de sua classe. Solitário e sem amigos uma noite ele encontra uma garotinha de 12 anos chamada Eli (Lina Leandersson) no pátio em frente ao local onde mora. Logo nasce uma bela amizade entre os dois. Ao mesmo tempo a pequena cidade onde vive vira inexplicavelmente palco de inúmeras mortes de moradores locais, embora isso pareça ter pouca importância para Oskar nos divertidos momentos em que passa ao lado de sua amiguinha. O que ele provavelmente nem desconfie é que ambas as situações tem ligação entre si.

O filme tem um roteiro extremamente impactante. Em tempos de moda, o vampirismo ganha uma nova conotação e um novo enfoque, completamente originais. Curiosamente os produtores suavizaram um pouco o teor do livro original que é bem mais pesado e mais enigmático. Flashbacks que explicam a história de Eli foram completamente omitidos em prol de uma maior leveza no desenvolvimento da trama. Outro aspecto que foi mudado foi o próprio sexo de Eli. No original se tratava de um garoto, andrógino ao extremo, que acaba se envolvendo com Oskar, mas a direção do filme resolveu dar características femininas ao personagem principal para não chocar o público. 

Além disso o homem que auxilia Eli no filme não tem sua origem explicada. Já no livro o papel desse companheiro é bem claro: se trata de um pedófilo que havia tentado violentar Eli no passado e que agora lhe serve como escravo. Nenhuma dessas mudanças porém comprometem em absoluto as qualidades desse filme. "Deixa ela entrar" é inovador, original e traz um sopro de qualidade ao tão batido tema dos filmes de vampiros. Em tempos de Crepúsculo e outras bobagens é sempre bom assistir um filme que respeite a longa tradição dos sugadores de sangue da noite, mesmo que no final, temos que admitir, essa herança tenha sido salva justamente por uma garotinha pré adolescente. Em tempo: já está acertado o remake do filme em Hollywood. Só nos resta rezar para que tudo não seja destruído nas mãos dos produtores americanos.

Deixa Ela Entrar (Låt den rätte komma in, Suécia, 2008) Direção: Tomas Alfredson / Roteiro: John Ajvide Lindqvist, John Ajvide Lindqvist / Elenco: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar / Sinopse: Garotinho de nome Oskar (Kåre Hedebrant) sofre bullying escolar mas encontra apoio em sua nova vizinha, a garota Eli (Lina Leandersson)

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Homens Mortos não Fazem Sombra

Título no Brasil: Homens Mortos não Fazem Sombra
Título Original: Inginocchiati straniero... I cadaveri non fanno ombra!
Ano de Produção: 1970
País: Itália
Estúdio: Tarquinia Internazionale Cinematografica
Direção: Demofilo Fidani
Roteiro: Demofilo Fidani, Franco Mannocchi
Elenco: Jack Betts, Franco Borelli, Benito Pacifico, Attilio Dottesio, Simonetta Vitelli, Amerigo Castrighella

Sinopse:
Lazar Peacock (Jack Betts) é um caçador de recompensas que percorre o velho oeste em busca de criminosos procurados vivos ou mortos. Assim que os localiza, os mata e parte para receber seu prêmio, até que de caçador ele passa a ser caçado no deserto por um estranho.

Comentários:
Pode-se dizer tudo dos filmes italianos de faroeste, menos que eles não tivessem muita imaginação para títulos. Esse aqui também foi chamado no Brasil de "Os Cadáveres não Fazem Sombra", muito embora eu prefira mesmo o título nacional que foi lançado em nossos cinemas na década de 1970, uma tradução literal do nome original do filme na Europa. O ator que interpretava o caçador de recompensas, sempre vestido de negro, era o americano Jack Betts. Seu personagem já era tão interessante que ele apenas não tinha que estragar tudo em cena. E assim o fez, sempre com um sorriso sarcástico no rosto, principalmente quando dava um tiro na cabeça dos homens que procurava. Esse protagonista vilão é uma das boas coisas desse western spaghetti. Outra é o seu rival, um sujeito parecido com Terence Hill que passa a persegui-lo, obviamente em busca de vingança pessoal, velho tema dos antigos filmes de faroeste. No geral é um bom filme, apesar de sua produção ser um pouco fraca, o que piora nas péssimas cópias que foram vendidas no Brasil. No mais é tudo bem de acordo com o estilo italiano de fazer faroeste, ou seja, violência estilizada, trilha sonora forte e interpretações exageradas. É ver para crer - e se divertir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

O Príncipe Ladrão

O Príncipe Ladrão
No começo da carreira o ator Tony Curtis foi escalado para atuar em vários filmes de capa e espada das mil e uma noites (como esses filmes passaram a ser chamados pelos críticos da época). Eram aventuras juvenis, sem grande qualidade cinematográfica. Uma forma da Universal em fazer caixa. "The Prince Who Was a Thief" foi lançado em 1951, trazia Rudolph Maté na direção e tinha em seu elenco de apoio Piper Laurie e Betty Garde. Todos eram contratados pela Universal Studios em sua linha de montagem cinematográfica, um estilo de produção que anos depois iria ser chamado de Star System, onde o estúdio formava toda uma nova geração de astros e estrelas, ao mesmo tempo em que passava a controlar tudo na vida desses artistas, inclusive aspectos de suas vidas pessoais. 

Décadas depois, durante uma entrevista, Tony Curtis relembraria desse filme, o chamando de um típico filme de sua carreira na fase "das mil e uma noites", uma referência ao famoso livro de contos de fantasia do Oriente Médio. Curtis, jovem e bem apessoado, com cabelos bem negros, sempre era escalado para esse tipo de filme, embora ele na época já tivesse planos de fazer algo melhor. De qualquer forma esse tipo de aventura ainda se revela ser, nos tempos atuais, uma boa diversão, inclusive com toques de nostalgia para quem ainda pegou esse tipo de filme sendo exibido na Sessão da Tarde, lá pelo final dos anos 70. Além disso não podemos negar que esse tipo de aventura exótica iria influenciar muito o cinema pelos anos que viriam.

O Príncipe Ladrão (The Prince Who Was a Thief, Estados Unidos, 1951) Direção: Rudolph Maté / Roteiro: Rudolph Maté / Elenco: Tony Curtis, Piper Laurie, Betty Garde / Sinopse: O enredo se passava em uma era distante. Em Tânger, no século XIII, o regente Mustapha contrata um assassino para matar o bebê príncipe Hussein a fim de usurpar seu trono, mas o assassino pensa duas vezes e rouba o bebê para si. Agora ele passará a ser perseguido pelo cruel nobre em busca de vingança. 

Pablo Aluísio.  

domingo, 20 de julho de 2025

Um Domingo Qualquer

Velho treinador de futebol americano (Al Pacino) tem que lidar com o desfalque de seu principal quaterback (Dennis Quaid) em um momento crucial do campeonato. O novo dono da posição é um jovem negro e arrogante (Jamie Foxx) que não consegue lidar bem com a fama e o sucesso que acompanham sua repentina escalação ao time principal. Aqui temos uma parceria que há muito tempo se esperava: Al Pacino sendo dirigido por Oliver Stone. O problema é que o tema realmente é norte-americano demais. Stone não esconde em nenhum momento sua paixão pelo esporte, a ponto de transformar seus jogadores em guerreiros, verdadeiros gladiadores modernos. Tudo é focado nesse ponto. As cenas dos jogos são super produzidas, com edição alucinada. Pacino alterna momentos de histerismo completo com introspecção absoluta. Apesar da força de seu nome o filme realmente gira em torno do personagem de Jamie Foxx. Terceiro quaterback da equipe acaba assumindo a posição em um momento crucial do time (Miami Sharks). No começo fica inseguro (a ponto de vomitar em campo) e vacilante mas conforme vão passando os jogos se torna auto confiante a ponto de se tornar totalmente arrogante, desmerecendo os demais colegas de equipe e até mesmo o próprio treinador.

No fundo o roteiro de "Um Domingo Qualquer" foca sobre as características de personalidade que formam o caráter de um verdadeiro líder de equipe. Isso é bem demonstrado na relação do quaterback Foxx com os demais jogadores. A partir do momento em que se torna queridinho da mídia ele passa a se auto vangloriar em demasia e o pior começa a criticar abertamente outros membros do time. Obviamente que em um esporte coletivo isso é literalmente dar um tiro no pé! A direção de Oliver Stone (que faz pequenas aparições como um comentarista esportivo) é centrada muito em uma edição que de certa forma imita as transmissões de jogos de canais como ESPN. Tudo muito rápido, nervoso, tentando captar a paixão e o calor do momento das partidas. Funciona? Sim, em termos. Dramaticamente era de se esperar um melhor aproveitamento de Al Pacino em cena mas isso não acontece. Como eu disse Stone preferiu mesmo glorificar a NFL. Se você gosta de filmes esportivos pode vir certamente a apreciar. Já os que querem ver o talento de Al Pacino podem ficar um pouco decepcionados. No final vale a pena assistir embora não seja dos melhores trabalhos de Oliver Stone.

Um Domingo Qualquer (Any Given Sunday, Estados Unidos, 1999) Direção: Oliver Stone / Elenco: Al Pacino, Cameron Diaz, Dennis Quaid, James Woods, Jamie Foxx, LL Cool J, Matthew Modine, Charlton Heston, Aaron Eckhart e Tom Sizemore / Sinopse: Um íntimo olhar sobre os bastidores do futebol americano, passando desde os jogadores até os treinadores, a mídia e os donos de times, que controlam o jogo como um grande negócio que lucra milhões de dólares todo ano.

Pablo Aluísio.

Beleza Roubada

Título no Brasil: Beleza Roubada
Título Original: Stealing Beauty
Ano de Produção: 1996
País:  Itália / França / Reino Unido
Estúdio: Fiction Films, France 2 Cinéma
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Bernardo Bertolucci, Susan Minot
Elenco: Liv Tyler, Jeremy Irons, Jason Flemying, Stefania Sandrelli, Rachel Weisz.

Sinopse:
Lucy Harmon (Liv Tyler) é uma jovem americana que decide ir até a Itália para descansar, reencontrar velhos amigos e repensar sua vida. Sua mãe havia se suicidado e ela procura entender o que de fato teria acontecido. A paz e a tranquilidade da Europa podem lhe trazer todas as respostas. Além disso ela pretende na viagem à Toscana descobrir a identidade de seu pai biológico, há muito desconhecido. A bucólica região acabará lhe trazendo novas perspectivas, com alegrias, novos amores e reflexões sobre si mesma.

Comentários:
O filme mais leve e despretensioso do grande cineasta Bernardo Bertolucci. Aqui ele deixa a complexidade torturada de alguns de seus personagens de filmes anteriores para mostrar a bucólica realidade de uma garota que está em busca do amor de sua vida enquanto passeia numa Itália dos sonhos. Essa produção transformou Liv Tyler na musa dos filmes cults, muito embora tenha chamado a atenção inicialmente em sua carreira em diversos videoclips ao estilo MTV. Em termos de elenco porém quem rouba os holofotes é realmente Jeremy Irons que está soberbo em cada cena. Um grande ator em um filme menor. A Toscana nunca foi tão linda e solar! Mesmo assim acho um filme bem mediano que exagera na linguagem e no ritmo europeu de fazer cinema. No fundo a estória criada por Bernardo Bertolucci não é grande coisa e ele próprio parece deslumbrado com a presença de Liv Tyler em seu filme. Por certo estava apaixonado! Infelizmente nada disso transparece para a tela e Beleza Roubada logo se torna cansativo. Pois é, até beleza demais cansa em excesso.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de julho de 2025

Toda Forma de Amor

Jovem cartunista (Ewan McGregor) relembra dois períodos distintos de sua vida. No primeiro recorda dos últimos momentos da vida de seu pai (Christopher Plummer). Diagnosticado com um cãncer agressivo seu velho resolve finalmente, aos 75 anos, assumir sua homossexualidade para espanto de todos. Na outra linha temporal ele recorda o começo de seu relacionamento com uma jovem francesa (Melanie Laurent). Após conhecer a charmosa garota numa festa ele finalmente sente que encontrou sua cara metade. Será mesmo? Lida assim a sinopse podemos ficar com a impressão que o filme "Toda Forma de Amor" é no fundo um dramalhão com ares de comédia romântica. Nada mais longe da realidade. O roteiro com muita inteligência e sutileza dribla essa armadilha e constrói um filme muito bem amarrado, cativante, com muito bom humor e inteligência. O fato do personagem ser cartunista ajuda muito nesse aspecto. Ao longo da estória vamos acompanhando com muito charme as intervenções do personagem principal, ao mesclar seu trabalho com os eventos que vai vivenciando em sua vida pessoal.

O elenco está excepcionalmente bem. Também pudera, essa é um produção fundada em diálogos e boas atuações. Essas eram mais do que necessárias para dar tudo certo. Após um hiato de alguns anos aparecendo em filmes apenas medianos o ator Ewan McGregor finalmente volta à boa forma. O personagem que interpreta, Oliver, sem dúvida é um presente para qualquer intérprete. Irônico, levemente deprimido, ele vê o mundo pelos olhos da arte que produz e isso faz toda a diferença no resultado final. Já Christopher Plummer parece também ter tirado a sorte grande. Interpretando o velho Hal ele simplesmente dá show em cena. Ao dar vida a uma pessoa que não precisa mais provar nada à ninguém ele brilha em cena. Não me admira em nada o fato dele ter sido o vencedor do Oscar e ter ganho vários prêmios. Merece. Enfim, "Toda Forma de Amor" é simpático, agradável e muito bem atuado. Nos tempos atuais em que o cinema cada vez mais demonstra sinais de escassez dessas qualidades o filme é mais do que recomendado.

Toda Forma de Amor (Beginners, Estados Unidos, 2011) Direção: Mike Mills /Roteiro: Mike Mills / Elenco: Ewan McGregor, Christopher Plummer e Mélanie Laurent / Sinopse: Oliver (Ewan McGregor) conhece a irreverente e imprevisível Anna (Mélanie Laurent), alguns meses após seu pai Hal Campos (Christopher Plummer) ter falecido. Este novo amor preenche a memória de Oliver com recordações de seu pai, que saiu do armário aos 75 anos, após a morte de sua esposa de 45 anos, para viver uma vida completa.

Pablo Aluísio.

Cine Majestic

Título no Brasil: Cine Majestic
Título Original: Cine Majestic
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment, Village Roadshow
Direção: Frank Darabont
Roteiro: Michael Sloane
Elenco: Jim Carrey, Martin Landau, Bob Balaban

Sinopse:
Peter Appleton (Jim Carrey) é um roteirista americano que acaba caindo na infame lista negra do Macartismo. Acusado de ser comunista ele vê sua carreira acabar literalmente da noite para o dia. Até mesmo sua namorada, um relacionamento de longos anos do qual ele realmente acreditava, chega ao fim. Numa noite particularmente depressiva, durante a chuva, Peter sofre um acidente, perde sua memória e vai parar numa cidadezinha do interior. Lá ele acaba sendo confundido com outra pessoa, o filho do dono da única sala de cinema da região. Esse verdadeiro recomeço em sua vida o marcará para sempre. 

Comentários:
Esse filme foi a aposta do comediante Jim Carrey em ser levado finalmente à sério como ator. A aposta foi bastante alta mas a produção, apesar de suas boas intenções, não conseguiu emplacar. O estúdio tentou vender a produção como um "Cinema Paradiso" americano mas na verdade convenceu pouca gente. Para se ter uma ideia de como foi pretensiosa a realização desse filme o ator Jim Carrey declarou em várias entrevistas que tinha muita esperança de que fosse indicado ao Oscar de Melhor Ator por seu personagem. Na verdade ele ia além, deixando sua modéstia de lado chegou a dizer que merecia o prêmio naquele ano. Hollywood não abre mão de certas tradições e uma delas é raramente premiar comediantes. Isso não é algo novo. Nem mesmo Charles Chaplin, um gênio do cinema, conseguiu ser premiado por alguns de seus filmes (só muitos anos depois, já envelhecido, recebeu um prêmio de consolação pelo "conjunto da obra"). Assim "Cine Majestic" acabou sendo vítima de suas próprias aspirações descabidas. Não é um filme ruim no final das contas, e até interessante e bem realizado, mas seu erro maior talvez tenha sido mesmo querer ir longe demais. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Sete Dias Com Marilyn

Hoje tive a grata surpresa de conferir esse "My Week With Marilyn". Quando o projeto foi anunciado eu realmente torci o nariz. Geralmente grandes ídolos do passado não ganham filmes à altura (vide as diversas bobagens feitas sobre Elvis Presley até hoje). Depois quando Michelle Williams foi anunciada fiquei ainda mais receoso. Inicialmente a achei meio inadequada, embora tenha adorado sua atuação em "Blue Valentine" (um excelente filme baseado em atuações maravilhosas sobre as dificuldades de um relacionamento adulto). Será que ela saberia lidar com a complexidade da personalidade de Marilyn Monroe?

Felizmente respirei aliviado quando "My Week With Marilyn" terminou.. Tudo é de muito bom gosto, o roteiro é bem escrito e as atuações são ótimas. Na minha forma de ver essa estrutura do argumento em que é valorizado apenas algum evento especifico da vida do biografado costuma dar muito mais certo do que quando tentam em um só filme retratar toda a história de vida da pessoa enfocada. Isso aconteceu recentemente com "A Dama de Ferro" em que tentaram dar um passo maior do que a perna e contar toda a história de Margaret Thatcher em apenas um filme - algo simplesmente impossível e que geralmente resulta em produções vazias e incompletas (apesar da ótima atuação de Meryl Streep considerei seu filme muito superficial).

Aqui acompanhamos a complicada gravação do filme "O Príncipe Encantado" que Marilyn Monroe (Michelle Williams) filmou na Inglaterra (fato único em sua carreira). Não deixa de ser cômico acompanhar o britânico Sir Laurence Olivier (Keneth Branagh) com toda sua organização e pontualidade arrancando os cabelos da cabeça com os constantes problemas de Marilyn durante as filmagens (sempre atrasada, sempre errando o texto do filme, tendo crises matrimoniais e depressivas, etc). O curioso é que o filme conseguiu retratar esse lado nada lisonjeiro do mito de forma não agressiva ou desrespeitosa. Seria muito fácil colocar uma Marilyn caindo pelo set, obviamente drogada ou bêbada. Felizmente o bom senso falou mais alto e aqui acompanhamos ela tal como realmente aconteceu - a atriz com muitos problemas pessoais, porém sem cair no sensacionalismo barato.

O foco do filme se concentra na aproximação de Marilyn com o terceiro assistente de direção, o jovem Collin Clarke (Eddie Redmayne). No meio do caos ela acaba se aproximando desse garoto que dentro da equipe não tinha nenhuma importância mas que acaba ganhado sua amizade e afeto. O curioso é que tudo que vemos na tela foi inspirado no próprio relato de Collin Clarke que por uma sorte do destino estava lá, no lugar e no tempo certos! Uma dessas coisas que só acontecem mesmo uma vez na vida de qualquer pessoa! Existe até hoje uma certa dúvida sobre a veracidade ou não de seu livro mas de certa forma isso não tem tanta importância pois não seria o primeiro livro a misturar fatos reais com toques de ficção! O texto é divertido e se for apenas uma lorota temos que reconhecer que é tudo muito bem escrito (e descrito). Infelizmente o autor faleceu em 2002 e não teve a oportunidade de ver sua obra adaptada tão bem para a tela de cinema.

Como já era esperado Michelle Williams só tinha dois caminhos ao interpretar Marilyn: ou atuar de forma convincente ou cair na caricatura! Muitos atores que interpretam mitos do passado como Elvis ou Marilyn inevitavelmente caem na caricatura pura e simples! Viram palhaços de forma inconsciente! Embora não seja muito parecida fisicamente com Monroe a atriz Michelle surpreende. Ela está doce, delicada (e complicada) em cena, tal como a Norma Jean da vida real. Concorrendo ao Oscar contra Meryl Streep por "A Dama de Honra" realmente ficarei chateado se perder pois considero seu trabalho muito superior à da colega. Sem grande uso de maquiagem pesada (como Streep), Michelle Williams conseguiu sumir dentro da personagem, o que prova seu fenomenal trabalho de atuação. O fato é que Marilyn era uma pessoa com sonhos, sentimentos e pensamentos que a distanciavam do estereotipo de "loira burra" que seus personagens acabaram criando na mente do público. Captar a essência dessa pessoa é o grande trunfo desse filme.

O diretor Simon Curtis tem uma das melhores séries da BBC no currículo, chamada Cranford (que acompanhei e fiquei maravilhado). Aqui ele repete integralmente seu bom gosto e finesse em cena. Tudo é encenado e recriado com uma delicadeza cuidadosa que foge sempre do lugar comum. A reconstituição de época também me agradou bastante, assim como os pequenos detalhes da produção (que contam muito no saldo final). A única crítica maior que teria a fazer ao filme seria a pouco relevância dada pelo roteiro a outro mito da história do cinema presente na história: Vivien Leigh, esposa de Laurence Olivier. No filme sua figura surge apagada e sem grande atrativo. Uma pena, mas tudo bem, "My Week With Marilyn" não deixa de ser brilhante por esse pequeno tropeço. Do jeito que está o filme me agradou bastante e recomendo aos fãs da eterna Marilyn Monroe, uma mulher tão linda quanto complexa, uma combinação totalmente explosiva vamos convir. Assistam sem susto, pois o filme é acima de tudo uma bela homenagem ao maior mito sexual da história do cinema.

Pablo Aluísio.

Jovens Adultos

Para algumas pessoas os anos no colégio representam o ponto alto de suas vidas. Principalmente para os populares, os bonitos, os "reis do high school". Quando os anos chegam e se vêem em dificuldades emocionais e financeiras sentem enorme saudades daquele período - incluindo aí os antigos amores do passado. É justamente essa situação que vive Mavis Gary (Charlize Theron). Rainha da beleza no colégio de sua cidade, popular ao extremo, ela chega aos 37 anos sem muito o que comemorar. Divorciada, fazendo sexo casual com desconhecidos, sem conseguir se firmar na carreira de escritora, ela acaba surtando quando recebe um Email de seu antigo namorado de escola anunciando com muita alegria o nascimento de seu filho! Sem pensar muito ela decide voltar à pequena cidade de Mercury para tentar reconquistar o namoradinho dos tempos de escola. O roteiro de "Jovens Adultos" é de Diablo Cody, ex stripper que acabou ficando famosa depois do sucesso de "Juno", uma pequena obra prima que causou impacto em seu lançamento.

Depois de se envolver com algumas bobagens como "Garota Infernal" finalmente Diablo reencontra o caminho dos bons roteiros. "Jovens Adultos" não é um filme excepcional mas dentro de sua proposta é muito bem realizado e escrito. E o mérito não cabe apenas a Diablo Cody mas também a ótima atriz Charlize Theron. Sua personagem não é nenhuma heroína romântica, pela contrário, ela mente, age mal e tenta de todas as formas roubar o antigo namorado de sua atual esposa. Em nenhum momento tem alguma crise de consciência por agir assim e nem está preocupada com os fatores morais de sua decisão. Em outras palavras é uma personagem muito próxima do que efetivamente acontece na maioria da vida das pessoas. Eu particularmente gostei bastante do resultado final justamente por isso, de sua veracidade. Enfim "Jovens Adultos" é uma boa pedida, espero que daqui em diante Diablo Cody realize mais projetos como esse e "Juno" e deixa as bobagens definitivamente de lado.

Jovens Adultos (Young Adult, Estados Unidos, 2011) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Diablo Cody / Com: Charlize Theron, Patrick Wilson e Patton Oswalt / Sinopse: Charlize Theron interpreta Mavis Gary, uma escritora de livros infantis que retorna para sua pequena cidade natal para recuperar seus dias de glória do tempo em que era a rainha da beleza em sua escola.

Pablo Aluísio.