Mostrando postagens com marcador George Reeves. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador George Reeves. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Superman dos anos 50

A foto ao lado é muito significativa. Mostra um típico garotinho dos anos 50 ao lado do ator George Reeves, devidamente fantasiado de Superman, personagem ao qual interpretou em um seriado de TV de grande sucesso na década de 1950. O curioso em relação a Reeves é que sua biografia é uma parábola da própria sociedade americana dos chamados "anos dourados". Uma sociedade que vivia uma fachada de perfeição e prosperidade, mas que no fundo apenas ocultava um lado bem doentio do American Way of Life.

Recentemente o filme Hollywoodland retratou muito bem esse aspecto. Nele somos apresentados à história de George Reeves em Hollywood. Um ator de segundo escalão que, para sobreviver, teve que encarnar o personagem de quadrinhos na TV. Embora hoje estrelar um filme ou um seriado sobre Superman seja considerado a sorte grande para qualquer ator, nos anos 50 isso era simplesmente o fim da picada, o mais baixo que um aspirante ao estrelado poderia chegar. Para Reeves (cujo sobrenome é extremamente parecido com o de outro ator que também interpretou o homem de aço, Christopher Reeve), fazer um seriado para crianças nos anos 50 era o símbolo máximo do fracasso de sua carreira.

Embaixo da fantasia havia um homem que escondia vários problemas em sua vida particular. Sempre em busca de bons papéis George Reeves não pensou duas vezes ao se envolver com a mulher do vice presidente da MGM, Toni Mannix. Se envolvendo romanticamente com uma mulher mais velha, porém poderosa dentro do Star System em Hollywood, Reeves procurava chegar nas melhores produções do cinema na época. Até conseguiu, ao fazer uma ponta em A um Passo da Eternidade, mas parou por aí. Como todo ator que um dia chegou a interpretar um ícone da cultura pop, como Superman, ele ficou marcado para sempre pelo papel, o que tornava extremamente difícil ser levado a sério em outros papéis. Com o cancelamento do seriado o que era previsível aconteceu: Reeves ficou sem trabalho, passando por dificuldades financeiras.

Em 1959, segundo relatos oficiais, George Reeves se matou com um tiro. Sua morte porém sempre gerou dúvidas entre a imprensa e a comunidade em Hollywood. Será que realmente cometeu suicídio? Ao se envolver com uma mulher de um figurão da MGM Reeves também mexeu em um vespeiro. As teorias são muitas: para alguns o que aconteceu realmente foi homicídio, não se sabe cometido pelo vice presidente da MGM ou por sua esposa, que havia sido trocada por George Reeves por uma mulher mais jovem. A verdade provavelmente jamais será descoberta.

O filme Hollywoodland, estrelado por Ben Afleck (provavelmente em seu primeiro papel não canastrão em anos) e Adrien Brody, é uma pequena obra prima que deve ser descoberta. Retrata como poucos a hipocrisia reinante no círculo das grandes estrelas na capital do cinema durante os anos 50. Mostra o sórdido jogo de interesses existente por baixo da luzes das marquises de cinema, o uso de favores sexuais em troca de bons papéis, a verdade sobre os astros da época que não se faziam de rogados para chegar ao topo da carreira. Recentemente vários livros estão surgindo no mercado mostrando o verdadeiro lado obscuro de muitos mitos da época, como Marilyn Monroe e Clark Gable, desmascarando o jogo sujo da indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Certamente esse não era exclusividade apenas do ator que um dia foi mais rápido que uma bala e mais veloz do que um trem.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

...E O Vento Levou

Depois de quatro horas de filme, a sensação é de puro êxtase. Não há um mortal sequer que consiga ficar indiferente ao filme mais famoso e popular de Hollywood. Baseado no romance homônimo de Margareth Mitchel e vencedor do Prêmio Pulitzer de 1937,  "... E o Vento Levou" (Gone With The Wind - 1939) é daqueles filmes onde tudo funciona, tudo se encaixa perfeitamente e o time de atores, juntamente com os diretores, produtor e roteirista, forma uma espécie de mosaico que beira à perfeição. O longa é ambientado no início da Guerra da Secessão (1861-1865) e conta a vida de Gerald O'Hara um imigrante irlandês que fez fortuna e vive em sua mansão,Tara, na Georgia, sul dos EUA, junto com sua filha adolescente, Scarlett O'Hara (Vivien Leight).

A jovem Scarlett nutre uma paixão crônica e doentia por Ashley Wilkes. Porém o que ela não sabe é que Wilkes está de casamento marcado com a sua própria prima. Em meio a um verdadeiro redemoinho de paixões, mágoas e ressentimentos que coincidem com o início da guerra, surge o indefectível Rhett Buttler (Clark Gable), um espertalhão que diante do conflito, não toma partido para nenhum lado. Na verdade Rhett é um misto de mulherengo, cínico e mau-caráter que mantém sem muito esforço, correndo em suas veias, muito humor, além de doses generosas de testosterona.

O clássico tem cenas inesquecíveis como o grandioso incêndio que torra a cidade de Atlanta, facilitando a invasão dos Ianques do norte e levando os Confederados e escravocratas sulistas ao desespero. Destaque também para a trilha sonora de acordes celestiais assinada por Max Steiner. A música, derrete, como fogo de maçarico, os corações humanos mais duros. Mas a estrela do grande épico é a espevitada Scarlett O'Hara, papel que caiu no colo de  uma inglesinha, nascida na Índia, chamada Vivian Leigh. A excepcional atriz - que doze anos mais tarde brilharia junto com Marlon Brando no clássico "Uma Rua Chamada Pecado" (1951) - disputou de forma incansável a concorrida vaga para o papel de Scarlett O'Hara com gente não menos ilustre como: Katharine Hepburn, Bette Davis e Lana Turner. A disputa foi tão acirrada que Vivien só conseguiu a vaga quando as filmagens já haviam começado. Vivien foi uma escolha pessoal do todo poderoso produtor David Selznick e brilhou intensamente na pele de uma Scarlett O' Hara  histriônica e mimada.

Outro destaque fica por conta de Clark Gable, que aqui vive seu personagem mais famoso (Rhett Butler). Na verdade a primeira escolha para viver Rhett recaiu sobre Errol Flynn que era um desejo pessoal do produtor David O' Selznick. Mas diante da negativa da Warner em liberar Flynn e de um pedido pessoal de Carole Lombard - que era esposa de Gable e amiga pessoal de Selznick - Clark , finalmente foi o escolhido. Reza a lenda que Clark relutou muito em aceitar o famoso papel, já que estava com 38 anos e não queria encarnar nas telas um sujeito malandro e conquistador de uma adolescente. Outra maravilha fica por conta da fotografia em Technicolor da dupla Ernest Haller e Ray Rennahan que além de representar uma revolução para a época, hipnotizou as plateias de todo o mundo. O clássico teve treze indicações ao Oscar, mas levou "apenas" dez. Um filme realmente extraordinário.

... E O Vento Levou (Gone with the Wind, EUA, 1939) Direção: Victor Fleming / Roteiro: Sidney Howard baseado na novela de Margaret Mitchell / Elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Olivia de Havilland, Thomas Mitchell, George Reeves / Sinopse: As paixões, lutas e glórias de uma família americana durante os terríveis anos da Guerra Civil.

Telmo Vilela Jr.