Esse é um clássico do cinema, muito querido inclusive no Brasil. Na história temos como protagonista Mark Thackeray (Sidney Poitier), um professor americano negro que chega para ensinar numa escola pública na região mais pobre de Londres. Os alunos são todos indisciplinados, rebeldes e desmotivados. Um deles chega a se referir a uma pilha de livros como porcaria! Inicialmente hostilizado, intimidado e ridicularizado o professor aos poucos vai conquistando a simpatia de sua classe, tudo a custa de muita dignidade, exemplo e postura. Depois de algum tempo o mestre consegue compreender que as atitudes de seus alunos são reflexos de suas vidas familiares desajustadas e disfuncionais. A violência verbal e física que sofrem de seus próprios pais se reflete depois em seu comportamento escolar. A escola também funciona como ponto de parada final para alunos que nenhuma outra escola de Londres mais aceita – e para onde só vão os desajustados, incorrigíveis e violentos. Com calma, paciência e disciplina, o mestre espera conquistar a consideração e a atenção de seus jovens alunos, que parecem completamente perdidos em suas vidas.
“Ao Mestre Com Carinho” é seguramente um dos maiores clássicos do cinema em seu tema. O assunto já havia sido explorado muito bem antes em “Sementes da Violência” (curiosamente com Poitier interpretando um aluno rebelde), mas ganha uma roupagem mais de acordo com a década de 1960. Em seu argumento são mostrados aspectos sociais, culturais e raciais da sociedade. O professor é negro, vindo de origem pobre e sofre inicialmente por causa disso. Apenas sua firmeza de caráter lhe garante o respeito devido a que merece. Na época de seu lançamento, o filme foi muito elogiado por sua coragem e sensibilidade pois temas considerados complicados eram retratados com bastante cautela. A classe mostrada no filme nada mais é do que um microcosmo da parte mais pobre da capital inglesa e disseca uma série de jovens sem um grande futuro pela frente. Além do texto socialmente consciente “Ao Mestre Com Carinho” também mostrou-se relevante do ponto de vista musical. Sua trilha sonora foi premiada com o Grammy e a canção "To Sir, with Love", cantada por Lulu, se tornou um grande sucesso popular. Assim fica a dica desse belo momento do cinema da década de 1960 que consegue com maestria discutir os problemas educacionais de seu tempo de forma impecável.
Ao Mestre Com Carinho (To Sir, with Love, Estados Unidos, Inglaterra, 1967) Direção: James Clavell / Roteiro: James Clavell baseado no livro “To Sir, With Love” de E. R. Braithwaite / Elenco: Sidney Poitier, Christian Roberts, Judy Geeson, Suzy Kendall, Lulu / Sinopse: O filme mostra a chegada de um professor americano negro (Sidney Poitier) para ensinar em uma escola pública Londrina. Com uma classe formada por alunos rebeldes e violentos, ele tentará lhes ensinar lições de cidadania, cortesia e boa educação. Filme indicado ao Grammy Awards. Vencedor do Laurel Awards.
Pablo Aluísio
Cinema Clássico
ResponderExcluirAo Mestre Com Carinho
Pablo Aluísio.
Mesmo que o racismo na Inglaterra não seja comparável ao dos EUA, eles tiveram o cuidado de colocar um dos negros mais bonitos do cinema, além de uma aura de grande dignidade, para um papel que esse iria inevitavelmente repreender alunos brancos, apesar de pobres.
ResponderExcluirA coisa não é fácil no negocio do cinema que precisa falar para o mundo todo para ganhar dinheiro com isso.
Bem observado, Serge. Esse filme passou muito no Brasil, na Sessão da Tarde lá dos anos 70 e 80. Acabou inspirando muitas pessoas que decidiram se tornar professores. Só que, como todos sabemos, a realidade era bem mais complicada do que a do cinema.
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