Mostrando postagens com marcador Dustin Hoffman. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dustin Hoffman. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Negócios de Família

Título no Brasil: Negócios de Família
Título Original: Family Business
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Vincent Patrick
Elenco: Sean Connery, Dustin Hoffman, Matthew Broderick

Sinopse: 
Uma família de criminosos entra em conflito após o avô Jessie (Sean Connery) cumprir sua longa pena por assalto. De volta às ruas ele pretende retomar sua vida de delitos. Para isso acaba convidando seu neto,  Adam (Matthew Broderick), para participar de um plano envolvendo um ousado assalto a banco. O convite acaba sendo combatido pelo pai de Adam, Vito (Dustin Hoffman), um ex-criminoso que agora está tentando voltar a uma vida honesta.

Comentários:
Um filme que tinha tudo para se tornar uma pequena obra prima mas que ficou pelo meio do caminho, assim podemos definir esse "Family Business" que prometia muito, principalmente por causa do excelente elenco, mas que cumpriu pouco. O resultado é morno, o que é de surpreendente pelos talentos envolvidos. Até mesmo o grande Sidney Lumet se mostra sem inspiração, burocrático mesmo. Outro aspecto muito curioso é que os atores não tinham faixa etária para representarem avô, pai e filho - as idades não batiam. Mesmo assim o estúdio ignorou isso e todos foram escalados, principalmente por causa de seu apelo comercial junto ao público. Dos três astros do elenco principal (que eu particularmente aprecio muito de outros trabalhos) o que se sai melhor em cena é Dustin Hoffman. É o único que parece ter se preocupado em desenvolver melhor seu personagem. Os demais não se destacam muito. Sean Connery não parece levar o seu papel muito à sério e Matthew Broderick está ofuscado, talvez pelo brilho natural dos mais veteranos. Interessante também notar que Broderick teve uma oportunidade incrível de trabalhar ao lado de verdadeiros monstros do cinema por essa época, inclusive trabalhando com o mito Marlon Brando em "Um Novato na Máfia".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ishtar

Título no Brasil: Ishtar
Título Original: Ishtar
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Elaine May
Roteiro: Elaine May
Elenco: Warren Beatty, Dustin Hoffman, Isabelle Adjani, Charles Grodin

Sinopse: 
Dois cantores americanos de segunda linha contratados para trabalhar em um hotel do Marrocos acabam se envolvendo numa complexa trama envolvendo agentes da CIA, chefes políticos árabes e rebeldes revolucionários.

Comentários:
Pouca gente vai se lembrar desse filme até porque pouca gente viu, mesmo na época. "Ishtar" foi um dos maiores fracassos da história de Hollywood, um filme que deu tanto prejuízo que quase afunda as carreiras dos atores Warren Beatty e Dustin Hoffman! A premissa era terrivelmente ruim e o filme, que pretendia ser uma comédia bem humorada lidando com os problemas dos países árabes, logo se tornou um vexame alheio, fruto do roteiro confuso, sem foco algum e o pior, contando com um sem número de cenas vergonhosamente mal feitas, sem graça, obtusas. Por isso certo estava o público que não gastou seu dinheiro para ver essa coisa. Para se ter uma ideia do desastre financeiro de "Ishtar" basta consultar os números. O filme custou 51 milhões de dólares (um absurdo para a época) e faturou no mercado americano 14 mil dólares!!! Faltou pouco para a Columbia Pictures abrir falência! Para não dizer que nada presta temos pelo menos de brinde a quem se aventurou a ver esse abacaxi a presença maravilhosa de Isabelle Adjani. Jovem, no auge da beleza, ela consegue por poucos momentos diminuir a tortura de assistir a esse "Ishtar", um filme simplesmente pavoroso, em todos os sentidos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Esfera

Junte um grupo de atores desesperados por um sucesso de bilheteria após sucessivos fracassos comerciais, una a uma adaptação de livro de sucesso de autoria de Michael Crichton e acrescente um diretor veterano. O resultado? “Esfera”, uma ficção científica que foi criada para se tornar um blockbuster mas que falhou completamente em suas pretensões pois foi um fracasso de bilheteria. A trama acompanha um grupo de cientistas das mais diferentes áreas do conhecimento humano (astrofísica, matemática, bioquímica, psicologia, etc) que partem para uma missão das mais complexas: analisar o que parece ser uma espaçonave secular afundada nas profundezas do Oceano Pacífico. Como não poderia deixar de ser o contato com essa tecnologia extraterrestre é ultra confidencial, de ciência apenas dos altos escalões do governo americano. O que encontram porém irá mudar o destino de todas aquelas pessoas da equipe de pesquisa, alterando psicologicamente o modo deles entenderem o universo e o mundo ao redor.

A obra de Michael Crichton não tem segredo. Sob uma falsa capa de ciência e seriedade sempre se escondeu um escritor pop por excelência. Seus livros nunca foram feitos para serem levados à sério do ponto de vista científico. São no fundo apenas aventuras infanto-juvenis sob uma máscara de profundidade. Do ponto de vista da ciência são apenas bobagens divertidas. Esse “Esfera” não foge desse padrão. Como se não bastasse ter que encarar a loira Sharon Stone como cientista, o espectador ainda tem que esquecer os vários furos do roteiro que vão surgindo em seqüência para aproveitar o filme apenas como passatempo ligeiro, mesmo que a produção tenha muitas pretensões de ser levada a sério. O resultado é pífio do ponto de vista científico e fraco no quesito diversão. A única coisa que salva “Esfera” de ser um desperdício completo é a excelente qualidade técnica de seus efeitos digitais (ainda em fase de experimentalismo no mundo do cinema). Esses realmente fazem valer a pena o tempo em que se perde vendo todo o restante do papo pseudo científico mostrado nas cenas. De resto Sharon Stone tenta mas não consegue demonstrar que era uma boa atriz e Dustin Hoffman mostra certo constrangimento por estar fazendo papel de coadjuvante de luxo. E a tal esfera do título? Do que se trata? Ora, veja o filme para descobrir e boa sorte!

Esfera (Sphere, Estados Unidos, 1998) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Kurt Wimmer,Stephen Hauser e Paul Attanasio baseados no livro de Michael Crichton / Elenco: Dustin Hoffman, Samuel L. Jackson, Sharon Stone, Queen Latifah / Sinopse: A trama acompanha um grupo de cientistas das mais diferentes áreas do conhecimento humano (astrofísica, matemática, bioquímica, psicologia, etc) que partem para uma missão das mais complexas: analisar o que parece ser uma espaçonave secular afundada nas profundezas do Oceano Pacífico.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Todos os Homens do Presidente

Já que estamos vivendo mais um momento de grandes escândalos políticos envolvendo altos figurões do governo brasileiro que tal relembrar esse grande filme de temática levemente parecida? “Todos os Homens do Presidente” retrata os bastidores do chamado caso Watergate, um dos maiores escândalos políticos da história dos Estados Unidos que chegou a custar a presidência do governo Nixon. Encurralado e desmascarado por dois grandes jornalistas do Washington Post que foram a fundo em suas investigações, Nixon não encontrou outra saída e decidiu renunciar ao seu mandato em razão das enormes pressões envolvidas. E o que foi o Watergate? Simplesmente uma tática ilegal promovida pelo Partido Republicano para espionar as estratégias do Partido Democrata antes das eleições. Watergate era o prédio onde funcionava um dos escritórios centrais dos democratas e ele foi invadido na calada da noite pela liderança Republicana. O fato, considerado gravíssimo, colocou por terra o prestigio do Presidente Nixon que se vendo envolvido em um ato criminoso como esse acabou perdendo a presidência do país. Claro que se formos comparar com os nossos escândalos tupiniquins como Mensalão e outros absurdos, Watergate pode soar pueril, quase infantil pois aqui abaixo do Equador a coisa é bem mais barra pesada. De qualquer modo o filme, feito em tom semi-documental, mostra de forma até didática o trabalho desses dois jornalistas que desvendaram toda a história.

Outro aspecto interessante de toda essa história foi a participação de um misterioso personagem que serviu como fonte para os jornalistas. Usando do pseudônimo de “Garganta Profunda” ele passou valiosas informações que se revelaram verdadeiras conforme as investigações seguiam em frente. Os personagens principais do filme, os jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein do Post, são interpretados pelos grandes atores Robert Redford e Dustin Hoffman, respectivamente. Ambos lidam com um material mais intelectual, sem arroubos de ação ou algo do tipo. Suas atuações são sutis, programadas para envolver o espectador e no final se revelam extremamente bem realizadas. Redford no auge da carreira esbanja elegância e fibra. Hoffman não fica atrás. O filme foi dirigido por Alan J. Pakula, um militante do cinema mais socialmente engajado do ponto de vista político. Ele já tinha obtido ótimas críticas pelo seu filme anterior, “A Trama”, e manteve a excelência artística aqui também. Um diretor bastante autoral que em mais de uma dezena de filmes procurou sempre desenvolver grandes teses em tramas complexas e bem desenvolvidas, sempre mostrando o lado mais sórdido da vida política de seu país. Sem dúvida esse “Todos os Homens do Presidente” foi seu maior trabalho, sua obra prima, e que lhe trouxe maior reconhecimento. O sucesso tanto de crítica como de público lhe valeu a indicação de oito Oscars, perdendo injustamente o prêmio de melhor filme para “Rocky um Lutador”. Pelo menos acabou vencendo ainda em categorias importantes como Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante (Jason Robards), Em conclusão aqui está uma das melhores produções de Hollywood sobre tema político. Um filme que traz para debate a importância da imprensa livre em um Estado democrático de Direito. Especialmente recomendado para estudantes de jornalismo e jornalistas em geral. Para esses realmente é um filme obrigatório pois discute ética na política e o papel da imprensa nesse processo de forma impecável.

Todos os Homens do Presidente (All the President's Men, Estados Unidos, 1976) Direção: Alan J. Pakula / Roteiro: William Goldman baseado no livro de Carl Bernstein e Bob Woodward / Elenco: Robert Redford, Dustin Hoffman, Jack Warden, Martin Balsam, Hal Holbrook, Jason Robards / Sinopse: "Todos os Homens do Presidente" mostra os bastidores do caso Watergate que levaria o Presidente americano Richard Nixo à renúncia.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Perfume - A História de um Assassino

Baseado no Best-Seller homônimo do escritor alemão Patrick Süskind, com o título original - Das Parfum, die Geschichte eines Mörders - o longa - "O Perfume, A História de Um Assassino" - nos apresenta a impressionante história de Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw), um rapaz que nasceu em Paris no século XVIII, literalmente na rua e na podridão de um fétido mercado de peixes. Depois de perder sua mãe, Grenouille é criado num orfanato onde descobre que é destituído de cheiro próprio. Aos poucos o tresloucado vai descobrindo que possui um poder singular e raro: um poderoso e inigualável olfato. Depois de sofrer em vários lugares na condição de um trabalhador semi-escravo, Grenouille passa a trabalhar com o perfumista Giuseppe Baldini (Dustin Hoffman) que o ensina todos os truques da produção de perfumes, mas principalmente o segredo de eternizar as suas fragâncias. As idéias bizarras e criminosas começam a povoar a mente do rapaz. Depois de desvencilhar-se de Baldini, Grenouille passa a materializar o sonho de guardar o cheiro de cada ninfeta, em plena beleza física. Mas para isso precisa eliminá-las sucessivamente, retirando de seus corpos as substâncias necessárias para fazer as suas tão sonhadas fragâncias. 

O filme é uma viagem lisérgica pelo mundo dos diferentes olores que invadem o olfato de Grenouille, dando sentido a sua vida. Dos cinco sentidos humanos, para ele só existe o olfato, que representa a janela de sua própria alma que se abre para o mundo. São os impulsos idiossincrásicos de um louco misantropo em direção aos corpos cheirosos, virgens e lívidos das meninas ruivas. Seus olhos injetados traduzem para seu olfato diferentes aromas em forma de desejo. É a definição mais fiel dos sentimentos mais profanos - e também mais sagrados. Toda a sensualidade feminina é percebida pelo olfato magnífico do frio assassino. Sua aparência é suja, grotesca e fétida. Para ele a vida só tem um sentido: encapsular o cheiro de cada ninfa em vidros de perfumes, guardando-os para sempre. "O Perfume"... faz uma espécie de investigação escatológica e bizarra - e porque não poética - dos limites da loucura, das amarguras e dos desejos inconfessáveis do ser humano. O filme é deliciosamente perverso, perfumado, sujo e sensual. Além disso, a magistral direção do alemão Tom Tykwer, deixa clara que lá no fundo o ar blasé e lacônico do assassino é muito mais assustador que seus próprios crimes. A feérica e voluptuosa cena final nos faz lembrar um quadro vivo e surrealista do mestre Salvador Dali. Um ótimo filme que tem como ponto alto, a fotografia, a direção de arte e os figurinos. Nota 9  

Perfume - A história de um Assassino (Das Parfum - Die Geschichte eines Mörders / Perfume: The Story of a Murderer, Alemanha / França / Espanha, 2006) Direção: Tom Tykwer / Roteiro: Andrew Birkin, Bernd Eichinger, Tom Tykwer baseados no livro "Das Parfum" de Patrick Süskind / Elenco: Ben Whishaw, Dustin Hoffman, Alan Rickman / Sinopse: Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw) possui o olfato bem mais apurado do que as demais pessoas. Por essa razão acaba encontrando uma profissão bem de acordo com seu talento natural - a de criador de perfumes finos e raros. Sua obsessão por aromas porém o levará a um caminho perigoso e mortal.   

Telmo Vilela Jr.

domingo, 27 de maio de 2012

Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família

Enquanto Al Pacino coleciona prêmios nessa altura de sua carreira, Robert De Niro coleciona micos como esse muito fraco "Little Fockers". Não interessa que o filme renda bilheteria pois o prestigio de qualquer ator sério vai para o vaso sanitário ao participar de um produto tão raso e ruim como esse. O pior de tudo é que se trata realmente de um mico coletivo. Grandes nomes do passado como Dustin Hoffman e Barbara Streisand também estão embarcados nessa canoa furada. Como é que tanta gente boa topou fazer algo tão ridículo? Será que estão falidos ou algo parecido? Ver Streisand de tantas glórias no passado atuando aqui só traz vergonha alheia e pena. Nada funciona, o filme não tem uma estória para contar, as situações são sem graça e beiram o tédio (algo mortal para um filme que supostamente seria uma comédia). É um tipo de humor estúpido, rasteiro, debilóide, infame. O título original dessa pavorosa franquia já diz a que veio - um trocadilho idiota do nome da família com um palavrão bem conhecido da língua inglesa. De fato esse tipo de comédia só vá agradar a pessoas sem muito nível cultural ou educacional. O roteiro é completamente imbecilizado e o argumento sequer existe, de tão péssimo que é.

Ben Stiller continua péssimo, fazendo sempre o mesmo personagem, filme após filme. Novamente aqui ele entrega mais um personagem pamonha para acabar com nossa paciência. Comediante completamente sem graça ele se limita a fazer cara de paspalho por toda a sua filmografia. É especializado em vender lixo para um público idiota. Parece que os americanos gostam de seu tipo uma vez que ele está por ai já há um bom tempo. Bom, como diria Brando o público americano não é mesmo conhecido por sua inteligência e nem bom gosto. Ele é um tipo baixinho, franzino, sem expressão e só perde no quesito mediocridade para o também horrível Adam Sandler, esse campeão absoluto nessa categoria. Mas isso nem é o pior, o constrangedor mesmo é ver o grande Robert De Niro participando de cenas ridículas de flatulências e ereções involuntárias. Muito tosco. O que será que deu na cabeça dele para jogar seu prestígio assim pela latrina? Será que perdeu o prazer de atuar ou apenas virou um mercenário que aceita fazer qualquer tipo de filme apenas por causa do dinheiro? No meio de tanta coisa ruim apenas a gracinha Jessica Alba se salva. Voluntariosa ela tenta trazer alguma credibilidade à sua personagem, uma vendedora de remédios para disfunção erétil (um papel bem parecido já foi feito recentemente por Jake Gyllenhaal em "Amor e Outras Drogas"). Mesmo assim ganhou o Framboesa de Ouro de Pior atriz coadjuvante. Se ela é a melhor coisa do filme e levou o Framboesa imagine o resto! Aliás o filme foi fartamente indicado no Razzie Award concorrendo ainda nas categorias “Pior Roteiro” e novamente “Pior Atriz Coadjuvante” para Barbra Streisand, que poderia muito bem se aposentar sem passar por essa vergonha. Enfim, "Little Fockers" é chato como uma festa para crianças, só que no caso os palhaços sem graça são atores consagrados e você que pagou para ver esse abacaxi. Vai encarar?

Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família (Little Fockers, Estados Unidos, 2010) Direção: Paul Weitz / Roteiro: John Hamburg, Larry Stuckey, Greg Glienna, Mary Ruth Clarke / Elenco: Robert De Niro, Ben Stiller, Owen Wilson, Dustin Hoffman, Barbra Streisand, Blythe Danner, Teri Polo, Jessica Alba, Laura Dern / Sinopse: Mais uma continuação da franquia sem graça Fockers. Aqui a família tem que lidar com bebezinhos chatinhos que puxaram aos pais nos quesitos aborrecimento e tédio.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Papillon

Henri 'Papillon' Charriere (Steve McQueen) é condenado por assassinar um gigolô e é enviado para a terrível penintenciária de Saint Laurent na Guiana Francesa. A prisão era conhecida por seu regime de trabalhos forçados em pântanos e pela rígida disciplina interna. Na viagem para o local acaba conhecendo Louis Dega (Dustin Hoffman) um falsificador de bônus de guerra que acumulou grande riqueza com sua atividade ilegal. Papillon lhe oferece proteção em relação a outros prisioneiros que já sabem que Dega tem uma verdadeira fortuna pessoal e certamente vão querer tirar algum proveito disso. O que começa como um simples acordo de proteção acaba ao longo dos anos se tornando uma sólida amizade pessoal entre ambos. "Papillon" é um filme visceral. O roteiro foi baseado no relato autobiográfico de Henri Charrière que foi mandado para a Ilha do Diabo na década de 1930. Seu teor cru e realista até hoje impressiona. Não poderia ser diferente. Aqui temos um dos maiores roteiristas da história de Hollywood, Dalton Trumbo, o mesmo de Spartacus que foi perseguido durante o macartismo e que foi trazido de volta do ostracismo por Kirk Douglas. Seu texto é brilhante, um grande estudo e denúncia sobre as péssimas condições que existiam no local. Um claro atentado aos direitos mais básicos dos apenados.

Para se ter uma pequena ideia da rigidez do sistema prisional basta citar o fato de que era prática constante o envio de prisioneiros para a solitária durante longos anos. O próprio Papillon passou cinco anos encarcerado no chamado "buraco" por ter agredido um guarda da prisão que estava espancando seu amigo Dega. Isolado, sem luz e com comida racionada ele aos poucos vai perdendo o senso de realidade chegando ao ponto de saciar sua fome comendo pequenos insetos que infestam sua cela como baratas e centopeias. Essas cenas passadas na solitária aliás são as melhores de todo o filme, mostrando de forma inequívoca o grande talento de Steve McQueen, um ator que sempre achei muito subestimado pela crítica. Outro ponto muito marcante é a obstinação de seu personagem que nunca se rende e está sempre em busca de sua liberdade. Sua frase "Estou vivo desgraçados!" é muito significativa nesse ponto. Papillon é uma pessoa que não se rende, que não desiste. No fundo o filme é uma crônica sobre a perseverança humana que a despeito de todas as adversidades jamais se dobra ao que o destino parece lhe impor. Um grande momento do cinema americano da década de 70 e uma obra essencial para todos os cinéfilos.

Papillon (Papillon, Estados Unidos, 1973) Direção: Franklin J. Schaffner / Roteiro: Dalton Trumbo, Lorenzo Sample Jr baseado no livro "Papillon" de Henri Charrière / Elenco: Steve McQueen, Dustin Hoffman, Victor Jore, Don Gordon / Sinopse: Henri 'Papillon' Charriere (Steve McQueen) é condenado por assassinar um gigolô e é enviado para a terrível penintenciária de Saint Laurent na Guiana Francesa. Lá se torna protetor e amigo de Louis Dega (Dustin Hoffman). Ao longo dos anos não desiste de sempre ir em busca de sua liberdade, sempre pronto a planejar fugas cada vez mais mirabolantes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Medici: Masters of Florence

Essa família Medici foi uma das mais poderosas e influentes da Europa durante o período do Renascimento. Essa série assim procura explorar essa rica história. O roteiro procura contar os primórdios do surgimento do imenso poder do clã Medici naquela Europa saindo da Idade Média, entrando em uma nova era cultural. Logo nas primeiras cenas vemos o patriarca Giovanni Medici (Dustin Hoffman) caminhando tranquilamente pela manhã em uma de suas plantações de uvas em sua propriedade. Era um hábito que tinha, comer uvas tiradas do pé. O que ele não poderia antecipar era que tais uvas tinham sido borrifadas com um poderoso veneno, a Cicuta. Não demora muito e ele cai ao chão, morto.

Esse trágico acontecimento abre uma caixa de Pandora para a briga pela sua herança entre os filhos, mas antes disso o espectador é enviado para um longo flashback, mostrando a força dos Medici na sucessão do novo Papa em Roma. Detalhe histórico interessante: muitos membros da família Medici conseguiram se tornar papas, principalmente entre os séculos XV e XVI. Havia se tornado uma tradição para essa rica e poderosa família colocar seus próprios membros no trono em um Vaticano repleto de corrupção e barbárie. A Igreja Católica, naqueles tempos, era muito provavelmente a instituição mais poderosa do mundo ocidental.

De maneira em geral gostei dessa série histórica. Mesmo assim devo dizer que o roteiro poderia ser melhor organizado, pois as idas e vindas entre presente e passado não ficam muito claras ao espectador, o que poderá causar uma certa confusão, principalmente para quem não conhece muito as fontes históricas em que a série foi baseada. Geralmente sabemos que algo está sendo desenrolado no passado simplesmente por causa da presença do mestre Giovanni Medici (Dustin Hoffman), uma vez que ele morre envenenado logo na primeira cena. Um pouco mais de capricho dos roteiristas cairia muito bem. A produção é boa, embora algumas cenas de computação gráfica recriando antigas construções não tenham sido tão convincentes. Mesmo assim, apesar desses pequenos tropeços, recomendo a série pelo conjunto da obra.

Medici: Masters of Florence (Sin, Inglaterra, Itália, 2016) Estúdio: RAI, Netflix / Direção: Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: Nicholas Meyer / Elenco: Richard Madden, Dustin Hoffman, Stuart Martin, Annabel Scholey, Guido Caprino, Alessandro Sperduti / Sinopse: Essa série se propõe a contar a história real da poderosa família Médici, que dominou o poder político e religioso durante a Idade Média e o renascimento na Europa continental.

Pablo Aluísio.