A maravilhosa atriz Olivia de Havilland completou 100 anos de idade no último dia 1º de julho. Seus pais estavam no Japão, a trabalho, e ela nasceu na capital nipônica, Tóquio, nessa mesma data em 1916. Seus pais eram ingleses e nada poderia prever que ela se tornaria uma estrela de cinema (que na época ainda era algo novo, de futuro incerto). Quando tinha apenas 3 anos de idade seus pais, um professor e uma atriz frustrada, se divorciaram. A mãe então resolveu transformar seu sonho em realidade, indo morar na Califórnia onde haveria maior oportunidade de quem sabe dar certo como atriz. Não deu. O sonho porém se manteve vivo e ela resolveu investir em uma carreira para as duas filhas, Olivia e Joan Fontaine (que também teve uma bela carreira em Hollywood).
Quando era apenas uma colegial, Olivia começou a fazer peças de teatro, obviamente sempre incentivada pela mãe. Assim ela acabou chamando a atenção dos estúdios Warner. Um contrato lhe foi oferecido e a partir daí a vida de Olivia de Havilland mudou para sempre. A adaptação para o cinema da peça "Sonho de uma Noite de Verão" se tornou seu primeiro grande filme em 1935. Logo depois desse sucesso a Warner a escalou para atuar ao lado do ídolo de aventuras Errol Flynn em "Capitão Blood", um grande sucesso de bilheteria. Tão certo dariam juntos que a Warner a colocaria para atuar novamente ao lado de Flynn em "A Carga da Cavalaria Ligeira", "As Aventuras de Robin Hood" e "O Intrépido General Custer", entre outros. Muitos desses filmes foram dirigidos por Michael Curtiz, que sabia do potencial da jovem estrela. Curiosamente conforme os anos foram passando Olivia de Havilland começou a se aborrecer com os excessos de Flynn, até que finalmente decidiu que não iria mais atuar ao seu lado, algo que desagradou muito a direção da Warner Bros.
Essa pequena briga abriu espaço para que ela também trabalhasse em outros estúdios. Assim em 1939 Olivia participou do elenco estelar de um dos maiores filmes da história de Hollywood. Produzido pela MGM, "...E O Vento Levou" se tornou um filme inesquecível. Com o sucesso monumental ela finalmente teve a liberdade na carreira para interpretar grandes personagens em diversos filmes, fugindo da fórmula de mocinha em perigo que havia repetido inúmeras vezes ao lado de Errol Flynn em seus filmes de aventura, de piratas com muitas lutas de espada. Esses filmes faziam sucesso, tinham ótima bilheteria, mas Olivia acreditava que eles não abriam muita margem para ela ser reconhecida como uma grande atriz, uma dama da interpretação dramática.
Assim ela partiu em busca de bons roteiros e acabou obtendo êxito também nessa nova fase melodramática de sua carreira. Ao todo ela foi indicada cinco vezes ao Oscar, vencendo em duas ocasiões, com os filmes "Tarde Demais" de 1948 onde atuou ao lado de Montgomery Clift e "Só Resta Uma Lágrima" drama sentimental de 1946. Também foi indicada por "A Cova da Serpente", "A Porta de Ouro" e "...E O Vento Levou". Curiosamente ela parecia ter uma rivalidade ferrenha em relação a prêmios com a própria irmã, Joan Fontaine, o que rendia ótimas piadas e material para reportagens de fofocas de Hollywood na época.
No total ela atuaria em mais de 60 filmes, sendo que em 1988 resolveu se despedir de sua carreira com o telefilme "The Woman He Loved" que contava a história do rei Edward VIII que abdicou do trono inglês para se casar com uma americana divorciada. O fato é que ela já vinha trabalhando muito raramente desde a década de 1960, quando suas atuações foram ficando cada vez mais raras. Aos poucos ela resolveu deixar o glamour de Hollywood para se dedicar a sua família. Ela dizia que o cinema americano havia perdido seu charme com o passar dos anos. Desde então ela procurou evitar surgir em público, com algumas exceções - entre elas no Oscar de 2003. Aos 100 anos de idade Olivia agradeceu de coração as inúmeras homenagens que recebeu. Sem dúvida hoje em dia ela pode ser considerada um dos grandes mitos ainda vivos da era de ouro do cinema clássico.
Pablo Aluísio.
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