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segunda-feira, 24 de março de 2014

Ela

Título no Brasil: Ela
Título Original: Her
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, Sony Pictures
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze
Elenco: Joaquin Phoenix, Amy Adams, Scarlett Johansson

Sinopse:
Theodore (Joaquin Phoenix) tem uma vida das mais aborrecidas. Ele trabalha em um emprego chato onde escreve todos os dias cartas de pessoas que não querem escrever nada. Para piorar está solitário após se separar de sua esposa que está pedindo o divorcio. Um clima de melancolia e até depressão ronda sua existência. Trabalhando com computadores o dia todo ele se interessa por um novo programa, um sistema operacional de inteligência artificial que promete fazer companhia e trocar ideias com seu dono. Para sua completa surpresa o tal sistema operacional é muito mais do que ele esperava. Auto intitulado Samantha ela interage com ele, lhe dá dicas do dia a dia, organiza sua vida online e superando todas as suas expectativas começa a desenvolver um relacionamento em nível pessoal que vai muito além da simples amizade.

Comentários:
"Ela" é uma crônica dos dias atuais quando a tecnologia acaba virando uma muleta emocional para pessoas solitárias ou com problemas de relacionamento. Spike Jonze trata desse tema com sensibilidade mas como todos sabemos ele não é um cineasta para todos os públicos. Seus filmes estão cheios de ideias que para muitas pessoas são bizarras e estranhas demais para curtirem. Esse aqui é um pouco mais palatável do que os anteriores mas o sentimento de estar vendo algo bem surreal se mantém o tempo todo. O roteiro premiado com o Oscar de Spike Jonze tem sido louvado por ser muito original e criativo mas será mesmo? Computadores com personalidade não são novidade no mundo do cinema. Assim que o filme começou e Samantha deu inicio ao seu "relacionamento" com Theodore me lembrei imediatamente de HAL 9000, o computador de inteligência artificial de "2001 Uma Odisséia no Espaço". Tudo bem que o enfoque aqui é outro, mais centrado em relações humanas, mas no fundo ambos os roteiros são bem semelhantes.

Mesmo assim temos que reconhecer que é um filme por demais interessante, valorizado enormemente pela atuação inspirada de Joaquin Phoenix. Perceba que na maioria das cenas ele está praticamente sozinho, atuando apenas com uma voz. Esse tipo de trabalho como ator exige um nível de absorção e concentração no papel que realmente impressiona. Idem para a atriz Scarlett Johansson que interpreta Samantha. Ela tem uma voz ao mesmo tempo meiga, quase adolescente mas também astuta. Sua atuação é outro ponto muito impressionante do filme. De uma forma em geral gostei de muitas coisas. A direção de arte por exemplo recria um mundo onde Theodore vive que é tão asséptico e sem personalidade como ele próprio. O cineasta mostra ao fundo uma cidade americana sufocante, poluída, imersa em tecnologia mas também em profunda solidão. Isso foi algo que me chamou bastante a atenção. Talvez a única critica mais severa que faria a Spike Jonze seria sobre a duração do filme. Mais de duas horas me pareceu um pouco demais. Pelo contexto, tudo poderia ter um pouco mais de agilidade pois não há como negar que certas situações vão se repetindo ao longo da trama e isso deixa o filme um pouco cansativo a partir de determinado ponto. Outro aspecto que pode incomodar um pouco é a obsessão do roteiro com sexo virtual pois a relação entre homem e máquina poderia se desenvolver em um nível mais intelectual, vamos colocar desse modo. Dito isso quero deixar claro que, apesar dos deslizes, ainda tiro o meu chapéu para "Ela", um filme realmente tão emotivo e inteligente como a própria Samantha!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Brigada 49

Depois de 11 de setembro de 2001 os bombeiros americanos, que já tinham status de salvadores e guardiões da sociedade, ganharam ainda mais credibilidade junto ao público em geral se tornando verdadeiros heróis. De fato os atos de bravura e heroísmo que todo o mundo presenciou naquela manhã no WTC consolidaram ainda mais na mente das pessoas essa imagem. Não tardaria para o cinema explorar esse filão. Um dos mais interessantes filmes feitos sobre os bombeiros americanos foi esse "Brigada 49". O foco do roteiro não se concentrava apenas nas cenas de ação, salvamentos e incêndios mas também na vida pessoal desses profissionais. Assim o argumento acaba girando em torno de dois personagens principais, o veterano capitão Mike Kennedy (John Travolta) e o bombeiro Jack Morrison (Joaquin Phoenix, como sempre atuando bem).

Como não poderia deixar de ser vários bombeiros reais se uniram aos atores para dar maior veracidade nas cenas de fogo. Uma delas causou até mesmo transtorno na cidade de Baltimore. Acontece que um dos incêndios do filme foi tão bem recriado e encenado que moradores locais chegaram ao ponto de chamar os bombeiros de verdade da cidade, que foram prontamente acionados, chegando no set de filmagens pensando tratar-se de um evento real. Travolta está como sempre em seu modo habitual. Meio sem levar muita coisa à sério, mas sem prejudicar o filme. Ele chegou a improvisar diversas cenas, criando e  usando muitos cacos, como na sequência em que bebe em um bar da cidade. Em termos de elenco o destaque vai mesmo para Joaquin Phoenix que se preparou para seu papel, passando mais de um mês fazendo treinamento de fogo com os bombeiros da décima brigada de Baltimore. Enfim, temos aqui um bom entretenimento. Para finalizar quero deixar a dica da série "Chicago Fire" que atualmente está em exibição nos EUA e no Brasil pelos canais a cabo. O mesmo universo dos bombeiros é explorado tal como vemos nesse filme. Dessa forma se o assunto lhe chama a atenção então não deixe de conferir também o seriado do canal ABC.

Brigada 49 (Ladder 49, Estados Unidos, 2004) Direção: Jay Russell / Roteiro: Lewis Colick / Elenco: John Travolta, Joaquin Phoenix, Morris Chestnut, Robert Patrick, Balthazar Getty, Jay Hernandez / Sinopse: A vida e o cotidiano de dois bombeiros da Brigada 49. Suas lutas profissionais e pessoais são mostradas nesse filme realizado em homenagem a esses profissionais que arriscam todos os dias suas vidas em benefício da sociedade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sinais

Nas décadas de 70 e 80 começaram a surgir estranhos desenhos em plantações dos EUA e Inglaterra. Eram símbolos ou sinais bem delimitados, feitos com bastante precisão. Na época houve muita especulação sobre as origens de tais sinais e como sempre acontece nesse tipo de situação logo surgiram teorias bem curiosas. Algumas atribuíam essas marcações nas plantações a visitas de civilizações extraterrestres. Hoje em dia sabe-se que a maioria foi realmente feita por fazendeiros com muito tempo livre mas de uma forma ou outra a lenda prosperou e assim entrou dentro da cultura pop. Foi partindo dessa premissa que o cineasta M. Night Shyamalan resolveu explorar de forma bem imaginativa esse curiosos desenhos geométricos. “Sinais” foi realizado em uma época de prestigio e sucesso na carreira do diretor (hoje em dia ele sofre de uma crise criativa sem precedentes como todos sabemos). O enredo mostrava uma típica família americana do interior. Morando em uma pequena fazenda no meio oeste daquele país eles logo descobrem o fenômeno presente em suas próprias plantações.

O chefe da família é o Reverendo Graham Hess (Mel Gibson). Ele passa por uma séria crise de fé após a morte de sua esposa. Ao seu lado moram seus filhos e seu irmão. A rotina pacata da família começa a mudar quando Graham percebe vários desenhos em seu campo de cultivo. Sem maiores explicações ele tenta compreender do que se trata tudo aquilo até o dia em que entende que no fundo os tais desenhos são na verdade mapas de sinalização para localização de naves extraterrestres. Fantasioso demais para você? Achou parecido com filmes de ficção da década de 50? De certa forma sim, M. Night Shyamalan tentou recriar de alguma maneira o charme daquelas antigas produções sci-fi mas com um diferencial: ele também investiu bastante em criar um clima de tensão e medo ao estilo Hitchcock. Outro aspecto positivo é a maneira como o diretor tenta mostrar a suposta invasão alienígena. Ele parte do ponto de vista da família, a forma como seria vista esse tipo de situação sob o olhar de um grupo familiar comum e não de forma estrondosa e espetacular como em filmes como “Independence Day”. Mel Gibson, um ator complicado de se dirigir está bem e o restante do elenco não compromete. Da safra mais bem sucedida de M. Night Shyamalan “Sinais” é certamente um dos mais criativos e imaginativos filmes de sua autoria. Para quem gosta do estilo do cineasta realmente é um prato cheio.

Sinais (Signs, Estados Unidos, 2002) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Elenco: Mel Gibson, Joaquin Phoenix, Rory Culkin / Sinopse: uma típica família do interior dos Estados Unidos é surpreendida por uma iminente invasão extraterrestre.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O Mestre

Freddie (Joaquin Phoenix) é um marinheiro que durante a segunda guerra mundial participa da chamada batalha do Pacífico. De volta aos EUA tenta reconstruir sua vida, geralmente exercendo trabalhos que não exigem muita qualificação profissional. O mais relevante porém é que ao retornar à vida civil ele traz consigo um leve distúrbio mental, de personalidade, o que o faz ter acessos de fúria e raiva. Sua vida só muda completamente quando ele conhece um carismático líder de uma nova seita um tanto quanto exótica, Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman). Essa nova maneira de pensar e crer se funda na idéia de que todos os seres humanos passam por diversas vidas ao longa de sua existência espiritual, evoluindo e aprendendo em cada reencarnação. Todd assim prega uma série de exercícios mentais que possibilitam descobrir inclusive as existências passadas, em uma regressão psicológica no tempo e espaço. Usando de muita sutileza e poder de sugestão ele vai criando sua fama ao desvendar para pessoas ricas e influentes as suas supostas vidas passadas. “O Mestre” é o novo filme do diretor Paul Thomas Anderson, um cineasta que evita o banal e sempre procura pelo improvável, pelo inesperado. Suas lentes agora são focadas em um tipo de religião que se tornou bastante popular no pós guerra nos EUA. Tentando conciliar crenças espirituais com ciência muitas dessas seitas prosperaram e estão até hoje por lá, sendo uma das mais conhecidas a Cientologia, que é seguida por diversas celebridades como Tom Cruise e John Travolta. O personagem interpretado por Philip Seymour Hoffman é obviamente calcado no criador e líder espiritual da tal Cientologia, L. Ron Hubbard, que acreditava haver ligação entre a humanidade e seres de outro planeta que aqui estiveram e criaram a raça humana em tempos primitivos.

O curioso no roteiro desse filme é que sem fazer um juízo de valor explícito o enredo se contenta em apenas mostrar as pessoas que giram em torno do líder Lancaster Todd. Sua esposa, por exemplo, é uma jovem convicta em suas crenças, bem ao contrário de sua filha que não pensa duas vezes antes de seduzir o marujo Freddy praticamente na frente de todos. Os tipos são pouco comuns, excêntricos e até mesmo bizarros. O filme se desenvolve de forma gradual, sem pressa. Seu grande mérito é o elenco, realmente em ótimo momento. Philip Seymour Hoffman sempre impressiona, pois é realmente um grande ator. Sua interpretação do “mestre” é marcante. Um sujeito que parece viver em seu próprio mundo, com suas próprias verdades absolutas. Dono de uma retórica rebuscada (e muitas vezes vazia de sentido e conteúdo) ele vai agrupando simpatizantes por onde passa. Philip Seymour Hoffman se saí excepcionalmente bem em sua caracterização, ora surgindo como um sujeito bonachão, de fala suave e personalidade cativante, ora tendo acessos de intolerância com quem ousa contestar suas idéias malucas. Se Philip Seymour Hoffman brilha o que podemos dizer de Joaquin Phoenix? Aqui ele realmente parece incorporar seu papel. Excessivamente magro, torto, como se transferisse toda a sua confusão mental para o seu próprio corpo, o ator realmente surge com um trabalho impressionante, o melhor de sua carreira até o momento. Seu Freddie é praticamente uma força da natureza, que não consegue chegar nem perto da sofisticação da lábia de Lancaster Todd, mas que o segue, como se ele fosse sua única tábua de salvação em sua confusa existência. Não é à toa que filme ganhou indicações para todos os principais atores em cena, sendo indicado aos Oscars de Melhor Ator (Joaquin Phoenix), Ator Coadjuvante (Philip Seymour Hoffman) e Atriz Coadjuvante (Amy Adams). Em termos de atuação o filme é realmente maravilhoso. Assim, em conclusão, podemos dizer que "O Mestre" é um belo trabalho sensorial que procura através de seus personagens diferentes desvendar o lado mais sombrio da alma humana. Consegue como poucos filmes mostrar o lado mais patético de algumas crenças religiosas e espirituais, mas tudo feito com muita elegância e estilo. É outro excelente filme com a assinatura de Paul Thomas Anderson, que consegue lidar com um tema tão complicado de forma muito talentosa.

O Mestre (The Master, Estados Unidos, 2012) Direção: Paul Thomas Anderson / Roteiro: Paul Thomas Anderson / Elenco: Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Laura Dern, Rami Malek, Jillian Bell, Kevin J. O'Connor, W. Earl Brown / Sinopse: Durante o pós guerra um líder carismático de uma seita denominada "A Causa" consegue formar um grupo de seguidores ao seu redor. Pregando a existência de diversas vidas passadas em reencarnações, ele saiu doutrinando a todos por onde passa na América da década de 1950. Vencedor do Leão de Prata de Melhor Direção e de Melhor Ator para Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman, no Festival de Veneza.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A Vila

Muitas pessoas torceram o nariz para “A Vila”, um dos filmes mais conhecidos do diretor indiano M. Night Shyamalan. Eu me recordo perfeitamente da reação do filme na época de seu lançamento. Ao final da exibição muitos espectadores declararam que se sentiram literalmente traídos pois pensavam estar vendo um tipo de filme para no final se revelar outro completamente diferente. Eu penso diferente, da safra lançada desse cineasta após o grande marco “O Sexto Sentido”, “A Vila” pode ser até mesmo ser considerado um de seus melhores momentos no cinema. De fato é aquele tipo de roteiro onde se deve falar o mínimo possível pois a surpresa das cenas finais é que dá a tônica do filme. A estória de “A Vila” se passa supostamente no ano de 1897. Em uma comunidade rural do Estado da Pensilvânia de apenas 60 moradores encontramos uma perene sensação de medo e suspense entre os habitantes. Acontece que a vila é cercada por uma extensa floresta que seria habitada por criaturas terríveis e sobrenaturais. Há anos que nenhum morador local adentra a mata fechada. O confinamento porém começa a ser questionado pelos mais jovens, entre eles Lucious (Joaquin Phoenix) que tem o desejo de conhecer terras distantes, novos lugares, novas pessoas. Seu desejo de ultrapassar as fronteiras de sua pequenina vila, chamada de Covington, acabará por revelar um grande segredo, guardado a sete chaves pelos mais velhos.

Um dos maiores exageros em relação a Shyamalan ocorreu justamente no lançamento desse filme. De uma hora para outra muitos admiradores e até críticos renomados de cinema começaram a afirmar que o cineasta era o legítimo sucessor do cinema de Alfred Hitchcock. Afinal de contas seus intrigados roteiros também se sustentavam em muito suspense e tensão. Conforme se descobriu depois pouca consistência existia nessa comparação. Além de ser um erro em si comparar dois diretores diferentes, a semelhança só serviu para mostrar a debilidade da obra do indiano. Certamente ele sabe criar climas e momentos de suspense, o problema é que seus roteiros muitas vezes são mal trabalhados e não dão a estrutura necessária para suas tramas. A Vila é um exemplo. Ele arquiteta toda uma situação para enganar o espectador na cena final. Não que isso seja ruim, faz parte do jogo, o problema é que a revelação se mostra apressada, mal revelada, jogada de qualquer jeito no colo do público. Não é de se admirar o descontentamento que houve nas primeiras sessões. Faltou sutileza a ele no momento da revelação, algo que jamais faltou ao velho e bom mestre do suspense, Hitchcock. Além do mais uma vez revelado o tal segredo pouca coisa sobreviveu do filme – e os furos começam a surgir quando o espectador começa a levantar hipóteses que desmascarariam tudo com certa singeleza. Como resultado descobrimos que “A Vila” passa longe da boa trama de “O Sexto Sentido”, sendo no fundo apenas um simulacro, assim como as tais criaturas da floresta.

A Vila (The Village, Estados Unidos, 2004) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Elenco: Joaquin Phoenix, Bryce Dallas Howard, William Hurt, Sigourney Weaver, Adrien Brody./ Sinopse: Numa pequena comunidade rural do século XIX um grupo de moradores vivem com medo de estranhas e misteriosas criaturas que habitam a floresta que cerca sua vila. Tudo porém começa a desmoronar quando os mais jovens tentam explorar os segredos da região adentrando a mata local em busca de respostas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Johnny & June

Johnny Cash (1932 - 2003) foi um artista diferente. Ele surgiu na mesma geração de grandes cantores descobertos por Sam Phillips na pequenina Sun Records em Memphis. Dessa gravadora despontou toda uma geração inovadora e revolucionária na música americana, grandes nomes como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Carl Perkins, tiveram sua primeira grande oportunidade lá. O que diferenciava Cash de todos esses outros intérpretes era o teor de suas músicas e o acentuado lirismo country que as embalava. Cash tinha um universo muito pessoal, suas canções geralmente retratavam a vida dos que estavam à margem da sociedade, como os presidiários, os pobres e os sofridos. Essa sua preferência pelo lado mais outsider da sociedade americana legou a ele um público muito fiel e devoto. A carreira de Cash também foi muito produtiva pois ele sempre estava gravando discos, fazendo shows, programas de TV e até cinema, era um verdadeiro workaholic em sua profissão. Transpor uma vida tão rica assim para um único filme não seria nada fácil. Por isso os produtores de “Johnny & June” optaram, de forma muito acertada, em focar o roteiro e o filme em cima do conturbado relacionamento de Johnny Cash com June Carter, também uma cantora que fazia parte de uma extensa linha familiar de artistas Country and Western.

O resultado do que se vê na tela é muito bom, beirando o excepcional. Joaquin Phoenix no papel principal conseguiu passar muito da personalidade de Cash. Ele tinha essa sensação de nunca se enquadrar, de nunca se sentir plenamente aceito. Phoenix inegavelmente deu muito brilho ao seu papel de Johnny Cash. Até mesmo pequenos detalhes, como maneirismos do cantor e a forma como ele segurava e tocava seu violão, o ator levou para seu trabalho no filme Já Reese Witherspoon também está muito satisfatória no papel de June Carter, muito embora ainda ache que seu Oscar de Melhor Atriz foi um pouco excessivo. Certamente ela está bem mas não a ponto de receber uma premiação tão importante. Provavelmente tenha sido premiada mais pela relevância de seu nome dentro da indústria do que pela atuação em si. Embora seja uma obra tecnicamente muito bem realizada o filme só desliza um pouco quando mostra Cash enfrentando problemas com drogas. Nesse ponto o filme perde muito de seu charme, se tornando um tanto quanto maniqueísta e forçado. Fora isso nada a reclamar. A trilha está recheada das imortais canções do homem de preto e conta ainda com cenas de shows muito bem realizadas. Após seu lançamento "Johnny & June" foi premiado com o Globo de Ouro de Melhor Filme na categoria Comédia / Musical. Um prêmio, esse sim, bem merecido.

Johnny & June (Walk the Line, Estados Unidos, 2005) Direção: James Mangold / Roteiro: Gill Dennis, James Mangold / Elenco: Joaquin Phoenix, Reese Witherspoon, Ginnifer Goodwin, Robert Patrick, Shelby Lynne, Dan Beene, Larry Bagby, Lucas Till, Ridge Canipe, Hailey Anne Nelson./ Sinopse: Cinebiografia do cantor e compositor Johnny Cash (Joaquim Phoenix) mostrando seu conturbado relacionamento amoroso com June Carter (Reese Witherspoon).

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de novembro de 2012

Gladiador

Em 1994 Steven Spielberg se uniu a David Geffen e Jeffrey Katzenberg para fundar um novo estúdio em Hollywood chamado Dreamworks. Era o sonho do diretor em ter seu próprio estúdio de cinema. Depois de muitos fracassos e erros a Dreamworks, praticamente falida, foi vendida para a Paramount. Olhando para trás o grande momento dessa empresa aconteceu mesmo com esse Gladiador que foi sucesso de público e crítica, tendo sido premiado com os Oscars de Melhor Ator (Russel Crowe), Figurino, Efeitos Visuais, Melhor Filme, Som e foi indicado aos de Ator Coadjuvante (Joaquin Phoenix), Direção de Arte, Fotografia, Direção (Ridley Scott), Edição, Trilha Sonora e Roteiro Original. Como se vê a Academia se rendeu mesmo à produção. Na realidade Gladiador representou mesmo uma tentativa de se voltar aos anos de ouro do cinema americano onde os filmes não eram apenas peças de marketing, mas cinema espetáculo, produções milionárias que tinham como objetivo causar comoção no público, disponibilizar uma experiência única ao espectador que se sentia na própria antiguidade, revivendo os grandes momentos da história. O filme referência desse Gladiador é obviamente Ben-Hur, o épico recordista de Oscars que até hoje em dia é sinônimo de grandeza nas telas. Outro filme no qual Ridley Scott procurou se inspirar foi em "A Queda do Império Romano", que inclusive se passa na mesma época da história Romana que esse Gladiador.

Como não poderia deixar de ser a produção do filme é de encher os olhos. Muito do que se vê nas telas foi recriado digitalmente, perdendo de certa forma o impacto que os antigos filmes tinham pois todos os cenários eram realmente construídos. Mesmo assim tudo é de certa forma tão bem feito, tão bem realizado, que não podemos ignorar o impacto do filme ao se assistir. A trilha sonora também soa evocativa aos grandes épicos do passado. Ridley Scott deixa certos maneirismos irritantes de sua filmografia e se concentra em contar da melhor forma possível a estória do general romano Maximus (Russell Crowe) que após a morte do Imperador Marcus Aurelius (Richard Harris) cai em desgraça pois o novo Imperador, Commodus (Joaquin Phoenix), o vê como um inimigo na sua sucessão. Após muitas reviravoltas ele acaba indo parar nas grandes arenas de gladiadores. A sua luta agora se trava nessas areias onde tentará sobreviver a cada combate mortal. O filme havia sido escrito especialmente para Mel Gibson que declinou do convite por se achar fora da idade ideal para interpretar um gladiador. Melhor para Russell Crowe que a partir dessa produção virou astro de primeira grandeza. Uma pena que o sucesso de Gladiador não tenha salvado a Dreamworks da falência anos depois. De qualquer modo ficou como símbolo do que de melhor o estúdio de Spielberg conseguiu realizar. Uma volta corajosa aos grandes épicos do passado.

Gladiador (Gladiator, Estados Unidos, 2000) Direção: Ridley Scott / Roteiro: David H. Franzoni, John Logal, William Nicholson / Elenco: Russell Crowe, Joaquin Phoenix, Oliver Reed, Richard Harris, Derek Jacobi, Connie Nielsen./ Sinopse: Gladiador conta a estória do general romano Maximus (Russell Crowe) que após a morte do Imperador Marcus Aurelius (Richard Harris) cai em desgraça pois o novo Imperador, Commodus (Joaquin Phoenix), o vê como um inimigo na sua sucessão.Após muitas reviravoltas ele se vê nas areias das grandes arenas de gladiadores. A sua luta agora se trava nesse espaço, onde tentará sobreviver a cada combate mortal.

Pablo Aluísio.