segunda-feira, 26 de março de 2012

Guerra Nas Estrelas

A saga "Star Wars" teve início quando na segunda metade da década de 70 surgiu esse filme nos cinemas americanos. É curioso porque "Guerra nas Estrelas" foi considerado inovador e revolucionário em sua época mas olhando bem veremos que não é bem assim. Na verdade essa produção era de certa forma uma releitura dos antigos filmes de ficção da década de 50, época considerada de ouro para o gênero. Já nos anos 70 a chamada "ficção de aventura", categoria no qual se enquadra "Star Wars", era considerada uma coisa fora de moda, ultrapassada. Como então George Lucas conseguiu requentar uma velha fórmula dando ares de coisa nova, revolucionária? Basicamente por dois motivos: Primeiro porque soube revitalizar antigos mitos e deu a eles todo um design renovado, com efeitos especiais (esses sim) realmente revolucionários. A mitologia do jovem escolhido para enfrentar um império do mal não é novo, faz parte de muitas estórias contadas ao longo da civilização, o que mudou aqui realmente foi a roupagem nova e moderna. George Lucas nesse sentido foi realmente genial. A segunda questão que fez "Star Wars" ser o sucesso que foi se baseia no resgate do cinema como diversão pura, algo que havia sido deixado de lado naqueles anos. 

Os filmes de maneira em geral procuravam mostrar problemas sociais, dramas profundos, questões pertinentes. Com "Star Wars" não havia essa preocupação, o filme era diversão pela diversão apenas. O público que lotou os cinemas para assistir "Guerra Nas Estrelas" queria apenas se divertir e o filme de George Lucas era perfeito para isso. Quando a Fox deu autorização para a realização do filme mal sabia o que estava por vir. George Lucas era praticamente um novato com apenas um sucesso em sua filmografia, a comédia nostálgica "American Grafitti" e nada mais. No elenco não havia nenhuma grande estrela a não ser o veterano Alec Guiness, às portas de sua aposentadoria. Fora isso havia um carpinteiro (Harrison Ford), uma beldade filha de celebridades (Carrie Fisher) e um desconhecido no papel central (Mark Hamill). De orçamento apertado ninguém no set sabia que estaria naquele momento revolucionando nada. Em uma de suas biografias ficamos sabendo, por exemplo, que Alec Guiness não conseguia entender nada do que se passava na estória, apenas declamava suas falas por puro profissionalismo. O resultado final porém deixou todos surpresos, exceto talvez George Lucas que sabia estar usando de uma fórmula antiga mas que ainda poderia cair nas graças do público. Olhando para trás podemos entender que "Guerra nas Estrelas" também se tornou um divisor de águas. A partir de seu sucesso o cinema americano começou a sofrer um processo de juvenilização de suas produções. Na década de 70 imperava no cinema os grandes filmes de temáticas dramáticas como "O Poderoso Chefão", "Taxi Driver", etc. Depois de "Star Wars" os estúdios começaram a investir em filmes para um público mais jovem, infanto-juvenil. Não é para menos que os anos que viriam seriam os dourados para diretores ao estilo "Peter Pan" como Steven Spielberg e o próprio George Lucas. Se isso foi bom ou ruim já é tema para outra discussão. De qualquer modo "Star Wars" é um marco na história do cinema. Um filme que realmente revolucionou o modo de se fazer cinema nas décadas seguintes.  

Guerra Nas Estrelas (Star Wars, Estados Unidos, 1977) Direção: George Lucas / Roteiro: George Lucas / Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Alec Guiness, Carrie Fisher, Peter Cushing, Anthony Daniels, Kenny Baker, David Prowse / Sinopse: Luke Skywalker (Mark Hamill) é um jovem habitante de um planeta distante que parte em uma aventura contra um império do mal comandado pelo lado negro da força.  

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de março de 2012

O Garoto de Liverpool

John Winston Lennon(Aaron Johnson) é um adolescente vivendo na cidade portuária de Liverpool. Seu pai abandonou a casa e sua mãe é uma pessoa com problemas emocionais e financeiros. Sem estrutura familiar sólida o jovem vai morar na casa de sua tia Mimi que sozinha enfrenta os problemas típicos da juventude de seu sobrinho problemático. Ao lado de alguns amigos de escola resolve criar um grupo de Skiffle para tocar nas festinhas locais. A idéia de "Nowhere Boy" é mostrar John Lennon ainda na adolescência, com todos os seus problemas familiares que os fãs dos Beatles já conhecem bem (criado pela tia, tendo que enfrentar um segundo casamento da mãe e o abandono por parte de seu pai, um marinheiro que simplesmente o abandonou da noite para o dia) . No meio dessa vida caótica o jovem John alimenta um sonho distante de viver de sua música. A vida pessoal de John Lennon certamente daria material não apenas para um filme mas para vários. Sua vida pessoal foi muito interessante e em termos dramáticos não há o que reclamar pois em certos aspectos sua vida privada e familiar foi realmente um drama de Douglas Sirk.

Apesar disso e de "O Garoto de Liverpool" ser bem feito e digno o roteiro tem lá seus problemas. O garoto que faz Paul McCartney, por exemplo, é sem expressão e fraco. Muito distante da personalidade cativante e forte do grande companheiro de John nos Beatles. Outro personagem muito mal focalizado é o grande amigo de John, Stu Stutclif, uma pessoa extremamente presente em sua vida pessoal que aqui perdeu totalmente a importância. John era mais próximo de Stu do que de qualquer outra pessoa nessa fase de sua vida. O roteiro negligenciar isso é certamente uma grande falha. Apesar desses deslizes o filme pode vir a agradar aos fãs dos Beatles, muito embora nem tudo o que apareça no filme também seja verídico. Há uma certa dose de liberdades históricas que o diretor tomou que soam incômodas. Por exemplo, John nunca agrediu Paul no enterro de sua mãe, também nunca existiu a cena em que John é barrado na porta do Cavern durante uma noite de bebedeiras. Enfim, tem seus erros e acertos mas em momento algum consegue ser melhor do que "Os Cinco Rapazes de Liverpool" que tem tema semelhante mas é muito mais bem interpretado e produzido. Aquele sim é um grande filme sobre a vida de Jonn e dos Beatles em sua fase inicial. De qualquer forma fica a dica para os fãs.

O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy, Estados Unidos, 2009) Direção: Sam Taylor-Wood / Roteiro: Matt Greenhalgh / Elenco: Aaron Johnson, Kristin Scott Thomas, Anne-Marie Duff / Sinopse: John Winston Lennon(Aaron Johnson) é um adolescente vivendo na sua cidade natal de Liverpool. Seu pai abandonou a casa e sua mãe é uma pessoa com problemas emocionais. Sem estrutura familiar sólida o jovem vai viver na casa de sua tia Mimi que sozinha enfrenta os problemas típicos da juventude de seu sobrinho problemático. Ao lado de alguns amigos de escola resolve criar então um grupo de Skiffle para tocar nas festinhas locais.

Pablo Aluísio.

Superman

Na iminência da destruição de seu planeta Kripton, Jor-El (Marlon Brando) decide enviar seu filho recém nascido para um planeta distante chamado Terra nos confins do universo. Assim começa a aventura de Superman, um dos super-heróis mais populares e influentes da cultura pop. Para aquele que é considerado o primeiro grande personagem do universo de quadrinhos a Warner resolveu caprichar na realização desse filme. A publicidade de Superman garantia que o espectador iria acreditar que o homem poderia voar. Depois do lançamento ninguém mais tinha dúvidas sobre isso. Superman é até hoje uma das melhores adaptações já feitas de quadrinhos para o cinema. A produção classe A acerta em praticamente todos os aspectos: elenco, direção, efeitos especiais e roteiro. Poucas vezes na história do cinema se viu um filme em que tantos elementos se encaixavam tão perfeitamente. Os efeitos especiais certamente envelheceram pois foram feitos em uma época em que não havia ainda efeitos digitais. Mesmo assim visto atualmente temos que admitir que se tornaram bem charmosos, além de dar um status cult para a produção em si. As cenas em que Superman voa pela primeira vez, por exemplo, não perderam impacto mesmo nos dias de hoje. 

Além de visualmente deslumbrante Superman ainda contava com uma trilha sonora imortal que até hoje emociona. A música tema composta por John Williams ainda soa poderosa e evocativa, mesmo após tantos anos. O elenco de Superman é formidável a começar pela escolha de Christopher Reeve para interpretar o personagem título. Eu costumo dizer que não basta ter apenas a estampa, o porte físico de Superman para se sair bem nesse papel. Tem que ser bom ator e a razão é simples: para interpretar Clark Kent o ator tem que ser versátil. Por isso tantos fracassaram. Nessa questão Christopher Reeve foi brilhante pois atuou maravilhosamente bem tanto na pele do super-herói quanto na pele de seu alter ego, o jornalista tímido e atrapalhado Clark Kent. Outro destaque sempre lembrado desse filme é a presença do mito Marlon Brando. Fazendo o papel do pai de Superman ele rouba a parte inicial do filme. Curiosamente Brando quase não embarca nessa aventura pelo cachê absurdo que cobrou. Após analisar bem o estúdio entendeu que ter Marlon Brando no elenco não tinha preço pois ele certamente traria muito prestígio para o filme como um todo. Foi contratado e mais uma vez arrasou em cena. Como se não bastasse a presença desses dois maravilhosos profissionais o filme ainda contava com um elenco de apoio simplesmente incrível: Gene Hackman e o veterano Glenn Ford (na pele do pai terrestre de Kent). Em breve teremos mais uma adaptação do personagem para as telas, novamente pelos estúdios Warner e novamente contando com uma produção milionária. Será que vai conseguir superar esse filme definitivo sobre o homem de aço? Eu duvido muito. Algumas produções são simplesmente definitivas como essa. Nota 10 com louvor. 

Superman - O Filme (Superman, Estados Unidos, 1978) Direção: Richard Donner / Roteiro: Mario Puzo, David Newman, Leslie Newman, Robert Benton baseados no personagem criado por Jerry Siegel e Joe Shuster / Elenco: Christopher Reeve, Marlon Brando, Gene Hackman, Glenn Ford, Margot Kidder, Susannah York, Terence Stamp / Sinopse: "Superman" de 1978 conta as origens do personagem tão popular do universo de quadrinhos. Nascido em Kripton adquire super poderes em nosso planeta. Um ícone da cultura pop em excelente produção dos estúdios Warner. 

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de março de 2012

Comer, Rezar, Amar

Liz Gilbert (Julia Roberts) é uma mulher com vários problemas emocionais e afetivos. Para superar os problemas decorrentes de seu divórcio ela resolve viajar ao redor do mundo para conhecer outras pessoas, outras culturas. Nesse processo de conhecimento dos costumes e culturas de outros países acaba se descobrindo a si mesma. De uma forma em geral o filme "Comer, Rezar, Amar" poderia trocar de nome e se denominar "Guia de turismo para balzaquianas divorciadas", isso porque o argumento mais parece um guia de turismo passando por diversos países como Itália, Bali e Índia. Nesses lugares a personagem principal (interpretada por Julia Roberts) tenta superar seu divórcio problemático e para isso medita, viaja, come as especiarias locais e tem casos amorosos com os homens interessantes que encontra pelo caminho. Tudo muito soft, com cara de cartão postal o que ajuda no resultado final pois a fotografia do filme ficou muito bonita. O problema é que os americanos não conseguem fazer filmes sobre outras culturas que não caiam numa visão estereotipada. Todos os personagens não americanos do filme são clichês. Os italianos, por exemplo, só falam alto, gesticulam em excesso e comem massa o dia inteiro. Os indianos são todos pobres miseráveis, vivendo pelas ruas, mas obviamente espiritualizados. O filme inclusive tem uma frase horrível sobre a Índia quando Julia Roberts é aconselhada a não "tocar em nada", nem em uma garrafa de refrigerante local, para não pegar uma doença ou uma difteria. Mais preconceituoso impossível!

Nem os brasileiros escapam dos clichês. A primeira personagem brasileira que aparece no filme está numa loja procurando por um "chapéu de bananas" (Valha-me Deus, como se todas as brasileiras fossem covers da Carmen Miranda!) O ator Javier Bardem também interpreta um brasileiro que não sabe pronunciar uma única frase em português sem parecer um portunhol horripilante. Também passa o dia ouvindo bossa nova e beija o filho na boca (costume que seu filho diz ser comum no Brasil!). Para completar a clichezada seu filho também aparece com uma bola de soccer na mão! Enfim, com todos esses defeitos "Comer, Rezar, Amar" não foge daqueles clichês românticos banais que estamos acostumados a ver em novelas da pior qualidade. O filme até que não é ruim de todo e nem aborrece muito mas também não tem profundidade nenhuma. Pra falar a verdade poderia facilmente ser adaptado pela Globo para virar uma novela das oito que ninguém iria notar a diferença.

Comer, Rezar, Amar (Eat Pray Love, Estados Unidos, 2010) Direção: Ryan Murphy / Roteiro: Ryan Murphy, Jennifer Salt / Elenco: Julia Roberts, Javier Bardem, Richard Jenkins / Sinopse: Liz Gilbert (Julia Roberts) é uma mulher com vários problemas emocionais e afetivos. Para superar os problemas decorrentes de seu divórcio ela resolve viajar ao redor do mundo para conhecer outras pessoas, outras culturas. Nesse processo de conhecimento dos costumes e culturas de outros países acaba se descobrindo a si mesma.

Pablo Aluísio.

Romasanta

Título no Brasil: Romasanta - A Casa da Besta
Título Original: Romasanta
Ano de Produção: 2004
País: Espanha, Inglaterra
Estúdio: Fantastic Factory (Filmax)
Direção: Paco Plaza
Roteiro: Alfredo Conde, Elena Serra
Elenco: Julian Sands, Elsa Pataky, John Sharian, Maru Valdivielso
  
Sinopse:
Corpos mutilados são encontrados na zona rural de uma região remota da Espanha no século XIX. Após investigações a polícia chega até Manuel Romasanta (Julian Sands) que afirma não ter culpa pelas mortes. Embora ele esconda parte da verdade não estaria mentindo pois por causa de uma maldição se transforma em um lobisomem em noites de lua cheia, sendo o monstro o verdadeiro culpado pelas mortes em série. Filme indicado nas categorias de Melhor Direção e Melhor Edição no Barcelona Film Awards.

Comentários:
"Romasanta" é mais um filme que tem como tema a antiga mitologia dos lobisomens (para alguns essa lenda seria na verdade parte do folclore de inúmeros países, inclusive o Brasil). Ao longo dos anos essa criatura tem sido tema de inúmeros filmes, alguns deles considerados clássicos hoje em dia. Infelizmente esse parece ser um passado remoto já que atualmente os Licantropos andam sofrendo um bocado nas telas. É uma sucessão sem fim de filmes bem ruins. De todos os monstros clássicos, os lobisomens são os que mais sofrem com produções pobres, roteiros medíocres, maquiagens capengas etc. Virou um nicho bem lucrativo no meio da produção trash de filmes de terror. Só de antemão me lembro de alguns filmes bem ruins enfocando eles, como por exemplo, "Skinwalkers", "Wolvesbayne" entre outros. Nada valendo a pena. Esse "Romasanta" tenta trazer algo de novo ao estilo. Primeiramente é importante citar que o filme foi baseado num fato real ocorrido na Espanha há 200 anos. Houve um serial killer chamado Manuel Romasanta que foi preso e virou objeto de estudo (que acabaria levando a catalogação da doença chamada Licantropia). Ele justificou seus crimes afirmando que se transformava em um lobo. Claro que isso era apenas um distúrbio psicológico já que ele obviamente não virava um lobo. O fato histórico é curioso e mantém o interesse, mas o filme equivocadamente abraça o realismo fantástico, colocando Romasanta como um lobisomem de fato, real. E ai está o grande problema do filme. Se tivesse mantido os pés no chão, apenas retratando o caso de um ponto de vista racional e historicamente correto o filme seria muito mais relevante e interessante. Do jeito que ficou apelou para o sensacionalismo e perdeu pontos. "Romasanta" tem uma produção modesta, problemas de roteiro, mas mesmo assim consegue manter o interesse. Não é dos melhores filmes sobre o tema, mas também não é dos piores. Para quem gosta de conhecer histórias de serial killers do passado pode até mesmo se tornar informativo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Nunca Te Vi, Sempre Te Amei

Esse é um filme simples, pequeno mas muito charmoso e elegante. Como sempre os tradutores brasileiros fazem lambança ao criar títulos completamente estúpidos em nossa língua. O roteiro não traz uma estória de amor mas sim de amizade. Esse título nacional lembra mais novela mexicana do que um belo conto de amizade e companheirismo no qual é centrado o argumento principal do filme. Tudo gira em torno da amizade que nasce da correspondência entre um vendedor de livros na Inglaterra e uma escritora nova-iorquina.

O charme do filme nasce muito do contraste entre esses personagens. A americana é um tanto disfuncional, fuma, bebe, é solteirona e independente e tem arroubos de ironia e sagacidade. Já o vendedor de livros usados, em mais uma bela interpretação de Anthony Hopkins, é britânico, extremamente educado, cordial, simples, pai de família tradicional. Isso não impede que ambos troquem impressões e confidências sobre suas vidas pessoais. Interessante é que tudo é desenvolvido com muita simplicidade, mostrando acima de tudo a vida de duas pessoas comuns que vão vivendo enquanto mudanças sociais e políticas vão ocorrendo no mundo. Enfim, ótima diversão para pessoas elegantes.

Nunca Te Vi, Sempre Te Amei (84 Charing Cross Road, Estados Unidos, Inglaterra, 1986) Direção: David Jones / Roteiro: Hugh Whitemore baseado no livro de Helene Hanff / Elenco: Anne Bancroft, Anthony Hopkins, Judi Dench, Jean De Baer, Maurice Denham, Eleanor David / Sinopse: Um vendedor de livros na Inglaterra e uma escritora americana em Nova Iorque trocam correspondências durante muitos anos o que faz nascer uma bela amizade entre ambos.

Pablo Aluísio.

O Preço do Amanhã

Ideias interessantes podem também gerar filmes ruins. O exemplo é esse "O Preço do Amanhã". A premissa é até boa - em um futuro indeterminado as pessoas lutam para ganhar mais tempo em suas vidas. O sistema financeiro desapareceu. Ninguém mais usa dinheiro para comprar coisas ou pagar o aluguel, usam o tempo. Assim se você quiser comprar um carro de luxo não vai dar dinheiro em troca mas 50 anos de sua vida. Pois bem, isso seria interessante em um filme de ficção, o problema é que o desenvolvimento dessa idéia não poderia ser mais banal e clichê. Tudo cheira a Deja Vu em "O Preço do Amanhã". Ao invés de explorar sua própria idéia o diretor e roteirista Andrew Niccol prefere se concentrar numa estória boba, de correria pra lá e pra cá, tiroteios insossos e cenas de ação batidas. Arranjou tempo até para colocar uma estorinha de amor clichezada que não consegue convencer ninguém!

Tirando as devidas proporções isso já havia acontecido com "A Origem". Tanto lá como aqui tínhamos uma premissa bem edificante que acabou sendo desperdiçada em sonolentas cenas bobonas. Eu penso que Hollywood acredita realmente que o público que vai ao cinema hoje em dia é totalmente sem imaginação ou incapaz de encarar roteiros mais intelectualizados. Isso porque eles de certa forma "idiotizam" seus filmes. Ao invés de seguir um caminho inteligente eles priorizam a ação vazia e desproporcional. Após apresentar uma situação que poderia ser considerada até original eles partem para os clichês mais saturados. Há diálogos também muito ruins no roteiro. Numa cena um personagem solta a pérola: "O que é roubado de quem roubou não é roubado" - como é?! Há também uso abusivo de situações bobas e juvenis (como na cena em que Justin mata três capangas e o líder da "máfia do tempo" sem nenhum esforço). Enfim, "O Preço do Amanhã" é mais uma decepção e uma grande bobagem e o pior é que você perderá uma hora e quarenta minutos de sua vida vendo isso! Faça um favor ao seu tempo e não caia nessa armadilha

O Preço do Amanhã (In Time, Estados Unidos, 2011) Direção: Andrew Niccol / Roteiro: Andrew Niccol / Elenco: Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Cillian Murphy / Sinopse: Em um futuro indeterminado as pessoas lutam para ganhar mais tempo em suas vidas. O sistema financeiro desapareceu. Ninguém mais usa dinheiro para comprar coisas ou pagar o aluguel, usam o tempo como moeda de troca.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sete Almas

Um garotinho armado com uma faca mata todas as seis pessoas de sua família. Um século depois desse trágico acontecimento um grupo de pessoas em uma van sofre um acidente próximo a uma misteriosa casa durante uma tempestade. Sem condições de voltar de onde vieram (pois as estradas ficam fechadas) eles são levados por Jack (Ving Rhames) para passar a noite numa misteriosa mansão situada numa floresta sombria. "Sete Almas" é uma produção B sem maiores atrativos. Tudo soa falso e ruim no filme. O roteiro é obviamente uma cópia descarada de filmes de terror do passado como por exemplo "Terror em Amytville". A única mudança foi que diminuíram a idade do assassino da família, sendo aqui apenas um garotinho. No elenco ninguém se salva, nem mesmo o antigo astro Val Kilmer aqui em um péssimo personagem, um advogado corporativo arrogante, antipático e enfadonho. Kilmer está em franca decadência na carreira. Astro de grandes sucessos no passado hoje ele está restrito a esse tipo de filme sem expressão. Ele envelheceu muito mal, está gordo demais, pesadão, sem energia, se arrastando em cena. Além disso sua "atuação" é preguiçosa, sem vontade, muito ruim.

O resto do elenco sequer é digno de menção. Ving Rhames tem um mínimo de dignidade em um personagem que até poderia render alguma coisa mas que não se desenvolve, não surpreende, pois tudo é tão previsível que já sabemos de antemão tudo o que acontecerá com ele e qual é a sua verdadeira identidade. O roteiro é péssimo, no terço final há uma tentativa (frustrada) de explicar os acontecimentos apelando para a velha e boa reencarnação. Mas esqueça, é tudo uma bobagem mesmo! O filme é uma perda de tempo, uma porcaria. Fuja e fique o mais longe possível desse abacaxi indigesto.

Sete Almas (Seven Below, Estados Unidos, 2012) Direção: Kevin Carraway / Roteiro: Kevin Carraway, Lawrence Sara / Elenco: Val Kilmer, Ving Rhames, Luke Goss / Sinopse: Um grupo de pessoas ficam presas em uma antiga casa onde cem anos antes houve uma série de mortes em família cometidas pelo irmão mais jovem.

Pablo Aluísio.

E.T. - O Extraterrestre

Alguns filmes marcaram para sempre a história do cinema. Um deles foi "E,T. - O Extraterrestre". Para os mais jovens é complicado entender o impacto que "E.T" teve em seu lançamento. Na época ele foi considerado uma obra tão inovadora e impactante dentro da cultura pop quanto "Star Wars" ou "Star Trek". De fato essa é a obra prima definitiva da carreira de Steven Spielberg, um filme tão especial para ele pessoalmente que o diretor recusou verdadeiras fortunas para rodar uma sequência (algo que era muito comum na década de 80). Como bem esclareceu o próprio Spielberg "E.T." era um filme completo em si mesmo, uma fábula que conseguia reunir fantasia, Sci-fi e drama em um só pacote. Além disso trazia em seu roteiro todos os temas que sempre foram tão importantes para o cineasta: a infância, o fim da inocência, os problemas familiares. A família mostrada em cena se parecia até demais com a própria família de Spielberg. O personagem Elliott (Henry Thomas) era de certa forma um espelho do garoto Spielberg. 

Não é para menos que o diretor ganhou na época um de seus apelidos mais duradouros, o de ser o verdadeiro "Peter Pan" do cinema. Um diretor que se recusava a abandonar seu universo particular e crescer como todos os demais. O filme custou em torno de 10 milhões de dólares e rendeu até hoje quase 1 bilhão em receitas. Além das bilheterias "E.T" virou uma febre, uma marca que foi utilizada em inúmeros produtos comerciais. O lucro foi tão formidável que Spielberg se daria ao luxo de anos depois criar seu próprio estúdio e seu próprio império de entretenimento (Amblin Entertainment). Além de ser uma das produções mais lucrativas da história em todos os tempos "E.T." renovou de uma vez por todas o chamado cinema blockbuster de Hollywood. Essa transformação vinha desde o sucesso de "Tubarão" do próprio diretor e se consolidou com os filmes de George Lucas. Eram releituras dos antigos filmes de matinê que fizeram a alegria desses cineastas quando crianças. Eles retiraram a essência daqueles antigos filmes e os recriaram para as novas gerações. A fórmula se mostrou extremamente bem sucedida. Em uma era pré-digital em termos de efeitos especiais a equipe de "E.T." conseguiu um feito e tanto trazendo veracidade e personalidade a um boneco analógico. Em nenhum momento a criatura demonstra ser inconvincente ou mal feita, pelo contrário. O design do personagem acaba se tornando cativante para as crianças. Além disso seu encontro com o garotinho terrestre rende ótimos momentos. Algumas das cenas de "E.T." inclusive entraram para a história do cinema! Como esquecer a fuga das bicicletas ou o primeiro encontro do Extraterrestre com Elliot? Quem foi garoto na época do filme jamais esquecerá desses momentos. O roteiro também trouxe uma das despedidas mais emocionais do cinema, um adeus que fez muita gente chorar no cinema! Spielberg que sempre jogou com as emoções de seu público aqui realmente se superou. Enfim, não há muito mais o que falar. Definitivamente "E.T" é o filme que marcará para sempre a carreira de Steven Spielberg e a história do cinema americano.  

E.T. - O Extraterrestre (E.T.: The Extra-Terrestrial, Estados Unidos, 1982) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Melissa Mathison / Elenco: Henry Thomas, Drew Barrymore, Peter Coyote, Dee Wallace, C. Thomas Howell, Robert MacNaughton / Sinopse: Um Extraterrestre é deixado na terra e cria uma amizade especial com um garotinho terrestre, Elliot (Henry Thomas).  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Reencontrando a Felicidade

Becca (Nicole Kidman) é uma jovem mãe que entra em profunda depressão após a morte de seu filho em um acidente. Tentando reconstruir sua vida ela procura reencontrar a felicidade em pequenos detalhes de sua existência. "Reencontrando a Felicidade" é um filme depressivo, pesado, melancólico, baixo astral, fúnebre, triste e sem esperança. Isso pode até assustar o espectador mas é a pura verdade. As cenas de tristeza profunda se sucedem, a personagem de Nicole Kidman vive um verdadeiro inferno astral pela morte de seu único filho de 4 anos e assim somos convidados a assistir essa peça triste. Apesar disso não qualificaria o filme como ruim, longe disso, pois a humanidade do roteiro salva o longa de virar um mero dramalhão feito para arrancar lágrimas de pessoas sensíveis. Eu não recomendaria o filme para pessoas depressivas ou que tenham perdido algum ente familiar querido recentemente. Para essas pessoas Rabbit Hole pode se tornar um filme indigesto e penoso, agravando sua situação.

Colocando isso de lado o fato é que Nicole Kidman está linda no filme, mesmo tendo que mostrar serviço em uma sucessão sem fim de cenas depressivas e chorosas. Ela praticamente segura o filme nas costas e merece o reconhecimento por sua interpretação. A veterana atriz Dianne Wiest também está marcante no papel da mãe de Nicole no filme. Suas cenas são bem comoventes e ela injeta uma dose de sensibilidade extra no roteiro. De certa forma acredito que "Rabbit Hole" seja mais indicado para os fãs de Nicole que não tenham se envolvido em situação parecida em sua vida real. Por fim o mais irônico de tudo isso é que o filme acabou se intitulando no Brasil como "Reencontrando a Felicidade" um dos nomes mais equivocados que já vi, ainda mais se tratando desse filme, pois de felicidade "Rabbit Hole" não tem nada.

Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole, Estados Unidos, 2010) Direção: John Cameron Mitchell / Roteiro: David Lindsay-Abaire / Elenco: Nicole Kidman, Aaron Eckhart, Dianne Wiest / Sinopse: Becca (Nicole Kidman) é uma jovem mãe que entra em profunda depressão após a morte de seu filho em um acidente. Tentando reconstruir sua vida ela procura reencontrar a felicidade em pequenos detalhes de sua existência

Pablo Aluísio

Besouro Verde

Essa ideia de levar super-heróis verdes para o cinema não tem dado lá muito certo. Depois do fiasco "Lanterna Verde" eis que surge esse "Besouro Verde"! O personagem fez bastante sucesso na década de 60 na TV americana sendo que antes disso já tinha aparecido nos cinemas em produções B, nada memoráveis. De fato só ganhou maior notoriedade pelo fato de Bruce Lee ter participado da série de TV, fora isso se trata apenas de um super-herói de segundo escalão com estórias ao estilo pulp fiction. Nada de muito relevante ao ponto de um estúdio investir 120 milhões de dólares nessa transposição! Ainda bem que o filme fracassou o que deve significar a morte do besouro pelo menos no cinema. O resultado é muito fraco em todos os pontos de vista a começar pela escolha do elenco péssimo. Seth Rogen, comediante especializado em interpretar maconheiros bobalhões em comediazinhas, foi escalado para viver o herói. Pode uma coisa dessas?! Mesmo que tenha emagrecido e se esforçado para parecer menos idiota simplesmente não se consegue acreditar que um sujeito daqueles vire um herói para salvar o mundo. Tudo tem limites. Seth Rogen só serve mesmo para interpretar os gordos maconheiros de seus filmes anteriores. Aqui ele não consegue fazer nada a não ser nos deixar com muita vergonha alheia. Jeito de boboca, estúpido, o ator passa o filme inteiro querendo criar afinidade com o público, sem nenhum sucesso.

O resto dos atores em cena não se saem melhor. Cameron Diaz está péssima, péssima, péssima. Eu nunca a considerei uma atriz de verdade. No fundo ela é só uma loira, com a boca enorme e um talento ínfimo. Além disso está medíocre e caricata. Uma coisa horrorosa sua "atuação" aqui! Lamento muito que Christoph Waltz tenha manchado sua reputação de bom ator com um filme ridículo como esse! Como é que um ator ganha o reconhecimento que ele teve, vencendo o Oscar e joga tudo no lixo participando de uma bomba dessas?! Complicado entender. A morte de seu personagem é simplesmente constrangedora. Uma das piores cenas de todos os tempos. Uma lástima completa. Enfim, esqueça, passe longe, fuja desse "Besouro Verde", um filme tão horroroso quanto seu ator principal. Nota zero. Espero que dessa vez Hollywood aprenda a lição e fique longe de super-heróis verdes. É fracasso na certa.

Besouro Verde (The Green Hornet, Estados Unidos, 2011) Direção: Michel Gondry / Roteiro: Seth Rogen, Evan Goldberg / Elenco: Seth Rogen, Jay Chou, Christoph Waltz, Cameron Diaz / Sinopse: Transposição para o cinema do personagem "Besouro Verde" muito popular na década de 1960 por causa da famosa série de TV.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de março de 2012

A Hora do Pesadelo (2010)

Freddy Krueger (Jackie Earle Haley) é um assassino de crianças que retorna para atormentar um grupo de adolescentes em seus sonhos. Baseado no famoso filme da década de 80 dirigido por Wes Craven. Quem foi jovem na década de 80 certamente assistiu algum filme da série original no cinema. Freddy Krueger ao lado de Jason de "Sexta Feira 13" foi um dos personagens mais recorrentes do terror oitentista. Claro que após um certo tempo o personagem perdeu todo o aspecto macabro que um dia possuiu, virando apenas um ícone pop como qualquer outro, o que significa que virou mercadoria e produto comercial como bonequinhos, figurinhas, revistas, camisetas etc. Depois de ser saturado por isso o velho Freddy finalmente virou coisa do passado e sumiu definitivamente... até agora! Eu odeio remakes. E remakes de franquias mortas são especialmente um horror (não no bom sentido da palavra, mas no ruim mesmo). Esse A Hora do Pesadelo é um pesadelo realmente. Péssimos atores, roteiro requentando e sem atrativos e efeitos especiais banais e de rotina. Não gostei de quase nada do filme, que não tem personalidade, brilho ou carisma. Não passa de uma tentativa caça níquel de usar o nome de Freddy Krueger para levantar uma grana fácil nas bilheterias. É tão grotesco quanto a razão de sua existência.

Certas franquias já deram o que tinha que dar. Se não estou enganado foram seis ou sete filmes da saga original, mas uma série de TV que explorava os pesadelos criados por Wes Craven. O último filme trazia um encontro com Jason de Sexta Feira 13, em suma, o personagem e o tema já estavam esgotados. Deveriam ter encerrado por aí. Esse Remake é totalmente desnecessário e gratuito. Nem o ator que interpreta Freddy, Jackie Earle Haley, se salva do abacaxi. Sua maquiagem é mal feita e pouco convincente. O elenco jovem também é feio e esquisito e não sabe atuar. Enfim esse Remake não deveria nunca ter sequer existido, nem nos piores pesadelos dos produtores de Hollywood. Tomare que agora em diante deixem o velho Krueger em paz definitivamente.

A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, Estados Unidos, 2010) Direção: Samuel Bayer / Roteiro: Wesley Strick, Eric Heisserer / Elenco: Jackie Earle Haley, Rooney Mara, Kyle Gallner / Sinopse: Freddy Krueger (Jackie Earle Haley) é um assassino de crianças que retorna para atormentar um grupo de adolescentes em seus sonhos. Baseado no famoso filme da décade de 80 dirigido por Wes Craven.

Pablo Aluísio.

Onde o Amor Está

"Country Strong" é um filme que me soou muito artificial apesar das boas intenções e da exploração da música country americana que particularmente gosto muito. Eu penso que para retratar esse universo country tem que haver muita paixão e coração envolvidos e é justamente isso que falta aqui. A atriz Gwyneth Paltrow sempre me pareceu ser uma atriz muito fria e distante, que não consegue passar muito calor humano em suas interpretações. Aqui ela interpreta uma cantora com problemas de alcoolismo chamada Kelly Canter. Ela tem dificuldades com o casamento, se sente ameaçada por uma cantora mais jovem (interpretada pela gracinha Leighton Meester) e para dificultar ainda mais sua vida pessoal e profissional se sente atraída por um cantor mais jovem chamado Beau (interpretado por Garrett Hedlund). O problema é que mesmo com uma personagem com tantas possibilidades nas mãos a Paltrow falha novamente. Nem nas cenas em que ela supostamente estaria embriagada consegue passar veracidade. Suas cenas dramáticas soam falsas e artificiais como o próprio filme em si.

A diretora Shana Feste só tem dois títulos em seu curriculum, nenhum deles excepcionalmente bom. Seu filme de maior repercussão até o momento foi "Em Busca de Uma Nova Chance" que carregou e muito nas tintas do dramalhão. Pelo menos aqui em "Country Strong" temos a música para salvar a produção. De fato a única coisa que funciona bem nesse filme é o lado musical. As canções são boas e as interpretações idem. Para falar a verdade Paltrow se sai bem melhor cantando do que interpretando. Talvez por isso consegui assistir todo o filme, por causa de sua trilha sonora que inclusive conta com vários nomes em ascensão da country music. Algo parecido aconteceu com "Coração Louco" um filme apenas mediano do ponto de vista dramático que foi salvo por uma ótima trilha sonora. "Onde o Amor Está" segue na mesma linha. Fora isso nada muito digno de nota pois o argumento é um tanto quanto clichê e batido. De qualquer forma "Country Strong" foi salvo pela sua música, o que livra o espectador daquela sensação de tempo perdido.

Onde o Amor Está (Country Strong, Estados Unidos, 2010) Direção: Shana Feste / Roteiro: Shana Feste / Elenco: Garrett Hedlund, Gwyneth Paltrow, Leighton Meester / Sinopse: Kelly Canter (Gwyneth Paltrow) é uma cantora de música country que tenta reerguer sua carreira após ela ser destruída por seu alcoolismo. Para ajudá-la em sua recuperação ela conta com o apoio de James (Tim McGraw), seu marido e produtor.

Pablo Aluísio.

Tropa de Elite 2

Com certo atraso finalmente assisti "Tropa de Elite 2". Realmente se trata de um filme ambicioso. Não no sentido de ser pedante mas sim no objetivo de tentar resumir a situação do país atual em pouco menos de duas horas de duração. Vamos convir que isso não é nada fácil. O roteiro (muito bem construído) sai de uma situação individual (no caso os acontecimentos que cercam o personagem Capitão Nascimento) para uma complexa rede de intrigas e corrupções que deixaria qualquer articulador de teorias da conspiração satisfeito. Para isso o diretor usou de um argumento didático que a despeito de entreter acaba também conscientizando muito bem.

Fiquei particularmente satisfeito em saber que uma mensagem assim encontrou tanto campo, já que o filme é o mais assistido da história do cinema brasileiro. Se ele servir para conscientizar as pessoas do jogo sujo que existe entre políticos, bandidos e milicianos no Brasil então já valeu sua existência. Deixando esse aspecto sociológico de lado e vendo o filme apenas como um produto cinematográfico em si, devo dizer que, apesar de ter lá seus clichês, o saldo final é muito positivo. Tropa 2 é inteligente, sabe envolver o espectador e não deixa os fãs do primeiro filme decepcionados. Há ótimas cenas de ação (não tantas como no primeiro mas competentes) e um clima de tensão que deixa o público realmente ligado nos acontecimentos. Para resumir "Tropa de Elite 2" é um excelente filme (e um soco no estômago pois leva o espectador a refletir sobre a situação da segurança no Brasil). Se ainda não assistiu não perca mais tempo.

Tropa de Elite 2 (Tropa de Elite 2, Brasil, 2010) Direção: José Padilha / Roteiro: José Padilha / Elenco: Wagner Moura, André Ramiro, Irandhir Santos / Sinopse: Segundo filme com o famoso personagem Capitão Nascimento (Wagner Moura) . Oficial do BOP do Rio de Janeiro agora ele tem que lidar com o mundo da política e corrupção.

Pablo Aluísio.

Independência ou Morte!

Após entrar em conflito com as cortes portuguesas o Príncipe D. Pedro resolve declarar a independência do Brasil. Nas margens do Rio Ipiranga ele dá o famoso grito de "Independência ou Morte"! Antes de mais nada é bom saber que eu sempre acabo gostando de filmes históricos e com esse não foi diferente. Estava esperando algo mais "chapa branca" pois é fato que o filme foi feito para comemorar os 150 anos de independência do Brasil e contou com dinheiro oficial para ser realizado. Todos sabem também que a produção foi bancada pelo regime militar linha dura que governava o país na época. Mesmo com tudo isso pesando contra penso que o produto final é bem digno. Existem problemas no filme, isso é claro, sendo a edição realmente uma lástima. A impressão que tive foi que muito material deve ter sido filmado e depois a edição tentou juntar tudo numa duração razoável. Não deu muito certo. O resultado é mal feito de fato. Existem cenas em que se nota claramente que tudo está truncado. Mesmo assim o filme ainda resiste.

O mais interessante aqui é mostrar o romance entre Pedro I e a Marquesa dos Santos (a amante do imperador, que levava esse caso escandaloso de forma pública, para humilhação da imperatriz Leopoldina que tinha que engolir tudo calada). Por isso o ato final do filme é bem melhor do que o primeiro. A produção cresce em figurinos, cenários e interesse. Tarcisio Meira não compromete como o impulsivo e infiel imperador e Glória Menezes segura as pontas bem como sua amante. O elenco de apoio é bom também. Enfim, mesmo que lembre em certos momentos um produto global a produção "Independência ou Morte" não é um filme ruim, tem problemas sim, mas no final consegue contar essa parte da nossa história de forma satisfatória.

Independência ou Morte! (Brasil, 1972) Direção Carlos Coimbra / Roteiro: Carlos Coimbra / Elenco: Tarcísio Meira, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Rubens Ewald Filho, Kate Hansen, Emiliano Queiroz, Manoel da Nóbrega / Sinopse: Após entrar em conflito com as cortes portuguesas o Príncipe D. Pedro resolve declarar a independência do Brasil. Nas margens do Rio Ipiranga ele dá o famoso grito de "Independência ou Morte".

Pablo Aluísio.