quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Em Defesa de Cristo

Um jornalista ateu descobre surpreso que sua esposa se converteu ao cristianismo. Por essa razão, ele resolve pesquisar mais a fundo a história da própria religião. Ele quer provar que tudo não passa de uma grande fraude perpetuada ao longo dos séculos. Só que, conforme vai pesquisando e descobrindo argumentos de livros novos, ele vai se convencendo justamente do contrário. Ele começa a acreditar que pode ter havido algo espetacular na história daquele judeu que viveu do século I. A história do Nazareno pobre que acabou se tornando o personagem mais conhecido e falado de toda a nossa era. E tudo isso o deixa estupefato, uma vez que ele tinha plena certeza que não existiria nada, nem Deus, nem Jesus, nem absolutamente nada. 

Esse filme, como se pode perceber, tem um lado. O lado das pessoas que nutrem alguma fé. O protagonista ateu é apenas um instrumento narrativo para convencer o espectador de que ele estaria completamente errado em suas convicções. Temos assim um roteiro evangelizador acima de tudo. Uma produção feita para o público evangélico americano. Eu gostei do filme. O fato dele ser ambientado na década de 70 traz um aspecto mais interessante em termos de produção. Agora, o que achei frágil mesmo foi o conjunto de argumentos usados para provar a existência de Deus no filme. Eu conheço pelo menos uns dez argumentos bem melhores do que os que são apresentados no filme. Faltou a esse roteiro uma pesquisa melhor em busca de argumentos mais convincentes sobre essa questão. Não acredito que o filme vá converter nenhum ateu, mas pelo menos vai acalentar a crença daqueles que já a possuem.

Em Defesa de Cristo (The Case for Christ, Estados Unidos, 2017) Direção: Jon Gunn / Roteiro: Brian Bird / Elenco: Mike Vogel, Erika Christensen, Faye Dunaway / Sinopse: Jornalista ateu tenta convencer a esposa de que o cristianismo é uma grande farsa histórica. Para trazer bons argumentos, ele começa uma longa pesquisa. E nem tudo acaba saindo como ele queria.

Pablo Aluísio.

O Impossível

Filme novo do velho filão cinematográfico do cinema catástrofe. Aqui temos uma história real. Uma família norte-americana decide passar férias em uma ilha do sudeste asiático. Resort de luxo, hotel 5 estrelas. Muita natureza e piscinas maravilhosas. Mar com águas cristalinas de azul maravilhoso. O símbolo do Paraíso na Terra. Tudo começa bem, eles são bem recebidos e curtem vários dias de descanso e lazer. Só que não contavam com a fúria e a destruição da própria natureza. Um tsunami imenso chega aonde estão hospedados. E as ondas gigantes levam tudo por onde passam. É Claro que se torna uma grande tragédia humana e material. O hotel é destruído, as árvores são arrancadas. Não sobra pedra sobre pedra. 

O marido é interpretado pelo ator Ewan McGregor. Ele perde os filhos de vista assim que tsunami chega na ilha. A esposa, interpretada pela atriz Naomi Watts, ainda tenta se salvar de qualquer maneira. Acaba encontrando um garotinho perdido no meio da destruição. E fica desesperada em busca dos 2 filhos que também tentam sobreviver. O filme é muito bem realizado, é muito bem-produzido. É uma daquelas produções que, podemos dizer, captou bem o momento dessa passagem desse tsunami. Um aspecto interessante é que, apesar de todos os acontecimentos do filme, o roteiro ainda apresenta um final feliz. Feliz em termos, claro, mas diante da enorme tragédia que se sucedeu, acredito que não poderia ser melhor do que aquele. Assista ao filme, vale realmente a pena.

O Impossível (The Impossible, Estados Unidos, Espanha, 2012) Direção: J.A. Bayona / Roteiro: Sergio G. Sánchez, María Belón / Elenco: Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland / Sinopse: Uma família de turistas norte-americanos acaba sendo atingida pela passagem de um tsunami em uma ilha paradisíaca no litoral da Tailândia. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

O Sobrevivente

O filme se passa em um tempo em que uma grande pandemia mundial matou milhões de pessoas. Isso praticamente significou a queda da civilização tal como a conhecemos. Mas eis que surge uma jovem que parece ter imunidade ao vírus que se espalhou mundo afora. Ela pode ser a chave para a cura desta nova doença. Acaba indo parar na fazenda de um rancheiro solitário, interpretado por Jonathan Rhys Meyers. Ele tenta levar adiante aquela propriedade, mesmo sabendo que será tudo em vão, mais cedo ou mais tarde. O problema é que a garota também é alvo de perseguição por fanáticos extremistas. Entre eles está um pastor enlouquecido e alucinado, interpretado por John Malkovich. Ele colocou na cabeça que Deus o enviou em uma missão de salvação do mundo. Ele deve encontrar a jovem imune e ter um filho com ela. Esse filho será o Salvador da humanidade, o novo Messias.

Esse pastor enlouquecido é rodeado por um grupo de seguidores fanatizados, armados até os dentes. Olha só, me lembrou até mesmo de certos líderes religiosos aqui no Brasil. Pois bem, ele parte pra cima do rancheiro e da garota. E assim se trava uma luta de muita violência. Eu não diria que esse filme é ruim, mas eu diria que ele é bem banal. A boa premissa se perde rapidamente. O filme se mostra arrastado em certos momentos. O roteiro é preguiçoso. A partir de determinado momento tudo se resume em uma luta entre os personagens. Não há muita originalidade. No final o que sobra é um filme que desperdiça uma boa premissa em troca de nada.

O Sobrevivente (The Survivalist, Estados Unidos, 2021) Direção: Jon Keeyes / Roteiro: Matthew Rogers / Elenco: Jonathan Rhys Meyers, John Malkovich, Ruby Modine / Sinopse: Em um mundo devastado por uma pandemia mundial, um fazendeiro, uma garota em perseguição e um grupo de religiosos insanos travam uma luta de vida ou morte. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

John Wayne: O Anti-herói Americano

Documentário francês sobre a carreira do ator John Wayne. Começa mostrando o jovem que trabalhava nos estúdios de cinema carregando os cenários de um lugar para o outro. Depois ele foi ganhando confiança e pedindo papéis como figurante. Como sabia montar bem, acabou ganhando seu espaço. Em pouco tempo, estava atuando em filmes B de faroeste. A mudança definitiva aconteceu quando ele se tornou amigo do diretor John Ford. Esse cineasta não considerava Wayne um bom ator, mas acreditava que ele tinha um tipo interessante. Por isso, praticamente o salvou de virar um ator de filmes B pelo resto da vida. Escalou Wayne para atuar em grandes filmes, alguns grandes clássicos da história do cinema. Isso mudou tudo. 

O documentário também mostra o lado mais polêmico da vida de John Wayne. Principalmente o lado referente ao aspecto político. Ele era um conservador ao velho estilo ou conforme algumas opiniões, um reacionário de carteirinha. Ajudou na caça às bruxas em Hollywood. Acabou ganhando antipatias por todo o meio. Curiosamente, apesar desse seu discurso de patriotismo, ele se esquivou de ir lutar na Segunda Guerra Mundial. Pressionado, tentou se alistar no exército, mas acabou sendo recusado. Respirou aliviado depois disso! Ele não queria ir para a guerra!

Enquanto outros astros de Hollywood estavam servindo na guerra, John Wayne ficou nos Estados Unidos. E nesse período, reinou absoluto. Atuou em grandes sucessos de bilheteria. E se tornou o ator mais bem pago da indústria cinematográfica americana. Levou sua forma de pensar para o cinema também. Um exemplo bem explorado pelo documentário é o filme "Os Boinas Verdes". Nessa produção, ele louvava a invasão dos Estados Unidos no Vietnã. 

Mostra também que ele acabou sendo corroído por um terrível câncer no pulmão. O documentário tira uma casquinha, mostrando o ator fazendo propagandas e comerciais para marcas famosas de cigarro. Por fim, o documentário resgata um belo registro histórico. Trata-se da última aparição pública do ator. Abatido e magro, ele foi na entrega do Oscar. Morreria apenas dois meses depois dessa última cerimônia. Enfim, gostei bastante do documentário. Resgata imagens preciosas e debate a personalidade complexa e polêmica do ator. Interessante notar que vai agradar tanto aos fãs de John Wayne, quanto aos seus detratores. 

John Wayne: O Anti-herói Americano (John Wayne, l'Amérique à tout prix, França, 2019) Direção: Jean-Baptiste Péretié / Roteiro: Jean-Baptiste Péretié / Elenco: John Wayne, John Ford, Raoul Walsh / Sinopse: Documentário que resgata e explora a história e a carreira do icônico ator clássico John Wayne. O filme mostra cenas de seus filmes, documentários jornalísticos da época e discute sobre suas polêmicas posições políticas.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de novembro de 2022

Nada de Novo no Front

O livro “Nada de novo no front”, de Erich M. Remarque, é um clássico da literatura alemã. O autor do livro lutou na Primeira Guerra Mundial e serviu como soldado. Ele sentiu na pele todo o drama e o desastre daquela guerra. Ele esteve nas trincheiras no meio da lama, entre soldados doentes, sendo atacados por gases tóxicos. O livro não se assume como autobiográfico, mas fica claro, desde o começo, que ele traz impressões muito pessoais do que aconteceu. A visão de alguém que esteve no front de Batalha. O primeiro filme foi feito poucos anos depois do lançamento do livro. Se tornou uma obra-prima do cinema. Agora temos uma nova versão que eu posso dizer, sem dúvida, que também é uma obra-prima. Esse novo filme é excelente. Com ótima produção da Netflix, este é um filme obrigatório neste ano de 2022. Ele retrata todo o horror e a estupidez da guerra e do militarismo. A insanidade causada por um patriotismo insano e fora de foco. Os falsos valores e tudo o que vem de mal em decorrência disso. 

A história conta a vida de um jovem alemão. Incentivado pelos professores na escola e pelos próprios amigos resolve se alistar no exército da Alemanha. Ele quer a glória, a honra de ser um combatente na Primeira Guerra. Um erro, um erro terrível que ele cometeria, como depois ele ia bem perceber. No campo de batalha descobre que o militarismo e os outros valores que ele achava tão importantes não trazia glória nenhuma, mas sim miséria e tragédia. Seus amigos morreriam nas trincheiras, abandonados à própria sorte. E enquanto os jovens soldados se matavam na lama, os oficiais e os homens da diplomacia viviam em ambientes luxuosos, comendo do bom e do melhor, com suas belas taças de vinho na mão. Aos soldados sobrava roubar alimentos dos fazendeiros das regiões por onde passavam para não morrerem de fome. Um grande livro que resultou em dois maravilhosos filmes. Sua grande mensagem é a de que a guerra não torna ninguém grande e nem mais glorioso do que qualquer outra pessoa. Pelo contrário, a guerra só transforma homens em bestas selvagens. 

Nada de Novo no Front (Im Westen nichts Neues, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, 2022) Direção: Edward Berger / Roteiro: Edward Berger / Elenco: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer / Sinopse: Paul Bäumer, um jovem alemão, se alista no exército da Alemanha durante a primeira guerra mundial. Era o ano de 1917 e ele acabaria descobrindo todo o horror e a insanidade de uma guerra de grandes proporções como aquela.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de novembro de 2022

Blonde

Ontem, finalmente assisti ao filme Blonde. Essa produção, que se propõe a contar parte da história da atriz Marilyn Monroe, tem sido alvo de polêmicas desde seu lançamento. Antes de qualquer coisa, é importante salientar que o filme não é baseado estritamente na biografia de Marilyn Monroe. Na realidade, é a adaptação de um romance escrito por Joyce Carol Oates que, por sua vez, traz elementos da vida da famosa diva do cinema clássico. E nesse ponto encontro o maior mérito desse filme. A narrativa não é convencional. Muito pelo contrário, ela navega por um viés mais psicológico, tentando captar as emoções, as dores emocionais e os pensamentos confusos da artista em sua trajetória. Por ter essa narrativa tão diferenciada, o filme é mais recomendado para quem conhece mais em profundidade a vida da atriz. Esse roteiro não está preocupado em explicar as coisas de forma muito detalhada. O espectador tem que ter um certo grau de conhecimento sobre Marilyn para entender todas as nuances dessa linha de narração do roteiro. 

De forma em geral, gostei bastante do resultado artístico desse filme. Achei o roteiro muito inteligente e muito bem construído no lado psicológico da atriz. Expõe as dores emocionais que ela sofreu nos momentos mais cruciais e cruéis de sua vida. Interessante notar que a atriz Ana de Armas fez um trabalho realmente excepcional. Ela está muito bem no papel. Não é apenas fisicamente parecida com Marilyn, como também muito bem-sucedida ao recriar a conhecida personalidade histriônica de Marilyn. Essa personalidade da criança indefesa não era a única que a atriz tinha para se relacionar com quem convivia com ela. Mas para a proposta do filme, ela ficou muito adequada.  Já tinha lido que esse filme trazia uma versão um pouco cruel da vida de Marilyn. Discordo desse ponto de vista. A vida dela foi sofrida, não há como fugir dessa realidade. Assim, meu veredito final é que se trata de um filme muito bom. Merece reconhecimento, inclusive no Oscar.

Blonde (Estados Unidos, 2022) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Ana de Armas, Adrien Brody, Lily Fisher, Julianne Nicholson / Sinopse: O filme tenta capturar a mente e as dores emocionais da atriz Marilyn Monroe em momentos importantes e cruciais de sua vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

O Contador de Cartas

Esse filme foi produzido pela aclamado cineasta Martin Scorsese. Ele só não dirigiu o filme por conta própria, porque não tinha tempo, problemas de agenda. Assim, resolveu passar o roteiro para um colega cineasta e apenas assinou a produção. O filme conta a história real de um ex militar que passa a viver ganhando dinheiro em cassinos por todos os Estados Unidos. Ele é um contador de cartas, ou seja, um sujeito que aprendeu a técnica de contar as cartas do baralho. Isso é proibido e é considerado ilegal em diversos estados norte-americanos. Se o jogador for pego contando cartas, ele acaba tendo problemas com a lei, indo parar na cadeia. Só que esse protagonista do filme, é um sujeito mais discreto. Ao invés de ganhar grandes boladas na mesa, ele se contenta em ganhar um pouquinho e não chamar muita atenção para si. É o seu segredo para não ir ser preso. Esse personagem realmente foi baseado em uma pessoa real. E por isso, o roteiro trata muito bem de seu background histórico, de seu passado. 

Enquanto foi militar, ele participou de atividades ilegais no exército americano. Acabou entrando em um grupo organizado e especializado em torturar presos durante a guerra do Golfo. A coisa toda pesou para o seu lado. Em uma atividade assim, você deixa diversos inimigos pelo meio do caminho. E durante uma de suas competições em um cassino, ele conhece um jovem. Esse rapaz é filho de um outro militar que também se envolveu com um grupo de tortura. Acabou sendo morto por essa razão, e agora quer vingança de um oficial, um antigo comandante do batalhão. A situação, obviamente, fica tensa. O roteiro, assim, explora essa situação de acerto de contas com o passado. Um bom filme, nada muito maravilhoso, mas mesmo assim podemos considerar um bom filme. Conta sua história de forma adequada. E não decepciona quem vai acompanhando os acontecimentos. Seria uma pequena obra-prima nas mãos de Martin Scorsese, mas isso infelizmente não foi possível. 

O Contador de Cartas (The Card Counter, Estados Unidos, 2021) Direção: Paul Schrader / Roteiro: Paul Schrader / Elenco: Oscar Isaac, Willem Dafoe, Tiffany Haddish, Tye Sheridan / Sinopse: O filme conta a história de um ex militar, agora contador de cartas em cassinos pelos Estados Unidos, que precisa acertar contas com seu passado.

Pablo Aluísio.

Chernobyl: O Filme

O filme conta a história real de um bombeiro que trabalhou na tragédia de Chernobyl. Como se sabe, essa usina nuclear foi palco de um dos maiores desastres nucleares da história da União Soviética. Na ocasião um dos reatores explodiu durante um teste de segurança rotineiro. A inexperiência do técnico que estava realizando esse teste resultou nessa grande tragédia humana. Milhares de pessoas morreram. A história desse bombeiro já havia sido explorada de forma incidental na série sobre o desastre nuclear de Chernobyl. A diferença é que agora o foco do roteiro do filme é centrado exclusivamente em sua história pessoal. Ele era jovem, estava planejando se casar em breve, após conhecer uma garota que havia se apaixonado. O problema é que, como bombeiro, foi uma das primeiras pessoas a entrarem na zona radioativa de Chernobyl após a explosão do reator. 

Como você pode perceber ao assistir ao filme, os bombeiros não tinham nenhuma noção do perigo a que estavam expostos. Eles não tinham equipamento de proteção adequado e tampouco como se defender do alto grau de radioatividade do lugar da explosão. Pior do que isso, esse mesmo bombeiro depois iria participar de uma missão praticamente suicida. Ele precisou mergulhar numa piscina radioativa para abrir um mecanismo mecânico de contenção de danos. Se não fosse feito esse procedimento, o desastre iria ser ainda maior. Com seu heroísmo, acabou salvando milhares de vidas. Só que nesse processo acabou a perdendo também algo muito mais importante do que ele poderia supor. O filme é muito interessante. Lento em alguns momentos, mesmo assim se revela ao final ser bem fiel aos fatos históricos.

Chernobyl: O Filme (Chernobyl, Rússia, 2021) Direção: Danila Kozlovskiy / Roteiro: Elena Ivanova, Aleksey Kazakov / Elenco: Danila Kozlovskiy, Oksana Akinshina, Filipp Avdeev / Sinopse: Essa produção russa conta a história de um dos bombeiros que trabalharam na usina de Chernobyl após a explosão de um dos seus reatores. Foi uma das maiores tragédias nucleares da história da humanidade.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

O Homem de Gelo

Richard Kuklinski (Michael Shannon) acaba sendo contratada como assassino profissional da máfia. E tudo isso ocorre meio um acaso. Um dos chefões da família Gambino entende que ele é um sujeito frio, que poderia cumprir qualquer tipo de ordem. E realmente ele se dá muito bem nesse novo "serviço". Elimina os alvos determinados pelos chefes mafiosos e consegue até mesmo encobrir todos os seus crimes. Estima-se que ao longo de sua "carreira" tenha matado mais de 100 pessoas. Isso o colocou no topo dos mais prolíferos assassinos profissionais da história dos Estados Unidos. Só que, como todo criminoso, ele também tinha seu calcanhar de Aquiles. No caso, era a sua própria família. A despeito de ser um assassino cruel e violento, ele queria manter uma vida familiar estável. Era casado e tinha duas filhas adolescentes. E se orgulhava muito desse seu outro lado pessoal. Só que não há como manter uma vida criminosa intensa com uma vida familiar pacata. Mais cedo ou mais tarde, um dos lados entra em choque com o outro. E aí a família e a própria vida pessoal entrariam em colapso. 

Eu já tinha ouvido falar desse personagem da vida real, mas nunca tinha assistido nenhum filme baseado em sua história. E, obviamente, diante de uma vida dessas não faltaria material para um bom roteiro. O elenco é excepcionalmente bom. A começar pelo ator Michael Shannon, que se destaca logo nas primeiras sequências. De funcionário pacato e burocrata, ele logo parte para lado criminal da sua história. E se sai bem, trazendo em si uma das qualidades mais procuradas por esse tipo de profissional, a frieza. Mata e não se abala por isso. Mata e consegue encobrir todo tipo de assassinato. Outro destaque digno de nota é a presença do ator Ray Liotta, falecido recentemente. Poucos atores da história de Hollywood tinham tanta identificação com esse tipo de papel mafioso. E aqui ele está obviamente excelente em seu personagem. Um membro da família Gambino, cruel e mordaz. Qualquer um que se coloque em seu caminho é eliminado, de forma sumária. Em suma, temos aqui um filme muito bom. Deixo a minha recomendação.

O Homem de Gelo (The Iceman, Estados Unidos, 2012) Direção: Ariel Vromen / Roteiro: Morgan Land / Elenco: Michael Shannon, Ray Liotta, Chris Evans, James Franco, Winona Ryder, David Schwimmer / Sinopse: O filme conta a história de um dos mais conhecidos assassinos profissionais a serviço da máfia. Ele atuou durante as décadas de 1960 e 1970. Estima-se que tenha matado mais de 100 inimigos da cosa nostra.

Pablo Aluísio.

A Vingadora

Uma jovem retorna para casa de seu pai. Logo descobre que ele está morto. Ele vivia em uma cidadezinha perdida no meio Oeste dos Estados Unidos. Lugar estranho, com gente esquisita. Na realidade, ela tinha intenção de se vingar por tudo de mal que seu pai lhe fez no passado. Só que sua suposta vingança chegou tarde demais. O velho já estava morto há alguns dias. Espalhou-se um boato pela cidade que ele teria dinheiro guardado no pequeno rancho onde morava. Logo foi morto e torturado. E a jovem logo vai descobrir que quem teria obrigação de cumprir a lei seria justamente aquele que saiu em busca desse dinheiro escondido. E assim começa o seu drama, porque ela passa também a ser caçada por esses criminosos impiedosos. Essa gente quer mesmo é colocar a mão em uma grana fácil e nada mais. 

Filme simples, mas ao mesmo tempo bem interessante. Em termos de elenco quem mais chama atenção é o ator Mickey Rourke. Ele interpreta o xerife desta cidadezinha. Nem preciso dizer que o seu personagem é um crápula completo. Um infame com uma estrela de xerife. Não está nem aí para a lei e a ordem. É um dos tiras mais corruptos que já vi em um filme recente. E está disposto a tudo. Mickey Rourke novamente surge em um papel estranho. Apesar de ser um homem da lei, seu figurino é pra lá de bizarro. E mesmo diante de um roteiro simples, ele se destaca. Afinal sempre foi um bom ator. Só foi prejudicado ao longo dos anos por sua própria bizarrice. É definitivamente um cara fora dos padrões.

A Vingadora (Girl, Estados Unidos, 2020) Direção: Chad Faust / Roteiro: Chad Faust / Elenco: Bella Thorne, Mickey Rourke, Emma-Leigh Cullum, Elizabeth Saunders / Sinopse: Uma jovem retorna para a cidade onde seu pai morou e descobre que ele foi morto. Pior do que isso. Ela descobre que está numa armadilha montada por um policial corrupto e seu irmão psicopata com uma longa ficha criminal.

Pablo Aluísio.