domingo, 24 de setembro de 2017

Entre o Amor e o Pecado

Título no Brasil: Entre o Amor e o Pecado
Título Original: Forever Amber
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Otto Preminger
Roteiro: Philip Dunne, Ring Lardner Jr
Elenco: Linda Darnell, Cornel Wilde, Richard Greene, George Sanders, Jessica Tandy, Glenn Langan

Sinopse:
Durante o reinado de Charles II da Inglaterra, uma camponesa chamada Amber St. Clair (Linda Darnell) se apaixona pelo aventureiro e corsário Bruce Carlton (Cornel Wilde). Seguindo seu coração, ela decide segui-lo até Londres, onde ela toma contato pela primeira vez com a corte real. Seu amado vai para o mar e a deixa, mas Amber não desiste. Embora venha a se relacionar com outros nobres ao longo do anos, ela jamais consegue esquecer o grande amor de sua vida. E passa a esperar pela chance de voltar um dia aos seus braços.

Comentários:
Filme romântico muito bem produzido. É um romance de época, passado no século XVII. Isso significa ter uma bela produção, com excelentes figurinos. Tão caprichado é o filme que conseguiu ser até mesmo indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música (de autoria de David Raksin). O roteiro também é muito bem escrito, explorando uma época particularmente complicada da história da Inglaterra. Há uma guerra civil a ser superada, um rei com problemas e a presença da peste negra, matando milhares de pessoas por todo o reino. É justamente nesse cenário de caos que a bela donzela Amber (em boa interpretação de Linda Darnell) tenta viver. Ela é o que hoje em dia poderia se chamar de "alpinista social". De origem humilde ela começa a se relacionar com nobres ricos e poderosos, incluindo um Duque bem mais velho do que ela, com quem acaba se casando. Seus bons contatos sociais a levam até mesmo ao rei Charles II (Sanders) que não perde a oportunidade de cortejá-la! Seu coração porém pertence apenas a um homem, um corsário, um capitão de caravelas que passa mais tempo nos mares do que em casa. Ela tem um filho dele e jamais o esquece, embora seu romance seja cheio de sobressaltos e dramas. No geral é um daqueles romances ao velho estilo que merecem uma revisão. Tudo muito bem trabalhado, escrito, ambientado. O enredo original vem de um romance vitoriano escrito pela autora Kathleen Winsor. Tudo muito romântico e dramático, especialmente indicado para o público feminino, que certamente vai apreciar bastante esse bom drama romântico de época. Um filme até mesmo inspirador, para corações apaixonados que não desistem de viver o grande amor de sua vida.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de setembro de 2017

O Príncipe Negro

Título no Brasil: O Príncipe Negro
Título Original: The Dark Avenger
Ano de Produção: 1955
País: Inglaterra
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Henry Levin
Roteiro: Daniel B. Ullman
Elenco: Errol Flynn, Joanne Dru, Peter Finch, Yvonne Furneaux, Michael Hordern, Moultrie Kelsall

Sinopse:
Idade Média. Durante a Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França, após uma violenta batalha em solo francês, o Rei Edward VIII (Michael Hordern) resolve voltar para a Inglaterra, pois seu reino também está sofrendo com rebeliões internas. Para cuidar, proteger e administrar de seus territórios franceses recém conquistados o Rei resolve deixar seu filho, o Príncipe de Gales (Flynn), responsável por tudo. Não será algo fácil. Os senhores feudais franceses querem a expulsão dos ingleses a todo custo e farão de tudo para reconquistarem suas terras e castelos.

Comentários:
Produção medieval B ao estilo capa e espada dos estúdios ingleses Allied Pictures. O grande destaque vem da presença do antigo astro da Warner Errol Flynn. No passado ele havia estrelado algumas das mais caras e ricas produções de Hollywood, muitas sob direção de Michael Curtiz. Quando realizou esse filme porém Flynn já estava em fim de carreira. O ator havia destruído parte de sua fama nos Estados Unidos por causa de bebidas, drogas e mulheres. Além disso, como foi descoberto depois por alguns biógrafos, ele também colaborou com os nazistas durante a II Guerra Mundial, se tornando um espião de Berlim em Hollywood. Tudo isso obviamente colaborou para que ele entrasse em decadência. Quando foi para Inglaterra atuar nesse "O Príncipe Negro" ele já estava praticamente acabado. E isso se nota bem no filme. Flynn está com um aspecto envelhecido, fora de forma (inchado para falar a verdade), com pouca disposição em atuar bem. Pior do que isso, ele está muito velho no papel, pois no roteiro o príncipe que interpreta era apenas um jovem inexperiente que acaba causando surpresa em todos por causa de sua coragem e valentia. Ora, o personagem deveria ter no máximo 20 anos de idade, mas quando Flynn o interpretou já estava com 45! Assim tudo soa pouco convincente. Outro aspecto que chama a atenção nesse filme é que a fotografia é bem mais escura do que o habitual, tudo para esconder o orçamento limitado da própria produção. Um velho artifício dos filmes noir que foi usado por essa produção de aventuras medievais. Em suma, um momento menor de um grande astro do cinema clássico em Hollywood que deixou tudo lhe escapar por causa dos excessos que cometeu em sua breve e conturbada vida. Vale porém pela curiosidade histórica, especialmente indicado para os fãs de Errol Flynn.

Pablo Aluísio.

As Noivas do Vampiro

Título no Brasil: As Noivas do Vampiro
Título Original: The Brides of Dracula
Ano de Produção: 1960
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster, Peter Bryan
Elenco: Peter Cushing, Martita Hunt, David Peel, Yvonne Monlaur
  
Sinopse:
Durante uma viagem pela Transilvânia a jovem professora Marianne Danielle (Yvonne Monlaur) se vê sem transporte pois seu cocheiro resolve desaparecer, muito provavelmente por estar apavorado com aquele sinistro lugar. Abandonada numa taverna local e sem ter para onde ir ela resolve aceitar o gentil convite da Baronesa Meinster (Martita Hunt) para passar a noite em seu castelo no alto das montanhas. O que Danielle não sabe é que o filho da Baronesa é um vampiro, mantido acorrentado em seus aposentos desde que virou uma sedenta criatura da noite. Como ela poderá sobreviver a essa terrível noite de terror?

Comentários:
Em 1958 o diretor Terence Fisher realizou o maior sucesso de bilheteria da Hammer, o filme "O Vampiro da Noite", onde o ator Christopher Lee interpretava o lendário Conde Drácula. O filme foi um grande êxito comercial porém havia um problema para realizar sua continuação: Drácula havia sido morto na última cena. Como então retomar a franquia? A solução encontrada pelos roteiristas foi explorar potenciais infectados pelo Conde no filme anterior, afinal ele havia atacado várias pessoas em sua jornada de horror. Um desses infectados seria justamente o jovem Barão Meinster (David Peel). Depois que vira um vampiro sua mãe o deixa preso em seu quarto, aprisionado por pesadas correntes. Quando uma jovem professora em visita à mansão, Marianne Danielle (Yvonne Monlaur), descobre esse fato fica imediatamente horrorizada, afinal que tipo de mãe aprisionaria seu próprio filho daquela maneira? Inocente da situação e iludida pelas falsas boas intenções do Barão vampiresco ela decide libertá-lo após roubar as chaves do cadeado que o mantém preso. 

Solto, livre e sedento de sangue o Barão então começa sua fileira de vítimas a começar por sua própria mãe a quem ele não parece nada disposto a perdoar. Para salvar os moradores da pequena vila ao pé da montanha, o padre local decide chamar o cientista e especialista no assunto Dr. Van Helsing (Peter Cushing) que precisará enfrentar o Barão ao mesmo tempo em que tenta salvar a vida de jovens donzelas que foram mordidas pelo monstro e que agora são chamadas de "As Noivas de Drácula" (daí o título original da fita). Esse clássico terror da Hammer não poderia ser mais charmoso. Ao lado de uma maravilhosa direção de arte - com cenários bem construídos, efeitos especiais que para a época funcionavam muito bem e muito clima sombrio - se soma um roteiro bem escrito que resgata todos os pontos mais centrais dessa mitologia de vampiros (e que até hoje segue sendo utilizados, é bom frisar). Dessa maneira o diretor Terence Fisher acabou realizando uma pequena obra prima do gênero, fugindo do aspecto puramente comercial, o que poderia certamente se transformar na ruína do filme como um todo. Vale a indicação, principalmente para os que adoram esse tipo de produção ao velho estilo. Tudo muito sofisticado e de bom gosto.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O Incrível Homem Que Encolheu

O filme mostra a incrível estória de Scott Carey que em férias acaba sendo contaminado por uma nuvem radioativa. Inicialmente nada parece mudar em sua vida e em sua saúde até que passado algum tempo ele começa a sofrer com uma incrível diminuição em seu tamanho, o tornando finalmente numa criatura menor do que um alfinete! Agora terá que sobreviver em sua própria casa, enfrentando insetos e animais domésticos que devido à sua pequenez se tornam monstros terríveis! Grande clássico de ficção científica dos anos 1950 que vai muito além de seus criativos e bastante eficientes efeitos visuais. A estória é simples, mas seu conteúdo difere do tradicional ao realizar uma viagem "literal" de um homem em constante luta em sua determinação de provar sua existência, por mais que tudo esteja contra ele. Desde o inicial constrangimento (a perda do amor de sua esposa) passando pela ferrenha luta pela vida (sua morte pode vir de uma simples aranha de casa), até quando sua vontade de viver irá prevalecer?

Se formos analisar bem esse roteiro veremos algumas características bem interessantes da época em que o filme foi feito. A paranoia em relação a tudo que se relacionasse com radioatividade é uma delas. Em pleno auge da guerra fria havia um sentimento de insegurança e paranoia envolvendo armas nucleares e tudo aquilo que envolvesse tecnologia atômica. Assim os roteiristas dos anos 50 usavam a radioatividade como desculpa para tudo, inclusive mutações terríveis ou eventos inexplicáveis. O mal uso da tecnologia nuclear tanto podia dar origem a monstros imensos - como o famoso Godzilla e criaturas semelhantes - como aumentar ou diminuir o tamanho dos seres vivos - aranhas gigantes ou então seres humanos se tornando criaturas pequeninas. Aliás esse filme iria inspirar uma das séries mais populares da TV americana, "Terra de Gigantes" que iria também se tornar campeã de audiência no Brasil. De uma maneira ou outra "The Shrinking Man" é certamente um clássico Sci-Fi de uma época em que o cinema era mais romântica e até mesmo inocente - e cativamente envolvente.  Amarrado com ótimas cenas de tensão, o filme termina de forma ousada, em momento de existencialismo filosófico, coisa pouco comum, principalmente para a época. E para os interessados no enredo o livro saiu há pouco no Brasil, numa coletânea de histórias do Richard Matheson, Indicadíssimo!

O Incrível Homem Que Encolheu (The Shrinking Man, EUA, 1957) Direção: Jack Arnold / Roteiro: Richard Matheson, baseado na novela escrita por Richard Matheson / Elenco: Grant Williams, Randy Stuart, April Kent / Estúdio: Universal Pictures / Sinopse: Homem sofre os efeitos da radiotividade e se torna minúsculo. Agora terá que sobreviver a um novo mundo, onde insetos e animais domésticos se tornam grande ameaças - seres monstruosos em relação ao seu pequenino tamanho. Filme vencedor do Hugo Awards na categoria de Melhor Direção e Roteiro Adaptado.

Pablo Aluísio. 

O Abominável Homem das Neves

Título no Brasil: O Abominável Homem das Neves
Título Original: The Abominable Snowman
Ano de Produção: 1957
País: Inglaterra
Estúdio: Clarion Films, Hammer Films
Direção: Val Guest
Roteiro: Nigel Kneale
Elenco: Peter Cushing, Forrest Tucker, Maureen Connell
 
Sinopse:
O Dr. Rollason (Peter Cushing) é um cientista que vai até o Himalaia para estudar plantas raras da região do Tibete. Ele procura entender os segredos da natureza de um dos lugares mais inóspitos do planeta. Quando o caçador Tom Friend (Forrest Tucker) chega também por lá para uma expedição nos picos gelados das montanhas o Dr. Rollason resolve aceitar o convite para seguir com eles na escalada. O que o pesquisador não sabe é que Friend almeja encontrar o mitológico Yeti, conhecido como Abominável Homem das Neves, um primata gigante e ainda desconhecido da ciência que supostamente vive nas neves eternas daquele lugar desconhecido do homem.

Comentários:
Também conhecido como "O Monstro do Himalaia" esse filme mostra porque os estúdios ingleses da Hammer são tão cultuados até hoje em dia. O filme é muito bom, sob qualquer ponto de vista que se analise. Inicialmente o espectador pode pensar que tudo não passa de um filme sobre monstros, mas o roteirista Nigel Kneale reservou algumas surpresas. Para os anos 50 o filme traz uma curiosa mensagem ecológica fazendo um curioso paralelo entre o homo sapiens (o ser humano moderno) e aquela espécie primata ainda desconhecida, provavelmente o elo perdido da evolução da humanidade. Contribui muito para isso o muito bem escrito personagem interpretado por Peter Cushing. Como cientista ele está acima de tudo interessado em desvendar esses caminhos perdidos da teoria da evolução de Darwin, o que lhe faz logo ter um confronto de ideias com Friend (Tucker), o líder da expedição, que só pensa em capturar o Yeti para lucrar com ele. Em suma, o primeiro está ali pela ciência e o outro apenas pelo aspecto comercial que poderia lhe trazer ao prender em jaulas um animal tão raro como aquele. Para criar o clima adequado o cineasta Val Guest joga com a sutileza e o suspense. Nada de banalizar a figura da criatura. Ela permanece nas sombras até os dois últimos minutos finais, quando a mensagem do roteiro muda radicalmente levando o espectador para uma reflexão maior sobre sua existência. Pode parecer pretensioso demais, mas o fato é que "The Abominable Snowman" é muito mais do que um mero filme de monstros dos anos 50. Basta ser um pouco mais inteligente e perspicaz para entender isso. Mesmo após tantas décadas de seu lançamento o filme seguramente segue sendo o melhor sobre o tema. Muito bom, merece aplausos. A Hammer era realmente diferenciada nesse aspecto. Assista e comprove você mesmo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

As Profecias do Dr. Terror

Título no Brasil: As Profecias do Dr. Terror
Título Original: Dr. Terror's House of Horrors
Ano de Produção: 1965
País: Inglaterra
Estúdio: Amicus Productions
Direção: Freddie Francis
Roteiro: Milton Subotsky
Elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Donald Sutherland, Roy Castle
  
Sinopse:
Durante uma viagem, em um vagão de trem, um homem misterioso que se diz chamar Dr. Schreck (Peter Cushing) começa a colocar cartas de tarot para os demais passageiros, mostrando através delas o futuro de cada um deles. Isso dá origem a uma série de contos de terror onde elementos fantásticos cruzam o caminho do destino de todos eles.

Comentários:
Um filme de terror inglês muito bem realizado, com boa produção e um elenco realmente acima da média. São cinco contos de terror, todos eles profetizados pelo Dr. Terror (Cushing), um dos passageiros em uma viagem de trem. No primeiro denominado "Werewolf" um arquiteto é contratado para ir até uma velha casa. Sua proprietária quer reformar o lugar. Ao descer no porão o sujeito descobre por acaso uma tumba que supostamente teria pertencido a um homem que em um passado distante se transformava em lobisomem nas noites de lua cheia. Em "Creeping Vine" uma planta misteriosa parece ter inteligência, matando todos os que cruzam seu caminho. No terceiro conto chamado "Voodoo" um músico inglês em viagem a um país caribenho debocha de uma antiga divindade vodu. Ele resolve copiar a música usada em cultos religiosos a essa divindade e a leva de volta a Londres com consequências terríveis para todos. "Disembodied Hand" mostra um arrogante e petulante crítico de arte, Franklyn Marsh (Christopher Lee), que parece ter imenso prazer em desmoralizar o trabalho de alguns pintores. Ao ser humilhado por um deles, resolve se vingar, passando com seu carro em cima da mão desse artista. Ele morre, mas sua mão resolve voltar do além para acertar contas com o assassino. Por fim, fechando o filme, surge o quinto conto, "Vampire". Um jovem médico, o Dr. Bob Carroll (Donald Sutherland) tem sua vida, que parecia tão perfeita, virada de cabeça para baixo ao descobrir que sua jovem e bela esposa é na verdade uma vampira. Todas as estórias possuem uma fina ironia, típica do humor negro inglês, que melhora ainda mais o resultado final. Como era de se esperar alguns contos são melhores do que os outros, mas de uma maneira em geral tudo é muito divertido, nostálgico e até mesmo saboroso. Um exemplo perfeito do charme do cinema inglês em seu momento de auge criativo no gênero terror. Imperdível realmente.

Pablo Aluísio.

Diário de um Louco

Título no Brasil: Diário de um Louco
Título Original: Diary of a Madman
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Reginald Le Borg
Roteiro: Robert E. Kent
Elenco: Vincent Price, Nancy Kovack, Chris Warfield, Elaine Devry, Ian Wolfe, Stephen Roberts
 
Sinopse:
Baseado na obra do escritor francês Guy de Maupassant, o filme narra a estranha estória do magistrado Simon Cordier (Vincent Price). Após sua morte, o seu diário pessoal é aberto e seu conteúdo revelado. Em suas páginas o respeitado juiz então relembra o caso Girot. Um homem havia sido condenado à morte pelo assassinato de várias pessoas. Ele porém se defendia até o último momento dizendo que não havia realmente cometido os crimes, mas sim uma entidade demoníaca que tomou controle de sua mente. Após conhecer pessoalmente o acusado Louis Girot em sua cela, o juiz Cordier começa a ter estranhas alucinações com a mesma entidade que o prisioneiro alegava existir! Loucura ou mais um caso inexplicável de possessão?

Comentários:
Esse é certamente um dos filmes mais interessantes da carreira do ator Vincent Price. Isso porque seu roteiro tem uma elegância e um desenvolvimento tão sui generis que acabam se destacando em sua vasta filmografia. Price interpreta um juiz muito íntegro e honesto que se vê envolvido em uma situação do qual não consegue mais ter controle. Viúvo e solitário, ele começa a se envolver com uma jovem ambiciosa que deseja apenas colocar as mãos em sua fortuna. Ela já é casada com um pobre pintor, um artista que não consegue vender nem seus próprios quadros. Cansada dele, resolve dar o golpe do baú no velho magistrado. O problema é que o veterano juiz começa a ter alucinações, ouvindo vozes de uma entidade sobrenatural. Essas crises começaram logo após ele visitar um homem acusado de assassinatos que alegava que essas mesmas vozes o levava a cometer atrocidades. Depois desse dia essa voz - essencialmente maquiavélica - começa então a torturar a mente do magistrado Cordier (Price) e ele aos poucos vai trilhando o caminho da loucura. Uma forma do juiz tentar se livrar delas vem justamente nesse novo romance improvável que surge em sua vida. O problema é que sendo a garota uma aproveitadora, ela poderá se tornar facilmente uma das suas próximas vítimas. O curioso roteiro também surpreende ao tentar dar uma explicação ao estranho fenômeno o denominando de "horla". Em nenhum momento é revelado ao espectador que estaria havendo algum tipo de possessão demoníaca em tudo o que está acontecendo, embora em determinada cena a aversão dessa entidade a uma cruz que surge demonstre justamente o contrário. Assim o texto do escritor do século XIX Guy de Maupassant se mostra mais complexo do que se possa imaginar. Em relação a Price o grande destaque é a possibilidade dele desfilar na tela toda a sua elegância natural e seus modos de um típico cavalheiro. Na vida real Price era um gentleman, um homem muito culto e refinado, que aqui encontrou um personagem à altura de sua verdadeira personalidade. Em suma, um filme de terror psicológico que se diferencia por sua inteligência e complexidade. É seguramente um dos filmes mais recomendados de Vincent Price. Não deixe de conhecer.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A Revolta dos Sete Homens

Título no Brasil: A Revolta dos Sete Homens
Título Original: Guns of the Magnificent Seven
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: The Mirisch Production Company
Direção: Paul Wendkos
Roteiro: Herman Hoffman
Elenco: George Kennedy, James Whitmore, Fernando Rey, Michael Ansara, Monte Markham, Frank Silvera
  
Sinopse:
Uma pequena vila no México é oprimida pelas forças militares do violento Coronel Diego (Michael Ansara). Comandando a oposição a seu regime brutal surge o líder popular Quintero (Fernando Rey), porém sua atuação é logo reprimida. Ele é preso em uma igreja antiga e levado para uma prisão de segurança máxima no meio do deserto, um lugar fortemente protegido. Para tentar libertá-lo o povo decide contratar sete mercenários americanos liderados pelo pistoleiro Chris (George Kennedy). Ao lado de seus homens ele tentará libertar Quintero da prisão, dando início a uma grande revolta popular.

Comentários:
Está em cartaz atualmente nos cinemas brasileiros o remake do clássico "Sete Homens e um Destino" de 1960. Poucos sabem porém que esse faroeste inesquecível rendeu em sua própria época uma série de filmes que procuravam levar adiante seu sucesso. Um deles foi esse tardio "Guns of the Magnificent Seven". Como já foi comentado aqui no blog antes dele houve ainda o lançamento de um segundo filme chamado "A Volta dos Sete Homens" em 1966. Pois bem, esse aqui é a terceiro filme com a marca "The Magnificent Seven". Não esperava muito, até porque tudo levaria a crer que estaríamos diante de mais uma continuação ao estilo caça-níqueis. Afinal o segundo filme, que ainda contava com parte do elenco original, já era por si só meio decepcionante. O que esperar então dessa terceira parte sem nenhum ator do elenco do clássico? Absolutamente nada! Surpreendentemente essa terceira produção não é tão ruim como era de se pensar. O filme tem seus méritos. O roteiro obviamente segue a mesma linha básica de todos os outros filmes. Temos uma população mexicana oprimida e um grupo de mercenários americanos que os libertam. Nada muito diferente. O que se inova aqui são os personagens principais, que não possuem qualquer ligação com os filmes anteriores. O elenco é muito bom, com destaque para o ator veterano George Kennedy, aqui em raro papel principal em sua carreira. Outro bom destaque vem da presença de Fernando Rey. Para quem não se lembra ele foi o vilão refinado e violento do filme "Operação França". Aqui ele interpreta um político honesto que luta pela libertação de seu povo. Em termos gerais é um faroeste realmente bom, muito melhor do que eu esperava. Obviamente passa longe da qualidade do primeiro filme, mas isso seria esperar demais. De qualquer forma temos aqui também o inesquecível tema escrito por Elmer Bernstein. A música funciona como um verdadeiro atestado de legitimidade para a produção. Em suma, pode conferir sem receios. É definitivamente um bom western, até acima da média. 

Pablo Aluísio.

Para Lá da Estrada

Título no Brasil: Para Lá da Estrada
Título Original: The Trail Beyond
Ano de Produção: 1934
País: Estados Unidos
Estúdio: Paul Malvern Productions
Direção: Robert N. Bradbury
Roteiro: Lindsley Parsons
Elenco: John Wayne, Noah Beery, Verna Hillie, Robert Frazer, James A. Marcus, Earl Dwire
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no livro "The Wolf Hunters" de James Oliver Curwood, esse western conta a estória de Rod Drew (John Wayne), um cowboy e explorador que é enviado para minas distantes nas montanhas para localizar e encontrar um mineiro desaparecido e sua filha. Chegando lá ele descobre que o homem que procura provavelmente encontrou um importante veio de ouro e que por essa razão muito foi morto por aqueles que queriam a localização dessa fortuna em minerais. Caberá a Drew descobrir o que de fato se passou naquela região distante e esquecida.

Comentários:
Mais um faroeste dos primeiros anos da carreira do mito John Wayne. Aqui o roteiro não se contentava em apenas contar uma estória típica de bandidos e mocinhos, tiroteios e duelos, mas também em desvendar um segredo: quem teria matado o mineiro que o personagem de John Wayne teria ido resgatar? O roteiro, como era de supor, daria margem a uma boa história de detetive, assassinatos e suspense, porém como se trata de uma fita curtinha (meros 55 minutos de duração!) não havia mesmo como ir muito adiante. Assim tudo é resolvido de forma muito rápida, sem muita sofisticação ou mistério. Curiosamente o livro que deu origem ao filme, "The Wolf Hunters" (em tradução livre: "Caçadores de Lobos"), é bem mais rico nesse aspecto. Aliás esse roteiro poderia ter sido aproveitado por Wayne anos depois, quando nos anos 50 ele já estrelava filmes mais bem elaborados e bem produzidos. O ator inclusive adquiriou os direitos de adaptação dessa estória para filmar depois, mas curiosamente nunca o fez. Dizem algumas biografias que ele nunca chegou a gostar de nenhum roteiro adaptado do livro, fazendo com que uma nova versão jamais fosse feita. Uma pena.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Killer Kid

Título no Brasil: Killer Kid
Título Original: Killer Kid
Ano de Produção: 1966
País: Itália
Estúdio: Elsio Mancuso Films
Direção: Leopoldo Savona
Roteiro: Sergio Garrone, Leopoldo Savona
Elenco: Anthony Steffen, Luisa Baratto, Fernando Sancho, Giovanni Cianfriglia, Howard Nelson Rubien, Virginia Darval
  
Sinopse:
Um capitão do exército, John Morrison (Anthony Steffen), é designado para combater revolucionários mexicanos que infestam as fronteiras entre México e Estados Unidos. Ele precisa localizar e matar um "Senhor da guerra", um sujeito que vive de vender armas contrabandeadas para os rebeldes. Perseguido pelos federais, ele é salvo da captura por um jovem rebelde que o leva para um acampamento de revolucionários onde o militar toma contato com a causa revolucionárias, aderindo a sua luta.

Comentários:
Western Spaghetti cujo roteiro foi obviamente escrito por um escritor de tendência esquerdista. É a velha estória: os revolucionários vermelhos, que tencionam iniciar uma revolução de cunho socialista, almejam tomar o poder através das armas. Os ocupantes do poder são geralmente retratados como corruptos, insanos e violentos, enquanto os revolucionários vermelhos são o suprassumo da bondade, da honradez e da pureza de intenções. Como bem sabemos isso tudo é bem maniqueísta. Deixando esse viés ideológico viciado de lado até que o filme é um bom faroeste italiano, valorizado por algumas cenas de combates realmente bem produzidas. O ator Anthony Steffen (1930 - 2004) que tinha pinta de americano (esse parecia ser um pré-requisito não escrito para se tornar um astro do western spaghetti) foi um veterano do cinema europeu, tendo atuado em diversas produções, de praticamente todos os gêneros cinematográficos. Curiosamente depois de alguns anos resolveu se mudar para o Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 2004. Ele ficou encantado pela beleza natural da cidade maravilhosa e decidiu que iria curtir sua aposentadoria por lá. Quem poderia culpá-lo por isso?

Pablo Aluísio.

Wyatt Earp - O Retorno a Tombstone

Título no Brasil: Wyatt Earp - O Retorno a Tombstone
Título Original: Wyatt Earp - Return to Tombstone
Ano de Produção: 1994
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Broadcasting System (CBS)
Direção: Paul Landres, Frank McDonald
Roteiro: Daniel B. Ullman, Rob Word
Elenco: Hugh O'Brian, Harry Carey Jr, Bruce Boxleitner, Paul Brinegar, Bo Hopkins, Don Meredith
  
Sinopse:
Anos depois de ter ido embora da cidadezinha de Tombstone, o ex-xerife Wyatt Earp (Hugh O'Brian) retorna para o lugar que o tornou célebre dentro da mitologia do velho oeste americano. A região está diferente, a cidade cresceu e novos colonos se mudaram para lá em busca de uma vida melhor. Velhas rixas porém se negam a morrer e a volta de Earp a Tombstone revive velhas rivalidades que voltam à tona com sua presença. Um clima de duelo e acerto de contas começa então a pairar sobre as ruas empoeiradas de Tombstone.

Comentários:
A história do xerife Wyatt Earp (1858 - 1929) se recusa a morrer. De tempos em tempos novos filmes são feitos, tentando recontar a história desse homem da lei. Nesse telefilme americano exibido pelo canal CBS nos anos 90 temos algumas peculiaridades bem interessantes. Uma delas foi o uso de cenas antigas do seriado "The Life and Legend of Wyatt Earp" (1955) nos flashbacks da produção. Sempre que o xerife Earp lembra de algum evento de sua passado surgem essas sequências da série dos anos 50 como complemento de suas recordações. Como a série original foi exibida em preto e branco a CBS resolveu colorizar as partes que foram usadas nesse filme. É um tipo de homenagem e resgate de um dos programas americanos mais populares de sua época. O curioso é que mesmo tendo em vista esse recurso narrativo o fato é que "Wyatt Earp - Return to Tombstone" funciona também muito bem como um complemento a todos os filmes já feitos sobre esse personagem histórico. Isso se deve ao fato de que nas produções antigas (e também nas atuais) os roteiros terminam no duelo do OK Curral, não se importando muito em contar o que aconteceu depois disso (com a honrosa exceção do filme de Kevin Costner que foi além). Assim o roteiro desse filme avança muito a frente do que estamos acostumados a ver. É, em suma, um bom faroeste, valorizado pelas ótimas paisagens naturais do Arizona. Chegou a ser lançado no Brasil em DVD, mas hoje em dia é uma filme bem complicado de se achar. Se tiver a oportunidade de assistir não deixe passar em branco.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O Vale do Paraíso

Título no Brasil: O Vale do Paraíso
Título Original: Paradise Canyon
Ano de Produção: 1935
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Carl Pierson
Roteiro: Lindsley Parsons, Robert Emmett Tansey
Elenco: John Wayne, Marion Burns, Reed Howes, Earle Hodgins, Gino Corrado, Yakima Canutt
  
Sinopse:
John Wyatt (John Wayne) é um agente do governo americano, devidamente disfarçado de cowboy, que vai até uma pequena cidade da fronteira para investigar uma quadrilha de falsificadores, especializados em falsficações de dinheiro e documentos federais. O chefe do bando de bandidos atende pelo nome de Curly Joe Gale (Yakima Canutt), um ex-coronel confederado que almeja destruir o governo da União. Seu desejo de vingança porém terá que passar por cima dos planos de Wyatt.

Comentários:
Os filmes mais antigos da carreira de John Wayne nem sempre são muito lembrados. Os cinéfilos esquecem que John Wayne já era extremamente popular nos anos 30, quando começou a atuar em uma série infindável de filmes de western em estúdios como a Republic. De fato o ator foi se transformando em um astro justamente por essa época. A grande maioria dessas fitas eram produções simples, baratas, de orçamentos bem modestos e pequenos, que rendiam verdadeiras fortunas nas matinês de fim de semana. O público alvo era mesmo os mais jovens, a garotada. Por isso os filmes eram também de curta duração (esse aqui, "Paradise Canyon", por exemplo, só tinha 52 minutos de duração, incluindo os créditos!). John Wayne nessa época fazia uma linha que lembrava o maior ídolo do cinema de bang-bang: Tom Mix! Isso mesmo, o ator procurava seguir os passos de Mix, tanto na caracterização de seus personagens, como também nos figurinos. Wayne surgia em cena com enormes chapéus brancos que era uma das marcas registradas justamente do astro máximo Tom Mix. Curiosamente o tempo faria com que Mix fosse esquecido, enquanto John Wayne se transformaria no mito que todos conhecemos. O roteiro, como era de se esperar, era bem básico, o que não significava que fosse ruim, muito pelo contrário, era apenas característico daqueles tempos distantes e inocentes do cinema americano, onde a diversão era o mais importante de tudo em um filme. Sob esse ponto de vista conseguiram certamente chegar no que queriam."O Vale do Paraíso" é pura diversão pipoca!

Pablo Aluísio.

Na Pista do Traidor

Título no Brasil: Na Pista do Traidor
Título Original: Riders of Destiny
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Robert N. Bradbury
Roteiro: Robert N. Bradbury
Elenco: John Wayne, Cecilia Parker, Forrest Taylor, George 'Gabby' Hayes, Yakima Canutt, Al St. John
  
Sinopse:
James Kincaid (Forrest Taylor) é um bandoleiro fora-da-lei que começa a dominar as fontes de água em uma região com muitos desertos no velho oeste americano. Ele planeja ter o controle de todas elas para extorquir os fazendeiros e criadores de gado. O governo americano então envia um agente disfarçado, Singin' Sandy Saunders (John Wayne), para garantir o acesso à água de todos os cidadãos e moradores do lugar, o que obviamente dá origem a um confronto entre ele o bandido, tudo culminando em um duelo mortal pelas areias escaldantes do deserto.

Comentários:
Mais um filme pioneiro de John Wayne nos estúdios da Republic. Durante muitas décadas pensou-se que essas primeiras fitas com o astro John Wayne tinham se perdido para sempre, pois os acervos de velhos estúdios, há muito fechados, como a Republic, tinham desaparecido. Para alguns tudo teria sido destruído em um grande incêndio nos anos 50. Assim se pensou até que nos anos 70 um antigo colecionador, fã de John Wayne, resolveu doar suas cópias (as únicas ainda existentes) para uma instituição de preservação de filmes antigos da Califórnia. Esse "Riders of Destiny" fazia parte dessa coleção. Nos anos 90 a maioria desses curtas e média-metragens - que tinham no máximo 60 minutos de duração - foram lançados em boxes nos Estados Unidos e Europa no formato de DVD. Uma excelente notícia pois dessa forma essas obras cinematográficas se tornam mais preservadas para a posteridade. De modo em geral o filme segue uma linha industrial que era bem comum na época. Os roteiros são bem simplificados, explorando o eterno duelo entre o bem e o mal. John Wayne, ainda bem jovem, já se destacava, com seus maneirismos típicos. A lenda ainda não estava completamente formada, mas já demonstrava sinais do que um dia iria se tornar.

Pablo Aluísio

domingo, 17 de setembro de 2017

Homens em Revolta

Título no Brasil: Homens em Revolta
Título Original: Untamed Frontier
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Hugo Fregonese
Roteiro: Gerald Drayson Adams, John Bagni
Elenco: Joseph Cotten, Shelley Winters, Scott Brady, Lee Van Cleef, Suzan Ball, Minor Watson, José Torvay
  
Sinopse:
Após matar um homem desarmado, Glenn Denbow (Scott Brady) é acusado de assassinato. Sua única esperança de não ser enforcado é que a única testemunha do crime, a garçonete Jane Stevens (Shelley Winters), não testemunhe contra ele no tribunal. Como ela sempre teve uma quedinha por ele, Glenn decide se casar às pressas com a garota, pois assim Jane não poderia ir ao tribunal prestar testemunho contra seu próprio marido. Glenn é um sujeito rico, filho de um clã poderoso de criadores de gado, mas não se endireita na vida, sempre se envolvendo em problemas, o que aumenta ainda mais o desgosto de seu pai, o latifundiário Matt Denbow.

Comentários:
Esse é um faroeste da Universal que nem é muito conhecido, mas que vale a pena por ter uma boa estória e um bom roteiro. A trama gira em torno da família Denbow, um clã rico, dono de vastas terras na fronteira entre o Texas e o México. Com 40 mil cabeças de gado eles começam a ter problemas com invasores de sua propriedade, colonos que viajam rumo ao oeste. Isso acaba criando uma grande tensão na região. Para piorar o herdeiro Glenn é um sujeito pusilânime, mau caráter e criador de problemas. Ele se casa com uma garçonete (Winters) para fugir da lei, porém mesmo depois de casado não melhora em nada, continuando com as bebedeiras e as brigas nos saloons da cidade. Seu pai assim acaba elegendo seu sobrinho, o correto Kirk Denbow (interpretado pelo astro do filme, Joseph Cotten), como seu braço direito na condução da fazenda. Ele, por sua vez, acaba se apaixonando pela esposa do primo... Jane (Winters)! Nem é preciso ser muito perspicaz para entender que algo assim definitivamente não poderia acabar bem. O filme é muito interessante, bem fotografado e apesar da curta duração não decepciona em nenhum momento. A grande estrela desse western vem da presença de Shelley Winters. Ela tem a personagem mais bem desenvolvida e se formos pensar bem todo o enredo gira em torno justamente dela. É uma garota pobre que acaba entrando em uma rica família latifundiária, se destacando por causa de sua personalidade firme e cheia de boas opiniões. Até o velho patriarca acaba gostando dela, apesar das circunstâncias nada normais envolvendo seu casamento com o filho. No geral não posso negar, acabei gostando bastante. Sim, é um faroeste até simples, porém bem eficiente. Vale a sessão.

Pablo Aluísio.

O Gaúcho

Título no Brasil: O Gaúcho
Título Original: Way of a Gaucho
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Philip Dunne
Elenco: Rory Calhoun, Gene Tierney, Richard Boone, Hugh Marlowe, Everett Sloane, Enrique Chaico
  
Sinopse:
Baseado no romance escrito por Herbert Childs, o filme narra a estória de Martin Penalosa (Rory Calhoun), um típico gaúcho dos Pampas argentinos. Durante uma festa na fazenda de seu patrão ele discute com outro empregado e ambos entram em uma feroz luta de punhais, onde ele acaba matando seu oponente. Preso e condenado, é levado para um distante grupamento do exército para servir como soldado (na época era comum penas serem cumpridas dessa forma). Depois de um ataque de nativos da região ele decide desertar. Foge e acaba se tornando líder de um grupo de bandoleiros na fronteira.

Comentários:
Um filme diferente onde sai de cena o cowboy dos Estados Unidos para entrar o Gaúcho argentino dos Pampas. Logo no começo do filme o espectador é informado que grande parte do que verá na tela foi realmente filmado na Argentina, o que no mínimo trouxe uma bonita fotografia para a produção. Como era de se esperar de um filme como esse, filmado nos anos 1950, o roteiro é dos mais simples. O ator Rory Calhoun interpreta um gaúcho da fronteira que se torna um bandoleiro perigoso, líder de um grupo de rebeldes. Adotando o nome revolucionário de Valverde ele espalha medo e pânico entre as opressivas autoridades da região. Até aí tudo bem, o problema é que ele tem um relacionamento muito próximo com um deputado, político influente de Buenos Aires, o filho de seu antigo padrão, que sempre o tratou como se fosse a um irmão. Esse faz de tudo para que ele abandone a vida do crime e se entregue para ser julgado. Além disso está apaixonado pela bela Teresa Chavez (Gene Tierney) que, a despeito de sua vida de fugitivo, resolve se casar com ele. O ator Rory Calhoun tinha pouco carisma, talvez por isso nunca tenha se tornado um astro de verdade. Seu personagem, o do gaúcho bandoleiro, tem problemas, pois em essência é um bandido, um fora-da-lei, que promove assaltos e roubos. Não na linha de um romântico Robin Hood argentino, mas sim como bandoleiro mesmo, capaz de atos completamente reprováveis. Como transformar alguém assim em mocinho? Complicado! Para contrabalancear isso resolveram destacar seu lado religioso, mas no geral a tentativa de transformá-lo em um verdadeiro herói vai por água abaixo. Por ser uma fita curta, que mal chega nos 80 minutos de duração, o filme se torna assistível, porém nunca chega a ser grandioso ou nada do tipo. Obviamente está muito datado em diversos aspectos (como o romance pouco convincente), mas até que apresenta algumas boas cenas de ação e combates. Em termos amplos é apenas uma diversão romântica ligeira de um passado nostálgico.

Pablo Aluísio.