Existem filmes que são tão pequeninos mas com uma alma tão grande! Um dos grandes exemplos disso é esse lírico "Mary and Max" que me foi indicado com tanta convicção por uma amiga que resolvi conferir. Ela estava mais do que certa. O que posso dizer? Simplesmente genial. Fazia muito tempo que não assistia uma animação tão inspirada (e inspiradora) como essa. A forma como a história (que o filme esclarece ser real) é contada é sublime e maravilhosa. A trama é das mais simples: Max Jerry Horovitz (Philip Seymour Hoffman) é um senhor judeu e nova iorquino que certo dia recebe uma carta de Mary Daisy Dinkle (Toni Collette), uma garotinha de apenas oito anos que mora do outro lado do mundo, na Austrália. Eles se tornam amigos por correspondência durante anos. Max sofre da síndrome de Asperger que o isola do mundo ao redor, se tornando solitário e sem amigos. Finalmente com Mary ele consegue criar um genuíno laço de amizade com outra pessoa. Parece triste mas não é. O humor é ótimo, embora em muitas cenas seja entrelaçado com um gostinho amargo de melancolia. De qualquer forma além de tratar de um assunto sério (a síndrome de Asperger que atinge Max) o filme apresenta um roteiro tão bem escrito que coloca muito longa convencional no chinelo.
O fato de ser uma animação pode afastar algumas pessoas da produção, principalmente os que acham que animação é apenas coisa de criança mas mesmo para esses recomendo "Mary and Max" pois tudo é tão tocante e sincero que faz valer a pena cada minuto de exibição. Aliás é bom esclarecer que a animação usada no filme é algo que acrescenta muito ao resultado final. A técnica de "massinhas" (Stop Motion onde cada movimento é capturado lentamente em estúdio) ajuda ainda mais no jeito charmoso do filme pois cria um clima de ternura e sensibilidade que casa muito bem com o enredo. Muito provavelmente esse tipo de roteiro perderia muito de seu charme se fosse rodado de outra forma. É seguramente uma das animações mais ternas e sensíveis que já assisti na minha vida. Simplesmente imperdível (e emocionante). Minhas palmas para Mary e Max. Nota 10.