quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Greystoke, a Lenda de Tarzan

Garoto sobrevive a um terrível acidente na selva africana. Retirado dos escombros por macacos ele acaba sendo criado por seus pais adotivos primatas. Anos depois é encontrado por pesquisadores ingleses que fascinados por sua história descobrem que ele é o único sobrevivente da linhagem da importante família aristocrata Greystoke. Tarzan foi criado pelo escritor Edgar Rice Burroughs em 1918 e desde então sua simbiose com o mundo do cinema tem sido plena. Segundo estimativas já foram feitos mais de 100 filmes com o personagem o que não deixa de ser bem curioso uma vez que Tarzan surgiu na literatura na mesma época em que o próprio cinema se tornava muito popular como diversão preferida das massas. Unindo aventura, paisagens exóticas e heroísmo não é de se admirar que Tarzan tenha sido adotado tão rapidamente pela sétima arte. Suas estórias caíram como uma luva no gosto das platéias. Seu reinado inclusive não parece ter fim pois já está em produção um novo filme com o Rei das Selvas que será lançado no ano que vem. 

No meio de tantas produções é complicado escolher o melhor filme já feito sobre o Homem Macaco mas de uma coisa tenho certeza: esse é certamente um dos melhores. Gostei muito do argumento procurando ser o mais realista possível. O cuidado na recriação do contexto histórico em que Tarzan surge (bem no meio da época Vitoriana) também é um dos pontos altos da produção. Até o excelente resultado dos atores na pele de animais chama a atenção mesmo nos dias atuais. A caracterização da família primata de Tarzan, por exemplo, é tecnicamente perfeita. A direção ficou a cargo do sensível cineasta britânico Hugh Hudson. Após se consagrar com "Carruagens de Fogo" e esse "Greystoke" ele cometeu o erro de aceitar a direção de uma superprodução chamada "Revolução". Apesar de contar com a presença sempre marcante de Al Pacino no elenco o roteiro era confuso, sem foco e disperso. Para piorar Hugh resolveu filmar várias cenas com a câmera na mão o que acabou deixando parte do público literalmente tonto. A crítica não perdoou e o filme foi bombardeado se tornando um dos maiores fracassos comerciais da história do cinema americano. O desastre praticamente acabou com sua carreira o que é uma pena pois ele demonstrou tanto aqui como em "Carruagens de Fogo" que sabia muito bem dirigir filmes de época. Infelizmente em Hollywood o sucesso comercial ou não de um filme acaba determinando o destino das carreiras dos cineastas e Hudson ficou marcado para sempre com esse fracasso, não conseguindo mais voltar para os holofotes. De qualquer maneira fica a dica, Greystoke, um marco na longa trajetória de Tarzan no cinema.  

Greystoke, A Lenda de Tarzan (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes, Estados Unidos, Inglaterra, 1984) Direção: Hugh Hudson / Roteiro: Robert Towne baseado na obra de Edgar Rice Burroughs / Elenco: Christopher Lambert, Andie MacDowell, Ian Holm, Ralph Richardson, James Fox / Sinopse: O filme narra a origem do famoso personagem Tarzan. Filho de uma família aristocrata britânica sofre um acidente e é criado por macacos nas florestas da África. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Coração Satânico

O filme definitivo de Mickey Rourke na década de 1980. Aqui ele interpreta o detetive de New Orleans Harry Angel que é contratado pelo misterioso Louis Cypher (Robert De Niro) para localizar um músico chamado johnny Favorite que lhe deve algo (não se sabe o quê exatamente). Ao longo da investigação Angel vai descobrindo um sórdido mundo de feitiços, bruxarias e mortes. Sem entender exatamente o que está acontecendo ao seu redor ele cai em uma complicada teia de mentiras e falsas pistas que acabará o levando a descobrir um terrível segredo sobre si mesmo. Esse é seguramente um dos melhores filmes de Mickey Rourke onde tudo funciona excepcionalmente bem. O roteiro é um primor e a ambientação em New Orleans é simplesmente perfeita. A cidade, uma das mais interessantes dos EUA pois tem um cultura bem peculiar e própria, acaba virando também um dos principais elementos que rondam o mistério que o detetive Angel tenta desvendar. 

As cenas em que Rourke e De Niro contracenam são maravilhosas e ficaram marcadas como algumas das melhores do cinema dos anos 80. Robert De Niro inclusive colocou por conta própria vários elementos para a caracterização de seu personagem. Seu figurino, maquiagem, cabelos e trejeitos são criações do próprio ator. Aqui fica provado de uma vez por todas o excepcional talento do diretor Alan Parker em construir filmes marcantes e edificantes. Um cineasta bastante autoral que enfrentou ao longo de sua carreira vários problemas com os estúdios. Na época do lançamento o filme teve que lidar com a classificação etária por causa de cenas consideradas violentas ou explícitas demais. Há inclusive uma cena de sexo ardente onde as paredes começam a sangrar em profusão. O estúdio então ordenou a Parker que realizasse um novo corte para que o filme não se tornasse proibido a menores de 18 anos. Para evitar que isso acontecesse então Parker promoveu algumas alterações mas nada que maculasse o filme em si. Mesmo assim o resultado nas bilheterias não foi muito satisfatório. O tempo porém consagrou "Angel Heart" é hoje o filme é considerado uma obra prima, uma das melhores produções ao estilo noir feitas na era moderna. Cult por excelência, "Coração Satânico" é uma preciosidade, não deixe de assistir ou rever sempre que possível.  

Coração Satânico (Angel Heart, Estados Unidos, 1987) Direção: Alan Parker / Roteiro: Alan Parker baseado no livro de William Hjortsberg / Elenco: Mickey Rourke, Robert De Niro, Lisa Bonet, Charlotte Rampling / Sinopse: O detetive Harry Angel (Mickey Rourke) é contratado pelo misterioso Louis Cypher (Robert De Niro) para localizar um músico chamado johnny Favorite que lhe deve algo (não se sabe o quê exatamente). Ao longo da investigação Angel vai descobrindo um sórdido mundo de feitiços, bruxarias e mortes em uma New Orleans sinistra e soturna.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A Jovem Rainha Vitória

Vitória foi uma das monarcas mais importantes da história inglesa. Seu reinado foi um dos mais longos que se tem notícia, indo de 1837 a 1901 e marcou o apogeu do império britânico. O século em que reinou ficou conhecido como "A Era Vitoriana". Tanta importância e esplendor já rendeu muitos filmes, livros e documentários mas agora com esse "A Jovem Rainha Vitória" tentou-se fazer algo diferente. Ao invés de retratar a rainha no auge de sua glória os produtores optaram por mostrar seus primeiros anos, ainda jovem e mocinha, envolvida com amores próprios da idade. Tudo embalado em uma produção digna de uma rainha - lindos cenários, muito luxo e figurinos deslumbrantes. O maior problema do filme parece ser justamente o fato de se focar em um dos períodos menos interessantes da nobre pois não há, para falar a verdade, algo realmente marcante na trama do filme. A Vitória que surge em cena está mais preocupada em arranjar um namorado e ir em bailes de gala do que qualquer outra coisa. Nenhuma intriga palaciana surge em cena e o roteiro passa longe de explorar o clima político de sua época. Além disso Vitória é uma garota do século XIX que parece ter idéias avançadas demais para o contexto histórico em que viveu. 

Os roteiristas ignoraram o fato dela ter sido uma das monarcas mais conservadoras da Inglaterra, o que certamente não se ajusta muito bem com a Vitória "moderninha" que surge em cena. O ponto positivo de "A Jovem Rainha Vitória" é certamente o seu elenco. A britânica Emily Blunt se sai bem. Sua interpretação está no tom correto, embora a corte inglesa fosse mais solene e formal da que vemos no filme. Paul Bettany também está bem, inspirado e marcando boa presença. Seu Lord Melbourne é certamente uma das melhores coisas de "The Young Victoria". Curiosamente para um filme tão britânico escalaram um estrangeiro para a direção, o canadense Jean-Marc Vallée. A escolha desagradou alguns jornalistas ingleses e eles tem certa razão em reclamar, uma vez que provavelmente um cineasta do país poderia ter um olhar mais familiar e próximo com a sua realeza britânica. De qualquer forma o produto final não é ruim. Tem sua dose de erros históricos como explicados aqui, mas como entretenimento até pode funcionar. Não é historicamente correto e macula de certa forma a história real dos fatos. Para os que gostam de produções de luxo, com muito romance e cenas de enamorados adolescentes pode até se tornar uma boa opção. Já para os que querem saber mais sobre a Rainha Vitória recomendamos mesmo uma boa visita à biblioteca mais próxima. Será mais instrutivo e esclarecedor certamente. 

A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria, Inglaterra, Alemanha, 2009) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Julian Fellowes / Elenco: Emily Blunt, Rupert Friend, Paul Bettany, Miranda Richardson, Jim Broadbent / Sinopse: O filme narra a adolescência e juventude de Alexandrina Victoria que se tornaria a famosa monarca inglesa Rainha Vitória. Governando durante praticamente todo um século ela reinou em uma época de ouro para o império britânico em seu auge de esplendor e glória.  

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de agosto de 2012

The James Dean Story

"The James Dean Story" é um interessante documentário realizado pelo cineasta Robert Altman feito apenas dois anos após a morte de James Dean. Único no mundo o filme teve o grande mérito de ainda alcançar todos os familiares de Dean ainda vivos, gravando importantes depoimentos dados por eles sobre o jovem ator. Fazendeiros simples do interior de Indiana, Altman teve uma grande sensibilidade em deixar toda essa gente bem à vontade para extrair deles as lembranças do famoso parente. Assim acompanhamos seus pais adotivos (seus tios na verdade) relembrando a infância do jovem sobrinho em sua fazenda na cidade de Fairmount. Hoje em dia todo esse material ganhou um status de documento histórico haja visto que se tornou o único registro de muitos dos familiares e amigos de James Dean, hoje todos falecidos. 

A grande ausência do filme é o depoimento do pai de Dean. Não é de se admirar pois ele sempre foi uma pessoa muito avessa à publicidade. Poucos são os registros ou declarações feitos por ele. Ao longo de muitos anos foi procurado por documentaristas, historiadores e autores de livros mas sempre recusou fazer qualquer comentário sobre a morte do filho e nem participou de qualquer projeto nesse sentido. Logo "The James Dean Story" não supriria essa lacuna. Em compensação o documentário disponibiliza ao espectador uma grande quantidade de fotos e uma cena inédita que foi cortada do filme "Vidas Amargas". A narrativa do documentário é dramática - o que não poderia ser diferente pois o filme foi rodado nos anos 50, in loco, e captou todo o clima de enterro que ainda pairava sobre a morte do jovem ator. Para quem gosta da história do cinema e para quem é admirador do estilo de Altman o filme é bastante recomendado.  

The James Dean Story (Idem, Estados Unidos, 1957) Direção: Robert Altman, George W. George / Elenco: Parentes e amigos da vida de James Dean, o ator / Sinopse: Documentário que tenta recriar aspectos da vida do jovem ator James Dean, morto em um acidente no ano de 1955. Através de amigos e parentes somos convidados a conhecer o lado mais humano e pessoal do mito. 

 Pablo Aluísio.

À Prova de Morte

Título no Brasil: À Prova de Morte
Título Original: Death Proof
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell, Zoe Bell, Rosario Dawson, Sydney Tamiia Poitier
  
Sinopse:
A DJ Jungle Julia (Sydney Tamiia Poitier) resolve cair na farra com suas amigas. Como provocação elas começam a ir nos bares e boates mais vagabundos que encontram pela frente, sempre provocando os homens. A "piada" acaba quando Mike (Kurt Russell), um maluco das estradas, resolve ir atrás das garotas para um jogo insano de perseguição e violência. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Comentários:
Eu sinceramente não consigo entender os fãs do diretor Tarantino. Ora, porque abandonaram seu mestre e não compraram a idéia desse filme?! À Prova de Morte tem todos os ingredientes que sempre fizeram a alegria dos admiradores do cinema desse cineasta: Diálogos cool (aqui bem menos inspirados é bom ressaltar), trama maluca, cenas de ultra violência, citações mil a outros filmes e produtos da cultura pop, regeneração de atores decadentes (no caso desse filme, Kurt Russel), trilha sonora cheia de canções antigas e muito papo furado que não leva a lugar nenhum (uma das especialidades do diretor e roteirista). O fato é que o filme foi um tremendo fracasso comercial e só não foi direto para o DVD no Brasil porque a distribuidora brasileira se animou depois do sucesso de "Bastardos Inglórios". Pessoalmente achei "Death Proof" na média da filmografia do diretor. Quentin Tarantino geralmente sempre escreve o mesmo estilo de roteiro, ano após ano. Talvez aqui ele tenha ido um pouco longe demais em suas esquisitices, mas mesmo assim é bem na média do que ele sempre fez. Talvez a grande desvantagem seja no elenco, aqui pouco brilhante. Tirando Kurt Russel, que é um ator com uma carreira de longa data, todos os demais participantes são figuras apagadas, que em outros filmes não passavam de meros coadjuvantes. De resto é aquela mesma coisa, inclusive seu velho fetiche por pés femininos (sempre em destaque em seus filmes). Em meu ponto de vista o grande mérito desse filme é realmente seu jeito vintage, como se fosse uma produção dos anos 70, sendo exibida em um cinema poeira da época. É justamente esse clima que o diretor quis recriar em cada cena e em cada defeito milimetricamente recriado em sua fita. Enfim se você gosta mesmo do jeito Tarantino de fazer cinema então não existirá razão para não gostar desse "Death Proof". Pegue a estrada e se divirta!

Pablo Aluísio.

Salt

Evelyn Salt (Angelina Jolie) é uma agente CIA que vê seu mundo desmoronar depois de ser acusada de ser uma espiã dupla ao serviço da inteligência russa. Depois do fim do bloco comunista oriental em 1989 Hollywood ficou sem os seus vilões preferidos da guerra fria, os russos. "Salt" tenta revitalizar esse tipo de filme mas sem sucesso nenhum. Não tem mais como requentar esse prato indigesto. Outro problema grave em "Salt" é que sua trama é boba, sem sofisticação nenhuma. Quem conhece os antigos filmes de espião da guerra fria sabe que seus roteiros eram bem escritos, com tramas intrigantes e inteligentes, coisa inexistente em "Salt" que em resumo é apenas um filme de ação pela ação, sem mais nada a acrescentar. Para piorar "Salt" usa e abusa de um velho clichê das produções em Hollywood, a chamada reviravolta do roteiro. 

O espectador é levado a crer em algo para logo depois todo o jogo mudar, aqui é ainda pior pois temos uma "reviravolta da reviravolta" - o que leva o público a em determinado momento simplesmente se cansar de tentar acompanhar. Nesse momento o excesso de ação desenfreada também aborrece e o filme se torna bem chato. Na realidade toda a produção se apoia na fama e no carisma da atriz Angelina Jolie. É pouco. Angelina não está particularmente bonita, usa um figurino pouco atraente e perucas falsas e medonhas. Um mal gosto incrível. Para quem é fã apenas da Jolie celebridade certamente será uma decepção. Junte-se a isso seu pouco interesse em cena. Ela parece apenas passear pelo filme, sem qualquer tipo de envolvimento maior. Para quem abraça tantas causas mundo afora realmente essa fitinha de ação deve ter sido extremamente entediante. Ao que tudo indica o auge da carreira de Phillip Noyce ficou definitivamente para trás. Diretor de filmes interessantes nessa linha de espionagem como "Perigo Real e Imediato" e "Jogos Patrióticos" o cineasta parece ter perdido a mão para bons filmes. Talvez o fracasso de "O Santo" tenha sido a pá de cal em sua criatividade, quem sabe.

Salt (Salt, Estados Unidos, 2010) Direção: Phillip Noyce / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor / Sinopse: Evelyn Salt (Angelina Jolie) é uma agente CIA que vê seu mundo desmoronar depois de ser acusada de ser uma espiã dupla ao serviço da inteligência russa.
  
Pablo Aluísio.

sábado, 11 de agosto de 2012

O Julgamento

Como hoje é o "Dia do Advogado" resolvi homenagear essa nobre classe de profissionais comentando esse "O Julgamento". Esse tipo de filme, conhecido como "cinema de tribunal", tem algumas regras que vira e mexe aparecem em diversos filmes. Algumas dessas regras (ou clichês se você preferir) se podem encontrar nitidamente aqui também: O advogado de defesa geralmente passa por algum problema pessoal, com a vida em frangalhos e se apega a um novo caso para readquirir sua auto estima e vontade de viver. O promotor representando o Estado geralmente é um boçal, arrogante e cheio de si que tenta de todos os modos mandar o réu para a cadeia para cumprir a pior pena possível. Por fim temos o próprio acusado, um tipo que não conseguimos saber de antemão se é inocente ou culpado e como todo bom drama de tribunal o roteiro apresenta uma trama bem intrigada, onde nada é o que aparenta ser.

"O Julgamento" segue bem a cartilha que eu coloquei aqui. O filme é correto, bem realizado mas também nada inovador. Um dos problemas que mais me incomodou foi o fato de que em um filme de 100 minutos de duração o roteirista passou exatos 90 deles tecendo uma trama complicadíssima para resolver tudo depois em apenas 10 minutos - o que convenhamos é uma temeridade. Mesmo assim para quem gosta de direito criminal pode até ser uma boa pedida, muito embora o direito americano tenha poucas coisas semelhantes ao nosso. Nos EUA é seguido o chamado "Commow Law" baseado em jurisprudência e precedentes judiciais. No Brasil seguimos o direito legislado mais de perto, inspirado no milenar direito romano continental. Em conclusão podemos qualificar "O Julgamento" como uma boa diversão, um eficiente passatempo que conta com a presença de Matthew Modine que andava tão desaparecido que cheguei até mesmo a pensar que ele já estava aposentado (como seu personagem no começo do filme). Enfim, vale a pena dar uma espiada em "O Julgamento" se você curte esse estilo cinematográfico.

O Julgamento (The Trial, Estados Unidos, 2010) Direção: Gary Wheeler / Roteiro: Gary Wheeler, Mark Freiburger / Elenco: Matthew Modine, Nikki Deloach, Robert Forster / Sinopse: Mac (Matthew Modine) é um advogado idealista que se vê envolvido em um complexo caso criminal.

Pablo Aluísio.

Bobby Darin

Bobby Darin foi diferente em quase tudo. De origem muito humilde logo na infância recebeu um terrível diagnóstico de problema cardíaco que iria mudar praticamente toda a sua vida. O médico avisou que ele tinha uma rara e grave condição em seu coração e que por isso não teria muitos anos de vida pela frente. Sem nada a perder Darin largou os estudos e procurou se dedicar à sua grande paixão: a música! Fã confesso de Frank Sinatra, Bobby procurou seguir os passos de seu ídolo. Em uma época em que o Rock batia as portas do sucesso Bobby resolveu trilhar um caminho diferente, se apegando ao estilo de Sinatra e cia. Aprendeu a tocar vários instrumentos e em 1956 conseguiu assinar com a gravadora Decca. Embora a assinatura de seu primeiro contrato tenha sido um momento de grande felicidade pessoal para ele o fato é que sua passagem por lá foi decepcionante. Ele não conseguiu abrir seu espaço e ficou praticamente na mesma, sem qualquer esforço da empresa em divulgar seu trabalho.

Assim abandonou a Decca e partiu para outros desafios. Em pouco tempo conseguiu ser aceito na Atlantic Records. Aqui ele finalmente conseguiria seu primeiro êxito comercial. Deixando o estilo de Sinatra de lado, Bobby resolveu imitar a vocalização de Elvis na gravação de "Splish Splash". Era uma canção chiclete, feita para os jovens transviados que andavam de moto e tinham o cabelo cheio de brilhantina. A música caiu no gosto da juventude roqueira e assim Bobby Darin finalmente conseguiu atingir a estupenda marca de um milhão de cópias vendidas desse single - um sucesso que surpreenderia até mesmo ele! De fato, a canção fez tanto sucesso que ganhou até uma famosa regravação brasileira na voz de Roberto Carlos (em pleno auge da Jovem Guarda). Com os números de "Splish Splash" finalmente Bobby começou a dirigir sua carreira no rumo que queria. Em 1959 gravou "Dream Lover" uma balada romântica juvenil que também despontou nas paradas de sucesso. "Mack The Knife", seria a próxima. Essa já era no estilo de Sinatra, e apesar disso também logo se tornou campeão de vendas . Estampado nas principais revistas, se apresentando nos melhores programas de TV, logo Bobby foi premiado pelo Grammy como artista revelação em 1960. Para quem havia começado por baixo Bobby estava no topo de seu sucesso como cantor. Mas o melhor estava por vir. Nesse mesmo ano ele gravou aquele que seria seu maior hit, a música que o definiria para sempre: "Beyond The Sea", uma versão americana para uma canção francesa de linda melodia. A canção explodiu em vendas.

Com tantos sucessos Bobby acabou seguindo os passos de Elvis e Sinatra e logo estava no cinema tentando emplacar na carreira de ator. Participou de alguns sucessos de bilheteria inclusive "Quando Setembro Vier" onde acabou conhecendo a atriz Sandra Dee. Se casaram rapidamente (ele tinha pressa em tudo pois sabia que havia uma contagem regressiva contra ele) mas o casamento infelizmente não foi feliz. Bobby Darin era infiel e começou a beber em excesso na mesma proporção que sua carreira musical ia lentamente se apagando. Sua esposa Sandra Dee também tinha problemas com alcoolismo, aliada a traumas de infância que tornavam a convivência diária muito complicada. Se a vida pessoal não ia bem na profissional as coisas começavam a sair dos trilhos. Seus singles não conseguiam mais alcançar boas vendas, derrapando nas paradas. Desiludido brigou com a gravadora e tentou se lançar como artista independente. Não deu muito certo. Em meio a brigas com a esposa e com as gravadoras ainda fez uma tentativa de levantar uma carreira política ao lado de Bobby Kennedy. A iniciativa foi por água abaixo com o assassinato desse numa convenção em 1968. Com fracassos comerciais, sem conseguir encontrar um lugar para gravar seus discos, Bobby foi ficando cada vez mais encurralado. Em 1973 ele já aparentava ser um velho mas só tinha 37 anos. Tentou um revival com shows mas os resultados foram decepcionantes. Após ter uma infecção hospitalar seu coração enfraqueceu. Sua situação de saúde se agravou e em dezembro desse mesmo ano morreu, após uma vida intensa onde ele procurou aproveitar ao máximo o tempo que lhe restara.

Apesar da carreira efêmera, Bobby e suas canções hoje passam por um revisionismo. Muitos críticos tem despertado para seu grande talento vocal. Bobby passeava bem tanto no estilo da velha escola (Sinatra, Dean Martin) como pelo Rock´n´Roll que nascia naquele momento (Elvis, Pat Boone, etc). Era um artista versátil. Sua obra musical renasceu recentemente, CDs com o melhor de seu repertório estão sendo lançados, com todo o material restaurado usando dos recursos da tecnologia atual. Até mesmo sua vida pessoal gerou frutos recentes. Sua biografia acabou virando um belo filme com Kevin Spacey no papel principal, chamado "Uma Vida Sem limites" (Beyond The Sea). Na época em que surgiu para o sucesso muitos disseram que Bobby era um cantor descartável, que em poucos anos seria completamente esquecido. Os anos porém demonstraram o contrário..

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Lanterna Verde

Título no Brasil: Lanterna Verde
Título Original: Green Lantern
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio:  Warner Bros
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Greg Berlanti, Michael Green
Elenco: Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard
  
Sinopse:
Adaptação para o cinema do famoso personagem das histórias em quadrinhos da DC Comics: Lanterna Verde. Hal Jordan (Ryan Reynolds) é um sujeito comum que acaba caindo em uma situação completamente extraordinária. Ele é escolhido para integrar a tropa dos Lanternas Verdes, seres espaciais que lutam pelo bem de todos os habitantes do universo conhecido. Filme indicado ao ASCAP Film and Television Music Awards.

Comentários:
Ok, sem mais delongas vamos aos fatos: Lanterna Verde é fraco demais. O filme tem muitos, muitos problemas. Eu acredito que uma das coisas mais importantes que devem existir em um filme de super heróis é o chamado clima! Clima é a apresentação do personagem, a introdução em sua mitologia, é fazer o espectador se sentir dentro da estória (de preferência com uma trilha sonora marcante). Pois bem, "Lanterna Verde" não tem clima nenhum. Nos sete minutos iniciais do filme a mitologia do personagem é literalmente vomitada em cima do espectador. Nada é bem explicado, tudo é jogado - em poucos minutos somos apresentados aos tais guardiões do universo e no máximo cinco minutos depois o Hal se torna o Lanterna Verde - tudo sem envolvimento, nem ambientação, mal feito, um horror! 

O filme tem um visual estranho - tudo muito kitsch e exagerado! O vilão deveria ser supostamente um dos grandes atrativos do filme mas ele é tão vazio, só não consegue mesmo ser mais sem conteúdo do que o próprio personagem principal - que praticamente não tem nenhuma história pessoal, nenhum passado, nada (no máximo o filme coloca alguns flashbacks toscos mostrando a morte de seu pai mas é só). O resto do filme é uma porcaria enorme. Ryan Reynolds é péssimo, péssimo, péssimo. Impossível crer que todo um setor do universo seria destinado a um idiota daqueles. O personagem se revela um tolo, boboca, imbecil completo, que não transmite nenhum tipo de identidade com o espectador. Além disso seus trejeitos dão uma impressão que debaixo da roupa verde existe um rapaz louco para sair dançando em boates tecno! Uma palhaçada sem tamanho! Tudo muito mal interpretado e mostrado. Enfim, poucas vezes assisti um filme de super herói tão ruim como esse. Com um canastrão em cena e uma caracterização equivocada tudo afunda de forma monumental! É seguramente uma das mais infelizes adaptações de quadrinhos que já tive o desprazer de assistir, não restam mais dúvidas que é o "lanterna" dos filmes baseados em quadrinhos. É ruim de doer... fuja para outro universo e não veja esse abacaxi cósmico!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Clamor do Sexo

Dizem que o primeiro amor de uma mulher é o mais marcante em toda sua vida. Não importa que ela venha no futuro se casar com outro homem, o que importa para a psique feminina é a figura idealizada que ela cria em sua mente quando se apaixona pela primeira vez em sua vida. Clamor do Sexo trata justamente desse tema. Na estória acompanhamos a paixão adolescente entre Bud (Warren Beatty) e Dean Loomis (Natalie Wood). Ela faz parte de uma família classe média e ele é filho de um rico magnata do petróleo. Ambos são perdidamente apaixonados um pelo outro mas não podem consumar esse amor por causa das pressões familiares e sociais. Além da pressão em seu relacionamento o jovem Bud Stamper ainda tem que lidar com seu pai que quer que ele seja perfeito em tudo, na escola, no lar e nos esportes. Sua irmã por outro lado é a ovelha negra da família, sempre envergonhando seus pais. No meio desse turbilhão, muito pressionado, o romance dos jovens adolescentes finalmente entra em colapso o que trará sérias conseqüências para ela, inclusive em termos mentais. Em profunda depressão a garota não consegue mais sair de casa, nem se interessar mais em seus estudos. Sem saída é internada em uma instituição para tratamento psicológico. Só muitos anos depois quando reencontrar o amor de sua juventude, o primeiro grande amor de sua vida, ela compreenderá totalmente o sentido de tudo pelo que passou.

Clamor do Sexo foi dirigido pelo grande diretor Elia Kazan. É uma fita de tema bem mais ameno que seus outros trabalhos. Não há grandes teses em jogo no seu argumento, nem questões políticas profundas como sempre foi do feitio desse cineasta. Nessa produção Kazan apenas tenta entender a força do amor que nasce na flor da idade, quando os jovens desabrocham para a paixão. Entender os mecanismos que controlam as emoções nessa fase da vida certamente não é uma coisa simples, de fácil entendimento. Kazan assim se debruça sobre essa questão e tenta entender a força desses sentimentos quando somos jovens e intensos (inclusive em relação ao amor e ao afeto). O elenco é formado por Natalie Wood, muito jovem e bonita, mostrando que finalmente havia conseguido fazer a transição de atriz mirim para intérprete adulta e Warren Beatty, também extremamente jovial (e inexperiente em cena). Aliás não deixa de ser curioso ver Beatty tão pouco à vontade em cena, o que no final das contas encaixou bem no filme pois o seu personagem Bud é um jovem que também se sente deslocado, sem saber direito que rumo tomar na vida. A estória se passa na década de 1920 nos momentos que antecedem a quebra da bolsa de Nova Iorque e a produção se mostra muito rica e detalhista nos mínimos detalhes, resultando tudo em muito bom gosto. Enfim, Clamor do Sexo é um estudo da alma humana no momento em que as emoções estão mais fortes por causa da explosão hormonal pelo qual passam os adolescentes e parece comprovar em seu final a antiga máxima que afirma: “O primeiro amor a gente nunca esquece”.

Clamor do Sexo (Splendor in the Grass, Estados Unidos, 1961) Direção: Elia Kazan / Roteiro: William Inge / Elenco: Natalie Wood, Warren Beatty, Pat Hingle / Sinopse: Wilma Dean Loomis (Natalie Wood) é completamente apaixonada por seu namorado, o jovem Bud Stamper (Warren Beatty) mas não pode satisfazer ele plenamente por causa das convenções morais e socias da época. Após o rompimento ela entra em profunda depressão que só será curada muitos anos depois quando finalmente resolve reencontrar o antigo amor de sua vida.

Pablo Aluísio.