sábado, 11 de janeiro de 2020

O Signo do Zorro

Título no Brasil: O Signo do Zorro
Título Original: The Sign of Zorro
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Productions
Direção: Lewis R. Foster, Norman Foster
Roteiro: Norman Foster, Lowell S. Hawley
Elenco: Guy Williams, Henry Calvin, Gene Sheldon, Romney Brent, Britt Lomond, George J. Lewis

Sinopse:
Don Diego (Williams) volta para casa e encontra sua cidade sob o calcanhar de um cruel ditador, um homem corrupto e vil que explora a boa fé das pessoas do vilarejo. Para combater essa injustiça ele precisa voltar a encarnar o Zorro.

Comentários:
Esse filme lançado na década de 1950 nada mais era do que uma compilação de oito episódios da série de TV produzida pela Disney. O que mais surpreende é que apesar de tudo isso funcionou muito bem, realmente parecendo um longa-metragem próprio, a ser lançado nos cinemas. Palmas para os roteiristas e editores que conseguiram essa proeza. No geral esse filme, como não poderia deixar de ser, segue a mesma linha da série (aliás o filme foi extraído da série, não podemos esquecer), por isso se você gosta do Zorro de Guy Williams nada mais adequado. Pena que a série não durou mais, pois de fato marcou época para os fãs desse famoso personagem. Sob um ponto de vista de revisão do passado, esse seguramente foi uma das melhores adaptações do Zorro que foi produzida. Os roteiros também eram muito bons, mesclando aventura, cenas de ação, com um pouco de humor, principalmente na figura rotunda do Sargento Garcia. Enfim, entretenimento de primeira qualidade que inclusive resistiu bem ao passar dos anos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Globo de Ouro 2020

Tradicionalmente se diz que o Globo de Ouro é a prévia do Oscar. Bom, se isso se confirmar esse ano teremos algumas surpresas na premiação da Academia. Isso porque o filme vencedor da noite, na principal categoria de Melhor Filme - Drama, foi "1917" de Sam Mendes. Levou também o cobiçado prêmio de Melhor Direção. Quem estava esperando por isso? Praticamente ninguém. Até porque o filme nem havia estreado nos Estados Unidos ainda. Todos estavam esperando pela consagração de "O Irlandês", mas o filme de Scorsese decepcionou completamente na noite. Em termos de Globo de Ouro todo o seu elenco e equipe ficaram a ver navios. Robert De Niro ficou visivelmente aborrecido com isso tudo. O que não causou surpresa nenhuma (e assim espero que seja repetido no Oscar) foi a premiação de Joaquin Phoenix por "Coringa". Merecido demais. Mesmo competindo com outros gênios da atuação (Jonathan Pryce, por "Dois Papas" era o segundo mais cotado), não houve como deixar de premia-lo. Ele está excepcional no filme inspirado no vilão da DC Comics. Aliás que não façam uma continuação porque com um filme como esse não há a menor necessidade. É uma obra-prima cinematográfica.

Na categoria ator coadjuvante (que estava mais acirrada do que a de ator principal) o premiado foi Brad Pitt por "Era uma Vez em… Hollywood". Não era o meu preferido, mas não fiquei chateado por sua premiação. Ele está de fato muito bem no filme de Tarantino. Pelo visto dar uma surra em Bruce Lee foi um negócio e tanto para ele. O ator, que só havia sido premiado antes por "Doze Macacos" ficou claramente tocado pela premiação. Até se viu pedindo desculpas aos demais concorrentes que ele chamou de "Deuses da atuação". O bom e velho Pitt merece, tenho que dizer.

E por falar em Quentin Tarantino ele levou prêmios importantes na noite. O Globo de Ouro de Melhor Roteiro prova mais uma vez que o diretor é mesmo o rei das referências da cultura pop. Seu filme aliás é mais um exemplo disso. Só achei que deixaram de dizer algumas palavras em memória da atriz Sharon Tate. Ela não foi lembrada nos discursos e nem nas entrevistas. Furo complicado de entender. Russell Crowe foi premiado por "The Loudest Voice", porém ele não compareceu na cerimônia. O ator está na Austrália, tentando ajudar no desastre natural que se abate sobre seu país. Mandou um texto de conscientização sobre as mudanças climáticas globais. Foi algo bem conveniente.

Em termos de atrizes também surgiram surpresas.  Renée Zellweger venceu por "Judy – Muito Além do Arco-Íris". É uma espécie de retorno após uma fase muito ruim na carreira e na vida pessoal. Achei sua aparência bem melhor. Ela passou por uma série de cirurgias de reconstrução de seu antigo rosto e os resultados ficaram bons. Não é a mesma loirinha do passado, mas pelo menos agora podemos reconhecer ela de novo! Laura Dern foi também premiada como atriz coadjuvante por "História de um Casamento". Ela interpretou a advogada da esposa no filme. Essa produção também derrapou feio na premiação. E era o segundo filme favorito da noite, ao lado de Scorsese. Por fim tivemos homenagens a Tom Hanks (um sujeito muito bacana, com uma filmografia espetacular) e Ellen DeGeneres (que sempre considerei muito forçada e sem graça). Assim tivemos uma noite de erros e acertos. Nada muito diferente do que acontece também no Oscar.

Pablo Aluísio.

Doutor Sono

"O Iluminado" é um clássico do terror. Dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson, foi um daqueles filmes que marcaram época. Agora, muitos anos depois, chega aos cinemas uma espécie de sequência daquela obra-prima. O garotinho que andava de triciclo pelos corredores do hotel mal-assombrado cresceu. Agora ele é um homem adulto, cheio de problemas. Dan Torrance (Ewan McGregor) cresceu tendo que lidar com seu dom de ver e interagir com pessoas mortas. É o que lhe qualifica como uma pessoa iluminada. Só que isso também lhe trouxe vários problemas psicológicos, traumas, etc. Para superar tudo ele se entregou à bebida durante anos.

Seu desafio agora é ajudar uma garotinha chamada Abra Stone (Rebecca Ferguson). Ela também é uma iluminada, com muitos mais poderes paranormais, iguais aos de Dan. Isso a torna uma vítima em potencial de um estranho grupo de assassinos que sequestra e mata crianças para literalmente sugar suas almas. Essa gente tem sede de sangue e os iluminados são especialmente apreciados por eles. A garota Abra e uma caça primordial.

Quando esse filme terminou, eu fiquei com a sensação de que certas estórias não precisam de continuação. Elas já são bem fechadinhas em si. O primeiro "O Iluminado" era um primor do gênero terror psicológico. Sua força vinha muito do suspense criado em torno dos acontecimentos naquele hotel isolado e frio, no alto da montanha. Não foi necessário explicar muita coisa, apenas explorar bem as cenas. Nesse segundo filme o terror psicológico desaparece. Não há nada nessa linha. Tudo se resume em uma narrativa bem clichê do confronto entre o bem e o mal. Os vilões me pareceram bem caricatos. Do lado do bem apenas Dan desperta algum interesse. A jovem Abra é chatinha. A atriz que a interpreta é pior ainda. Bem genérica. Nada expressiva ou talentosa.

A falha, é bom frisar, não é apenas dos produtores desse filme, mas também do próprio Stephen King. Que ele é um bom escritor de terror, bom, isso todo mundo sabe. O problema é que ele não sabe quando parar. "O Iluminado" não precisa de continuação e nem de tantas explicações irrelevantes como vemos aqui. Esses personagens do mal estragaram tudo. Mais parecem vilões de séries do tipo "Buffy, a Caça-Vampiros"! Nada a ver. Mesmo que o escritor quisesse continuar a contar a história de Dan ele deveria ter feito isso com mais criatividade e elegância. Aqui o filme se mostra condenado desde o começo simplesmente porque a estória que conta é ruim. Com isso não há muita salvação. Culpa de quem? Em minha opinião, do próprio Stephen King.

Doutor Sono (Doctor Sleep, Estados Unidos, 2019) Direção: Mike Flanagan / Roteiro: Mike Flanagan, baseado no livro escrito por Stephen King / Elenco: Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Kyliegh Curran, Zahn McClarnon / Sinopse: Sequência tardia do clássico "O Iluminado". Na trama Dan Torrance (Ewan McGregor) precisa ajudar a garotinha Abra Stone (Rebecca Ferguson). Ela tem os mesmos poderes paranormais que ele e está sendo seguida por um grupo que sequestra e mata crianças.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Essa franquia cinematográfica "Velozes & Furiosos" está virando outra coisa. Nada muito condizente com os primeiros filmes. Parece até que virou apenas uma marca comercial e nada mais. E os atores Dwayne Johnson e Jason Statham praticamente adquiriram a franquia. Esse novo filme foi produzido por eles. O custo da produção foi exorbitante, mais de 200 milhões de dólares, porém o retorno foi excelente. Décima maior bilheteria de 2019 o filme faturou até o momento a quantia de 750 milhões de dólares. Uma fortuna, sucesso garantido. Com todo mundo aproveitando os lucros é quase certo que não vão parar nesse que é (se não perdi a conta) o décimo filme com o selo "Velozes & Furiosos".

A boa notícia é que houve mudanças para melhor. Nada de carrões envenenados e aquele fiapinho de história para contar. Os roteiristas aqui tiveram liberdade para contar algo completamente novo dentro da franquia. Assim o que temos é um novo rumo para os filmes. Certo, a trama continua a menor das preocupações. O que vale mesmo é o bom humor.

Sim, o filme jamais se leva à sério e isso é sua melhor característica. Os dois protagonistas não se suportam e isso gera alguns diálogos bem divertidos. As cenas de ação são bem realizadas e cada vez mais absurdas, como é esperado nesse tipo de filme. Porém tudo é levado com uma certa ironia interna que salva o filme de qualquer crítica mal humorada. O filme até poderia ser menor, com um corte final mais enxuto, porém é fato, a diversão ficou garantida. Até para um cinéfilo veterano, que já anda cansado desse tipo de produção, a coisa pode funcionar muito bem. O segredo é embarcar na proposta do filme, não ficar analisando nada muito à sério e se divertir, apenas isso.

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw, Estados Unidos, 2019) Direção: David Leitch / Roteiro:  Chris Morgan, Drew Pearce / Elenco: Dwayne Johnson, Jason Statham, Idris Elba, Vanessa Kirby, Helen Mirren, Ryan Reynolds / Sinopse: Uma organização criminosa quer ter em sua posse um vírus mortal que pode destruir toda a humanidade. Para impedir que isso aconteça os agentes Hobbs (Dwayne Johnson) e Shaw (Jason Statham) vão fazer de tudo para que o plano dos vilões não obtenha êxito.

Pablo Aluísio.

Uma Saída de Mestre

Título no Brasil: Uma Saída de Mestre
Título Original: The Italian Job
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Troy Kennedy-Martin, Donna Powers
Elenco: Mark Wahlberg, Jason Statham, Donald Sutherland, Edward Norton, Charlize Theron, Fausto Callegarini

Sinopse:

Depois de ser traído e deixado para morrer na Itália, Charlie Croker (Mark Wahlberg) e sua equipe planejam um elaborado assalto, com o objetivo de roubar uma grande fortuna em ouro. O alvo passa a ser justamente aquele que o traiu, seu ex-aliado. Filme premiado no World Stunt Awards.

Comentários:
Esse filme de ação reuniu um elenco e tanto! Realmente admirável. Penso inclusive que se fosse produzido nos dias de hoje não iriam conseguir reunir tantos astros e estrelas famosos do cinema atual. Afinal o cachê de todos eles inflacionou bastante desde 2003, quando o filme foi feito. Outro ponto positivo é que se trata de um filme sobre assalto. Esse é aquele tipo de filme que precisa ter um roteiro muito ruim para não dar certo. O natural mesmo é que acabe rendendo pelo menos um bom enredo, com doses de ação e suspense. A intenção dos ladrões é roubar um enorme carregamento em barras de ouro. O sonho de todo criminoso desse tipo. E para isso eles reúnem um tipo de "experts", cada um na sua area de atuação. Recentemente assistindo ao novo "Velozes e Furiosos" há uma pequena menção a essa produção quando Jason Statham mostra ao The Rock um pequeno carro italiano, um daqueles mini veículos, populares entre os consumidores da Itália. E esses carrinhos acabam sendo também uma das estrelas desse filme, em ótimas cenas de perseguição. Enfim, se você curte esse tipo de action movie, pode assistir sem medo. Vai gostar, seja de uma maneira ou outra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Ford vs Ferrari

Na década de 1960 o magnata Henry Ford II enviou seu principal executivo, Lee Iacocca, para a Itália. O objetivo era comprar a Ferrari, lendária marca de carros de luxo. A tentativa de negociação não deu certo. Pior do que isso, Iacocca voltou para os Estados Unidos não apenas com uma resposta negativa, mas também com uma série de insultos proferidos pelo Enzo Ferrari, dono da escuderia. Isso mexeu com os brios de Ford que imediatamente decidiu criar uma nova equipe de carros de corrida para vencer a famosa 24 horas de Le Mans. A ideia de humilhar Ferrari era bem clara. Ford queria dar o troco no industrial italiano.

A história desse filme se concentra justamente na criação dessa equipe de carros de corrida. A Ford Company queria apenas o melhor. Começou contratando o único americano que havia vencido Le Mans, o piloto aposentado Carroll Shelby (Matt Damon). Ele iria comandar a nova equipe. Seu primeiro ato foi ir atrás de Ken Miles (Christian Bale), Ele era um piloto arrojado, tinha muita garra nas pistas e parecia ser o nome certo. Também estava arruinado financeiramente. Nesse aspecto a união dos dois daria origem a uma verdadeira revolução nas competições esportivas de alta velocidade. O único problema seria justamente a hierarquia executiva da própria Ford, cheia de engravatados que mais atrapalhavam do que ajudavam nas pistas.

Esse filme está concorrendo ao Oscar em diversas categorias, entre elas a mais importante, de melhor filme do ano. Não acho que levará esse prêmio, porém não descarto premiação em categorias menores. É de fato um filme muito bom, contando uma história das mais interessantes. Mesmo que você não goste de carros de corrida e todo o universo que gira em torno desse esporte, o fato é que o filme explora muito bem todos os seus personagens. Não poderia ser diferente. Assim ao lado da emoção das competições em si, há ainda espaço para desenvolver o drama pessoal de cada um dos protagonistas. O final também vem para demonstrar que nem sempre o espírito esportivo vence quando os carros cruzam a linha de chegada. Muitas vezes a publicidade e o marketing falam mais alto, deixando o esporte em segundo plano. Uma lição e tanto para entender melhor como funciona o mundo das pistas internacionais.

Ford vs Ferrari (Ford v Ferrari, Estados Unidos, 2019) Direção: James Mangold / Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth / Elenco: Matt Damon, Christian Bale, Jon Bernthal, Tracy Letts, Caitriona Balfe / Sinopse: Carroll Shelby (Matt Damon) e Ken Miles (Christian Bale) são contratados para a nova equipe da Ford nas pistas de corrida. O objetivo é vencer as 24 horas de Le Mans. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Edição, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Christian Bale).

Pablo Aluísio. 


Leningrado

Durante a II Grande Guerra Mundial um grupo de jornalistas estrangeiros vão até Leningrado, na União Soviética, para cobrir o cerco nazista que está sendo feito naquela cidade. A jornalista inglesa Keyt Smith (Mira Sorvino) acaba ficando presa dentro do cerco, sem possibilidade para voltar ao seu país. Na cidade conhece a família de uma policial russa, que lhe ajuda a sobreviver no meio do caos e da guerra. O que poucos sabem é que Keyt na realidade é filha de um antigo general do exército branco durante a revolução russa. Ela sempre quis voltar para a terra de seu pai e resolve então passar por todos aqueles problemas ao lado do povo que considera sendo como o seu de origem.

O cerco a Leningrado foi um dos episódios mais trágicos da II Guerra (chamada pelos russo de "A Grande Guerra Patriótica"). Isso porque milhões de civis ficaram cercados por tropas inimigas alemãs sem acesso a água, comida e remédios. Claro, foi um crime de guerra sem precedentes na história. Só que o povo russo não se curvou e partiu para cima dos nazistas. Sua vitória no front de guerra acabou se tornando lendária. A questão é que um filme que contasse essa história teria que ter, no mínimo, uma grande produção, um orçamento à altura, para retratar algo assim tão épico. Isso é algo que esse "Leningrado" não tem. A produção é bem modesta e nada condizente com a história que tenta contar.

Na realidade o diretor russo Aleksandr Buravskiy havia dirigido uma série na TV de seu país com essa mesma história. Os produtores ingleses gostaram do que viram e decidiram fazer um remake, só que com elenco internacional. Contrataram atores e atrizes ingleses e americanos e decidiram fazer uma nova versão. O roteiro que se encaixava bem no formato série foi adaptado para um filme de pouco mais de 100 minutos de duração. E quando isso acontece já sabemos o que esperar. Tudo fica truncado, a edição parece ter cortado cenas importantes e as coisas começam a acontecer rápido demais, sem capricho. O tal elenco internacional também não se destaca. Mira Sorvino exala tédio e tem uma interpretação burocrática, nada adequada para o papel dramático que representa. Em suma, mais um produto de outro país que americanos e ingleses estragaram com remakes que ninguém pediu. Deixem cada povo contar sua própria história. Fica bem melhor assim.

Leningrado (Leningrad, Inglaterra, Rússia, 2009) Direção: Aleksandr Buravskiy / Roteiro: Aleksandr Buravskiy / Elenco: Mira Sorvino, Gabriel Byrne, Armin Mueller-Stahl, Olga Sutulova, / Sinopse: Uma jornalista inglesa fica presa no cerco da cidade de Leningrado, durante a II Guerra Mundial. Ela tem parentes russos e precisa sobreviver a um dos períodos mais duros da história da União Soviética.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

À Procura da Felicidade

Apesar de ser um filme que foi lançado já há muitos anos, nunca tinha assistido. É um filme motivacional, com uma história muito edificante - e o melhor de tudo, baseada em fatos reais. Chris Gardner (Will Smith) mora em San Francisco. Ele está desempregado e para sobreviver vende um lote de máquinas de scanner para pacientes. Algo parecido com o conhecido Raio-X, porém bem mais caro. Por isso vender uma máquina dessas não é algo fácil de fazer. Os apertos financeiros, o fato do filho passar por dificuldades, as contas atrasadas, o aluguel vencido, tudo acaba ajudando para que a esposa de Chris acabe com o casamento. Acabando o dinheiro, geralmente se acaba também o "amor". Algo que muitos vão se identificar. Abandonado pela esposa, praticamente vivendo nas ruas com o filho. Chris precisa de alguma saída. Acaba encontrando um fio de esperança em um programa de estágio numa corretora de ações. O começo é bem modesto, mas se esforçando muito ele começa a ver uma luz no fim do túnel. Esforce-se, lute, que você vencerá - esse parece ser o lema principal do filme.

Alguns detalhes mostrados pelo roteiro não batem com cem por cento de veracidade com a história real do protagonista. Isso porém é praticamente irrelevante, já que o enredo principal, tudo o que é mostrado no final, acabou de fato acontecendo, mesmo de maneira um pouco diferente, com o Chris na primeira metade dos anos 80. Fica assim a lição de vida dele para as pessoas que estão passando por dificuldades, em situações limites, como por exemplo, dormir em um trem, em um metrô, por não ter onde passar a noite. Ou então ter que disputar um abrigo com outras pessoas pobres sem casa. Aliás o grande mérito desse filme também é mostrar o outro lado dos Estados Unidos. Brasileiros em geral criaram essa mentalidade equivocada de que aquele país é um paraíso na Terra. Não é, passa muito longe disso. Tem muita pobreza e desigualdade social. Há muitas pessoas vivendo em condição de rua até mesmo nas cidades mais ricas da América. Sobre isso o filme também tem muito a mostrar e desvendar. A realidade sempre é bem-vinda, principalmente no cinema. Além disso ajuda a acabar com a ilusão.

À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness, Estados Unidos, 2006) Direção: Gabriele Muccino / Roteiro: Steve Conrad / Elenco: Will Smith, Thandie Newton, Jaden Smith / Sinopse: Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família desempregado e sem renda que passando por dificuldades é abandonado pela esposa. Com o filho ao seu lado, ele passa por inúmeras dificuldades em San Francisco. Fica sem uma casa, passa a morar na rua e fica sem dinheiro. Sua esperança surge na tentativa de se tornar um corretor de ações. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Will Smith).

Pablo Aluísio.

Jackie Brown

Título no Brasil: Jackie Brown
Título Original: Jackie Brown
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Pam Grier, Samuel L. Jackson, Robert De Niro, Bridget Fonda, Michael Keaton, Chris Tucker, Robert Forster

Sinopse:
Jackie Brown (Pam Grier) é uma mulher que precisa sobreviver a um jogo perigoso que acabou entrando, meio ao acaso. Ela poderá perder a vida na próxima jogada ou então lucrar como jamais imaginaria. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Forster). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Atriz (Pam Grier) e Melhor Ator (Samuel L. Jackson).

Comentários:
Eu gosto muito do cinema de Quentin Tarantino. Agora, curiosamente, esse é um de seus filmes menos interessantes, pelo menos em meu ponto de vista. A tentativa do diretor foi de homenagear o movimento Blaxploitation, o auge do cinema negro americano durante os anos 70. Para isso Tarantino trouxe de volta uma das estrelas da época, a atriz Pam Grier. Tendo sido funcionário de uma locadora de vídeo durante os anos 80, Tarantino assistiu muitos clássicos dessa época. Só que todos esses elementos relevantes não resultaram em um filme memorável. Aliás esse parece ser sempre o seu filme menos citado, o seu filme menos querido pelos fãs. O que deu errado? Penso que o roteiro não era excepcional, como o de outros filmes com sua assinatura. No meio de um certo desapontamento quem acaba se sobressaindo mesmo, ainda que no meio de tantos grandes atores, foi a jovem Bridget Fonda. Tarantino, que sempre teve uma obsessão por pés femininos, aqui não conseguiu se conter e criou um nada discreto fetiche pela atriz. Deu no que deu. O filme parece mais centrado nela do que nos demais atores. De qualquer forma, mesmo com eventuais defeitos, ainda é um filme de Quentin Tarantino, o que basta para torná-lo obrigatório na coleção de qualquer cinéfilo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Os Renegados

Dois fugitivos da lei conseguem fugir de seus perseguidores e acabam indo parar numa pequena cidadezinha no norte da Califórnia. Lá ouvem falar de um chinês que chegou na região para se estabelecer como rancheiro. Segundo os boatos a propriedade havia sido comprada com dinheiro roubado pois o oriental teria trabalhado em uma grande ferrovia onde em um descuido da segurança teria roubado bastante ouro e dinheiro. Para sondar se isso tudo era de fato verídico os dois foras-da-lei decidem achar o tal rancho e seu proprietário. O problema é que como a estória se espalhou sem controle outros bandidos da região também irão ao local atrás do tão falado tesouro em ouro roubado. Os Renegados é um novo western que chega ao Brasil diretamente em DVD. O roteiro tem pretensões de ser um western psicológico pois toda a trama se desenrola dentro do rancho onde supostaria haveria um grande carregamento de ouro da ferrovia. Assim as situações vão se sucedendo pois um grupo de ladrões tomam como reféns o chinês, sua jovem esposa e sua filhinha recém nascida. Afinal o ouro realmente existe ou se trata de puro boato?

Não há nenhum grande astro no elenco. A dupla de fugitivos da lei é interpretada pelos (bons) atores  Andrew Simpson e Richard Doyle. O personagem desse último é bem interessante pois enquanto vai cometendo os crimes vai citando passagens do novo testamento (quase sempre em citações completamente erradas e sem noção!). Para os fãs do ator Patrick Swayze o filme tem uma curiosidade: a presença do irmão mais jovem dele, Don Swayze. Ele interpreta o personagem Sherman que se diz um ex-oficial do exército da União, embora tudo leve a crer que não passa de um ladrão barato. Sua semelhança física com Swayze impressiona, principalmente na fase final do irmão quando esse estrelava seus últimos papéis em sua carreira. Apesar de ser uma produção modesta "Os Renegados" foi dirigido por dois cineastas,  Megan Peterson e John Douglas Sinclair. O resultado final se não chega a ser brilhante pelo menos serve como passatempo eficiente. O enredo flui bem apesar do filme ter uma duração um pouco maior do que seria adequada. De qualquer modo vale a recomendação.

Os Renegados (Heathens and Thieves, EUA, 2012) Direção: Megan Peterson, John Douglas Sinclair /  Roteiro: John Douglas Sinclair / Elenco: Andrew Simpson, Gwendoline Yeo, Don Swayze, Richard Doyle, Michael Robert Brandon  / Sinopse: Dois fugitivos ouvem falar que em um rancho próximo de propriedade de um casal oriental está escondido um grande carregamento de ouro roubado. Fingindo ser um cowboy um dos ladrões se infiltra na propriedade para tentar descobrir o paradeiro do ouro.

Pablo Aluísio.