quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

King Cobra

O roteiro desse filme é baseado numa história real, um crime que chocou Los Angeles em 2004. Tudo começa quando um jovem chamado Sean Paul Lockhart (Garrett Clayton) chega na cidade para conhecer o produtor de filmes Stephen (Christian Slater). O rapaz, como é de praxe, vem do interior sonhando em se tornar astro em Hollywood. Com ótimo visual ele percebe logo que as coisas não iriam bem pelo caminho que ele pensava. Stephen então lhe oferece um papel em sua próxima produção. Detalhe: esse seria um filme adulto para o público gay! A partir daí já sabemos mais ou menos o caminho que tudo tomará. O jovem logo se torna um astro desse tipo de filme e o produtor começa a ganhar muito dinheiro com ele - a ponto de comprar uma Ferrari novinha para a sua garagem. O problema é que Sean, agora usando o nome de Brent Corrigan, logo percebe que está sendo explorando, ganhando cachês inexpressivos enquanto Stephen está ficando rico com a comercialização de suas fitas. Ele decide romper com o produtor, mas esse registrou seu nome, o que torna impossível para Sean trabalhar em outras produtoras. Assim entra em campo um produtor rival, Joe (Franco), que fará de tudo, mas de tudo mesmo, para contratar Sean.

O cenário onde tudo se desenvolve é o meio pornô gay de Los Angeles, onde convivem os tipos mais estranhos. O filme embora tenha cenas bem ousadas de homossexualidade não avança muito nesse caminho. Ele prefere contar as relações pessoais entre todos os personagens, o que diga-se de passagem é algo mais do que complicado. Produtores gays se apaixonando por seus astros e esses, ainda bem jovens, os explorando sem receios, parece ser a rotina. As tais "produtoras" geralmente não passavam de empresas do tipo fundo de quintal, isso apesar de gerar lucros exorbitantes, mostrando bem como tudo era feito de uma forma bem amadora, gerando todo tipo de ambiente doentio entre os que trabalhavam na área. No elenco destaca-se primeiramente James Franco. Recentemente ele esteve no Brasil e foi visto indo para famosas boates gays de São Paulo. Ele justificou isso dizendo que estava fazendo laboratório para seu novo filme que é justamente esse aqui. Outro destaque é a presença do jovem ator Garrett Clayton que interpreta o ator gay que se torna sensação em Los Angeles! O que chocou na sua escolha para o elenco é que Clayton é ídolo adolescente nos EUA, onde se tornou famoso atuando em séries para o público teen do canal da Disney. Participar de um filme como esse, com esse tipo de tema, é no mínimo um rompimento com seu imagem. De qualquer maneira "King Cobra" não deixa de ser um filme bem interessante, valorizado pela participação de vários ídolos adolescentes do passado (como Alicia Silverstone e Molly Ringwald). Pode até ser um pouco ofensivo para alguns, mas no geral conta bem sua história.

King Cobra (King Cobra, Estados Unidos, 2016) Direção: Justin Kelly / Roteiro: Justin Kelly / Elenco: James Franco, Garrett Clayton, Christian Slater, Alicia Silverstone, Molly Ringwald / Sinopse: Jovem astro de filmes para o público gay acaba sendo disputado por dois produtores gananciosos de Los Angeles, o que acaba resultando em uma grande tragédia. Filme vencedor do prêmio de Melhor Direção do California Independent Film Festival.

Pablo Aluísio.

5 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.5

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Off topic: Pablo, acabie de assistir, por sua indicação, Mestre dos Gênios, que alias deveria ter o nome do livro no qual o filme é baseado que é Editor de Gênios e que faz todo o sentido para o filme, mas deixa pra lá.
    O que me chamou a atenção, não sei se foi pela forte interpretação do Jud Law, ou pelo roteiro, mas: para um filme que quer mostrar que o editor também merece crédito pelo sucesso dos gênios das prosas e versos, o escritor Thomas Wolfe, interpretado pelo Jud Law, rouba todo o filme e o Max que é o verdadeiro biografado se torna um comportado coadjuvante. Fora que, paradoxalmente, o filme parece dizer que o Wolfe não escrevia bem, pois o mesmo, a certa altura do filme, reclama com o Max, o editor, "você fica cortando partes do meu livro, mas se fosse o Hemingway, ou o Fitzgerald, você não cortaria nada". Não entendi; afinal o filme quer dizer que o editor também é fundamental na feitura de um bom livro, ou que só no caso do Wolfe isso era necessário? Você entendeu?

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  3. O roteiro quis deixar claro que o editor (em todos os casos) é essencial porque ele lapida os textos, dando organização e eficiência para algo que muitas vezes é um monstrengo literário. No filme isso é mostrado quando o personagem do editor pega aquela pilha de páginas e sai selecionando o melhor. NO diálogo que você citou penso que o personagem estava ficando louco com os cortes - mas isso era porque ele ainda era bem novato na área.

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  4. Caramba, isso tira muito o mérito do escritor. Eu confesso que não sabia que a coisa funcionava assim, de forma tão contundente. Meio decepcionante.

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  5. Isso acontece em filmes também. Geralmente os diretores criam filmes enormes, com 3, 4 horas de duração, então o produtor vai lá e sai cortando cenas até que chegue em uma duração comercialmente viável.

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