Aqui temos mais um western clássico. A história se passa após o fim da guerra civil americana. John Chandler (Alan Ladd) se encontra completamente arruinado. Sua fazenda foi queimada pelos ianques, sua esposa foi morta na frente de seu pequeno filho que, traumatizado, nunca mais conseguiu falar. Ex-combatente da confederação, dos estados do sul, ele decide então ir até o norte em busca de uma cura para o garoto. O caminho porém não será fácil, pois ele passa a ser hostilizado por onde passa uma vez que é tratado como “rebelde” apenas por ser sulista, por ter sido um soldado confederado. Na busca por um tratamento para seu filho David (David Ladd), o pai obstinado acaba chegando numa cidadezinha na fronteira entre norte e sul. Lá, como sempre, é alvo de provocações, indo parar na cadeia após trocar socos com uns valentões locais. Tentando lhe ajudar de alguma forma, a fazendeira Lnett Moore (Olivia de Havilland) resolve pagar a fiança em troca do trabalho de Chandler em sua propriedade. O problema é que a fazenda é alvo dos irmãos Burleighs que cobiçam a região para pasto de seu rebanho. Após alguns ataques covardes (onde o bando de bandidos incendeia parte do rancho), Chandler resolve desafiar os criminosos, levando todos para uma disputa final de vida ou morte.
Esse é sem dúvida um dos melhores filmes de western da carreira de Alan Ladd. Com um roteiro que faz lembrar em certos momentos de “Os Brutos Também Amam”, o filme consegue conciliar drama, romance e ação nas doses certas. O ator Alan Ladd novamente incorpora um personagem integro, honrado e honesto que deseja apenas que seu filho volte a falar. Curiosamente o ator mirim David Ladd era de fato o próprio filho do ator, repetindo nas telas aquilo que era na vida real. O garotinho mostra muita desenvoltura em seu papel, criando um vinculo emocional bastante forte com o espectador.
O roteiro é muito bem escrito, e tira proveito de toda a situação com muita eficiência. Para os que gostam de animais, o filme ainda traz um pequeno cão pastor que acaba roubando várias cenas com seu adestramento. A disputa por ele acaba sendo um ponto crucial para todos os personagens na estória. É interessante notar ainda como Alan Ladd foi provavelmente o cowboy mais romântico do western americano em sua fase de ouro no cinema. Todos os seus personagens possuíam algo em comum, pois eram heróis trágicos, errantes, à procura de um lugar para recomeçar a vida (muitas vezes partindo praticamente do zero). O cineasta Michael Curtiz (um dos maiores nomes do cinema clássico americano) soube muito bem aproveitar dessa característica de Ladd aqui, mostrando mais uma vez toda sua elegância e seu talento, em um faroeste realmente muito bom, acima da média. Grande filme. Um belo momento da carreira de Alan Ladd, que aqui surge mais uma vez em sua quintessência.
O Rebelde Orgulhoso (The Proud Rebel, Estados Unidos, 1958) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Joseph Petracca, Lillie Hayward / Elenco: Alan Ladd, Olivia de Havilland, Dean Jagger, David Ladd, Harry Dean Stanton, John Carradine / Sinopse: Após o fim da guerra civil dos Estados Unidos, um ex-soldado confederado se arrisca a ir até o norte em busca de tratamento para seu filho que ficou sem falar após passar por um grande trauma. No caminho acaba se envolvendo numa luta por terras numa pequena cidade na fronteira entre norte e sul.
Pablo Aluísio.