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sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Barbie

Barbie
Ontem assisti finalmente ao filme "Barbie". É o maior sucesso de bilheteria do ano, superando 1 bilhão de dólares de faturamento. Dinheiro que não acaba mais! O que explica tamanho sucesso? Penso que é mais um capítulo da infantilização que o cinema vem passando de forma sistemática nos últimos anos. Faz parte do mesmo movimento que transformou filmes de super-heróis em blockbusters, campeões comerciais absolutos do cinema mundial. Psicólogos dizem que a geração Millenium passa por tantas dificuldades para se firmar no mundo adulto que aspectos da infância se tornam um lugar seguro para muitos deles. Daí a moda dos filmes de super-heróis e agora desses filmes baseados em brinquedos de sucesso. Uma forma de recuperar a felicidade dos anos de infância. 

Mas deixemos esse tipo de análise psicológica de lado. Vamos ao filme em si. O roteiro tem inegavelmente boas ideias. Como seria ter uma Barbie chegando ao mundo real? Ela sai de seu mundo onde tudo é cor de rosa e feliz e acaba parando nas ruas de uma Los Angeles do mundo real. O choque entre esses dois mundos, a da imaginação de uma garota brincando com sua boneca e a selva de pedra que existe lá fora, até que rende alguns bons momentos. 

O problema é que o filme nunca abandona esse tipo de mentalidade pueril e... meio psicótica. Assim o que começa bem, logo fica cansativo e nunca vai para as últimas consequências. Sempre tenta resgatar o clima cor de rosa que move tudo. Com isso o filme fica chatinho, especialmente nos trinta minutos finais. Se salva um pouquinho com a piada final, com a última frase dita pela atriz Margot Robbie. E é só isso mesmo. Complicado entender como um filme como esse rendeu tanto dinheiro. Talvez os psicólogos em suas teses estejam mesmo certos. O mundo adulto é duro e cruel demais para os membros da geração Millenium. Melhor brincar de boneca em um mundo cor de rosa! 

Barbie (Estados Unidos, 2023) Direção: Greta Gerwig / Roteiro: Greta Gerwig, Noah Baumbach / Elenco: Margot Robbie, Ryan Gosling, Kate McKinnon / Sinopse: A boneca Barbie vive em um mundo cor de rosa onde todos são felizes. Até o dia em que ela começa a ter pensamentos estranhos, como a morte! Então resolve ir ao mundo real para descobrir o que estaria acontecendo com a menina que brinca com ela! E isso causa todos os tipos de problemas! 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Adoráveis Mulheres

Dos nove filmes que concorreram ao Oscar de Melhor Filme desse ano, esse era o último que faltava assistir em minha lista. É mais uma adaptação do famoso livro "Little Women" da escritora Louisa May Alcott. Nem preciso dizer que é um clássico absoluto da literatura. Já havia assistido a outras versões, inclusive ao bom filme feito nos anos 1990, mas devo dizer que realmente essa é a melhor adaptação já feita para o cinema. O roteiro é muito bem escrito, estruturado de uma forma que passado e presente convivem muito bem. E tudo é tão ágil que faz com que o filme se desenvolva de forma excepcional. Você nem perceberá as duas horas de duração do filme passando.

A história conta a vida de quatro jovens irmãs durante a guerra civil americana. Os homens foram para o campo de batalha, inclusive o pai das meninas. Elas então precisam sobreviver naqueles tempos duros, mas sem perder a graça e a felicidade da juventude que possuem. É um tempo para se tornarem mulheres felizes.

Cada uma delas tem sua própria personalidade, muito bem construída pelo roteiro. Jo (Saoirse Ronan) é a mais inteligente e sagaz. Ela quer ser escritora e começa a vender seus contos para um jornal local. Sua independência e forte personalidade a torna imune aos conceitos e caminhos que uma mulher da época precisava seguir. Ela não pensa em casamento e quer ter uma vida livre. Meg (Emma Watson) é a mais tradicional. Adora vestidos e bailes e planeja arranjar um bom casamento em seu futuro. É a mais bonita e promissora entre as irmãs. Amy (Florence Pugh) quer ser pintora. É uma garota bonita, também com personalidade explosiva. Para a tia é a única que pode se salvar, arranjando um casamento com um homem rico. Por fim há a tímida Beth (Eliza Scanlen), Pianista talentosa, terá o destino mais trágico entre as irmãs.

O filme, como não poderia deixar de ser, é uma delícia de se assistir. As jovens atrizes "duelam" entre si (no bom sentido, claro). Quem se sai melhor é justamente Saoirse Ronan. Eu já sabia que ela iria ofuscar suas colegas de elenco. Muito talentosa, já demonstrava que era excelente atriz quando era apenas uma garotinha de olhos grandes. Curiosamente Emma Watson não se destaca. Ela até pode ser uma celebridade e a mais famosa entre as garotas, mas aqui, no quesito puramente de atuação, ela fica até bem apagadinha. Ser celebridade e ser uma grande atriz são coisas diversas. Quem me surpreendeu foi a inglesa Florence Pugh. Dona de uma dicção perfeita (assista o filme legendado) ela tem as melhores cenas ao lado da grande Meryl Streep, que faz o papel de sua tia conservadora. Enfim, um filme realmente ótimo. Um dos melhores do ano. Aqui sim, tivemos uma indicação mais do que merecida.

Adoráveis Mulheres (Little Women, Estados Unidos, 2019) Direção: Greta Gerwig / Roteiro: Greta Gerwig, baseada no romance escrito por Louisa May Alcott / Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Meryl Streep, Timothée Chalamet, Bob Odenkirk, Tracy Letts / Sinopse: Durante a guerra civil americana, quatro jovens vão tentando levar uma vida normal, dentro da medida do possível, tentando realizar seus sonhos, procurando o amor em suas vidas. Filme Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Figurino (Jacqueline Durran). Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Saoirse Ronan), Melhor Atriz Coadjuvante (Florence Pugh), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora Original (Alexandre Desplat).

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Lady Bird

Esse filme acabou de ser premiado pelo Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Saoirse Ronan). Ambas premiações mais do que justas. Aliás é bom salientar que Saoirse Ronan caminha a passos largos para se tornar a melhor atriz de sua geração. Ela começou muito jovem, ainda como a garotinha de olhos expressivos de "Desejo e Reparação" e depois de "Brooklyn" nada parece estar em seu caminho. Muito talentosa, ela aqui interpreta uma adolescente que insiste em ser chamada de "Lady Bird", embora seu nome real seja Christine.

Ela mora em uma pequena cidade da Califórnia chamada Sacramento. O lugar, em sua opinião, é muito sem graça. Por isso seu sonho e ir um dia embora para Nova Iorque. A família tem seus problemas. O pai está desempregado, o irmão mais velho, apesar de ser formado em uma ótima universidade, também não consegue um emprego, vivendo como caixa de supermercado. A mãe enfermeira segura a barra e faz de tudo para pagar uma boa escola católica para a filha, mas Lady Bird não parece muito interessada nos estudos. Ela está naquela fase da vida em que não sabe ainda o que quer, mas já sabe que uma das coisas que ela não deseja de jeito nenhum é ficar em Sacramento pelo resto de sua vida.

O nome "Lady Bird" aliás já diz muito. Ela quer ser livre, ir embora, como se fosse um passarinho. A oportunidade chega quando ela termina o High School. Sua chance de ir embora é ser aceita por alguma universidade, de preferência em Nova Iorque, a cidade de seus sonhos. O roteiro assim explora a vida dessa jovem comum, mostrando essa fase de transição em sua vida. Uma das melhores coisas dessa história é mostrar o dia a dia de uma estudante de escola católica. As amizades, verdadeiras e falsas, as primeiras decepções amorosas e a incerteza sobre o futuro. Tudo muito humano e bem conduzido. O filme é muito bacana por mostrar a vida de uma menina, quase mulher, que certamente vai causar identificação em muita gente. É um filme realmente muito bom, acima da média. Está mais do que recomendado para quem gosta de filmes que conseguem mostrar a beleza que existe na vida comum de cada um.

Lady Bird: É Hora de Voar (Lady Bird, Estados Unidos, 2017) Direção: Greta Gerwig / Roteiro:  Greta Gerwig / Elenco: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts, Lucas Hedges / Sinopse: Christine 'Lady Bird' McPherson (Saoirse Ronan) é uma estudante de escola católica que está em seu último ano antes de ir para uma universidade. Uma época de muitas descobertas em sua vida, a primeira grande paixão, as amizades e a vida na pequena Sacramento. Seu sonho é um dia ir embora para Nova Iorque. Sua maior chance disso acontecer é ser aceita em uma das universidades da cidade.

Pablo Aluísio.