segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Soldado Universal 2 - O Retorno
Título Original: Universal Soldier - The Return
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Films
Direção: Mic Rodgers
Roteiro: Richard Rothstein, Christopher Leitch
Elenco: Jean-Claude Van Damme, Bill Goldberg, Heidi Schanz, Justin Lazard, Daniel von Bargen, James Black
Sinopse:
Luc Devereaux (Jean-Claude Van Damme) se torna o único sobrevivente do grupo original dos Soldados Universais, uma super tropa de elite. Agora ele trabalha com Dylan Cotne, um gênio da informática, em um novo projeto. O objetivo é unir as habilidades desses super soldados com o máximo em tecnologia de ponta, só que o super computador que deveria comandar tudo apresenta um inesperado problema, um erro que coloca a vida de todos em perigo! Apenas Devereaux poderá evitar um desastre de proporções assustadoras.
Comentários:
É a tal coisa, o primeiro filme passou longe de ser bom, porém fez sucesso. Mesmo no final dos anos 90 o estilo dos heróis de ação dos anos 80 ainda resistia e conseguia boas bilheterias. Havia também o mercado de vídeo VHS, que era ideal para esse tipo de produção. Inclusive no Brasil onde várias fitas como essa foram lançadas no mercado através do selo América Vídeo (quem viveu a época se lembra bem, com aquelas caixinhas que eram bem características, com muitas estrelas, baseadas na bandeirona dos Estados Unidos). Pois bem, aqui a Columbia resolveu colocar a mão no bolso para pagar um belo cachê ao astro Jean-Claude Van Damme que definitivamente não queria estrelar esse segundo filme. A produção aliás foi bem mais cara do que o habitual para esse tipo de filme, custando a pequena fortuna de 40 milhões de dólares. Era de certa maneira um investimento praticamente de retorno certo, afinal Van Damme tinha muitos fãs na época. Deixando de lado toda essa questão comercial o fato é que o filme consegue ser bem mais fraco do que o primeiro. O roteiro, absurdo como sempre, apresenta inúmeros problemas e furos. As sequências de ação porém eram bem feitas, o que no final era justamente o que os apreciadores desse tipo de filme de ação queriam. No final acabou ficando elas por elas, com o público cativo de Van Damme saindo bem satisfeito dos cinemas.
Pablo Aluísio.
domingo, 16 de outubro de 2016
Jogos Mortais 5
Título Original: Saw V
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate
Direção: David Hackl
Roteiro: Patrick Melton, Marcus Dunstan
Elenco: Scott Patterson, Costas Mandylor, Tobin Bell, Betsy Russell, Meagan Good
Sinopse:
Depois de muito tempo finalmente os policiais que passaram anos perseguindo o psicopata Jigsaw (Tobin Bell) se tranquilizam sobre seu paradeiro, pois não restam mais dúvidas, ele realmente está morto. Seus jogos mortais porém parecem seguir em frente! Quem seria o responsável por isso? Teria Jigsaw deixando um herdeiro ou um insano admirador para dar continuidade ao seu legado de terror, sadismo e violência?
Comentários:
Mais saturado do que nunca a franquia Saw (Jogos Mortais) seguiu em frente. Nesse quinto filme não há muito mais a celebrar. A fórmula, completamente desgastada, já não funcionava mais. Aqui a tônica foge apenas um pouquinho do convencional pois o roteiro procura se concentrar em saber e desvendar a imensa rede de traições e conspirações envolvendo os próprios tiras que acabaram com Jigsaw. Quem acaba se dando muito mal é justamente o agente Strahm (Scott Patterson) que de repente acorda e se dá conta que está encurralado em um dos jogos mortais de Jigsaw, com a cabeça presa em um artefato de tortura que mais parece ter saído da idade média. Uma caixa selada que começa a encher de água - algo realmente assustador! Essa armadilha de cabeça, vamos colocar assim, causou muita preocupação no ator Scott Patterson que estava apreensivo com um pequeno acidente que aconteceu quando a estavam usando em um teste na pré-produção. Depois com coragem resolveu encarar o desafio e dispensou o uso de dublês, para surpresa do diretor. Curiosamente essa armadilha foi inspirada no escritor Edgar Allan Poe que em seus macabros escritos descreveu um objeto de tortura bem semelhante. Por fim os roteiristas resolveram colocar um pequeno detalhe que poucos perceberam. São cinco os envolvidos nos jogos, justamente para celebrar o quinto filme da série. No geral eu não considero um bom filme da franquia. A falta de novas ideias, os velhos clichês e as mesmas situações - com pequenas inovações - não salvam o filme de ser apenas mais um caça-níquel do estúdio. O velho Jigsaw já deveria ter se aposentado, vamos convir. Filme indicado ao Fangoria Chainsaw Awards.
Pablo Aluísio.
Amistad
Título Original: Amistad
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks SKG
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: David Franzoni
Elenco: Anthony Hopkins, Morgan Freeman, Matthew McConaughey, Stellan Skarsgård, Anna Paquin, Djimon Hounsou
Sinopse:
Filme baseado em fatos históricos reais. Tudo começa quando um navio chega em um porto americano. De bandeira estrangeira a embarcação sofreu um motim em alto-mar. Vários prisioneiros se rebelaram. Em terra firme, já na América, todos eles são levados a julgamento. O que poderia ser um caso de fácil solução acaba trazendo à tona questões jurídicas inovadoras, que certamente reperticuriam na jurisprudência da Suprema corte americana. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Anthony Hopkins), Melhor Fotografia (Janusz Kaminski), Melhor Figurino (Ruth E. Carter) e Trilha Sonora Original (John Williams).
Comentários:
Eu considero Steven Spielberg um dos maiores gênios da história do cinema. Qualquer filme que traga sua assinatura nessa direção me chama imediatamente a atenção. Esse "Amistad", por exemplo, tive a oportunidade de conferir no cinema. Dito isso tenho que reconhecer também que nem todos os filmes do mestre Spielberg são geniais ou maravilhosos, alguns são apenas boas histórias bem contadas. É o caso dessa produção. Eu me recordo que muitos se decepcionaram com o filme porque ele em essência é um drama de tribunal onde se gasta muita metragem discutindo meras firulas jurídicas. Dessa maneira não é um filme para todos os públicos, mas apenas para quem gosta de história e mais, quem se interessa por casos judiciais intrigantes. Como se trata de um filme de Steven Spielberg era de se esperar novamente que um grande elenco fosse formado e realmente temos aqui um time de atores de máximo respeito. Porém nenhum desses grandes talentos se sobressai, a não ser o veterano Anthony Hopkins que se destaca interpretando um velho presidente dos Estados Unidos na semi aposentadoria, advogando para se manter ativo. É justamente ele que acaba atuando no caso master que o roteiro explora. Então é isso, nada demais, nada muito marcante ou que possa ser considerado uma obra prima. Obviamente por se tratar de Spielberg vale a sessão, porém o gostinho de um pouco de decepção ficará, quer você queira ou não.
Pablo Aluísio.
Aproximando-se do Desconhecido
Título Original: Approaching the Unknown
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Mark Elijah Rosenberg
Roteiro: Mark Elijah Rosenberg
Elenco: Mark Strong, Luke Wilson, Sanaa Lathan, Anders Danielsen Lie, Charles Baker, Whit K. Lee
Sinopse:
O astronauta William D. Stanaforth (Mark Strong) é escolhido para ser o primeiro homem a pisar em Marte. Ele desenvolveu um mecanismo muito eficiente que consegue produzir água apenas utilizando material inorgânico, como o próprio solo. Algo que seria vital para uma colonização a longo prazo do planeta vermelho. Durante a longa viagem de 270 dias Stanaforth começa a sentir o peso e a pressão de sua posição. Para piorar, as experiências que deveria fazer a bordo começam a dar errado, colocando em risco o sucesso da missão.
Comentários:
A colonização de Marte ainda faz parte da mera ficção. Esse filme tenta mostrar como seria a chegada do primeiro homem naquele mundo hostil e estéril. Há muitos anos se fala em colonizar Marte, porém a ciência ainda enfrenta desafios enormes. Como manter a vida em um planeta onde as temperaturas são inadequadas e a água (elemento vital para a manutenção da vida) é inexistente? O filme tenta trazer algumas respostas apostando em um reator que consegue recombinar molecularmente elementos químicos (como o Hidrogênio e o Oxigênio) para criar H2O, ou seja, a água. No começo tudo sai tão certo que o inventor do tal mecanismo, William D. Stanaforth, é escolhido para ser o primeiro homem em Marte. O problema é que essa primeira viagem será apenas de ida (sem volta) pois é necessário que alguém fique em Marte preparando o terreno para a chegada dos primeiros colonizadores. Stanaforth, um homem amargurado que não tem nada a perder, topa o desafio. A questão que se coloca logo no começo do filme é como ele teria sido escolhido (o roteiro não entra em maiores detalhes). Conforme a missão avança percebemos que o equilíbrio externo que o astronauta demonstra é pura fachada, pois ele tem muitas crises existenciais, algo que seria completamente inadequado para uma missão como a mostrada no filme. O roteiro assim tenta criar um clima que lembra em certos aspectos o clássico "2001", mas claro sem a profundidade da obra prima de Kubrick. Questões filosóficas ou existenciais nunca são muito desenvolvidas, mas estão lá, pelo menos superficialmente. A melhor frase do filme inclusive é dita pelo astronauta sobre o seu destino: "Marte é um lugar onde nunca nada viveu e nunca nada morreu. Provavelmente eu viverei para sempre ao chegar lá". No final o que temos é uma produção interessante, curta (menos de 80 minutos de duração) que não se preocupa muito em ser pretensiosa. Mesmo assim vale a pena conhecer. Filme premiado no Sundance Film Festival.
Pablo Aluísio.
sábado, 15 de outubro de 2016
Decisão de Risco
Título no Brasil: Decisão de Risco
Título Original: Eye in the Sky
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Raindog Films, Entertainment One
Direção: Gavin Hood
Roteiro: Guy Hibbert
Elenco: Helen Mirren, Aaron Paul, Alan Rickman, Phoebe Fox, Gavin Hood, Jeremy Northam
Sinopse:
Após anos de busca, o serviço de inteligência do Reino Unido localiza a presença de três dos quatro terroristas internacionais mais procurados da África Oriental. Imediatamente um drone é enviado para o lugar. Os criminosos se encontram em uma casa, nos arredores da capital da Namíbia. O mais correto seria eliminar todos os alvos imediatamente, para evitar que novos atentados suicidas fossem planejados e realizados, mas na hora de realmente decidir o ataque um grupo de políticos fica com extremo receio de autorizar a operação militar. Pior de tudo, uma jovem garotinha arma uma barraca para vender pão bem ao lado da casa que será destruída no bombardeio. E agora? O ataque por drones será realmente realizado? Filme indicado ao prêmio de melhor roteiro no Palm Springs International Film Festival.
Comentários:
Não existem guerras limpas. Todas as guerras são sujas. Essa é a grande lição deixada por esse excelente roteiro escrito por Guy Hibbert. Diante de um ataque iminente a um grupo de terroristas internacionais todos os envolvidos (militares e políticos) caem em um dilema dos mais aflitivos. Seria ético matar uma garotinha inocente que está nas proximidades do ataque vendendo pão? É a conhecida questão do dano colateral, só que aqui a menina ganha rosto e história, se tornando mais humana, desvendando toda a face da crueldade da guerra. E embora a guerra moderna seja tão absurda como a do passado não podemos deixar de ficar impressionados com os avanços tecnológicos das armas atuais, principalmente em relação aos drones, essas pequenas (e mortais) aeronaves não tripuladas que atualmente são usadas para ataques cirúrgicos em locais distantes da África e do Oriente Médio. Aliás todos os personagens do filme giram em torno dos bastidores justamente de uma ataque de drones do tipo Patriot. Helen Mirren, sempre excepcional, é a oficial encarregada de comandar as operações. Ela quer liquidar uma terrorista internacional que persegue há seis anos e não vê a hora do ataque se consumar de uma vez por todas. O jovem Aaron Paul (de "Breaking Bad") é o piloto do drone que na hora H sente o peso ético de um ataque como aquele.
Já o grande Alan Rickman interpreta um veterano general que precisa lidar com um bando de políticos indecisos e vacilantes que não conseguem tomar a decisão final sobre o ataque. Esse foi um dos últimos filmes do ator que morreu recentemente. Aliás nos créditos finais ele é homenageado pelos produtores do filme. Sua parte é vital para entender como militares bem preparados e treinados podem ficar inoperantes por causa de uma irracional burocracia estatal. Nenhum dos agentes políticos quer a responsabilidade de dar a ordem final para uma ataque naquelas circunstâncias, tentando jogar a decisão para os outros, fazendo com que os terroristas ganhem tempo para inclusive tentarem fugir do alvo. A tensão assim se torna completa. Por fim vale uma indagação interessante: poderia ainda haver espaço para a guerra em um mundo tão politicamente correto como o atual? Os políticos britânicos presentes no filme incorporam justamente esse dilema. Um simples ataque acaba virando uma questão das mais delicadas, justamente por causa desse tipo de pensamento. Eles simplesmente não conseguem chegar a uma decisão, com medo de sofrerem alguma consequência em suas carreiras caso algo seja vazado para a imprensa. Seria justo um ataque como aquele? O roteiro, de forma inteligente, não traz a resposta, deixando a conclusão final para o próprio espectador. Sábia decisão. Assista e tire suas próprias conclusões.
Pablo Aluísio.
Força Aérea Um
Título Original: Air Force One
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Wolfgang Petersen
Roteiro: Andrew W. Marlowe
Elenco: Harrison Ford, Gary Oldman, Glenn Close, William H. Macy, Dean Stockwell, Tom Everett
Sinopse:
O avião presidencial é sequestrado com o presidente dos Estados Unidos a bordo. O grupo que toma seu controle é formado por terroristas de uma ex-república soviética, o Cazaquistão, que está insatisfeita com as críticas e a política adotada pelo governo americano em relação ao governo ditatorial daquele distante país. Assim, ao se ver em uma armadilha, o próprio presidente resolve enfrentar os criminosos, em um jogo mortal de vida e morte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som (Paul Massey, Rick Kline) e Melhor Edição (Richard Francis-Bruce).
Comentários:
Os americanos possuem uma visão boba de seus presidentes. Geralmente eles se tornam figuras lendárias dentro do imaginário popular. O caso mais absurdo de ufanismo patriota no cinema aconteceu justamente nesse filme. Aqui o presidente dos Estados Unidos James Marshall, encarnado na figura do ator Harrison Ford, não apenas é mostrado como uma pessoa extremamente cheia de virtudes, como também um herói acima do bem e do mal. Ele literalmente sai no braço com um grupo de terroristas que tomam de assalto seu avião presidencial (denominado de Air Force One). Bom para o estrelismo de Ford que aqui conseguiu mais um belo sucesso de bilheteria em sua carreira, mas péssimo para o cineasta alemão Wolfgang Petersen que começou sua filmografia com filmes conceituados (e até cults) como "O Barco: Inferno no Mar", "A História Sem Fim" e "Inimigo Meu" para depois perder o rumo e se afundar numa série de filmes comerciais de baixo teor artístico como "Tróia", por exemplo. Essa fita de ação é seguramente seu filme mais bem sucedido nas bilheterias, o que necessariamente não foi muito bom para ele. De qualquer forma, apesar do enredo completamente surreal e absurdo, o filme ainda apresenta algumas boas cenas de ação - aliás a proposta do filme parece se resumir a isso apenas, explorar cenas e mais cenas de ação e violência. Falando sinceramente nem era preciso reunir um elenco tão bom como esse para um filme que se apoia mesmo em ação física. Os personagens de Oldman, Close e outros excelentes atores poderiam ser interpretados por qualquer um que não faria diferença alguma. Do ponto de vista técnico um dos destaques vem da excelente edição do filme (que inclusive foi indicada ao Oscar). Algo necessário para uma produção desse gênero. Porém desconsidere tudo o que foi dito se você estiver apenas em busca de um filme de pura ação, pois nesse caso não se decepcionará, pelo contrário, provavelmente ficará bem satisfeito. Como não era o meu caso, fiquei realmente um pouco entediado de assistir algo tão sem conteúdo.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Teoria da Conspiração
Título Original: Conspiracy Theory
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Richard Donner
Roteiro: Brian Helgeland
Elenco: Mel Gibson, Julia Roberts, Patrick Stewart, Cylk Cozart, Terry Alexander, Brian J. Williams
Sinopse:
Jerry Fletcher (Mel Gibson) é um sujeito que vê conspirações governamentais em praticamente tudo! Nada escapa de seu "radar" sobre teorias de conspirações das mais diversas. Ninguém o leva muito à sério, já que com os anos Fletcher acabou ganhando a fama de ser meio louco, até o dia em que ele resolve denunciar uma nova conspiração que se revela verdadeira! A partir daí sua vida vira um caos completo e ele passa a ser perseguido por pessoas que nem ele sabe quem realmente são! Filme premiado no ASCAP Film and Television Music Awards.
Comentários:
Esse filme é do tempo em que Mel Gibson era um dos maiores campeões de bilheteria do cinema. Todos os seus filmes eram lançados com uma grande campanha de marketing e invariavelmente se tornavam grandes sucessos. Ele estava sempre presente nas listas dos mais bem pagos de Hollywood, recebendo cachês milionários por cada novo filme que estrelava. Era um astro de primeira grandeza. O roteiro brinca com a figura do teorista de conspirações, algo muito comum nos Estados Unidos. Geralmente pertencente a certos grupos de pessoas paranoicas, esse tipo de pessoa enxergava teorias de todos os tipos envolvendo aliens, espiões, conspirações, mercado internacional, seja o que for. O grande vilão em todas as conspirações, como não poderia deixar de ser, era o governo americano. No Brasil esse tipo que era até bem raro está também se tornando bem comum. De qualquer forma o filme aposta mais uma vez no poder de atrair bilheteria do ex-astro Mel Gibson. E ele se saiu muito bem ao lado do diretor Richard Donner que o havia dirigido com grande êxito nos quatro filmes da franquia "Máquina Mortífera". Aqui o destaque vai para o roteiro, bem intrigado, cheio de reviravoltas, além é claro das boas cenas de ação (especialidades do cineasta Donner). De maneira em geral foi uma das grandes produções de Hollywood daquele ano. Mel Gibson era realmente um dos mais populares astros de todos os tempos. Pena que esses dias andam distantes, bem distantes.
Pablo Aluísio.
I.T. Invasão de Privacidade
Título Original: I.T.
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, França, Irlanda
Estúdio: Voltage Pictures
Direção: John Moore
Roteiro: Dan Kay
Elenco: Pierce Brosnan, James Frecheville, Karen Moskow, Anna Friel, Stefanie Scott, Jason Barry
Sinopse:
O magnata da aviação Mike Regan (Pierce Brosnan) acaba simpatizando com um de seus empregos, o técnico em informática Ed Porter (James Frecheville). Quando o sistema de internet em sua casa começa a dar problemas Regan convida Porter para ir até lá resolver os defeitos da conexão. Uma vez na casa de Regan, Porter começa a se tornar inconveniente, invasivo e constrangedor, principalmente em relação à filha de Regan, a adolescente Kaitlyn. E isso é apenas o começo de um pesadelo para Regan e sua família.
Comentários:
Um bom thriller de suspense estrelado pelo ex-agente James Bond, o ator Pierce Brosnan. Ele está muito bem no papel desse milionário do ramo da aviação que precisa lidar com um sociopata, seu próprio empregado, mal sabendo que o tal sujeito é um stalker perigoso. Em pouco tempo de aproximação ele se torna obcecado pela família do patrão, aparecendo em momentos inconvenientes e inoportunos, se tornando uma pessoa que tenta a todo custo entrar naquela família, mesmo sem ter sido convidado. O roteiro desenvolve bem essa situação que vai ficando cada vez mais grave e insustentável. No Brasil o filme recebeu o título de "Invasão de Privacidade" o que poderá causar uma certa confusão com um filme dos anos 90 estrelado pela atriz Sharon Stone. Há até certas semelhanças entre as duas produções, como a presença de um criminoso voyeur e stalker que usa a tecnologia para saciar seus desejos insanos, porém esse novo filme vai por outros caminhos. Aqui temos realmente um thriller em essência, um enredo aparentemente simples que joga o tempo todo com o suspense e a tensão em que o protagonista interpretado por Brosnan é envolvido. Ele quer acima de tudo proteger sua esposa e filha desse maníaco, mas acaba caindo várias vezes em armadilhas criadas por ele. Em termos de ação há uma boa cena quando o hacker trava os freios do carro de Brosnan que segue em alta velocidade em um túnel. Em tempos atuais, onde tudo passa a ser controlado virtualmente o perigo realmente pode estar na próxima curva. Boa sequência, muito bem produzida. No mais é isso... Uma boa diversão, para testar seus nervos. Arrisque!
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Rock em Cabul
Título no Brasil: Rock em Cabul
Título Original: Rock the Kasbah
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Covert Media
Direção: Barry Levinson
Roteiro: Mitch Glazer
Elenco: Bill Murray, Bruce Willis, Kate Hudson, Zooey Deschanel, Leem Lubany, Scott Caan
Sinopse:
Richie Lanz (Murray) é um agente de talentos fracassado que vê uma grande oportunidade pela frente quando é convidado a levar sua cantora Ronnie (Zooey Deschanel) para uma turnê internacional... no Afeganistão! Ela deverá se apresentar para as tropas americanas que estão estacionadas naquele distante país em guerra. Ignorando todos os riscos Lanz e Ronnie partem para uma viagem que mudará para sempre suas vidas! Filme inspirado em fatos reais.
Comentários:
Bill Murray é um dos poucos comediantes que ainda me animam a assistir filmes como esse. Na verdade de todos os gêneros cinematográficos que conheço a comédia parece ser a que mais decaiu nos últimos anos. É raro conseguir encontrar um bom filme nesse gênero para se divertir ultimamente. Dar boas risadas então... parece mesmo coisa do passado. Pois bem, esse filme aqui não se propõe a ser uma comédia para fazer você rolar de rir, nada disso. Na realidade o filme foi realizado para homenagear uma jovem cantora afegã que teve a coragem de se apresentar em um popular programa de TV de seu país, fato inédito até então. Acontece que dentro de certas alas do islamismo isso seria proibido pela lei religiosa. Mulheres não poderiam cantar e nem aparecer na televisão. Bill Murray é o atrapalhado empresário que por acaso ouve a garota cantando e fica maravilhado com seu talento. De resto acontece o que era de se esperar. Ele precisará passar por cima de todos os preconceitos para que a jovem realize seu sonho. Tudo com bom humor. Uma das coisas que mais me chamaram a atenção nessa produção e que definitivamente me convenceu a assisti-la foi o seu elenco. Temos aqui um ótimo grupo de atores e atrizes em cena (basta conferir na ficha técnica). Todos embarcaram no filme muito por causa da amizade que nutrem com Murray, um veterano carismático que conseguiu reunir todos esses profissionais em um filme apenas mediano. Pena que tirando Bill Murray nenhum dos demais atores são bem aproveitados. Bruce Willis, por exemplo, interpreta um mercenário durão (alguém poderia esperar por algo diferente?) que acaba ajudando Murray em sua empreitada de risco.
Para os fãs de Willis vai ser um tanto decepcionante perceber que ele praticamente não faz muita diferença dentro da estória. O mesmo vale para Kate Hudson e Zooey Deschanel, duas coadjuvantes de luxo. Por falar em luxo a Kate interpreta uma garota de programa supostamente de luxo que vai ganhar algum dinheiro em Cabul. Já Zooey (que tem um dos olhos mais lindos do cinema e da TV) também é mal aproveitada. Ela interpreta uma jovem cantora que acaba indo parar no Afeganistão para sua primeira "turnê" e que acaba entrando em pânico ao perceber como é perigoso estar por lá. Embora seja linda, a atriz passa o tempo todo com os olhos arregalados, cabelos despenteados e caretas de quem está apavorada. Desperdício completo. Obviamente que filmar em Cabul seria extremamente perigoso para todos esses profissionais então o filme foi também realizado no Marrocos, um país no norte da África que é bem mais ocidentalizado do que o Afeganistão, onde não existe nenhuma infraestrutura básica para acolher uma equipe de produção. Então é isso. Um filme assistível, nada importante, mas que diverte. Você não vai dar gargalhadas com ele, mas no final entenderá que pelas suas boas intenções vale pelo menos conferir, nem que seja uma única vez.
Pablo Aluísio.
Rainha do Deserto
Título no Brasil: Rainha do Deserto
Título Original: Queen of the Desert
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Marrocos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Nicole Kidman, James Franco, Robert Pattinson, Damian Lewis, Mark Lewis Jones, Jenny Agutter
Sinopse:
Inglaterra, 1906. A britânica Gertrude Bell (Kidman) decide ir embora para o Oriente Médio para trabalhar na embaixada de seu país naquela região desértica. O Império Otomano que dominou a política por anos está desmoronando. Em seu lugar começam a surgir colônias das principais potências européias da época. Para Gertrude porém o mais importante é ter encontrado o homem de sua vida, o secretário diplomático Henry Cadogan (James Franco). Seus planos de felicidade porém são interrompidos por um trágico acontecimento.
Comentários:
Teria o veterano Werner Herzog tentado recriar o clima dos antigos épicos no deserto como, por exemplo, "Lawrence da Arábia"? Bom, saber suas reais intenções é bem complicado, porém foi justamente essa a impressão que tive assistindo a esse seu novo filme. Tudo faz lembrar o clássico de David Lean, inclusive a presença do próprio T.E. Lawrence no filme (em fraca atuação do ator Robert Pattinson). Ele é apenas mais um estrangeiro tentando entender a política existente entre todas aquelas tribos de beduínos do deserto. A personagem de Nicole Kidman também, só que ela tem outros objetivos em vista. Amargurada pela morte de um grande amor ela parte para as areias sem fim do Oriente Médio numa espécie de busca por si mesma. Uma viagem existencial, acima de tudo. Claro que no meio da jornada ela acaba encontrando todos os tipos que vivem naquelas terras perdidas no tempo. As relações tribais seguem sendo as mesmas de tempos imemoriais, assim como as guerras, conflitos e violência que sempre caracterizaram aqueles povos árabes. O curioso, do ponto de vista histórico, é que essa inglesa interpretada por Kidman, Gertrude Bell, acabou sendo peça central na demarcação das fronteiras dos países que surgiram no meio das ruínas do antigo império Otomano. Foi dela as linhas traçadas separando as novas colônias inglesas do Iraque, Síria e Jordânia.
Conforme o futuro provou não foi uma boa ideia. Muitas dessas nações não demoraram a entrar em guerras que duram até os dias de hoje. Politicamente porém é bom salientar que nada de muito profundo você encontrará nesse roteiro. A Gertrude desse filme, ao contrário da mulher real que viveu no começo do século XX, estava mais para uma lady tentando curar as feridas de um coração destroçado. Visualmente o filme é belíssimo, com longas tomadas de Herzog desfrutando a beleza natural das areias do deserto, porém senti realmente falta de uma maior densidade dramática em seu roteiro. Com longa duração o filme poderia explorar mais o cenário geopolítico daquela região, mas perde tempo demais com os relacionamentos amorosos da protagonista. Tragicamente todos eles acabam terminando muito mal. De qualquer forma ainda deixo a indicação dessa produção, não apenas pelas belas imagens (algumas parecendo até mesmo pinturas clássicas) como também pelo fato de que resgata o interesse em torno dessa mulher pioneira que de certa forma acabou sendo esquecida pela história. Por fim, um aspecto curioso: o filme foi todo rodado no Marrocos e não no Oriente Médio. A razão é bem simples de entender pois seria extremamente perigoso levar toda uma equipe de filmagem norte-americana para uma região tão desestabilizada como aquela. Com a Síria e o Iraque em guerra civil isso seria simplesmente impossível. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival.
Pablo Aluísio.