terça-feira, 8 de maio de 2012
O Espião Que Sabia Demais
No elenco vários nomes conhecidos que admiro muito de outros filmes. Os que mais se destacam são John Hurt (sempre um ator eficiente seja lá qual for o papel) e Gary Oldman (com cara de enfadonho, deprimido, com olhar totalmente entediado mas mesmo assim muito bem em cena). O diretor sueco Tomas Alfredson (o mesmo do excelente Deixe Ela Entrar) aqui não consegue repetir a mesma fluência e elegância da estória da garotinha vampira. Na minha opinião ele realizou um filme que assim como os principais personagens em cena, soa bastante arrastado e entediante. Acredito que o roteiro deveria ter ficado mais enxuto, com menos personagens do que existem no livro. Nem sempre se deve adaptar uma obra de literatura ao pé da letra, principalmente quando ela é enorme e simplesmente não tem como encaixar tantas informações em um filme de duas horas de duração. Do jeito que ficou tudo soa bastante desencontrado, de complicada compreensão. Em poucas palavras a mão pesada do diretor acabou transformando "O Espião Que Sabia Demais" em algo um tanto quanto indigesto. Faltou mais sutileza a ele, com certeza.
O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, Estados Unidos, 2011) Direção: Tomas Alfredson / Roteiro: Bridget O'Connor, Peter Straughan Baseados na obra de John le Carré / Elenco: Gary Oldman, Colin Firth, Tom Hardy / Sinopse: Durante a Guerra Fria um veterano espião do serviço secreto inglês tenta desvendar uma complicada teia de conspiração envolvendo espiões soviéticos. Filme indicado a três categorias no Oscar: Melhor Ator (Gary Oldman), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Música.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Deixa Ela Entrar
Essa pequena obra prima é uma das gratas surpresas do ano nas telas de cinema do Brasil. "Deixa Ela Entrar" tem todo os ingredientes que vão agradar aos fãs de terror, além dos que gostam de bom cinema de uma forma em geral. Baseado em um livro de sucesso do escritor John Lindqvist o filme tem um desenvolvimento único e cativante, que prende a atenção do espectador desde o primeiro momento. Como o filme é sueco ficamos salvos dos velhos clichês que imperam nos filmes de vampiro provenientes de Hollywood. Não há profusão de sangue e nem de efeitos especiais, tudo é realizado e mostrado de forma sutil e delicada, com cadência, o que exalta ainda mais as virtudes do roteiro inteligente e bem escrito.
O argumento em si é simples. Logo no começo do filme somos
apresentados à tediosa rotina de vida do garotinho Oskar (Kare
Hedebrant). Ele vive em um conjunto habitacional de prédios em sua
cidade na Suécia. De dia frequenta o colégio, onde logo vira alvo de
bullying de alguns garotos de sua classe. Solitário e sem amigos uma
noite ele encontra uma garotinha de 12 anos chamada Eli (Lina
Leandersson) no pátio em frente ao local onde mora. Logo nasce uma bela
amizade entre os dois. Ao mesmo tempo a pequena cidade onde vive vira
inexplicavelmente palco de inúmeras mortes de moradores locais, embora
isso pareça ter pouca importância para Oskar nos divertidos momentos em
que passa ao lado de sua amiguinha. O que ele provavelmente nem
desconfie é que ambas as situações tem ligação entre si.
O filme tem um roteiro extremamente impactante. Em tempos de moda, o
vampirismo ganha uma nova conotação e um novo enfoque, completamente
originais. Curiosamente os produtores suavizaram um pouco o teor do
livro original que é bem mais pesado e mais enigmático. Flashbacks que
explicam a história de Eli foram completamente omitidos em prol de uma
maior leveza no desenvolvimento da trama. Outro aspecto que foi mudado
foi o próprio sexo de Eli. No original se tratava de um garoto,
andrógino ao extremo, que acaba se envolvendo com Oskar, mas a direção
do filme resolveu dar características femininas ao personagem principal
para não chocar o público.
Além disso o homem que auxilia Eli no filme
não tem sua origem explicada. Já no livro o papel desse companheiro é
bem claro: se trata de um pedófilo que havia tentado violentar Eli no
passado e que agora lhe serve como escravo. Nenhuma dessas mudanças
porém comprometem em absoluto as qualidades desse filme. "Deixa ela
entrar" é inovador, original e traz um sopro de qualidade ao tão batido
tema dos filmes de vampiros. Em tempos de Crepúsculo e outras bobagens
é sempre bom assistir um filme que respeite a longa tradição dos
sugadores de sangue da noite, mesmo que no final, temos que admitir,
essa herança tenha sido salva justamente por uma garotinha pré
adolescente. Em tempo: já está acertado o remake do filme em Hollywood.
Só nos resta rezar para que tudo não seja destruído nas mãos dos
produtores americanos.
Deixa Ela Entrar (Låt den rätte
komma in, Suécia, 2008) Direção: Tomas Alfredson / Roteiro: John
Ajvide Lindqvist, John Ajvide Lindqvist / Elenco: Kåre Hedebrant, Lina
Leandersson, Per Ragnar / Sinopse: Garotinho de nome Oskar (Kåre
Hedebrant) sofre bullying escolar mas encontra apoio em sua nova
vizinha, a garota Eli (Lina Leandersson)
Pablo Aluísio.