quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Joy - O Nome do Sucesso

Título no Brasil: Joy - O Nome do Sucesso
Título Original: Joy
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell, Annie Mumolo
Elenco: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Isabella Rossellini, Diane Ladd, Virginia Madsen
  
Sinopse:
A vida de Joy (Jennifer Lawrence) não é fácil. Embora jovem, ela já é divorciada. Seus pais também. Seu ex-marido, um músico fracassado, mora em seu porão por não ter onde ficar. Sua mãe passa os dias assistindo novelas de quinta categoria em seu quarto. Seu pai é dono de uma oficina mecânica que é colocado para fora de sua casa pela segunda mulher. Sem opção vai morar também no porão de Joy. Com uma família tão disfuncional, vivendo de empregos medíocres, ela decide que chegou a hora de mudar sua vida de uma vez por todas. Para isso ela resolve inventar um novo produto, um esfregão de limpeza, com o qual pretende fazer fortuna. Isso porém definitivamente não será nada fácil. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Jennifer Lawrence). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Jennifer Lawrence).

Comentários:
O filme colecionou críticas ruins nos Estados Unidos e a bilheteria foi apenas razoável, mas penso que houve um certo exagero nas reações negativas. Ok, não se trata de nenhuma obra prima do cinema, porém o filme de um modo em geral me agradou. O roteiro é seu grande ponto positivo, mostrando a vida de uma jovem americana da classe trabalhadora que vive em uma família bastante disfuncional. Ao invés de se resignar e aceitar o destino sem graça que seu futuro parece lhe reservar, ela resolve colocar a mão na massa e parte em busca de novos desafios. Jennifer Lawrence, como já escrevi várias vezes, vale qualquer filme por causa de seu carisma. Além de ser linda, ela consegue se sair bem até mesmo em filmes medianos. Nesse "Joy" toda a atenção se volta para ela. Embora o enredo possa parecer dramático demais (afinal o fracasso nunca é algo tratado com leveza pelo cinema), aqui percebemos um certo tom de fábula em tudo o que acontece. O diretor David O. Russell (que já havia trabalhado ao lado de Lawrence em "O Lado Bom da Vida" e "Trapaça") optou por uma fotografia com muitas cores, quase um modo apelativo para lembrar ao espectador que o filme se passa em um mundo onde elas são essenciais (estou me referindo aos produtos do estilo Polishop que as donas de casa conhecem bem). Isso serve exatamente como fator de identificação com o próprio produto inventado por Joy, um esfregão de limpeza inovador. Um mundo de plástico. 

Muitos podem perder o interesse por causa da excessiva duração do filme (realmente um corte mais enxuto cairia bem), porém vamos convir que a estória é bem contada, emociona um pouquinho e também serve como boa diversão. Penso também que chegou a hora de Jennifer Lawrence largar essa insistência de atuar ao lado de Bradley Cooper pois essa duplinha já saturou. Cooper tem a tendência de virar um "mala sem alça", um chato, nos recentes filmes em que apareceu. É aquele tipo de ator que depois de um tempo cansa por causa da hiper exposição na mídia. Ele é muito marqueteiro, sempre se vendendo como o melhor ator da atualidade. Encheu a paciência completamente! Mais chato impossível! Já Robert De Niro segue mais uma vez na sua linha de fazer papéis coadjuvantes de luxo, sem se comprometer totalmente com os filmes em que aparece. É outro que deveria repensar a carreira. De Niro faz muitos filmes por ano, muitas vezes atuando em personagens sem qualquer importância. Para um ator com seu passado seria bem melhor se procurasse se preservar mais, só atuando em filmes que realmente valessem a pena. Caso contrário ele corre o risco (se isso já não aconteceu) de virar um ator de uso descartável, como o esfregão de Joy. Leve, barato e descartável. Nada bom para quem já foi considerado um dos maiores atores da história do cinema.

Pablo Aluísio.

Círculo de Paixões

Título no Brasil: Círculo de Paixões
Título Original: Inventing the Abbotts
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Pat O'Connor
Roteiro: Sue Miller, Ken Hixon
Elenco: Liv Tyler, Jennifer Connelly, Joaquin Phoenix, Kathy Baker, Billy Crudup, Will Patton
  
Sinopse:
Durante a década de 1950 dois irmãos da classe trabalhadora, Doug Holt (Joaquin Phoenix) e Jacey Holt (Billy Crudup), acabam se interessando pelas filhas da rica e aristocrata família Abbott. O preconceito social e as barreiras que separam a realidade de todos aqueles jovens acabam se tornando um empencilho para que as verdadeiras paixões entre eles se concretizem. Filme inspirado em fatos reais.

Comentários:
Qualquer filme passado nos anos 50 me interessa. Sempre gostei da cultura (em especial da música e do cinema) daquele período. Esse filme lançado no final dos anos 90 procurava resgatar os costumes, as modas e a maneira como os jovens se relacionavam naquela época bem moralista e conservadora. O roteiro é muito bom, nostálgico e romântico na medida certa, sem porém fugir do realismo. Em termos de reconstituição histórica também não há o que reclamar. Já para o cinéfilo em geral o grande destaque vai mesmo para o elenco formado por atores jovens e talentosos. É interessante notar que todos eles iriam se tornar bem famosos nos anos seguintes. Jennifer Connelly foi certamente uma das adolescentes mais bonitas do mundo. Ela tinha um rosto angelical e aqui representava praticamente seu primeiro papel adulto, fugindo do estigma de ter sido a garotinha do filme "Labirinto". Embora hoje em dia ela seja uma mulher ainda muito interessante, pode-se dizer que em termos puramente estéticos, relacionados à sua beleza, ela perdeu um pouco de seu charme natural. Ficou, diria, mais "masculinizada" com os anos, com músculos e uma expressão facial mais forte e menos feminina. Já Liv Tyler tentava se tornar uma estrela de primeira grandeza em Hollywood quando esse filme foi lançado. Na realidade ela nunca viria a ser uma, porém naqueles distantes anos 90 já havia se tornado uma popular atriz teen, dessas que estavam em todas as capas de revistas para adolescentes. Por fim Joaquin Phoenix, também bem jovem e com cabelo cheio de brilhantina, procurava escapar dando uma de galãzinho. Obviamente que sua carreira não iria seguir por esse caminho. Phoenix sempre se deu muito melhor com tipos estranhos, até bizarros. Então é isso, se você tiver interesse em conhecer todos esses atores e atrizes atuando em suas juventudes, "Inventing the Abbotts" é certamente uma boa opção.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

O Homem nas Trevas

Título no Brasil: O Homem nas Trevas
Título Original: Don't Breathe
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Ghost House Pictures
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues
Elenco: Stephen Lang, Jane Levy, Dylan Minnette, Daniel Zovatto, Katia Bokor, Emma Bercovici
  
Sinopse:
Um trio de jovens ladrões decide roubar a casa de um velho veterano de guerra. Eles descobrem que ele recebeu uma indenização de 300 mil dólares após a morte da filha em uma acidente de trânsito e que muito provavelmente mantém todo esse dinheiro escondido em sua própria casa, no porão. Além disso ele é completamente cego, o que supostamente facilitaria o roubo. O que os criminosos não contavam é que o que parecia ser muito fácil acaba se tornando um banho de sangue, um sangrento pesadelo.

Comentários:
Gostei muito desse thriller de suspense e terror. A produção é de Sam Raimi, o que dá ao cinéfilo uma espécie de certificado de qualidade antecipado. E realmente o filme é muito bom. A situação é básica, um velho senhor, veterano de guerra, morando sozinho com seu cão de guarda, se torna alvo de um trio de ladrões de casas. Dentre eles a personagem mais desenvolvida é a de Rocky (Jane Levy), jovem, mãe solteira de uma pequena garota, que vive com sua própria mãe em um trailer nos arredores de Detroit, Michigan. Ela sonha em ir para a Califórnia para recomeçar uma nova vida. Assim resolve seguir o namorado que descobriu uma vítima endinheirada e supostamente indefesa, um velho cego que mora sozinho. Dentro da casa eles descobrem que caíram em uma armadilha. O velho é durão, bom de briga e começa a trucidar os invasores. Claro que o espectador começa a torcer por ele, mas a trama guarda muitas surpresas pela frente. Definitivamente é um filme violento, onde o sangue jorra a cada cena, mas isso não lhe tira os seus méritos cinematográficos. Na verdade a produção conta com um roteiro muito bem escrito, onde o espectador fica interessado a todo o momento no desenrolar da estória. O diretor uruguaio Fede Alvarez usou câmeras especiais que conseguem captar imagens na mais completa escuridão, assim ele filmou os atores perdidos no meio do escuro, enquanto tudo vai se desenrolando na tela. Um efeito muito interessante. "O Homem nas Trevas" foi recentemente lançado nos cinemas brasileiros (o que me deixou um pouco surpreso). Filmes de terror andam tendo cada vez menos espaço no circuito comercial. A boa notícia é que esse aqui realmente vale muito a pena. Bom filme de fato, com cenas realmente bem boladas e de extrema violência. Pode conferir sem receios.

Pablo Aluísio.

Conexão Escobar

Título no Brasil: Conexão Escobar
Título Original: The Infiltrator
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Brad Furman
Roteiro: Ellen Sue Brown
Elenco: Bryan Cranston, John Leguizamo, Diane Kruger, Yul Vazquez, Benjamin Bratt, Elena Anaya
  
Sinopse:
Durante a década de 1980 o DEA (Departamento de combate ao tráfico de drogas dos EUA) resolveu infiltrar dois agentes dentro da conexão internacional do Cartel de Medellín na Flórida. Essa organização criminosa estava na época importando para as principais cidades americanas toneladas de cocaína, praticamente dominando todo o mercado do país. O principal membro infiltrado da polícia era o agente Robert Mazur (Bryan Cranston), que se passava como especialista em lavagem de dinheiro. O filme narra parte da operação que foi montada.

Comentários:
Esse filme foi baseado no livro de memórias do agente Robert Mazur que participou de uma ampla operação de infiltração dentro do Cartel de Medellín na década de 80. O objetivo era não apenas prender os chefes do tráfico como também os banqueiros que recebiam todos os valores ilícitos em forma de depósitos, devidamente desviados para paraísos fiscais com o objetivo de lavar o dinheiro obtido nas atividades criminosas, usando para isso o sistema financeiro internacional. O personagem de Bryan Cranston era um elo vital nessa conexão porque ele se apresentava como um verdadeiro gênio da contabilidade, com ampla experiência em lavar o dinheiro do Cartel. Para isso foi se infiltrando aos poucos dentro da organização, se tornando amigo de figuras importantes, conquistando suas confianças. Um trabalho minucioso, exaustivo e obviamente bem perigoso. O roteiro procura mostrar não apenas a operação policial em si como também a forma como ela afetava a vida pessoal do agente Mazur. Seu casamento vivia em constante tensão justamente pelo fato do policial ter que viver praticamente duas vidas separadas, com nomes diferentes e histórias pessoais também conflituosas. Para pegar os traficantes o DEA não poupou esforços. Criou uma nova identidade para Mazur, um casamento com outra policial também infiltrada e todo o tipo de cenários inexistentes para que os traficantes de Medellín não desconfiassem de nada. Um trabalho de ocultação simplesmente perfeito. É interessante também como o filme lida com a figura do chefão Pablo Escobar. Ele atua nas sombras, nunca aparecendo de forma ostensiva, tratando com Mazur apenas através de seus subordinados. Entre eles surgem sujeitos bizarros como Javier Ospina, um traficante homossexual violento, com preferência para figurinos chamativos e de extremo mau gosto. De uma forma em geral gostei bastante desse "Conexão Escobar". O assisti com um pé atrás pois li e ouvi várias críticas que não eram muito boas. Bobagem, o filme é realmente bom. Pode assistir sem receios.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Cop Land - A Cidade dos Tiras

Título no Brasil: Cop Land - A Cidade dos Tiras
Título Original: Cop Land
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: James Mangold
Roteiro: James Mangold
Elenco: Sylvester Stallone, Robert De Niro, Harvey Keitel, Ray Liotta, Robert Patrick, Peter Berg, Janeane Garofalo
  
Sinopse:
O policial Freddy Heflin (Sylvester Stallone) se torna xerife de uma pequenina cidadezinha de New Jersey. No passado ele tentou ser policial de Nova Iorque, mas por causa de suas limitações nunca conseguiu chegar em seus objetivos. Assim ele se torna membro de uma pequena corporação, em um lugar onde moram muitos policiais que trabalham além da ponte, em Manhattan. Aos poucos e quase sem querer, Freddy começa a perceber que há algo de errado naquela comunidade de tiras. Parece haver algo ilegal acontecendo, inclusive com múltiplos assassinatos. Estaria ele pronto para enfrentar algo assim, envolvendo seus próprios colegas de farda? Filme premiado no Stockholm Film Festival na categoria de Melhor Ator (Sylvester Stallone).

Comentários:
Dentro da vasta filmografia do ator Sylvester Stallone, esse filme é certamente um dos mais diferenciados. Deixando os heróis de ação do tipo Rambo, Rocky e Cobra de lado, o astro resolveu se despir de qualquer vaidade para interpretar um policial gordo, fraco, de personalidade medíocre e assustada. Na época muito se falou justamente disso, da metamorfose pela qual passou Stallone. Palmas para ele que acabou realizando uma das melhores e mais lembradas atuações de toda a sua carreira. Ele que vinha mal nas bilheterias, colecionando fracassos comerciais inesperados, acabou dando a volta por cima da melhor forma possível, mostrando que também poderia atuar ombro a ombro com grandes mestres como Robert De Niro e Harvey Keitel. Aliás é sempre bom salientar que a maior qualidade desse filme de uma forma em geral vem do excelente elenco que o diretor James Mangold conseguiu reunir. O jovem cineasta que havia ganho a confiança do estúdio Miramax (responsável por diversos filmes cult) conseguiu de fato realizar uma excelente obra cinematográfica. Seu talento aiiás iria se confirmar ainda mais no filme seguinte, o drama psicológico "Garota, Interrompida". Além da boa direção o filme também traz um excelente roteiro que aposta bastante na crueza e na mediocridade da mente humana, muitas vezes capaz de tudo para alcançar seus objetivos criminosos. Enfim, seja você fã ou não de Sylvester Stallone, o filme é altamente recomendado. Acima da média.

Pablo Aluísio.

Inferno

Título no Brasil: Inferno
Título Original: Inferno
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Ron Howard
Roteiro: David Koepp, baseado na obra de Dan Brown
Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Sidse Babett Knudsen, Ben Foster, Omar Sy, Ida Darvish
  
Sinopse:
O professor Robert Langdon (Tom Hanks) acorda em um leito de hospital em Florença sem ter a menor lembrança de como foi parar lá. A médica que o atende, a Dra. Sienna Brooks (Felicity Jones), tenta lhe proteger pois ele acaba sendo alvo de um ataque inesperado. Alguém ou alguma organização pretende matá-lo! Qual seria a ligação de Langdon com a recente morte de um bilionário americano, Bertrand Zobrist (Ben Foster)? O sujeito tinha ideias muito próprias e excêntricas sobre o suposto futuro sinistro da humanidade.

Comentários:
Terceiro e provavelmente último filme da trilogia envolvendo o personagem do professor Robert Langdon, criado pelo escritor Dan Brown. Relembrando, o primeiro filme foi "O Código Da Vinci" lançado em 2006, o maior sucesso da franquia. Depois chegou aos cinemas "Anjos e Demônios" em 2009 e agora temos esse "Inferno". Fazendo uma rápida avaliação o primeiro filme continua imbatível em todos os aspectos, não apenas em termos de bilheteria, mas também em roteiro, produção e direção. O segundo foi tão fraco que me fez pensar até mesmo em não ver esse terceiro filme. Uma lástima. Esse aqui fica no meio termo. Passa longe de ser tão interessante como "O Código Da Vinci", mas por outro lado não é ruim como "Anjos e Demônios". Dentro da trilogia é apenas mediano. A irregularidade desses filmes na verdade é um reflexo da própria irregularidade do escritor Dan Brown. Depois do grande sucesso do livro "O Código Da Vinci" ele parece ter perdido parte de sua inspiração para escrever esse tipo de livro. As tramas e as conspirações foram ficando cada vez mais fracas com o passar do tempo. Em "Inferno" temos um enredo pouco interessante. Nada como se viu em seu primeiro livro onde ele misturava fatos históricos reais com ficção, criando algo que se destacava pela originalidade. Agora as tramas são mais rasteiras. Nesse "Inferno", por exemplo, temos um bilionário excêntrico que acredita que a única forma de salvar a humanidade é destruir grande parte dela. 

Esse vilão me lembrou os antigos filmes de James Bond, com seus planos megalomaníacos e insanos para destruir o mundo. Será que Brown não tinha nada melhor para pensar do que requentar velhos antagonistas estereotipados como esse? Justamente por não ter uma boa trama para desenvolver Dan Brown então resolveu colocar muita correria e ação para distrair o espectador. O filme obviamente vai pelo mesmo caminho. Enquanto o professor vai tentando decifrar os (fracos) enigmas que surgem ele tenta se manter vivo. Nada muito inteligente. Correndo para um lado e para o outro, tudo vai ficando apenas entediante. Em "O Código Da Vinci" o o espectador ficava interessado até o último minuto para ver como tudo se revelaria. Aqui a coisa toda fica óbvia desde o começo. A graça de revelar um grande mistério se perde no meio do caminho. Pior do que isso, a estória traz uma pequena reviravolta bem mixuruca que não convence ninguém. Por isso não culparia os realizadores do filme como um todo. Em termos cinematográficos tudo é muito bem produzido, o elenco está lá, dando o melhor de si e o roteiro é esquematicamente até bem desenvolvido. O problema maior vem mesmo do material original de Dan Brown. Quando esse é fraco e sem novidades não há muito o que se fazer mesmo. O escritor parece ter perdido a mão para escrever livros melhores. Assim esse "Inferno" é quase sem salvação mesmo. Nada brilhante, apenas assistível.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de outubro de 2016

O Sequestro do Ônibus 657

Título no Brasil: O Sequestro do Ônibus 657
Título Original: Heist
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Tri Vision Pictures
Direção: Scott Mann
Roteiro: Stephen C. Sepher
Elenco: Jeffrey Dean Morgan, Robert De Niro, Gina Carano, Dave Bautista, Kate Bosworth, Mark-Paul Gosselaar
  
Sinopse:
Desesperado por não ter como pagar o tratamento de sua filha que está com câncer, o empregado de cassinos Vaughn (Jeffrey Dean Morgan) decide roubar o seu próprio patrão. O problema é que ele é um mafioso e gangster conhecido apenas como o "Papa" (Robert De Niro), um sujeito violento que não admite ser roubado dessa forma. Assim ele manda seus homens irem atrás de Vaughn para recuperar o dinheiro e matá-lo, mas na fuga esse acaba sequestrando um ônibus urbano, criando um verdadeiro caos na cidade.

Comentários:
É sempre bom ver o ator Robert De Niro interpretando um mafioso. A associação é imediata pois nos lembramos de filmes como "Os Bons Companheiros" e "Cassino", isso sem esquecer de "O Poderoso Chefão II". Esse tipo de lembrança é bem-vinda, mas obviamente nenhuma dessas obras primas do cinema podem servir de comparação com essa fita bem mais modesta em suas pretensões. "O Sequestro do Ônibus 657" é um filme ágil, rápido e em seu objetivo até mesmo eficiente. O roteiro explora um enredo bem simples, nenhum dos personagens é muito desenvolvido e o que importa é as cenas de tensão e ação. Basicamente tudo se resume em uma caçada humana promovida por Papa (De Niro) para recuperar seu dinheiro que foi roubado de seu cassino por um de seus próprios empregados, um sujeito que precisa do dinheiro roubado para pagar o tratamento da filha. Um dos problemas que vi nesse roteiro é que ele busca o tempo todo justificar os crimes do protagonista. Ora, o sujeito além de ladrão se torna um sequestrador de várias pessoas inocentes quando toma de assalto um ônibus! Como simpatizar com um personagem assim? Em que valor moral ridículo esse argumento se apoia para tentar amenizar os erros e crimes do personagem principal? Então está valendo tudo? No mundo real o sujeito seria condenado à pena de prisão perpétua nos Estados Unidos, já no filme o roteiro passa a mão em sua cabeça o tempo todo, culminando em um final absurdo do ponto de vista legal e moral. Pior é o que acontece com Papa, o mafioso interpretado de De Niro, que demonstra que não se fazem mais mobsters como antigamente. Tudo bem, o filme até é uma boa diversão, mas moralmente tem inúmeros problemas. Para gostar da produção você terá que engolir esse tipo de absurdo, aceitando as justificativas moralmente condenáveis de um roteiro até certo ponto muito simplista e sem maior profundidade.

Pablo Aluísio.

Amor & Amizade

Título no Brasil: Amor & Amizade
Título Original: Love & Friendship
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra, França
Estúdio: Westerly Films
Direção: Whit Stillman
Roteiro: Whit Stillman
Elenco: Kate Beckinsale, Chloë Sevigny, Xavier Samuel, Morfydd Clark, Stephen Fry, Tom Bennett
  
Sinopse:
Lady Susan Vernon (Kate Beckinsale) é um jovem viúva que precisa lidar com o fato de que está arruinada financeiramente. Sem dinheiro, ela vai morar com seu irmão. Para piorar tudo sua filha, Frederica (Morfydd Clark), é problemática, tendo sido expulsa da escola. Susan decide então arranjar um casamento promissor para ela com o tolo, fútil e rico Sir James Martin (Tom Bennett), porém a garota se recusa a se casar apenas por dinheiro. Com tantos problemas pela frente Lady Susan então resolve ela mesma arranjar um bom partido, se aproximando de Reginald DeCourcy (Xavier Samuel), herdeiro de uma rica e tradicional família inglesa. Os pais dele porém desaprovam completamente o romance. 

Comentários:
Filme baseado no romance "Lady Susan" de autoria da escritora Jane Austen, publicado originalmente em 1871. As obras dessa talentosa romancista se passam em uma Inglaterra vitoriana, onde as mulheres precisavam garantir seu futuro de qualquer maneira, muitas vezes entrando em um jogo de flerte e sedução que parecia não ter fim. Debaixo de tudo havia o mero interesse financeiro em se casar com um homem rico que lhes trouxesse uma vida confortável. Por isso a grande maioria das personagens de Jane Austen era formada por mulheres bem interesseiras, que acabavam também tendo que suprimir suas verdadeiras paixões em prol de um dote financeiro bem recompensador. Essas estórias mostravam acima de tudo o grande poder de manipulação das mulheres de uma maneira em geral. Nessa nova produção o diretor Whit Stillman tentou ser o mais fiel possível ao livro original. 

Como são muitos os personagens ele resolveu apresentar breves introduções de cada um dentro da trama. Achei a ideia fora do comum e de certa maneira um pouco desnecessária. O elenco traz a atriz Kate Beckinsale como a protagonista. Eu costumo dizer que Kate foi injustamente estigmatizada como a vampira Selene da franquia "Anjos da Noite". Ela é muito mais talentosa do que se supõe. Nesse filme temos uma amostra disso. Ela tem ótimos diálogos (retirados diretamente da obra original) e se sai muito bem em seu papel. Alguns podem até dizer que ela de certa forma apresenta um pouco de ansiedade interpretando Lady Susan, declamando seu texto de uma maneira um pouco rápida demais, com certa pressa e impaciência. Não penso assim. A própria personagem vive uma situação ansiosa, tendo que resolver sua vida, arranjando bons partidos tanto para ela que ficou viúva como para a filha, que parece não ter tido ainda consciência da situação delicada em que vivem. Em termos gerais temos um bom filme, bastante sofisticado, elegante e coeso. Uma bem-vinda adaptação da sempre interessante (e atemporal) obra de Jane Austen.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de outubro de 2016

Os 12 Macacos

Título no Brasil: Os 12 Macacos
Título Original: Twelve Monkeys
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Chris Marker, David Webb Peoples
Elenco: Bruce Willis, Brad Pitt, Madeleine Stowe, Michael Chance, Jon Seda, Vernon Campbell
  
Sinopse:
Em um futuro sombrio, com o planeta devastado por doenças terríveis, um homem é enviado para o passado com o objetivo de colher informações sobre um vírus letal que se espalhou por toda a humanidade. De volta ao tempo ele acaba encontrando as origens da epidemia que devastou a população mundial ao mesmo tempo em que esbarra com os tipos mais insanos que já viu em sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Brad Pitt) e Melhor Figurino (Julie Weiss). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Brad Pitt).

Comentários:
Em se tratando de Terry Gilliam ninguém realmente poderia esperar por uma ficção comum, do tipo que se vê por ai todos os dias. A principal característica desse cineasta sempre foi a criação de um universo próprio, com um visual surreal (diria até psicodélico), tudo embalado por uma direção de arte sui generis, completamente fora dos padrões convencionais. Para quem havia dirigido verdadeiros delírios cinematográficos como "Brazil: O Filme" e "As Aventuras do Barão de Münchausen" não era mesmo de se esperar algo diferente. O curioso é que o projeto original passou pelas mãos do também criativo diretor Luc Besson, mas esse acabou indicando Terry Gilliam para a direção. A Universal ficou um pouco receosa pois o diretor não tinha muita experiência em trabalhar com filmes Sci-Fi. O receio porém não se confirmou. Temos aqui o que para muitos críticos foi um dos filmes de ficção mais inventivos, originais e criativos dos anos 1990. Com um visual que beira a insanidade, o que combinou muito bem com a proposta do diretor, o que se viu foi uma daquelas produções que ficaram na mente por muitos anos. O curioso é que um filme tão inovador em termos estéticos acabou sendo estrelado por dois astros do lado mais comercial de Hollwyood. Tanto Bruce Willis como Brad Pitt eram nomes fora de rota para um filme tão inovador como esse. Acabaram participando de um grande projeto, em especial Brad Pitt, que interpretava um sujeito louco, dado a acessos de fúria e insanidade completa. Essa atuação aliás marcou o ponto de virada na carreira do ator que deixou de ser um mero galã de Hollywood para ser um verdadeiro ator (no sentido estrito da palavra), disposto a alcançar maiores desafios. Em suma, se ainda não assistiu a essa pequena obra prima Sci-Fi chamada "Twelve Monkeys" corra para ver. No mínimo você terá uma experiência diferente do que está acostumado a assistir. 

Pablo Aluísio

U.S. Marshals - Os Federais

Título no Brasil: U.S. Marshals - Os Federais
Título Original: U.S. Marshals
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Stuart Baird
Roteiro: Roy Huggins, John Pogue
Elenco: Tommy Lee Jones, Wesley Snipes, Robert Downey Jr, Joe Pantoliano, Daniel Roebuck, Tom Wood
  
Sinopse:
Samuel Gerard (Tommy Lee Jones) é um agente federal que é designado para recapturar o criminoso e assassino Mark J. Sheridan (Snipes) de volta para a prisão. Durante o voo de sua transferência para um presídio de segurança máxima ocorreu um acidente com seu avião. Sheridan, com um treinamento fora do comum (ele foi fuzileiro naval no passado), conseguiu escapar e usando vários disfarces e identidades falsas se tornou um fugitivo extremamente complicado de se localizar. O que Gerard também não desconfia é que há interesses poderosos por trás da fuga do prisioneiro. Filme indicado ao Blockbuster Entertainment Awards.

Comentários:
Esse é um daqueles filmes policiais eficientes e competentes, com produção classe A e elenco de primeira que conseguiu se sobressair bem diante do que era produzido na época. Na verdade foi uma tentativa de transformar Tommy Lee Jones em um astro de ação de primeira grandeza. Certamente Jones é um grande ator, que sempre se saiu bem atuando nos mais diversos gêneros cinematográficos. Porém esse tipo de enquadramento mais restrito nunca me pareceu muito correto. Tommy Lee Jones ultrapassa esse tipo de categorização. O que conta muitos pontos em torno do filme é o seu elenco. Além de Jones (sempre bem em cena) o filme ainda contava com um jovem Robert Downey Jr interpretando um agente do FBI meio almofadinha, sem ainda a experiência de seu mentor dentro da força policial. O vilão de Wesley Snipes também era muito bom, se transformando em um destaque. Com treinamento militar, altamente inteligente e astuto ele conseguia literalmente sumir no meio da multidão, transformando a missão de Gerard e seus homens em algo muito mais complicado de se cumprir. Há diversas cenas de ação muito bem realizadas, mas uma das melhores ocorrem no alto de um prédio quando o agente federal Gerard (Jones) encurrala o fugitivo Sheridan (Snipes). Sem saída ele acaba encontrando uma forma nada convencional de escapar das garras da lei. Enfim, eis aqui um bom policial dos anos 90, com um roteiro ágil e elenco mais do que interessante. Uma ótima diversão no final das contas.

Pablo Aluísio.