sábado, 18 de março de 2017

Pela Vida de um Amigo

Título no Brasil: Pela Vida de um Amigo
Título Original: Return to Paradise
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Polygram Filmed Entertainment
Direção: Joseph Ruben
Roteiro: Pierre Jolivet, Olivier Schatzky
Elenco: Vince Vaughn, Anne Heche, Joaquin Phoenix, Vera Farmiga, Jada Pinkett Smith, David Conrad
  
Sinopse:
Lewis McBride (Joaquin Phoenix) é um americano que após passar férias na Malásia, acaba sendo acusado de tráfico de drogas. Preso e julgado, ele é condenado à morte em oito dias. Sua única saída é contar com o apoio de amigos que estavam com ele na ocasião e que poderiam assumir também suas culpas pelas drogas apreendidas, só que isso vai parecendo cada dia mais improvável. Filme indicado ao Csapnivalo Awards nas categorias de Melhor Atriz (Anne Heche) e Melhor Ator (Joaquin Phoenix).

Comentários:
Traficar drogas ou pelo menos levar algum tipo de droga em suas malas para certos países do mundo pode ser uma péssima ideia. É justamente isso que o roteiro desse filme explora, a prisão e condenação à morte de um americano em um país da Ásia, a Malásia. Em lugares como esse não existe escapatória - a morte, caso seja preso, é praticamente certa! Recentemente inclusive tivemos vários casos de jovens brasileiros que foram pegos justamente nessa situação, tentando entrar em países da Ásia - como as Filipinas - carregando drogas em suas bagagens. Há uma brasileira atualmente no corredor da morte por lá e outro brasileiro foi executado há mais ou menos dois anos. Dessa forma o tema do roteiro, apesar dos anos passados, tem se mostrado bem atual. É um filme com uma história triste. Um americano condenado à morte, precisando da ajuda de "amigos" (entre aspas mesmo), para que eles assumam parte da culpa, evitando assim que ele seja morto por enforcamento - um método pouco humanitário de ser executado na pena capital. O filme de uma forma em geral é bom, valorizado por esse interessante elenco, onde todos os atores ainda estavam na fase inicial da carreira. Um bando de gente talentosa que iria trilhar caminhos diferentes na carreira, mas que aqui, unidos, acabaram fazendo um belo trabalho de atuação. Por essas e outros recomendo bastante essa fita bem acima da média, capaz de mostrar o realismo brutal de uma condenação à morte, algo que é raramente mostrado pelo cinema americano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Elle

A atriz Isabelle Huppert concorreu ao Oscar pela sua atuação nesse filme "Elle". Não deixou de ter sido uma surpresa porque o roteiro desse filme é um tanto incomum. Isabelle Huppert interpreta uma mulher madura chamada Michèle Leblanc. Divorciada, morando sozinha, ele é a executiva de uma empresa que produz jogos de videogames. Ao abrir a porta de sua sala para seu gato entrar em casa ela acaba sendo surpreendida pela entrada de um criminoso, um estuprador. Depois de ser violentada ela tenta superar o trauma e descobre, tempos depois, que o estuprador na verdade é alguém bem próximo dela. Michèle Leblanc tem um passado a esconder. Ela é filha de um dos mais infames serial killers da história da França, um homem que está prestes a morrer na cadeia. Mesmo assim ela se recusa a vê-lo pela última vez. Pior acontece em relação ao seu relacionamento com sua mãe, que está pensando em se casar com um rapaz bem mais jovem, um explorador de mulheres mais velhas, um escroque. Como se vê a protagonista tem muitos problemas em sua vida pessoal, mas mesmo assim tenta seguir em frente, levando sua vida.

Devo antecipar que o roteiro de "Elle" tem algumas coisas que fogem completamente do padrão desse tipo de drama francês. A personagem Michèle Leblanc é mais do que uma mulher forte, ela na verdade é uma mulher racional, diria até fria ao extremo. Será que o argumento quis fazer algum tipo de ligação com o fato dela ser filha de um psicopata? É possível. Ao longo da trama Michèle acabará descobrindo a identidade do criminoso que a estuprou, mas ao invés de denunciá-lo para as autoridades policiais acaba desenvolvendo uma doentia relação com ele. Essa parte da estória (que foi baseada no romance escrito por Philippe Djian) certamente deixará muitas feministas de cabelo em pé! Isabelle Huppert tem uma atuação corajosa. Encarnar cenas fortes, de estupro e violência extrema, com cenas de nudez, exige uma postura de coragem de uma atriz como ela, já consagrada em sua carreira. Talvez essa postura tenha lhe valido a indicação ao Oscar (que diga-se de passagem foi bem merecida). Agora, curioso mesmo é reencontrar o diretor holandês Paul Verhoeven (de filmes como "Instinto Selvagem", "Robocop" e "O Vingador do Futuro"), que andava bem sumido, ressurgir com uma obra cinematográfica como essa! Fora dos padrões de sua carreira ele acabou surpreendendo de forma bem positiva.

Elle (Elle, França, Alemanha, Bélgica, 2016) Direção: Paul Verhoeven / Roteiro: David Birke  / Elenco: Isabelle Huppert, Laurent Lafitte, Anne Consigny / Sinopse: Michèle Leblanc (Isabelle Huppert) é uma executiva de uma empresa de games que acaba sendo estuprada em sua própria casa. O crime acaba sendo o estopim de uma série de acontecimentos em sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Isabelle Huppert). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Isabelle Huppert). Filme indicado à Palma de Ouro do Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

Vatel - Um Banquete para o Rei

Título no Brasil: Vatel - Um Banquete para o Rei
Título Original: Vatel
Ano de Produção: 2000
País: França, Inglaterra, Bélgica
Estúdio: Miramax Films
Direção: Roland Joffé
Roteiro: Jeanne Labrune, Tom Stoppard
Elenco: Gérard Depardieu, Uma Thurman, Tim Roth, Julian Sands, Julian Glover, Richard Griffiths
  
Sinopse:
Em 1671 o Rei da França Louis XIV (Julian Sands) decide passar três dias na propriedade de um conde francês, que no passado foi seu inimigo, mas que agora poderá se tornar um aliado importante em uma nova guerra que o monarca francês pretende se envolver. Para que a visita seja um sucesso, onde tudo dê certo, o conde contrata os serviços do mestre de cerimônias François Vatel (Gérard Depardieu). Caberá a ele administrar todos os eventos da visita real ao Château de Chantilly. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Direção de Arte (Jean Rabasse e Françoise Benoît-Fresco). Vencedor do César Awards na categoria de Melhor Design de Produção (Jean Rabasse).

Comentários:
Outro filme que gira em torno da figura de Louis XIV, o "Rei Sol". A diferença básica de seu roteiro é que tudo se concentra não na figura real, mas sim no trabalho minucioso e exaustivo de François Vatel (Gérard Depardieu), o empregado do conde anfitrião, que precisará tomar todos os cuidados para que tudo saia conforme o planejado na visita do rei nas terras de seu patrão. E isso não é algo fácil. Ele precisará lidar com uma corte inteira (que sempre seguia os passos do rei). Pessoas mimadas, muitas vezes indisciplinadas e arrogantes, que exigiam o melhor em termos de serviços, sem facilitar o trabalho de ninguém em troca. O próprio Louis XIV é um exemplo disso. Embora viajasse com a sua Rainha, ele tinha várias cortesãs, mulheres que frequentavam sua cama, em casos escandalosos e notórios. Uma delas seria a dama de companhia Anne de Montausier (Uma Thurman), que cai nas graças do monarca justamente em sua visita ao conde. E por mais incrível que isso possa parecer, embora se torne cortesã real, ela nutre simpatias mesmo por Vatel, o homem comum, trabalhador e esforçado. Ter que lidar com a nobreza da corte se mostra assim seu trabalho mais árduo. Para se ter uma ideia de como era até mesmo perigoso lidar com a nobreza, em determinado momento do filme o irmão do rei se engraça por um menino protegido por Vatel. Embora o roteiro não deixe tudo muito claro, fica-se subentendido que o irmão de Louis seria pedófilo e estaria tentando abusar da criança. Agora imaginem a situação complicada para Vatel, ter que salvar a pele do garoto sem criar um problema com o membro da família real (o que em tempos de absolutismo poderia lhe custar a própria vida). Em termos de elenco não há o que reclamar, pois todos os atores estão excepcionalmente bem em cena. Entre os destaques poderia lembrar da excelente presença de Tim Roth como o maquiavélico Marquês de Lauzun e, é claro, como não poderia deixar de ser, a sempre marcante presença de Gérard Depardieu. Ele sempre fez valer qualquer tipo de papel que representasse. Esse filme não é exceção. É um desses atores ímpares na história do cinema. Simplesmente genial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de março de 2017

A Grande Muralha

O enredo é simples e direto. O estrangeiro William (Matt Damon) chega nas muralhas da China após ser perseguido por bandoleiros a bandidos. Uma vez diante da enorme construção ele resolve se render para o exército do grande império chinês. Dentro das suas enormes fortificações, ele descobre que a região está prestes a ser atacada por criaturas monstruosas, que caçam e matam seres humanos com ferocidade. William quer descobrir o segredo de uma nova arma, a pólvora, e logo cerra fileiras ao lado dos chineses para combater a perigosa ameaça que está chegando! Para enfrentar as feras eles usarão de todos os tipos de táticas de guerra, algumas bem conhecidas e outras pouco usuais. Basicamente é isso, um filme de monstros sendo combatidos aos pés da grande muralha chinesa.

Eu estava muito equivocado em relação a esse filme. Pensava se tratar de um épico sobre a construção da Muralha da China. Algo histórico, com grandes cenas de batalhas entre os antigos povos da China e a força da cavalaria mongol! Que nada! O filme não passa de uma aventura bem juvenil feita para o público pré-adolescente e até mesmo infantil. Tudo é extremamente fantasioso (o enredo se passa em um universo de fantasia) onde a grande muralha não fora construída para deter as invasões do império Mongol, mas sim para defender o Império chinês de monstros místicos que a cada sessenta anos surgem para lembrar aos imperadores que sua ganância de poder deve ter limites! Uma lição para ser relembrada com violência e mortes de tempos em tempos.

Achei esse argumento realmente fraco! Tudo mero pretexto para ataques e mais ataques dessas criaturas que, é bom frisar, me lembraram demais os mesmos monstros do filme "Kong - A Ilha da Caveira". É praticamente o mesmo modelo de besta feroz, com poucas mudanças de design. A semelhança chega a causar embaraço e constrangimento! Pelo visto resolveram usar o mesmo programa de computação gráfica e o mesmo desenho de criação do outro filme, o que não deixa de ser um aspecto muito negativo, ainda mais que ambos os filmes estrearam praticamente no mesmo mês. Os efeitos digitais, que deveriam ser um grande atrativo, assim perde parte de sua força pela falta de originalidade! Como estava esperando por algo mais, digamos, sério, a decepção foi ainda maior por causa do tipo de filme que acabei encontrando. Nos Estados Unidos o filme não foi muito bem recebido pelo público que não pareceu muito interessado em seu tema. Ao custo de 150 milhões de dólares, o filme só conseguiu ter uma bilheteria morna até agora com 21 milhões em seus primeiros dias de exibição. Muito fraco para uma super produção como essa. No mercado internacional rendeu apenas 40 milhões, ou seja, caminha para dar um grande prejuízo ao estúdio.

A crítica também não gostou do resultado, mas os produtores desse filme não parecem muito preocupados com o mercado ocidental, mas sim com as bilheterias chinesas! Isso mesmo, o filme foi feito para o mercado cinematográfico da China, por isso temos aqui um roteiro que vai soar familiar para quem acompanha os filmes de fantasia feitos em Hong Kong, onde se mesclam com toneladas de efeitos digitais gratuitos, que nem sempre são muito convincentes, um enredo mais simples, dirigido principalmente para os jovens entre 11 a 15 anos de idade! Como é feito para o mercado Made in China não espere por nada que venha sequer arranhar a imagem do povo e governo chinês. Todos os personagens chineses são heroicos, altamente íntegros, inclusive as mulheres que aqui ganham uma nova função - a de guerreiras voadoras! (Não é brincadeira!). O elenco americano é todo dispensável pois eles no final não fazem nenhuma grande diferença. São descartáveis mesmo! É muito complicado entender como Matt Damon preferiu atuar nesse fraco filme ao invés de estrelar "Manchester à Beira Mar", filme que foi produzido especialmente para ele atuar. Acabou dando o Oscar para Casey Aflleck, enquanto Damon afundou nessa produção megalomaníaca e vazia. Uma péssima escolha. Enfim, só indicaria mesmo o filme para um público adolescente. Os mais velhos certamente ficarão decepcionados com o resultado aqui apresentado.

A Grande Muralha (The Great Wall, Estados Unidos, China, Hong Kong, 2016) Direção: Yimou Zhang / Roteiro: Carlo Bernard, Doug Miro / Elenco: Matt Damon, Willem Dafoe, Pedro Pascal, Tian Jing, Hanyu Zhang, Lu Han / Sinopse: Dois estrangeiros se empenham, ao lado dos chineses, na luta contra monstros que atacam a grande muralha da China a cada 60 anos! William (Matt Damon), um mercenário no passado, acaba descobrindo os verdadeiros valores que devem nortear a vida de um verdadeiro guerreiro honrado.

Pablo Aluísio.

Um Sinal de Esperança

Título no Brasil: Um Sinal de Esperança
Título Original: Jakob the Liar
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, França, Hungria
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Peter Kassovitz
Roteiro: Peter Kassovitz
Elenco: Robin Williams, Alan Arkin, Hannah Taylor Gordon, Éva Igó, Kathleen Gati, Bob Balaban
  
Sinopse:
A história do filme se passa em 1944, na Polônia ocupada por nazistas. A guerra entra em sua fase final e um judeu chamado Jakob (Robin Williams) se torna uma importante fonte de informações para a comunidade judaica aprisionada em um gueto da cidade. Com a censura imposta pelos alemães, a única possibilidade de se saber o que estava acontecendo era um velho rádio usado por Jakob de forma clandestina.

Comentários:
Baseado na novela escrita por Jurek Becker, o filme se concentra em um personagem bem singular, um homem do povo, interpretado por Robin Williams. É de forma em geral um bom filme, valorizado pela sua boa história. Esses guetos que foram criados pelos nazistas, um deles retratado no filme, eram verdadeiras prisões provisórias. Os judeus eram confinados dentro de seus linhas e ficavam em condições sub humanas até o momento em que fossem transportados para campos de extermínio. O gueto mais famoso da história foi o gueto de Varsóvia, mas existiram muitos outros, por toda a Europa. Depois de meses - algumas vezes até anos - limitados a viverem nesses guetos sujos e sem comida, os judeus eram então levados de trem (transportados como gado), para os campos de concentração onde eram finalmente executados sumariamente. Esse é mais um drama pesado na carreira de Robin Williams. Há tentativas tímidas de se fazer um pouco de humor aqui ou acolá, mas como o tema do filme é sobre o holocausto isso é totalmente amenizado. Enfim, um bom filme histórico que merecia inclusive melhor reconhecimento por parte dos festivais de cinema pelo mundo afora, algo que não aconteceu, talvez por puro preconceito por ser uma fita estrelada por um astro do humor de Hollywood. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Silêncio

Esse é um filme sobre os limites da fé! O seu roteiro mostra o ápice de dor física e psicológica a que um homem pode suportar, mesmo tendo a fé mais sincera e honesta em seu coração. A história se passa no século XVII. Após uma intensa perseguição religiosa contra os católicos em um Japão brutal e desumano, dois jovens padres jesuítas são enviados para lá com a missão de descobrirem o que teria acontecido ao padre Ferreira (Liam Neeson), que liderava a Igreja naquela distante nação. Ao chegarem clandestinamente em terras japonesas descobrem que muitos cristãos estão sendo mortos de forma bárbara apenas pelo fato de seguirem o evangelho de Cristo.

Essa é uma obra cinematográfica de extrema relevância por expor o pior tipo de intolerância religiosa que se pode existir, a intolerância estatal, promovida por autoridades do próprio Estado. Em um Japão com predominância da religião budista, os próprios líderes do Estado decidiram que o cristianismo não poderia entrar em seu país. Assim foi promovida uma intensa perseguição religiosa contra todos os cristãos, promovendo torturas, massacres e assassinatos em massa. Uma coisa horrorosa que nos ensina muito sobre essa questão. E engana-se quem pensa que atualmente não vivemos um momento bem parecido com o que vemos nas telas. Basta lembrar dos métodos bem parecidos utilizados por fundamentalistas islâmicos do mundo atual, para vermos que aquilo que se passa no filme não é uma realidade tão distante ao nosso presente como muitos possam pensar.

O diretor Martin Scorsese realiza assim um dos seus melhores trabalhos. Uma obra muito sincera e bem pessoal. O cineasta, nascido dentro de uma grande comunidade católica em Nova Iorque, pensou em se tornar padre em sua infância. Ao longo de sua vida acabou criando uma relação de amor e ódio com a Igreja Católica, mas sem jamais a abandoná-la completamente. Essa dualidade entre tantos sentimentos conflituosos com a sua religião o fizeram entrar nesse projeto. O roteiro, como podemos perceber, é realmente uma declaração de amor de Scorsese para com os heróis da Igreja, homens comuns, padres jesuítas, que foram colocados em situações extremas, só vivenciadas antes entre os primeiros cristãos, ainda nos tempos de Jesus.

Um dos protagonistas é um jovem padre português chamado Rodrigues, interpretado pelo ator Andrew Garfield. Em minha opinião esse ator não teve todo o talento dramático exigido para viver com a devida intensidade a incrível história de fé de seu personagem. Mesmo assim, com pequenas falhas, ele não compromete o filme como um todo. Tudo bem, um ator melhor faria grande diferença, porém essa história é tão edificante, tão relevante, que não podemos ignorar a força do roteiro por si mesmo. Enfim, poucas vezes vi um filme tão humano como esse na filmografia do mestre Martin Scorsese. Uma obra essencial.

Silêncio (Silence, Estados Unidos, México, Taiwan, 2016) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Martin Scorsese, Jay Cocks / Elenco: Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson, Shin'ya Tsukamoto, Yôsuke Kubozuka, Issei Ogata, Tadanobu Asano / Sinopse: Dois padres jesuítas, Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupa (Adam Driver), são enviados para o Japão do século XVII, para descobrirem o paradeiro do padre Ferreira (Neeson), mas uma vez lá descobrem que o país vive uma intensa perseguição religiosa contra católicos, promovendo uma política estatal de massacres e assassinatos em massa. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia (Rodrigo Prieto).

Pablo Aluísio.

A Trapaça

Título no Brasil: A Trapaça
Título Original: The Spanish Prisoner
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Magnolia Films
Direção: David Mamet
Roteiro: David Mamet
Elenco: Steve Martin, Ben Gazzara, Campbell Scott, Rebecca Pidgeon, Felicity Huffman, Ricky Jay
  
Sinopse:
Joe Ross (Campbell Scott), um executivo de uma grande corporação, acaba desenvolvendo um programa inovador, que vai gerar uma imensa fortuna para a empresa na qual trabalha. Ainda um pouco inexperiente nesse tipo de negócio ele acaba pedindo conselhos para Jimmy Dell (Steve Martin), que supostamente seria um multimilionário do ramo de bolsas de valores, só que na verdade ele não é bem quem afirma ser.

Comentários:
Sempre costumo repetir para os cinéfilos mais jovens que David Mamet foi um dos melhores escritores de roteiros da história mais recente de Hollywood. Seus filmes não se destacam muito pelas produções em si, algumas delas bem fracas, é bom alertar. O grande mérito de Mamet sempre foram os textos e argumentos que escreveu para os filmes que dirigiu. Nisso ele foi realmente genial. Esse "A Trapaça" segue basicamente nessa linha. Contando com um bom elenco, completamente entrosado em cena, ele construiu uma trama que funciona muito bem não apenas em suas reviravoltas, como também pelo mosaico de situações e intrigas que vão se desenvolvendo perante o espectador. Uma das surpresas desse elenco vem da presença do comediante Steve Martin. Conhecido por inúmeras comédias do tipo "Um Espírito Baixou em Mim" e "O Panaca" ele aqui optou por interpretar um personagem com nuances sombrias em seu modo de ser. Acabou sendo uma das melhores interpretações de toda a sua carreira. Assim se você é fã de Steve Martin como ator e está em busca de um roteiro mais sofisticado, com a marca de David Mamet, não há outra sugestão no horizonte: Assista "A Trapaça" e se divirta! Vai ser um bom programa para o fim de semana.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de março de 2017

Filmes no Cinema - Edição XI

O principal lançamento dessa semana é a ficção "Life" ("Vida" no Brasil). O filme tem um excelente elenco (que conta entre outros com Jake Gyllenhaal e Ryan Reynolds) e explora a história de seis astronautas que descobrem, através de amostras retiradas de Marte, vida naquele planeta desolado.  É inicialmente um ser unicelular que ganha o nome carinhoso de Calvin. Tudo corre bem até que eles descobrem que não há nada de inofensivo naquela nova forma de vida. O filme tem sido elogiado lá fora, muito embora muitas críticas chamem a atenção para as inúmeras semelhanças entre esse enredo e a famosa franquia "Aliens". De minha parte estou curioso em conferir o filme. A comparação com "Aliens" é de certa forma até esperada, uma vez que essa série de filmes sempre foi uma das mais influentes da história do cinema.

Outro lançamento da semana que chama a atenção é o drama histórico nacional "Joaquim". Uma produção entre Brasil e Portugal que procura resgatar a história de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, personagem central na chamada Inconfidência Mineira. O filme tem sido bastante elogiado e vem para preencher um vazio que existia dentro da cinematografia brasileira sobre esse tão falado e ao mesmo tempo tão pouco conhecido herói da nossa história. O filme é obviamente bem mais recomendado para quem aprecia história do Brasil.

Voltando aos enlatados americanos os cinemas brasileiros recebem outras opções nessa semana. A atriz Katherine Heigl conhecida por suas comédias romântica bobinhas procura por um novo caminho em sua carreira. Ela deixa o humor de lado para estrelar "Paixão Obsessiva", um thriller de suspense envolvendo uma mulher traída pelo marido que resolve se vingar de sua amante. Será que após vários fracassos comerciais, Heigl conseguirá retomar o caminho do sucesso trocando de estilos cinematográficos? É esperar para ver, muito embora eu pessoalmente não leve muita fé nesse seu novo filme que parece ser bem ruinzinho.

Uma melhor opção é conferir "Paterson" de Jim Jarmusch. O cult diretor volta aos cinemas nesse drama sensível sobre um homem que ganha a vida como motorista de ônibus, embora tenha talento e vocação mesmo para a poesia. Um filme bucólico e lírico que merece ser mais conhecido. Já "O Sonho de Greta" explora aquela fase complicada da adolescência quando uma jovem garota está prestes a completar 15 anos de idade. Indicado para pré-adolescentes em geral que certamente vão se identificar com a história. Por fim, para quem estiver em busca de filmes do velho continente fica a dica do filme francês "O Novato". Também é uma crônica sobre a pré-adolescência, contando a história de um garoto que vai morar em Paris e passa a sofrer bullying na escola.

Pablo Aluísio.

À Primeira Vista

Título no Brasil: À Primeira Vista
Título Original: At First Sight
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Irwin Winkler
Roteiro: Steve Levitt
Elenco: Val Kilmer, Mira Sorvino, Kelly McGillis, Nathan Lane, Steven Weber, Bruce Davison
  
Sinopse:
Virgil Adamson (Val Kilmer) é um deficiente visual que resolve se submeter a um tratamento inovador, que poderá recuperar o seu sentido da visão. Ao lado da namorada Amy Benic (Mira Sorvino) ele consegue grandes avanços e em um tempo relativamente curto e surpreendente volta a enxergar. O que Virgil não sabe é por quanto tempo conseguirá ver e o que poderia estar acontecendo com sua mente, que passa a dar sinais de efeitos colaterais.

Comentários:
Um filme interessante, com enredo baseado no romance "To See and Not See" de Oliver Sacks. Essa trama de um homem cego que volta a ver tem dois lados bem curiosos. O primeiro é o lado romântico. Val Kilmer, ainda jovem e em forma, faz um personagem meio galã, com modos e hábitos bem românticos. Ele ama sua namorada, mas nunca a viu. Imaginem a surpresa quando finalmente ele a vê pela primeira vez! Essa parte do roteiro tem bom gosto, tudo muito sutil e bem desenvolvido. O outro lado explora os efeitos colaterais que o personagem de Kilmer começa a enfrentar depois de recuperar a visão. Ele tem sintomas estranhos, visões e sombras o rondando o tempo todo. Nessa parte temos seguramente o aspecto mais, digamos, thriller desse filme. Não está entre os grandes filmes da carreira de Val Kilmer, mas seguramente também não se encontra entre os piores. Fica no meio termo. Ele ainda explora seu Sex Appeal, algo que ele iria deixar para trás nos anos que viriam, por enfrentar ele próprio problemas de saúde bem graves. Enfim, deixo a recomendação, principalmente para os que gostam do trabalho de Val Kilmer. Para eles a fita se tornará no mínimo curiosa.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Versalhes, o Sonho de um Rei

Título no Brasil: Versalhes, o Sonho de um Rei
Título Original: Versailles, Le Rêve d'un Roi
Ano de Produção: 2008
País: França
Estúdio: Les Films d'Ici, France 2 (FR2)
Direção: Thierry Binisti
Roteiro: Jacques Dubuisson, Michel Fessler
Elenco: Samuel Theis, Vinciane Millereau, Jérôme Pouly, Antoine Coesens, Nicolas Jouhet, Germain Wagner
  
Sinopse:
Após a morte de seu pai, o Rei, sobe ao trono da França um jovem monarca, Louis XIV (Samuel Theis). Dono de uma personalidade megalomaníaca, o novo Rei decide construir o maior palácio real de toda a Europa, uma construção magnífica, com todo o luxo e a pompa dignas de sua majestade imperial. Para concretizar seus sonhos de construir o monumental Palácio de Versalhes, Louis XIV leva décadas, exaurindo os cofres e as finanças de toda uma nação. Para o Rei porém isso tudo pouco importa, pois ele está decidido a transformar seu exuberante projeto em realidade. Filme histórico baseado em fatos reais.

Comentários:
Excelente produção francesa que teve o privilégio de ser filmada no próprio Chateau de Versailles, o Palácio real que até hoje impressiona os visitantes que o conhecem. A história do filme é por demais interessante e mostra a obsessão que o Rei Louis XIV (Samuel Theis) criou em concretizar seus sonhos de construir algo jamais visto em toda a Europa. Conhecido como o "Rei Sol", Louis XIV  não era um homem de moderação. Tudo, absolutamente tudo, deveria ser o mais luxuoso possível, o mais brilhante, o mais magnífico. Obcecado por roupas luxuosas e palácios de sonhos, o Rei ignorou os conselhos de seus ministros para erguer no meio de um velho pântano uma das construções mais impressionantes da história. Versalhes até então não passava de uma rústica casa de campo construída por seu pai, que gostava de fazer caçadas pelas matas daquela região. Tomado por um sentimento de nostalgia, o novo Rei decide então erguer esse Palácio no mesmo lugar onde havia passado bons momentos em sua infância. Começa assim a construção de uma obra que levaria 40 anos para ser concluída. Não se contentando em levantar do chão esse tipo de construção típica das grandes monarquias do passado, Louis XIV foi além, mandando tragar as regiões pantanosas das vizinhanças, para transformar tudo ao redor em majestosos jardins, os maiores que se tinham notícia até então. Haveria muito o que explorar na história desse Rei, porém o roteiro se concentra mesmo na obsessão de Louis XIV em construir seu Palácio de Versalhes, o que não deixa de ser algo positivo, pois o espectador acaba conhecendo em detalhes a curiosa história em torno de sua construção. Os sonhos de um Rei absolutista que não aceitava respeitar limites aos seus mais loucos projetos. Autor da frase "O Estado Sou Eu", não é de se admirar que tenha ido tão longe em seus sonhos de grandeza. Um filme especialmente recomendado para quem gosta da história das monarquias europeias.

Pablo Aluísio.

Kong: A Ilha da Caveira

O espírito que move esse filme é o mesmo das antigas produções de matinê que eram exibidas em um tempo distante no passado. Tudo é diversão e aventura. Tanto isso é uma verdade que os técnicos em efeitos especiais resolveram homenagear o design da criatura do clássico de 1933. Ao se olhar para o King Kong desse novo filme é impossível ignorar suas semelhanças com o gorila do primeiro filme. Os braços robustos e até mesmo suas feições faciais são extremamente semelhantes. Os cinéfilos mais tradicionais vão gostar dessa homenagem. O roteiro também visa única e exclusivamente a pura diversão. Os personagens não são desenvolvidos em nenhum aspecto pois o filme se propõe mesmo a ser um velho filme de monstros de matinê. Sempre que o desenrolar vai ficando um pouquinho mais chato surge no horizonte alguma criatura monstruosa, seja ela um inseto gigante, seja um polvo pré-histórico. As crianças vão adorar.

A trama, ao contrário dos filmes anteriores, se passa totalmente na Ilha da Caveira. Isso é bem curioso porque nas produções do passado a Ilha da Caveira só servia mesmo como um ponto de partida, onde King Kong era capturado e levado para a civilização. Depois disso ele serviria basicamente como atração circense. Aqui não, Kong está em seu habitat natural, lutando não apenas contra os seres humanos como também contra a macrofauna existente no lugar. Em relação a esses bichos monstruosos e gigantes só me senti um pouco decepcionado com os lagartos gigantes que são os maiores inimigos de King Kong. Não achei o design deles tão bem feito ou inovador. Para falar a verdade seria melhor ver o gigante lutando contra um dinossauro, como no filme de 1933.

A direção é eficiente. Como não se está em busca de uma obra prima, nem nada do gênero, acabou se realizando um bom filme de aventuras e monstros pré-históricos. Por isso também todos os personagens humanos são caricatos. Samuel L. Jackson é um soldado caricato tirado das selvas da guerra do Vietnã. John Goodman é um caricato líder da expedição, cujos motivos esconde de todos, como é de praxe nesse tipo de roteiro, e por aí vai. Até mesmo a mocinha, uma fotógrafa que parece ter saído de um documentário sobre os anos 70, também é uma construção caricata. Nada disso porém importa no final das contas. Não é Shakespeare, é apenas um filme de monstros gigantes brigando entre si. Se você estiver em busca de algo assim nos cinemas certamente vai gostar - e se divertir. Não espere por nada muito além disso. Esse é o espírito.

Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island, Estados Unidos, 2017) Direção: Jordan Vogt-Roberts / Roteiro: Dan Gilroy, Max Borenstein / Elenco: Samuel L. Jackson, John Goodman, John C. Reilly, Tom Hiddleston, Brie Larson / Sinopse: Expedição é enviada até uma distante e isolada ilha no Pacífico Sul. Encoberta por uma perene tempestade, a Ilha da Caveria é um mistério completo e guarda uma fauna intocada pelo tempo, incluindo um imenso gorila do tamanho de um arranha-céu, o Rei Kong.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de março de 2017

Macbeth - Ambição e Guerra

Título no Brasil: Macbeth - Ambição e Guerra
Título Original: Macbeth
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: DMC Film
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Todd Louiso, Jacob Koskoff
Elenco: Michael Fassbender, Marion Cotillard, David Thewlis, Jack Madigan, Paddy Considine, David Hayman, Jack Reynor
  
Sinopse:
Após uma batalha vitoriosa, o nobre guerreiro Macbeth (Michael Fassbender) é honrado por seu Rei. Ele recebe um título de Duque e se torna um membro prestigiado de sua corte. Sua ambição porém vai além. Depois de executar um inimigo do trono, Macbeth encontra três bruxas que profetizam que ele próprio subirá ao poder máximo, se tornando um monarca poderoso em um futuro próximo. Encorajado pela esposa, Macbeth começa então a tramar a morte do Rei para usurpar seu poder. Filme indicado ao British Independent Film Awards e ao American Society of Cinematographers.

Comentários:
"Macbeth" foi uma peça teatral escrita pelo gênio William Shakespeare por volta de 1605. É uma obra que procura sondar o lado sórdido da natureza humana. Em foco temos a ambição, a ganância e a cobiça. O protagonista Macbeth é um homem nobre e honrado que se deixa seduzir por pensamentos ambiciosos, sem limites. Invejando a posição do Rei ele faz de tudo para assassiná-lo, para assim subir ao trono. E se tornar um regicida não é um problema para alguém que almeja o poder sem se preocupar com a ética, com a honestidade e tampouco com os valores morais de seus atos. Pior é que Macbeth tem uma esposa vil, uma mulher sem qualquer traço de humanidade, que também o inventiva a subir ao trono através do crime. É curioso porque Shakespeare aproveita sua trama de assassinatos, morte e traições, para revelar o lado mais cruel de certas mulheres, que a despeito do dinheiro, do poder e da falsa glória, aceitam planejar todos os tipos de atos cruéis. O filme é muito bom, com ótima fotografia, cenários e figurinos. Uma produção de primeira linha. O texto porém é o grande atrativo. Os produtores e o diretor optaram por usar os diálogos originais da peça de Shakespeare! Certamente vai soar um pouco erudito demais para o público atual, mas isso em última instância não é um demérito, mas sim uma qualidade. Outro ponto digno de elogios é a maneira como o cineasta Justin Kurzel resolveu filmar as cenas de combate. Toda a fúria e violência são intercaladas por cenas de puro êxtase visual, onde ele consegue excelentes efeitos com o uso de câmeras lentas de alta definição. Então é isso, uma obra cinematográfica indicada não apenas aos que desejam assistir a um bom filme, com belo visual, como também para os admiradores do inigualável William Shakespeare. Em termos de elegância ao escrever certamente nenhum dramaturgo da história chegou perto dele. Sua obra é imortal.

Pablo Aluísio.

Politicamente Incorreto

Título no Brasil: Politicamente Incorreto
Título Original: Bulworth
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Warren Beatty
Roteiro: Warren Beatty
Elenco: Warren Beatty, Halle Berry, Kimberly Deauna Adams, J. Kenneth Campbell, Christine Baranski
  
Sinopse:
Jay Bulworth (Warren Beatty) é um velho político que cansado de sua vida de mentiras começa a falar tudo aquilo que pensa de verdade sobre o mundo político e a sociedade. A forma como ele começa a dizer suas palavras de sinceridade choca a todos, principalmente pelo fato de que Jay está em plena campanha ao senado pelo Partido Democrata!

Comentários:
Filme nonsense, sem muita lógica, uma egotrip maluca escrita, produzida e dirigida por Warren Beatty. Ator consagrado em sua juventude, quando realmente participou de grandes filmes, Beatty foi decaindo com os anos. Esse filme aqui é um dos seus projetos bem pessoais e demonstra que esses astros de Hollywood muitas vezes perdem a noção do ridículo. Basicamente é um filme muito ruim, com roteiro disperso, sem qualquer lógica. Foca o enredo na figura de um senador que em campanha surta, detonando tudo e a todos! E ninguém fica a salvo de seus comentários, nem negros, nem homossexuais e nem muito menos pastores e políticos ladrões! É a tal coisa, apenas o prestígio de Warren Beatty pode justificar o fato desse filme ter arrancado uma indicação ao Oscar (na categoria de Melhor Roteiro Original, indicação dada a ele mesmo!). De qualquer forma esse buraco negro cinematográfico foi felizmente logo esquecido (quem se lembra dessa produção nos dias de hoje? Acho que ninguém!). Warren Beatty, pelo visto, será bem mais lembrado pelo último mico na entrega do Oscar, quando ele se enrolou todo ao anunciar o Oscar de Melhor Filme - que foi dado para o filme errado! Entre tantas patetices, esse "Politicamente Incorreto" é pelo menos a cara de seu realizador. O único mérito desse filme, em termos, foi ter previsto, sem querer, o aparecimento de políticos nada convencionais, fora de rota, como o atual presidente Trump. Todo o mais não passa de uma grande bobagem realizada ao custo de 30 milhões de dólares!

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de março de 2017

Logan

Esse texto contém spoiler. Assim se você ainda não assistiu ao filme fique por aqui. Pois bem, "Logan" foi um filme muito esperado pelos fãs dos quadrinhos, justamente por encerrar a franquia principal dos X-Men que começou há exatos 17 anos. Também marca a despedida do ator Hugh Jackman ao personagem que o consagrou no cinema, o Wolverine. Com tantas despedidas era mesmo de se esperar por muito ansiedade por parte dos fãs. Depois que o filme foi lançado as reações foram muito boas, bem positivas. Falou-se até mesmo em obra prima! Será? Na verdade as reações de deslumbramento precisam baixar um pouco a bola. Tudo bem, concordo que "Logan" é um bom filme, mas qualificar como obra prima já é um pouco demais, coisa de fã mesmo. O roteiro não tem muitas novidades a não ser dois acontecimentos vitais para os que acompanharam essa saga por todos esses anos. Certamente o filme será lembrado para sempre como aquele em que Wolverine e o professor Charles Xavier chegaram ao fim de sua jornada. As mortes de dois personagens tão importantes realmente marcará esse filme pelos anos que virão. É o fim de um ciclo que começou e terminou bem - coisa cada vez mais rara em termos de franquias cinematográficas ultimamente.

Tirando isso porém temos um enredo comum, diria até banal. Logan vive uma crise existencial. Exagerando na bebida ele tenta ganhar a vida como motorista de limusines, enquanto tenta tratar o Professor Xavier que agora vive em uma velha instalação abandonada. O velho já está um pouco senil, abalado mentalmente. A vida medíocre de Logan sofre uma revés quando ele é procurado por uma mulher mexicana desconhecida. Ela quer sua ajuda. Ao trabalhar como enfermeira numa instalação secreta ela tomou contato com um grupo de crianças que não passavam de experimentos genéticos mutantes. Entre as crianças se encontra uma menina, com os mesmos poderes de Logan. Provavelmente seja sua filha. As crianças fogem e um grupo de brutamontes é enviado para localizar todas elas. Logan, mesmo sem querer, acaba se envolvendo bem no meio dessa caçada sangrenta. A espinha dorsal do roteiro é justamente essa: Logan fugindo e um grupo fortemente armado o perseguindo. Logan está ao lado da menina Wolverine e do Professor Xavier. Eles precisam sobreviver até chegarem a um lugar conhecido apenas como Éden. E isso é tudo. Por ter uma trama tão simples não consigo visualizar nada de muito especial em termos de roteiro. Nem os vilões me pareceram muito interessantes. O que acaba salvando o filme da banalidade completa é justamente o carisma de Hugh Jackman e Patrick Stewart (que também se despede da franquia). A garotinha filha de Logan é antipática e não cria muito empatia. Ela também segue muda por quase todo o filme.  Obviamente poderá até haver um link em relação aos garotos mutantes que surgem nesse filme, mas será que haverá algum interesse por eles futuramente? Duvido bastante. Assim, no final das contas, temos aqui uma despedida digna de todos esses personagens marcantes. Não é uma obra prima, repito, mas seguramente é um bom filme. Os fãs de Wolverine não terão muito o que reclamar, só os cinéfilos.

Logan (Logan, Estados Unidos, 2017) Direção: James Mangold / Roteiro: James Mangold, Scott Frank  / Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen / Sinopse: Logan (Jackman) tenta deixar o passado para trás, mas esse se recusa a deixá-lo em paz. A máscara de Wolverine e suas façanhas não o deixam seguir em frente. Após ser procurado por uma mulher desconhecida ele descobre que há uma menina com os seus poderes. Agora ele terá que lutar para protegê-la de um grupo corporativo que realiza experiências genéticas em crianças no México.

Pablo Aluísio.

Sala Verde

Título no Brasil: Sala Verde
Título Original: Green Room
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Broad Green Pictures
Direção: Jeremy Saulnier
Roteiro: Jeremy Saulnier
Elenco: Patrick Stewart, Anton Yelchin, Imogen Poots, Alia Shawkat, Kai Lennox, Samuel Summer
  
Sinopse:
Um grupo de jovens, membros de uma banda de hard rock, é contratado para tocar em um bar, frequentado por neonazistas e skinheads. O lugar é isolado, escondido na floresta, onde só entra gente barra pesada, racista, seguidores do White Power. Assim que eles começam a tocar são hostilizados pelo público, um bando de selvagens. Pior acontece logo após o show, pois um dos músicos acaba entrando sem querer em um quarto, onde uma garota acabou de ser morta, com uma facada na cabeça. Agora todos eles se tornam prisioneiros desse lugar mortal.

Comentários:
Achei bem fraca essa produção estrelada pelo ator Patrick Stewart. Ele interpreta o dono de um club barra pesada, onde se reúnem os seguidores dos mais variados movimentos de supremacia branca dos Estados Unidos. Nesse lugar rolam shows de rock pauleira, com punks violentos de todos os tipos. Ele não paga bem pelos concertos, mas sempre tem alguma banda nova que topa o convite. Uma dessas bandas acaba indo tocar lá, mas nos bastidores se encrenca ao testemunhar o corpo de uma garota que acabou de ser morta. Eles então tentam se mandar de lá, mas são impedidos por Darcy (Stewart), uma vez que agora todos eles são testemunhas de um crime de homicídio. Assim eles ficam presos numa sala, enquanto o gerente tenta descobrir o que fazer. Ele então toma a decisão de matar todos eles, em uma clara operação de queima de arquivo, só que os jovens reagem e assim começa um verdadeiro banho de sangue no club e na floresta que o cerca. Para piorar ainda mais a já critica situação, o lugar é usado como laboratório de fabricação de heroína e aí, como já se viu, tudo acaba se resumindo em se tentar manter vivo no meio do fogo cruzado. O roteiro é básico, com os homens comandados por Patrick Stewart tentando matar os jovens da banda, enquanto esses tentam sobreviver. Com 90 minutos de duração nisso se resume toda a sua trama. Fica complicado se importar muito com os jovens punks da banda de rock porque os personagens além de vazios são chatos demais. Um bando de garotos e garotas com cabelos pintados e aquele modo de ser bem idiotizado que caracteriza essa fase da vida de todo rebelde de butique. No saldo final o que temos nem é um filme tão sangrento e nem tão bom no quesito ação. O suspense não funciona, é inegavelmente bem fraco. É apenas um filme que procura entreter um pouco enquanto conta sua rasa história. Patrick Stewart, um ator tão talentoso, merecia algo bem melhor do que isso.

Pablo Aluísio.