terça-feira, 25 de maio de 2021
Abutres Humanos
Alan Ladd começou a virar um astro do western justamente nesse movimentado "Whispering Smith". Embora tenha sido realizado no final dos anos 1940 a Paramount farejando sucesso de bilheteria resolveu bancar a produção em cores - algo que era bem caro e dispendiosa na época. Alan Ladd se mostra bem carismático em seu papel, principalmente quando vestido todo de negro, em um cavalo puro sangue, dispara em perseguição contra os bandidos no meio do deserto.
Esse filme é uma ótima diversão nostálgica para quem aprecia bang-bang. Os vilões são todos seres indigestos, corruptos, ladrões e assassinos que roubam os trens usando máscaras cobrindo seus rostos. Há ótimas cenas de perseguição aos trens, descarrilamentos de vagões e roubos de gado, que geralmente eram transportados nessas antigas máquinas a vapor. Quando em seu lançamento a Paramount não mediu esforços e divulgou bastante o filme, o tornando um sucesso popular. O próprio estúdio nem se fez de rogado e promoveu o faroeste justamente assim, como um "entretenimento popular para o homem comum em busca de diversão". Bom, não podemos mesmo discordar dos publicitários do estúdio pois essa frase resume bem esse "Abutres Humanos", em caso raro de bom título nacional.
Abutres Humanos (Whispering Smith, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Leslie Fenton / Roteiro: Frank Butler, Karl Kamb / Elenco: Alan Ladd, Robert Preston, Brenda Marshall / Sinopse: Whispering Smith (Alan Ladd) é o funcionário de um companhia ferroviária que precisa lidar com criminosos e bandidos de toda espécie. Filme indicado ao Writers Guild of America.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 24 de maio de 2021
Uma Batalha no Inferno
Esse é considerado um dos grandes filmes de guerra do cinema americano. E quando uso o adjetivo grande não estou me referindo apenas às suas inegáveis qualidades cinematográficas, mas também à sua duração, pois com mais de duas horas e quarenta e cinco minutos não poderia ser de outra maneira. É certamente um filme longo, mas não fique preocupado pois no final das contas não se torna cansativo em nenhum momento, muito pelo contrário. O elenco é cheio de estrelas, basta dar uma olhada em sua ficha técnica para perceber isso. Nessa época tinha se tornado comum filmes com um elenco numeroso.
Como essa produção foi feita para ser exibida no sistema Cinerama (em telas gigantescas), o estúdio entendeu por bem convocar muitos de seus astros para garantir boa bilheteria, pois o investimento para sua produção foi alto. A boa notícia é que os atores estão bem aproveitados, pois cada um, à sua maneira, tem chance de desenvolver seu respectivo personagem. Assim Fonda interpreta um Coronel que é desacreditado no comando, pois entende que haverá uma ofensiva do exército alemão a qualquer momento (já que seus superiores acreditavam bem ao contrário, que não haveria mais surpresas pois a Alemanha estava praticamente derrotada).
O ator Telly Savalas interpreta um sargento rabugento, comandante de um tanque, que está mais preocupado em fazer algum dinheiro na guerra do que propriamente em derrotar os alemães. Até Charles Bronson dá as caras como um major do front de batalha que, feito prisioneiro, resolve enfrentar face a face o oficial alemão responsável por sua prisão. O cineasta Ken Annakin mostra muita habilidade no confronto de tanques aliados e alemães. Como não havia computação gráfica na época eles de fato estão lá, em cena, trocando fogo cruzado no campo de batalha. Um belo filme, muito bem realizado, mostrando um evento crucial da Segunda Guerra Mundial. Um dos grandes clássicos do gênero, não resta a menor dúvida.
Uma Batalha no Inferno (Battle of the Bulge, Estados Unidos, 1965) Estúdio: Warner Bros / Direção: Ken Annakin / Roteiro: Philip Yordan, Milton Sperling / Elenco: Henry Fonda, Charles Bronson, Telly Savalas, Robert Shaw, Robert Ryan, George Montgomery, Pier Angeli / Sinopse: Com a Alemanha nazista praticamente derrotada na II Grande Guerra Mundial, Hitler decide partir para uma última e decisiva ofensiva para tentar impedir a invasão das fronteiras alemãs por exércitos inimigos. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Telly Savalas).
Pablo Aluísio.
Pandora
O filme narra uma história contemporânea sobre a lenda de Hendrik van der Zee (James Mason), um marinheiro que teria sido amaldiçoado por Deus a navegar até o fim dos dias. Quando ele chega em um novo porto espanhol acaba virando alvo da paixão de Pandora (Ava Gardner), uma linda mulher, desejada por todos, mas que jamais havia nutrido uma verdadeira paixão por quem quer que seja. Será que ela poderia romper a suposta maldição em nome do amor que sente por Hendrik? Um filme de complicada definição pois apesar de ser um romance ao velho estilo também lida com temas fantásticos, como a lenda do Flying Dutchman, um tema recorrente em livros de história sobre um navegador holandês do século XVII que teria que navegar por séculos e séculos após ser amaldiçoado por seus atos bárbaros nos mares. Logo de primeira mão, temos que chamar a atenção ao fato de que apenas aqueles que conhecem melhor a lenda conseguirão gostar plenamente do enredo, pois muitas nuances são criadas em cima desse verdadeiro realismo mágico.
Para os fãs da sétima arte temos a presença ilustre de James Mason em atuação sofisticada, elegante. Ao seu lado surge a bela Ava Gardner, descrita por muitos como a mais bonita e sensual atriz de cinema de todos os tempos. No papel de Pandora ela se mostra muito adequada, sempre surgindo em cena com toda a sua beleza estética, além de uma clara sensação de erotismo em cada momento. Imagine o impacto que isso deve ter tido em plenos anos 1950 na puritana sociedade americana de então. Dessa maneira "Pandora and the Flying Dutchman" se torna uma ótima opção para entender a diversidade e a riqueza de temas que o cinema americano em sua época de ouro conseguiu atingir em pleno auge criativo.
Pandora (Pandora and the Flying Dutchman, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Albert Lewin / Roteiro: Albert Lewin / Elenco: James Mason, Ava Gardner, Nigel Patrick / Sinopse: Clássico romântico que narra a história de um amor cheio de reviravoltas do destino. Esses amantes poderão superar todos os seus problemas ou jamais viverão felizes para sempre?
Pablo Aluísio.
domingo, 23 de maio de 2021
Uma Vida Por um Fio
Eu poderia definir esse clássico "Sorry, Wrong Number" como um drama de suspense e crime. A história é bem sórdida, se formos analisar bem. Há essa mulher rica, que decidiu por capricho se casar com um homem pobre, interpretado pelo ótimo Burt Lancaster. É um sujeito sem grandes valores pessoais. Embora diga que quer vencer na vida por seus próprios méritos, não pensa muito antes de entrar numa jogada criminosa, onde passa a roubar a fábrica de seu próprio sogro. Pior do que isso, ele descobre que há um seguro de vida de alguns milhões de dólares no nome de sua esposa. Se ela morrer, ele ficará milionário. Então juntando todos os pontos temos o ambiente ideal para o surgimento de um plano de assassinato.
Barbara Stanwyck está maravilhosa em sua atuação. Deitada a maior parte do filme em uma cama, com joias e cercada de todo o luxo, ela percebe que na verdade está no centro de um plano criminoso, onde ela é a principal vítima. Por esse trabalho ela foi indicada ao Oscar naquele ano. Já Burt Lancaster, que fez toda a sua carreira interpretando mocinhos e heróis, aqui surge como um mau caráter, um homem de valores vis, que só pensa em ficar rico, nem que para isso precise matar a própria esposa. Enfim, sordidez para todos os lados nesse grande filme clássico. Simplesmente imperdível.
Uma Vida Por um Fio (Sorry, Wrong Number, Estados Unidos, 1948) Direção: Anatole Litvak / Roteiro: Lucille Fletcher / Elenco: Barbara Stanwyck, Burt Lancaster, Ann Richards, Wendell Corey / Sinopse: Leona Stevenson (Barbara Stanwyck) é a rica herdeira que fica em casa, sozinha e sem ter como se locomover, por causa de uma doença no coração. A única coisa que tem para se comunicar com as pessoas é um telefone ao lado da cama. E sua casa acaba de ser invadida por um assassino profissional. Estaria seu marido por trás desse crime? Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz (Barbara Stanwyck).
Pablo Aluísio.
O Gavião e a Flecha
Título no Brasil: O Gavião e a Flecha
Título Original: The Flame and the Arrow
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Waldo Salt
Elenco: Burt Lancaster, Virginia Mayo, Robert Douglas, Aline MacMahon, Frank Allenby, Nick Cravat
Sinopse:
Na idade Média, na região da Lombardia dominada por um principado alemão, um homem das montanhas chamado Dardo Bartoli (Burt Lancaster) entra em conflito contra o Duque estrangeiro conhecido como "O Falcão". E sua briga não se resume na dominação alemã da região, mas também em questões pessoais e familiares. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção de fotografia (Ernest Haller) e melhor música (Max Steiner).
Comentários:
O filme é uma aventura ao estilo Robin Hodd. Aliás o personagem interpretado por Lancaster pode ser conceituado como um genérico italiano do famoso ladrão inglês. Ele vive na floresta, tem seu bando de salteadores felizes e luta contra a opressão, no caso aqui um reino de origem germânica que domina a região italiana da Lombardia. O filme é curto, menos de 80 minutos de duração e investe forte nas cenas de ação e lutas. E nessas encontramos um aspecto curioso. Como se sabe o ator Burt Lancaster veio do circo. Foi sua primeira escola. E tudo o que ele aprendeu na vida circense, como malabarismos e acrobacias, ele usa em cena nesse filme. Inclusive dispensou dublês. Além disso ele trouxe toda a trupe do circo que conhecia para trabalhar também no filme. São seus amigos do passado. Assim temos todos os tipos de números de acrobatas que você possa imaginar. É um filme ao velho estilo das matinês, então também não espere por roteiro detalhado e cheio de conteúdo. É um filme para pura diversão, basicamente isso.
Pablo Aluísio.
sábado, 22 de maio de 2021
Estados Unidos vs. Billie Holiday
E qual era o próblema dessa triste canção? Sua letra era inspirada em um enforcamento de um homem negro numa árvore em uma fazenda do sul dos Estados Unidos. O FBI imediatamente começou a perseguir a artista pois considerava essa música subversiva e perigosa diante dos graves problemas raciais que existiam no sul. Mesmo com agentes lhe cercando, Billie Holiday não se intimidou. Ela tinha uma personalidade forte, do tipo que encarava face a face os federais. Sem ter outra opção o FBI acabou armando uma armadilha contra a cantora.
Billie Holiday tinha problemas com drogas. Era viciada em heroína. Então o FBI sabia muito bem atingir seu ponto fraco. O roteiro desse filme se concentra basicamente nessa luta da artista contra o governo dos Estados Unidos, que parecia disposto a tudo para levar ela para a prisão. Excelente filme, mostrando como o aparato federal pode ser usado, de forma ilegal, contra artistas mais "indesejáveis" pelo sistema. Uma aula de história sobre o desvirtuamento das instituições estatais em prol de sentimentos inconfessáveis de seus gestores.
Estados Unidos vs. Billie Holiday (The United States vs. Billie Holiday, Estados Unidos, 2021) Direção: Lee Daniels / Roteiro: Suzan-Lori Parks, Johann Hari / Elenco: Andra Day, Trevante Rhodes, Garrett Hedlund / Sinopse: O filme conta a história real da perseguição promovida pelo FBI contra a cantora de jazz Billie Holiday durante as décadas de 1940 e 1950. Considerada subversiva e perigosa ela passou a ser alvo de agentes federais da agência. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz (Andra Day).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 21 de maio de 2021
Rogai por Nós
Esse novo filme de terror é uma decepção. Perceba que a premissa da história é até muito boa, interessante. Entretanto os roteiristas estragaram tudo. Seu grande erro foi apresentar um roteiro que subestima a inteligência do espectador. Tudo é tão explicadinho que fica parecendo que os roteiristas tinham certeza que o público que veria o filme não seria dos mais inteligentes. Além disso o filme opta por ser apenas mais um filminho de monstro. Poderia ter trabalhado muito bem a questão do mistério das aparições, ter feito inclusive um excelente filme de suspense em cima disso. Porém optaram mesmo pelo velho esquema de apresentar um monstrengo de efeitos digitais. Que pena, desperdiçaram uma boa história, transformando esse "Rogai por Nós" em uma grande bobagem. Vade retro...
Rogai por Nós (The Unholy, Estados Unidos, 2021) Direção: Evan Spiliotopoulos / Roteiro: Evan Spiliotopoulos, James Herbert / Elenco: Jeffrey Dean Morgan, Cricket Brown, William Sadler, Marina Mazepa / Sinopse: Jornalista picareta, em busca de alguma notícia sensacionalista, acaba indo parar numa cidadezinha onde uma jovem afirma ver aparições de Nossa Senhora. Mas será que seria mesmo Maria ou algo demoníaco?
Pablo Aluísio.
Além da Vida
Essa é a grande questão que amarra todas as situações desse roteiro que achei muito bem elaborado e escrito. E certamente não vá esperando por respostas óbvias e fáceis. O roteiro ora tenta convencer o espectador que o personagem de Liam Neeson é um sádico que está prendendo aquela jovem que ainda viva foi enviada por engano para a morgue, ora faz transparecer que não, que ela realmente morreu e que aquele fino senhor de fato consegue conversar com os falecidos. Particularmente achei ótima essa dualidade. É um roteiro inteligente, como há muitos anos não havia visto em um filme. Eficaz em suas premissas, com ótimo desenvolvimento de sua estranha história, esse "Além da Vida" surpreende e traz elementos novos a um cinema atual que parece sofrer de crônica falta de originalidade.
Além da Vida (After.Life, Estados Unidos, 2009) Direção: Agnieszka Wojtowicz-Vosloo / Roteiro: Agnieszka Wojtowicz-Vosloo, Paul Vosloo / Elenco: Christina Ricci, Liam Neeson, Justin Long, Chandler Canterbury / Sinopse: Jovem professora sofre sério acidente e vai parar em uma casa funerária. Ela não entende o que está acontecendo. O dono da funerária então lhe informa que ela morreu e que ele consegue falar com os mortos. Ela não acredita e tenta fugir daquele lugar sombrio. Qual afinal seria a verdade naquela funesta situação?
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 20 de maio de 2021
Jesus de Nazaré
Diante disso o estúdio decidiu fazer duas versões do filme. Uma editada com pouco mais de 2 horas de duração para o cinema e uma versão bem longa que seria exibida na TV em formato de minissérie. Franco Zeffirelli não gostou muito, entretanto ele não tinha mais controle sobre sua própria criação. O resultado é um filme muito bom, com ótimas cenas e uma fidelidade tão grande com a imagem do Jesus das pinturas e quadros da renascença que o ator escolhido para viver Jesus era uma réplica fiel daquele Jesus mais conhecido, com olhos azuis e nariz alongado, algo que é discutido por historiadores de maneira em geral. De qualquer forma essa é uma questão secundária, pois "Jesus de Nazaré" segue sendo um dos filmes mais amados por cristãos de todo o mundo. Sinal de que o trabalho foi realmente extremamente bem feito.
Jesus de Nazaré (Jesus of Nazareth, Inglaterra, Itália, 1977) Direção: Franco Zeffirelli / Roteiro: Franco Zeffirelli, Anthony Burgess, Suso Cecchi D'Amico, baseados nos evangelhos do novo testamento / Elenco: Robert Powell, Olivia Hussey, Laurence Olivier, Ernest Borgnine, Claudia Cardinale, James Earl Jones, James Mason, Donald Pleasence, Christopher Plummer, Anthony Quinn, Rod Steiger, Peter Ustinov, Michael York / Sinopse: O filme conta a história de Jesus, judeu nascido na Galiléia que passou a difundir uma mensagem de paz e amor entre os homens durante o século I.
Pablo Aluísio.
Competição de Destinos
O filme conta a história de dois irmãos que vão participar de uma competição de corrida de bicicletas nas montanhas rochosas. O encontro deles ganha uma importância toda especial porque um dos irmãos descobriu que está com aneurisma cerebral, então tudo passa a ter um sentimento especial envolvido. É um bom filme, mas para falar a verdade não há nada de muito relevante em termos cinematográficos. Curiosamente essa produção iria marcar uma amizade no mundo real entre o ator kevin Costner e o diretor John Badham. Eles até planejaram na época a realização de uma série de filmes policias para o cinema que infelizmente nunca saíram do papel.
Competição de Destinos (American Flyers, Estados Unidos, 1985) Direção: John Badham / Roteiro: Steve Tesich / Elenco: Kevin Costner, David Marshall Grant, Rae Dawn Chong / Sinopse: Dois irmãos partem para uma competição de bicicletas nas montanhas. Esse encontro ganha contornos especiais pois pode ser a última competição deles, pois um dos irmãos está com sinais de aneurisma cerebral.
Pablo Aluísio.