quinta-feira, 20 de março de 2014

Calígula

Título no Brasil: Calígula
Título Original: Caligola
Ano de Produção: 1979
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Penthouse Films International
Direção: Tinto Brass, Bob Guccione
Roteiro: Gore Vidal
Elenco: Malcolm McDowell, Peter O'Toole, Helen Mirren

Sinopse:
Filme que enfoca a história do imperador romano Calígula (12 d.C - 41 d.C). Após a morte de Tiberius (Peter O'Toole), seu tio, ele sobe ao poder máximo em Roma. Desde o começo seu desequilíbrio emocional e psicológico se mostra evidente. Dado a orgias extravagantes e assassinatos em série ele resolve testar todos os limites de seu poder absoluto, chegando ao ponto de nomear seu próprio cavalo como senador romano. Aos poucos suas loucuras o levam a um beco sem saída, com várias tramas para sua eliminação rondando seu poder imperial.

Comentários:
Esse é um daqueles filmes que até hoje me despertam a mesma pergunta: Por que deu errado? Uma história das mais interessantes, roteirizada pelo grande Gore Vidal, com um excelente elenco - incluindo os monstros da atuação Malcolm McDowell, Peter O'Toole e Helen Mirren - e um diretor de prestígio e mesmo assim as coisas desandaram de uma forma impressionante. Muitos apontam como culpado o produtor, dono do império adulto Penthouse, que inseriu cenas de sexo explícito no filme. Não penso que o problema de "Calígula" seja esse, na verdade isso fazia parte do dia a dia de todos aqueles imperadores depravados. O problema é estrutural pois o filme é mal editado, mal desenvolvido e para piorar com sérios problemas de direção (quem diria...). Malcolm McDowell defende bem sua atuação, até porque ele está na verdade soberbo em cena. Basta ver os antigos bustos do imperador louco de Roma para perceber a semelhança entre eles. Aquele olhar marcante, praticamente reptiliano é recriado com perfeição por Malcolm. O mesmo se pode dizer de Peter O'Toole como Tiberius, que era pedófilo, frívolo e maníaco. Seu olhar doentio, pálido e com gestos trêmulos mostra o grande ator que ele foi. Pena que o filme não se resume ao quesito atuação. Mesmo assim essa é uma produção que deve ser indicada aos fãs da sétima arte. Certamente os problemas são muitos, mas o filme acaba marcando, tanto de um ponto de vista positivo como negativo. Afinal de contas qualquer produção que enfoque o insano Caligula será sempre no mínimo interessante...

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Philomena

Título no Brasil: Philomena
Título Original: Philomena
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: The Weinstein Company
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Steve Coogan, Jeff Pope
Elenco: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie Kennedy Clark

Sinopse:
Quando jovem, Philomena (Judi Dench) acaba engravidando de um homem em um caso casual. Grávida e prestes a se tornar mãe solteira, sua família com medo e vergonha do escândalo resolve levar a garota para um convento católico onde ela acaba tendo seu filho. Sem possibilidades financeiras e emocionais de cuidar da criança resolve colocar ele para adoção. Um casal americano assim adota o garotinho e o leva para os Estados Unidos. Cinquenta anos depois Philomena decide que quer encontrar seu filho. Para isso pede ajuda a um escritor inglês, Martin Sixsmith (Steve Coogan), que fará de tudo para encontrá-lo. Filme indicado aos Oscars de Melhor Filme, Roteiro Original e Melhor Atriz (Judi Dench).

Comentários:
Certamente é um bom filme e não restam dúvidas que mereceu todos os prêmios e indicações. Há algumas escolhas bem interessantes, sendo uma delas a opção por realizar um filme curto já que o enredo assim se torna bem mais dinâmico. Isso só vem a provar que não é necessário realizar filmes longos demais, com quase três horas, para serem bons. Tudo pode ser contado com eficiência e sem perda de tempo - o que talvez melhor justifique a indicação para o Oscar de Melhor roteiro original. A história, baseada em fatos reais, é muito humana e rica em reflexões. A Igreja Católica pode parecer a grande vilã de tudo o que aconteceu mas essa seria uma visão simplista demais sobre os eventos mostrados no filme. Não se pode esquecer que a própria Philomena resolveu dar seu filho para doação e como ela própria deixou claro em uma das cenas não houve qualquer coação nesse sentido por parte da Igreja. O sigilo em questão de doação é até hoje um dos paradigmas desse instituto jurídico, então não há também como culpar a Igreja por ter mantido em segredo o paradeiro de seu filho nos Estados Unidos.

Dito isso a produção poderá levar os mais desavisados a qualificar as atitudes das freiras como algo horrível e até mesmo diabólico mas não existe razão de ser para tal pensamento. Fazia parte daquele contexto histórico e no final das contas o rapaz adotado teve uma vida familiar estruturada em sua nova família americana, algo que provavelmente não teria se tivesse ficado na Irlanda. A direção procura mostrar os eventos com imparcialidade e felizmente não toma o rumo de atacar a Igreja Católica de forma gratuita. Pelo bom gosto dessa decisão o próprio Papa Francisco recebeu a verdadeira Philomena no Vaticano recentemente. Em termos de elenco a atriz Judi Dench reina absoluta. Sua personagem tem um grande coração, fez escolhas erradas no passado mas assume todas as suas atitudes com coragem. No fundo é uma pessoa bem simples mas que tenta fazer as pazes com seu filho cujo paradeiro tenta descobrir. Assim no saldo final temos uma produção sensível, eficiente e humana, três qualidades que a cada dia se tornam cada vez mais raras dentro do cinema atual.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de março de 2014

Chamas da Vingança

Título no Brasil: Chamas da Vingança
Título Original: Man on Fire
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox 2000 Pictures, Regency Enterprises
Direção: Tony Scott
Roteiro: A.J. Quinnell, Brian Helgeland
Elenco: Denzel Washington, Christopher Walken, Dakota Fanning

Sinopse:
Joyhn W. Creasy (Denzel Washington) é um veterano que aceita trabalhar para uma família rica na Cidade do México. A cidade, dominada pelo crime organizado, tem altos índices de assassinatos e sequestros. Para milionários ou estrangeiros ricos a situação se torna bem pior pois automaticamente viram alvos da criminalidade. Creasy então é designado para garantir a segurança da jovem Pinta Balleto (Dakota Fanning). Logo ambos criam uma amizade sincera que é interrompida brutalmente quando Pinta é violentamente sequestrada por criminosos. Agora Creasy terá que achar seu cativeiro, libertá-la e punir os sequestradores de forma exemplar.

Comentários:
"Chamas da Vingança" mostra a situação do México atualmente. O país está virando praticamente um narcoestado, dominado por grupos de criminosos poderosos e com influência em todos os setores, inclusive na alta esfera política. Assim o diretor Tony Scott achou o cenário ideal para desenvolver esse eficiente filme de ação que só não alcança maiores patamares por causa de sua decisão em realizar uma produção pipoca voltada para o puro entretenimento. Scott, que morreu tragicamente em agosto de 2012, ao cair (ou pular) de uma ponte, sempre procurou fazer um cinema bem menos pretensioso do que seu irmão Ridley Scott. Ele não procurava realizar exercícios estilísticos ou algo do tipo mas bons e movimentados filmes de ação para as massas. Esse aqui não foge muito disso e se apóia bastante no sempre presente carisma de Denzel Washington. Ator e diretor se deram tão bem que voltariam a trabalhar juntos em "Déjà Vu" e "Incontrolável", que se tornaria o último filme da carreira do cineasta. Assim, apesar de certos clichês, "Man on Fire" é certamente uma boa pedida para os fãs do estilo.

Pablo Aluísio.

Bad Ass - Acima da Lei

Título no Brasil: Bad Ass - Acima da Lei
Título Original: Bad Ass
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Amber Lamps, Silver Nitrate
Direção: Craig Moss
Roteiro: Craig Moss, Elliot Tishman
Elenco: Danny Trejo, Charles S. Dutton, Ron Perlman

Sinopse:
Frank Vega (Danny Trejo) volta da sangrenta Guerra do Vietnã mas não encontra mais espaço dentro da sociedade americana. Desempregado e sem um relacionamento sério, ele tenta viver dentro do possível. Isso muda quando um incidente com um ônibus o torna um herói. Vega porém não quer reconhecimento mas apenas uma oportunidade. Quando seu melhor amigo é morto de forma covarde ele resolve ir atrás dos assassinos diante da falta de vontade da polícia em solucionar o crime. 

Comentários:
Tirando as devidas proporções o ator Danny Trejo está ocupando o nicho que um dia pertenceu a Charles Bronson. Com um rosto que parece uma rocha dinamitada (definição que Bronson um dia usou para si mesmo), Trejo tem realizado filmes que são pura ação e pancadaria. Esse aqui obviamente não foge à regra. O próprio título original - Bad Ass - já entrega tudo, pois seu personagem é justamente isso, um sujeito durão que não leva desaforos para casa. Curiosamente aqui ele trabalha ao lado de outro ator que faz o estilo "troglodita com bom coração", o carismático Ron Perlman (para quem não está ligando o nome à pessoa, o próprio Hellboy). Eles inclusive trabalham juntos na série "Sons of Anarchy" onde Trejo interpreta um agente do DEA disfarçado e Perlman um ex-presidente dos Sons em queda. Assim "Bad Ass - Acima da Lei" traz muita pancadaria, porrada, cenas de ação e tiroteios. É o que eu chamo de filme de ação stricto sensu, por isso não vá assistir esperando por um grande roteiro e atuações shakesperianas. Aqui é soco na cara e nada mais. Divertido, se você souber o que vai encontrar pela frente. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de março de 2014

A Lista

Título no Brasil: A Lista
Título Original: Bad Country
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Chris Brinker
Roteiro: Jonathan Hirschbein, Tom Abernathy
Elenco: Willem Dafoe, Matt Dillon, Tom Berenger, Amy Smart 

Sinopse:
O ano é 1983. O lugar, a Louisiana. O detetive Bud Carter (Willem Dafoe) investiga um grupo criminoso que vende pedras preciosas contrabandeadas. São esmeraldas e diamantes de ótima procedência. Após prender os atravessadores, Bud se convence que eles fazem parte de algo maior, de uma grande organização criminosa que atua na região. Suas investigações finalmente o levam até Jesse Weiland (Matt Dillon), veterano da guerra do Vietnã e ex-presidiário que parece ser um elo de ligação entre os vendedores e os chefões do crime. O que Bud descobre se torna apenas a ponta do iceberge de uma extensa rede criminosa que atua por todo o estado.

Comentários:
Vejam que surpresa, três ótimos atores que tiveram o auge de suas carreiras nos anos 1980 reunidos novamente nessa boa fita policial. Willem Dafoe e Tom Berenger, ambos de "Platoon" se unem a Matt Dillon, de "O Selvagem da Motocicleta", entre outros, para trazer novamente à tona esse caso real ocorrido no sul pantanoso dos Estados Unidos. Do ponto de vista puramente técnico, "Bad Country" não traz maiores surpresas. Ele apresenta um aspecto geral bem comum, até burocrático, mas que compensa tudo com o carisma dos atores e a boa trama, que vai descendo aos poucos as várias camadas do mundo do crime. O enredo se passa nos anos 80 e o figurino e o jeitão de filme policial antigo certamente atrairá a atenção dos mais saudosistas. Por falar em anos 80 Willem Dafoe e Matt Dillon parecem estar competindo entre si para ver quem desfila o bigode mais exótico em cena! Bobagens à parte vale a pena conhecer esse policial que andou bem subestimado desde que foi lançado. Bem escrito, com doses exatas de violência, ação e desenvolvimento dos personagens, "Bad Country" no final das contas se mostra um veículo muito competente e eficaz.

Pablo Aluísio.

Titãs - A Vida Até Parece uma Festa

Título no Brasil: Titãs - A Vida Até Parece uma Festa
Título Original: Titãs - A Vida Até Parece uma Festa
Ano de Produção: 2008
País: Brasil
Estúdio: Academia de Filmes, Casa Cinco
Direção: Oscar Rodrigues Alves, Branco Mello
Roteiro: Oscar Rodrigues Alves, Branco Mello
Elenco: Arnaldo Antunes, Tony Bellotto, Sérgio Britto, Marcelo Fromer, Charles Gavin, Branco Mello, Paulo Miklos, Nando Reis

Sinopse:
Documentário musical que resgata a história do grupo de rock brasileiro, Titãs, desde os seus primórdios, passando por sua consagração popular durante os anos 80 até os dias de hoje. A amizade e o laço de união que une todos os integrantes são mostrados atrávés de raras filmagens amadoras feitas pelo próprio grupo ao longo de sua carreira.

Comentários:
Muito bom esse documentário dirigido por Branco Mello sobre o Titãs. Quem foi jovem nos anos 80 certamente acompanhou o grupo, mesmo que não fosse fã e nem comprasse os discos da banda. Isso porque havia no ar todo aquele movimento do rock nacional que tomou as paradas e as rádios pelo Brasil afora. Cenas curiosas - como a participação do conjunto em programas de tv como "Qual é a Música" de Sílvio Santos, clips de músicas e cenas amadoras captadas por filmadoras VHS - compõe um acervo rico e variado dos rumos que os rapazes percorreram por todos esses anos. O interessante é que a edição é ágil, bem bolada, e nada burocrática, evitando aquele clima de tédio que muitas vezes acompanha esse tipo de produção. No saldo geral é divertido, engraçado e até dramático em certos momentos (como na morte precoce de Marcelo Fromer). No final das contas quem melhor resume tudo é o guitarrista Tony Bellotto explicando que montar um grupo de rock tem muito a ver com aquele sonho juvenil que todos um dia tiveram e que esse sentimento segue em frente com os músicos mesmo após tantos anos.

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de março de 2014

O Conselheiro do Crime

Título no Brasil: O Conselheiro do Crime
Título Original: The Counselor
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Cormac McCarthy
Elenco: Michael Fassbender, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Javier Bardem, Brad Pitt

Sinopse:
Michael Fassbender interpreta um jovem e bem sucedido advogado que atua na fronteira entre Estados Unidos e México. Planejando casar com sua noiva ele acaba entrando em um jogo mortal. Seus principais clientes são traficantes e membros do submundo do crime na região. Após um carregamento de caminhão com 20 milhões de dólares em cocaína sumir de seu trajeto as suspeitas acabam caindo sobre o advogado que agora terá que lutar para continuar vivo pois ele acaba virando alvo de poderosos traficantes da região.

Comentários:
Ridley Scott faz parte daquele seleto grupo de cineastas que você tem que assistir todo e qualquer filme dele que for lançado. Mesmo que seus dias de glória tenham ficado para trás não há como deixar de conferir suas novas produções. Esse "The Counselor" foi uma grata surpresa. Scott foca suas câmeras para a fronteira entre México e Estados Unidos. Como todos sabemos o México hoje está dominado por poderosos cartéis que controlam o tráfico na região (importante entreposto para levar os carregamentos de drogas para as principais cidades americanas onde estão situadas os mercados consumidores). Nessa terra praticamente não existe lei. A traição é punida com morte e nenhuma vida humana tem valor. A criminalidade é tão acentuada que mesmo não tenho qualquer culpa qualquer um acaba virando alvo. O enredo do filme não é seu grande mérito. De certa forma é até mesmo levemente banal. O que vale a pena mesmo aqui é a riqueza dos diálogos e atuações. O elenco é excepcionalmente bom mas curiosamente Michael Fassbender não se destaca. Quem rouba as atenções de fato são Brad Pitt (seu personagem não tem muito espaço mas ele está excepcionalmente bem), Javier Bardem  (o figurino exagerado e brega, estilo novo rico ajuda bastante) e, acredite se quiserem, Cameron Diaz (envelhecida mas mandando muito bem em suas cenas). A direção de Ridley Scott não traz maiores inovações técnicas e seu conhecido estilo com influência do mundo da publicidade não se faz muito presente mas mesmo assim ele consegue manter o interesse da primeira à última cena. O resultado é violento e cru mas também inteligente. Esse é um daqueles filmes que você não desviará a atenção da tela. O bom e velho Scott pelo visto ainda tem alguns trunfos em sua cartola - ainda bem!

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de março de 2014

Jogos Vorazes - Em Chamas

Título no Brasil: Jogos Vorazes - Em Chamas
Título Original: The Hunger Games - Catching Fire
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: Simon Beaufoy, Michael Arndt
Elenco: Jennifer Lawrence, Philip Seymour Hoffman, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Donald Sutherland, Stanley Tucci

Sinopse:
Após os acontecimentos dos Jogos Vorazes do filme anterior a jovem Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se torna um ícone dos sentimentos que norteiam os grupos que desejam uma revolução dentro dos distritos. Isso é muito preocupante para o regime que resolve levar a garota em uma turnê de propaganda pelos distritos prestes a se rebelarem. O tiro porém sai pela culatra. Desesperados para se livrarem de Katniss, o presidente Snow (Donald Sutherland) resolve reunir os campeões dos últimos Jogos Vorazes para que lutem entre si naquele que promete ser o maior programa  de sua história.

Comentários:
Para falar a verdade gostei mais dessa sequência do que do primeiro filme. Passada a necessidade de apresentar um novo universo aos cinéfilos a trama acaba fluindo muito melhor, sem aquela preocupação em explicar tudo nos mínimos detalhes para que os que não leram os livros possam entender do que se trata. Esse "Jogos Vorazes - Em Chamas" tem três aspectos que achei superiores ao primeiro filme. O primeiro deles foi a maior preocupação em mostrar os contextos políticos e sociais que rondam aquela sociedade. Há uma clara tentativa em mostrar isso em detrimento dos jogos propriamente ditos. Para se ter uma idéia em um filme que tem 140 minutos de duração, pelo menos mais da metade foi dedicada apenas ao clima de tensão e rebelião que rondam os distritos. O segundo ponto a se elogiar foi o maior equilíbrio alcançado dentro da produção. No primeiro filme tínhamos um certo exagero nos figurinos e na direção de arte, que soava muito kitsch - já aqui tudo está bem mais contido, demonstrando um melhor bom gosto nesses aspectos puramente técnicos.

Por fim, o mais importante: esse filme conta no elenco com o magistral Philip Seymour Hoffman em um de seus últimos trabalhos no cinema. Ele interpreta o personagem Plutarch Heavensbee. Dentro desse mundo de "Jogos Vorazes" todos concordam que ele é uma das peças mais importantes do quebra-cabeças que move toda a trama da série. No começo isso é bem fácil de entender. Inicialmente ele é um sujeito completamente comprometido com o sucesso dos Jogos transmitidos pela TV mas logo depois descobrimos que nem tudo é o aparenta ser. Com a trágica morte de Seymour não sei como a produtora levará seu personagem daqui em diante. A única coisa que sei é que não será nada fácil arranjar um ator à altura de Philip Seymour Hoffman que era realmente um talento fantástico, único. "Jogos Vorazes - Em Chamas" assim fica bem acima do que era esperado. Um blockbuster bem realizado que cumpre aquilo que promete muito bem: diversão pipoca sem culpas!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de março de 2014

As Bem-Armadas

Título no Brasil: As Bem-Armadas
Título Original: The Heat
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Paul Feig
Roteiro: Katie Dippold
Elenco: Sandra Bullock, Melissa McCarthy, Marlon Wayans

Sinopse:
Ashburn (Sandra Bullock) é uma agente do FBI carreirista, arrogante e nerd que só pensa em ser promovida. Após prender um serial killer ela é designada para uma nova missão em Boston. Há um chefão de drogas atuando na cidade que a agência há muito tempo tenta descobrir a identidade. Lá acaba tendo que trabalhar ao lado da detetive Mullins (Melissa McCarthy) da polícia de Boston. Ela é o extremo oposto da engomadinha do FBI. É grosseirona, tem a boca suja e um jeito bem truculento de lidar com a bandidagem da localidade.

Comentários:
Pensei que fosse bem pior. Tudo bem, certamente é uma bobagem mas tenho que reconhecer que é uma bobagem divertida. Na realidade o roteiro tem mais clichês do que as novelas da Globo mas pelo menos existem momentos e cenas que vão lhe proporcionar algumas risadas. A fórmula é obviamente muito batida, essa coisa de comédia policial que reúne dois tiras de personalidades bem opostas já era coisa antiga nos anos 80, então imagine nos dias de hoje! Mesmo assim a presepada funciona. Credito isso ao carisma de Sandra Bullock e Melissa McCarthy. A Bullock deve sofrer de algum transtorno, deve ser bipolar ou algo assim, só isso explica o fato de sua carreira ser tão irregular. No mesmo ano em que concorre ao Oscar com chances reais ele me sai com uma bobeirinha como esse filme. Vai entender a cabeça da moça! Já a gordinha Melissa McCarthy está impagável como a policial boca suja, mal educada e casca grossa Mullins! Foi justamente com ela que dei algumas boas gargalhadas pois seus diálogos são pra lá de toscos! Enfim, pipocão americano com jeitão de anos 80. Se você gosta do estilo certamente vai gostar.

Pablo Aluísio.

Trem Noturno para Lisboa

Título no Brasil: Trem Noturno para Lisboa
Título Original: Night Train to Lisbon
Ano de Produção: 2013
País: Alemanha, Suíca, Portugal
Estúdio: Lionsgate
Direção: Bille August
Roteiro: Pascal Mercier, Greg Latter
Elenco: Jeremy Irons, Christopher Lee, Charlotte Rampling, Lena Olin

Sinopse:
Raimund Gregorius (Jeremy Irons) é um tímido professor de história do ensino médio que, ao ir para a escola dar sua aula diária, acaba encontrando uma garota prestes a pular de uma ponte em Berna, na Suíça. Desesperado ele ainda consegue salvar a jovem da morte. Depois de recuperada ela some mais uma vez e deixa para trás um casaco vermelho, com um livro dentro dele e uma passagem de trem para Lisboa, Portugal. Intrigado o professor em um impulso resolve seguir os passos da misteriosa suicida e viaja até Portugal onde começa a descobrir mais sobre o passado do autor do livro que estava com ela.

Comentários:
Já fazia um bom tempo que tinha visto pela última vez um filme assinado pelo talentoso cineasta dinamarquês Bille August. Três de seus filmes considero verdadeiras obras primas do cinema, "A Casa dos Espíritos" (1993), "Pelle, o Conquistador" (1987) e "Os Miseráveis" (1998). Aqui ele foca suas lentes para um filme sui generis em sua carreira. Apoiado no brilhante trabalho de composição de Jeremy Irons, August conta uma estória que mescla paixão e nostalgia, passado e presente, com raro brilhantismo. O roteiro é muito bem escrito, com ótimas linhas de diálogo, e uma sempre presente sensação de mistério e descobrimento ao longo da trama. É um tipo de argumento que só funciona dentro do cinema europeu pois certamente faltam classe e sofisticação intelectual aos americanos para gostar de uma obra cinematográfica como essa. O ritmo é contemplativo, algumas vezes soturno, e explora os traumas do povo português em relação ao seu passado ditatorial. O ditador Salazar e seu regime opressor é uma presença constante nas lembranças e recordações dos personagens portugueses que desfilam pela tela, cujas feridas emocionais e físicas ainda se mostram bem presentes. Além de Jeremy Irons, como sempre excelente, o filme ainda traz no elenco Christopher Lee, interpretando o Padre Bartolomeu, cujas lembranças ajudam o espectador a compreender o grande mosaico que se forma no desenrolar da trama. Uma obra sensível, muito consistente e que merece ser conhecida, pelo menos para o público mais intelectualmente engajado sobre o passado e seus desdobramentos no futuro.
             
Pablo Aluísio.