quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
O Profundo Mar Azul
Título Original: The Deep Blue Sea
Ano de Produção: 1955
País: Inglaterra
Estúdio: London Film Productions
Direção: Anatole Litvak
Roteiro: Terence Rattigan
Elenco: Vivien Leigh, Kenneth More, Eric Portman, Emlyn Williams, Moira Lister, Arthur Hill
Sinopse:
O filme "O Profundo Mar Azul" nos mostra a história de Hester Collyer (Vivien Leigh), uma mulher reprimida que embora tente seguir os padrões sociais vigentes em relação ao casamento, acaba sucumbindo aos seus desejos mais inconfessáveis. Ao trair seu marido, acaba sendo acusada de adultério, caindo em uma espécie de marasmo social onde acaba sofrendo todos os tipos de preconceitos possíveis e imagináveis.
Comentários:
Mais um excelente drama da carreira de Vivien Leigh que infelizmente ainda se mostra um tanto desconhecido do grande público nos dias atuais. Baseado na peça teatral de Terence Rattigan (que assina o roteiro), o projeto nasceu justamente quando a própria Leigh assistiu a peça original em Londres em 1953. Ela imediatamente entrou em contato com o autor e comprou os direitos da obra para ser levada ao cinema. A atriz, muito sensível e corajosa, queria enfocar a situação das mulheres que sofriam preconceitos dentro da sociedade inglesa após se divorciarem de seus maridos. O peso se tornava ainda mais insuportável quando elas eram, sob o ponto de vista da sociedade, as culpadas pelo fim do casamento. O interessante é que o roteiro, extremamente bem escrito, tenta demonstrar que na realidade não existem culpados nesse tipo de problema conjugal, pois se a mulher realmente procura os braços de um outro homem isso significa apenas que o casamento como laço de amor e paixão já estava destruído. Ótimos diálogos e atuação sensível de Vivien Leigh deixam ainda mais interessante a produção. Um tema que ainda continua atual, mesmo tantas décadas depois de seu lançamento original. Um clássico dramático imperdível. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de melhor roteiro e melhor ator (Kenneth More).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 19 de janeiro de 2021
Anna Karenina
Clássico do cinema estrelado pela atriz Vivien Leigh. A história é baseada na literatura russa, no famoso livro escrito por Liev Tolstói. No enredo Stefan e Dolly Oblonsky aparentemente formam um casal feliz, mas por baixo dessa fachada as brigas são constantes. Para contornar a situação conjugal complicada Stefan entra em contato com Anna Karenina (Leigh), sua irmã, para ir até Moscou. Na viagem entre São Petersburgo e Moscou, Karenina acaba conhecendo outro casal, a condessa e o conde Vronsky. O que começa como uma simples amizade no trem em que viajam, acaba virando algo mais entre Karenina e o coronel e conde russo. Gostei dessa adaptação cinematográfica do best-seller. É uma produção inglesa que teve grande repercussão em seu lançamento por causa da bela presença da atriz Vivien Leigh, na época ainda colhendo os frutos de seu grande filme, "E o Vento Levou". A atriz surge em cena com os cabelos levemente cacheados, bem escurecidos, em figurino e joias de luxo, além de seu habitual carisma e talento. A direção parece perdidamente apaixonada por ela, pois o filme tem longos planos focando apenas seu rosto em close, usando belamente a fotografia em preto e branco para contrastar seu belo rosto iluminado com um fundo escuro e misterioso. O único brilho que surge no meio da escuridão é a de seu colar de diamantes e pedras preciosas. Um belo efeito que dá um toque muito sensual e glamoroso ao filme em si.
O enredo é clássico, mas há uma tentativa de transformar o perigoso caso de amor em uma ode ao sentimento proibido, seja pelas convenções sociais, seja pelos valores morais e religiosos. No final as mais românticas vão ficar devidamente satisfeitas pois o filme tem drama, romance e também cenas de bailes, com roupas da época e muito luxo. Tudo embalado em muito romantismo à moda antiga. Para o público masculino a sessão também valerá a pena, pois chegará à conclusão de que a Vivien Leigh era realmente uma graça, como atriz e como personalidade.
Anna Karenina (Anna Karenina, Inglaterra, 1948) Estúdio: London Film Productions / Direção: Julien Duvivier / Roteiro: Jean Anouilh, Guy Morgan, baseados na obra de Leo Tolstoy / Elenco: Vivien Leigh, Ralph Richardson, Kieron Moore / Sinopse: Adaptação do famoso livro da literatura russa que recria a era da sociedade daquele país nos tempos da dinastia Romanov.
Pablo Aluísio.
Capricho
Mais um momento menor da filmografia da atriz Doris Day, aqui em uma fase mais avançada em sua carreira, já caminhando para o final da década de 1960 que de certa forma iria marcar também o fim de sua fase de maior popularidade na indústria do cinema americano. O seu estilo não iria sobreviver ao chamado verão do amor, quando o movimento hippie tomou conta da cultura e da contracultura dos Estados Unidos. Dentro desse contexto pouca coisa era mais fora de moda e ultrapassada do que as personagens que Doris Day interpretava nas telas. Para os jovens da época ela aparecia apenas como uma estrela dos tempos de seus pais, tempos mais inocentes. A história era bem na linha de seus filmes do passado. Patricia Foster (Doris Day) é a executiva de uma indústria de cosméticos francesa sediada em Paris que é enviada até os Estados Unidos para espionar o que os concorrentes estão inventando para o mercado mundial. Lá acaba tendo que lidar com um gerente metido a galã que deseja conquistá-la, para por sua vez, também roubar os segredos da antiga empresa em que Foster trabalhou.
De certa maneira eu esperava muito mais dessa comédia dos anos 60. O filme foi dirigido pelo ótimo Frank Tashlin, que realizou os melhores filmes de Jerry Lewis, também era protagonizado pela estrela Doris Day. Para completar tinha um roteiro esperto, que transformava a personagem de Doris em uma espiã industrial dentro de uma grande empresa americana de cosméticos. Tudo parecia se encaixar bem mas... infelizmente o filme é bem fraco, com medo de ousar, ir além! Essa foi uma das últimas aparições de Doris Day no cinema - mais dois filmes e ela encerraria sua carreira de uma vez por todas. Doris que estava tão brilhante em tantos filmes ao lado de Rock Hudson aqui está visivelmente no controle remoto.
O conhecido talento para comédias não se repetiu. Doris Day parece aborrecida com o roteiro que tem em mãos. Ela surge assim declamando seu texto sem nenhum empenho ou motivação. Parece até mesmo entediada em cena. Nunca tinha visto ela tão mal em um filme como aqui! Para resumir seu trabalho é muito abaixo da média e Doris afunda o filme. Para piorar tentaram transformar Richard Harris numa espécie de "Rock Hudson inglês", ou seja, o mesmo personagem de Rock nos filmes ao lado de Doris, a do Playboy que é um verdadeiro conquistador barato que sai dando em cima de todas as garotas que conhece. Isso também não deu certo. No final tudo o que sobra para o espectador é uma grande decepção cinematográfica.
Capricho (Caprice, Estados Unidos, 1967) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Frank Tashlin / Roteiro: Jay Jayson, Frank Tashlin / Elenco: Doris Day, Richard Harris, Ray Walston, Jack Kruschen, Edward Mulhare / Sinopse: O filme mostra os bastidores da indústria de cosméticos, onde Patricia Foster (Doris Day) acaba se tornando espiã de importantes segredos industriais.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2021
À Sombra de um Gigante
Clássico do cinema americano, filme produzido e lançado na década de 1960. Qual é a história do filme? Após o fim da segunda grande guerra mundial, o coronel David 'Mickey' Marcus (Kirk Douglas) volta para a vida civil. Advogado de formação, ele retorna para seu escritório em Nova Iorque, mas é logo procurado por um grupo de judeus que pedem por sua ajuda. Há uma nova nação e um novo exército. É preciso mais do que nunca alguém que tenha experiência de guerra na liderança das forças armadas de Israel. O país criado em cima do território da Palestina é cercado por inimigos por todos os lados e Marcus é chamado para organizar um exército com os jovens idealistas que estavam dispostos a lutar por Israel. Detalhe: eles não não tinham qualquer tipo de experiência nesse campo ou treinamento militar. Esse filme conta uma história importante na formação do Estado de Israel, quando surgiu a necessidade de criar e estruturar as forças armadas daquela jovem nação.
Como não havia experiência militar entre os jovens que se mudaram para aquela região após a criação do país, foi necessário a contratação de militares experientes para coordenar e desenvolver todos esses preparativos. O personagem interpretado por Kirk Douglas é justamente um desses homens que vão para Israel para dar os primeiros movimentos na criação de uma força militar poderosa naquela região. Todos os eventos que vemos no filme são inspirados em fatos históricos reais. Depois do que aconteceu na II Guerra, dos tristes e lamentáveis eventos do holocausto, o povo judeu, como era de esperar, precisava agora se armar e se tornar uma potência militar para proteger todos os membros de sua nação. E os militares americanos tiveram um papel importante nessa reestruturação, contribuindo com seus conhecimentos e experiência no campo de batalha. Os resultados foram excelentes, a tal ponto que em poucos anos Israel se tornou a maior potência militar do Oriente Médio. Inclusive seu teste de fogo não iria demorar muito. Em pouco tempo o país entraria em guerra com o Egito e se sairia vencedor desse conflito.
O diretor Melville Shavelson fez um bom trabalho para a United Artists. Por causa do tema a produção contou com a boa vontade de um excelente grupo de atores de Hollywood. Há três astros no filme, todos campeões de bilheteria na época. Além de Kirk Douglas, o elenco ainda trazia o grande John Wayne em um papel coadjuvante e o cantor Frank Sinatra, em um papel ainda menor. E aqui temos aquele velho problema que sempre surgia em filmes com grandes elencos. Não havia espaço para todos. Sempre alguém era desperdiçado em cena. Foi justamente o caso de John Wayne e Frank Sinatra. Seus personagens são até importantes na história, mas os atores não contaram com tempo suficiente para desenvolvê-los bem. De qualquer forma procure relevar esse aspecto. O filme já é importante apenas pelo tema histórico mostrado. Todo o resto são apenas pequenos detalhes cinematográficos.
À Sombra de um Gigante (Cast a Giant Shadow, Estados Unidos, 1966) Estúdio: United Artists / Direção: Melville Shavelson / Roteiro: Melville Shavelson, baseado na obra de Ted Berkman / Elenco: Kirk Douglas, John Wayne, Yul Brynner, Frank Sinatra, Angie Dickinson, Senta Berger / Sinopse: O filme conta a história de um veterano militar americano que é contratado pelo Estado de Israel para ajudar na criação das forças armadas daquele país, em um momento histórico em que Israel estava se formando politicamente.
Pablo Aluísio.
A Patrulha da Esperança
Clássico filme de guerra. Qual é a história? O coronel Pierre Raspeguy (Anthony Quinn) e seus homens ficam cercados por um grande exército de libertação nacional em Dien Bien Phu na Indochina. Depois da derrota, são feitos prisioneiros e após algum tempo são finalmente libertados quando a França desiste de sua intervenção militar no país. De volta à Paris tudo o que o coronel deseja é retornar para o campo de batalha e ele consegue seu objetivo ao ser designado para comandar uma tropa de elite a ser enviada para a Argélia, colônia francesa que luta por sua independência. Filme tecnicamente muito bem realizado, com ótimas sequências de batalha e ação, mas novamente um pouco confuso sob o aspecto político. O filme começa na Indochina, que naquele momento tentava se livrar do poderio e domínio do imperialismo francês. Os soldados liderados por Anthony Quinn estão encurralados e a única saída é a rendição aos inimigos. Depois de algum tempo presos, são finalmente libertados depois que a França se conscientiza que aquela guerra é uma perda inútil de homens, equipamentos e dinheiro.
O curioso aqui é chamar a atenção para o fato de que após a retirada da França da Indochina, que passaria a se chamar Vietnã, iria se abrir um vácuo de poder na região, o que iria resultar na intervenção dos Estados Unidos. E isso, anos depois, iria dar origem também à Guerra do Vietnã. Um grande desastre militar para os americanos. Depois que voltam para a França, a tropa comandada pelo Coronel Raspeguy (Anthony Quinn) é novamente enviadas para o front, só que dessa vez na Argélia, e lá começam a combater os argelinos que lutam pela independência de seu país! Pois é, o fato é que esse roteiro tem como protagonistas soldados que estavam sempre lutando pelo imperialismo de Paris contra povos que apenas tinham como objetivo sua libertação desse tipo de colonialismo anacrônico. Assim o roteiro derrapa nesse aspecto, pois tem um viés equivocado, trazendo a mesma visão que iria levar à guerra da Argélia e até mesmo à guerra do Vietnã, duas experiências que França e Estados Unidos jamais iriam esquecer por causa do tamanho do desastre que foi.
Porém, tirando esse aspecto político de lado, o espectador terá um filme de guerra bastante eficiente, com ótimas tomadas de combate como atrativo, em especial a cena final onde rebeldes argelinos e tropas francesas se enfrentam numa montanha com ruínas da época do império romano ao fundo. Nesses tempos o cinema não tinha recursos digitais para recriar esse tipo de combate em computadores e nada do tipo. Tudo era feito de forma real, com centenas de milhares de figurantes, explosões, veículos de guerra, etc. E filmar tudo em lugares desertos tornava a produção ainda mais complicada. Então é isso, "Lost Command" não tem uma visão política correta daquele período histórico, mas se salva pela grandeza de suas cenas de ação e guerra, o que hoje em dia é certamente o que mais irá atrair o fã de cinema clássico.
A Patrulha da Esperança (Lost Command, Estados Unidos, 1966) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Mark Robson / Roteiro: Jean Lartéguy, Nelson Gidding / Elenco: Anthony Quinn, Alain Delon, George Segal / Sinopse: Militares franceses veteranos da guerra da Indochina são enviados novamente para o campo de batalha, no norte da África, onde forças rebeldes argelinas lutam pela independência de sua nação do imperialsmo francês.
Pablo Aluísio.
domingo, 17 de janeiro de 2021
Comboio Para o Leste
Em 1943, ainda na época da II Guerra Mundial, o astro de Hollywood Humphrey Bogart atuou nesse clássico do cinema. Na época o grande receio dos navios mercantes que cruzavam os mares era a presença ameaçadora de submarinos da marinha da Alemanha nazista. Diversas embarcações foram afundadas nesse período histórico. O filme conta uma dessas histórias. Um petroleiro americano é afundado por um submarino alemão e os sobreviventes passam 11 dias no mar em uma balsa. Sua única possibilidade de salvação é o navio "Sea Witch" que está se dirigindo até o porto de Murmansk no Atlântico Norte. Esse foi o primeiro filme de Humphrey Bogart após ele realizar o maior filme de sua carreira, o clássico "Casablanca". Como se pode ver pelo enredo, Bogart ainda estava empenhado no esforço de guerra dos aliados, o que era de esperar pois o filme foi realizado em 1943 e a Segunda Guerra Mundial ainda assolava o mundo. O filme explora a chamada batalha do Atlântico Norte, quando vários navios mercantes foram afundados por submarinos alemães. Os nazistas não tinham o menor receio de atirar em navios civis, levando pessoas e cargas. Obviamente mais um crime de guerra dos seguidores de Hitler.
Nesse filme o ator Humphrey Bogart interpretou um personagem heroico que a Warner quis vender como uma espécie de "Sargento York", uma produção clássica de enorme sucesso na época. Na realidade, se formos analisar bem, pouca coisa pode ser comparada. Esse filme com Bogart tem produção bem mais modesta, fotografia em preto e branco e mostra sinais da dificuldade técnica da época em recriar as batalhas entre submarinos e a Marinha americana, que na época usava cargas de profundidade para destruir as frotas alemãs de U-Boats. Movimentado, não tenta ser o que não é, pois no fundo é uma produção de ação e aventura, com muita mensagem de patriotismo para quem estava no front de guerra. Um clássico para se divertir, acima de tudo.
Comboio Para o Leste (Action in the North Atlantic, Estados Unidos, 1943) Estúdio: Warner Bros / Direção: Lloyd Bacon, Byron Haskin / Roteiro: John Howard Lawson, Guy Gilpatric / Elenco: Humphrey Bogart, Raymond Massey, Alan Hale / Sinopse: O roteiro desse clássico dos filmes de guerra explora o afundamento de navios mercantes por parte da marinha da Alemanha nazista durante a II Guerra Mundial. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro original (Guy Gilpatric).
Pablo Aluísio.
O Homem Invisível
Título Original: The Invisible Man
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: James Whale
Roteiro: R.C. Sherriff
Elenco: Claude Rains, Gloria Stuart, William Harrigan, Henry Travers, Una O'Connor, Forrester Harvey
Sinopse:
Baseado na obra do imortal H.G. Wells, o clássico do cinema "O Homem Invisível" conta uma história de terror e suspense. O Dr. Jack Griffin (Claude Rains), um cientista renomado, consegue encontrar a fórmula da invisibilidade. Após resolver experimentar em si mesmo a estranha substância começa a sentir os efeitos danosos que modificam não apenas seu corpo mas também sua mente que começa a se deteriorar de forma gradual.
Comentários:
Um clássico do cinema de horror americano. O filme lançado na década de 1930 ainda hoje surpreende por causa da incrível imaginação de seus realizadores. Imagine realizar uma obra como essa, naquela época distante, onde poucos eram os recursos em termos de efeitos especiais. Para contrabalancear isso há um primoroso trabalho técnico, lidando com pequenos truques de câmera e maquiagem que funcionaram excepcionalmente bem. Some-se a isso o fato do diretor James Whale ter privilegiado as tomadas de suspense e você terá uma pequena obra prima em mãos. O roteiro, baseado na clássica estória do escritor (e gênio) H.G.Wells, novamente lida com o medo dos rumos perigosos que a ciência poderia tomar. Curiosamente o enredo também explora muito bem questões como ética na ciência e os limites do conhecimento humano. O próprio cientista se torna vítima e algoz ao mesmo tempo de suas experiências. Lançado em pleno verão de 33 o filme acabou se tornando um grande campeão de bilheteria, principalmente pela garotada que lotava as sessões para curtir essa inovadora ideia. Era o nascimento da cultura pop americana, impulsionada por filmes como esse, gibis, música e literatura de bolso.
Pablo Aluísio.
sábado, 16 de janeiro de 2021
Josey Wales - O Fora da Lei
Clint Eastwood também capricha na caracterização de seu papel, fazendo um sujeito de poucas palavras. mas rápido no gatilho que tem um hábito horrível, mas muito divertido, de sair cuspindo fumo mascado em todo lugar! Até o pobre cachorrinho que o segue pelo deserto vira alvo! Ao seu lado brilha a honesta interpretação de Chief Dan George que interpreta um velho índio, cansado de guerra, desiludido pelas mentiras contadas pelo homem branco ao longo de todas aquelas décadas. Esse foi o sexto filme dirigido por Clint Eastwood, produzido por sua própria companhia de cinema, a Malpaso Company. Impossível negar que ele já mostra uma maturidade incrível na direção, não deixando o filme cair no marasmo ou no lugar comum em nenhum momento. O roteiro escrito pelo futuro cineasta Philip Kaufman de "Os Eleitos" e "A Insustentável Leveza do Ser", entre outros, certamente ajuda muito para o belo resultado final. É um texto muito bem escrito, com ótimo desenvolvimento, sem qualquer erro em seu enredo. Mesmo cenas mais fortes como a da tentativa de estupro coletivo promovida por um grupo de comancheros em cima da personagem de Sondra Locke (que se tornaria mulher de Clint na vida real) não soam fora do contexto ou desproporcionais. Tudo está em seu devido lugar. Em suma, um grande faroeste que não pode faltar na coleção de nenhum fã do gênero. Clint Eastwood mais uma vez está perfeito no velho oeste. Não deixe de assistir.
Josey Wales - O Fora da Lei (The Outlaw Josey Wales, Estados Unidos, 1976) Estúdio: Warner Bros, Malpaso Company / Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Philip Kaufman, baseado no livro de Forrest Carter / Elenco: Clint Eastwood, Sondra Locke, Chief Dan George, Bill McKinney / Sinopse: Josey Wales é um homem em busca de vingança. Após a morte de sua família, de forma covarde, ele parte para se vingar de todos os que cometeram esse crime. Todos os soldados da União devem pagar. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música (Jerry Fielding).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2021
Cavalgada dos Proscritos
Em 1980 chegou aos cinemas esse bom western intitulado "Cavalgada dos Proscritos". Na história o famoso criminoso do velho oeste Jesse James (James Keach) e seu irmão Frank James (Stacy Keach) resolvem formar um bando de assaltantes de bancos e trens no Missouri do século XIX, poucos meses depois do fim da guerra civil. Ao lado dos irmãos Youngers eles colocam as pequenas cidades do oeste em pavorosa. Para enfrentá-los a agência de investigação Pinkerton envia seus melhores homens. Esse é mais um filme enfocando a lendária figura do fora da lei Jesse James (1847 - 1882). O roteiro procura inovar bastante na forma como conta essa história. Assim ao invés de focar exclusivamente na figura de Jesse James, o texto procura também desenvolver os outros homens de seu bando, em especial os irmãos Youngers, que cavalgaram por muitos anos ao lado de Jesse.
Há três grandes cenas nessa produção que merecem menção. A primeira quando o grupo fica encurralado numa casinha de madeira no pé da montanha. Cercados pelos Pinkertons eles precisam descer um desfiladeiro em debandada debaixo de uma chuva de tiros. Outra cena muito boa é o tiroteio final ocorrido nas ruas de uma cidadezinha de Minnesota. Nessa sequência em particular o estilo do diretor Walter Hill homenageia o grande Sam Peckinpah ao filmar tudo em câmera lenta, mostrando todos os mínimos detalhes da violência do confronto entre bandidos e policiais. Por fim há a cena que abre a história. Nesse momento o que é valorizado é a tensão pois o grupo está em um banco, cercado por homens da lei do lado de fora. Curiosamente o bando de Jesse James é formado por três grupos de irmãos no elenco, os Carradines (David, Keith e Robert), os Quaids (Dennis e Randy) e os Keachs (James e Stacy), tudo contribuindo para o excelente resultado final desse western que é certamente muito recomendado para os fãs do gênero.
Cavalgada dos Proscritos (The Long Riders, Estados Unidos, 1980) Estúdio: United Artists, MGM / Direção: Walter Hill / Roteiro: Bill Bryden, Steven Smith / Elenco: David Carradine, Stacy Keach, Dennis Quaid, Keith Carradine, Robert Carradine, James Keach, Stacy Keach, Randy Quaid, Nicholas Guest / Sinopse: No velho oeste americano o criminoso e pistoleiro Jesse James decide formar uma quadrilha especializada em roubos a bancos e ferrovias. Assim que os primeiros crimes são cometidos, um grupo de homens da lei começa a caçar os bandidos. Filme indicado ao Cannes Film Festival.
Pablo Aluísio.
Batalha no Riacho Comanche
Título Original: Gunfight at Comanche Creek
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Frank McDonald
Roteiro: Edward Bernds
Elenco: Audie Murphy, DeForest Kelley, Ben Cooper, Colleen Miller, Jan Merlin, Susan Seaforth Hayes
Sinopse:
Um grupo de bandidos liderados por Amos Troop (DeForest Kelley) se especializa em um crime muito engenhoso. Eles libertam da cadeia criminosos com recompensas altas e os colocam para assaltar bancos. Depois que fazem o serviço, os matam para ganhar o dinheiro prometido pela lei. Essa situação leva uma agência de combate ao crime a enviar dois agentes para investigar os assassinatos. Assim o agente Bob Gifford (Audie Murphy) se infiltra no bando para saber quem seria o autor intelectual de todos os planos executados pelos criminosos.
Comentários:
Faroeste B estrelado por Audie Murphy, também conhecido como "Fúria de Brutos". Como sempre, eram produções de orçamentos menores, feitos pelo pequeno estúdio Allied Artists, que acabaria indo à falência apenas alguns anos depois. Esse western foi salvo não pela sua produção, que é bastante modesta, mas sim pelo bom roteiro que consegue manter o interesse. O filme é curto, pouco mais de 80 minutos, mas bem desenvolvido e chama a atenção pela trama bem bolada. Audie Murphy, perto de abandonar o cinema, está um pouco fora de forma, acima de peso, mas consegue mostrar um bom desempenho em cena. Já para os fãs de "Jornada nas Estrelas" o elenco traz uma presença ilustre. O líder dos bandidos é nada mais, nada menos, do que DeForest Kelley, o Dr McCoy da nave Enterprise, da série clássica de TV. Ele está ótimo como um típico vilão do velho oeste, um sujeito que nem pensa duas vezes antes de mandar bala em todos aqueles que contrariam seus interesses criminosos. Por fim gostaria de elogiar a boa narração em off que permeia todo o enredo. O uso de um narrador ajuda o filme a ter melhor desenvolvimento, explicando em vários momentos o que se passa na trama. Uma boa opção do roteiro, que repito, é realmente bem escrito.
Pablo Aluísio.