domingo, 16 de maio de 2021

Uma Filha para o Diabo

Logo no trailer original o cinéfilo já entendia que os produtores desse filme faziam uma força para que o público o identificasse com outros grandes sucessos de terror da época, como "O Exorcista" e "O Bebê de Rosemary", só que tudo isso era em vão. "Uma Filha para o Diabo" nunca conseguiu atingir o mesmo status dessas duas outras produções, embora fosse sim um bom filme do gênero. A história subvertia papéis. Se em "O Exorcista" os padres eram os grandes mocinhos daquela história trágica, aqui o padre interpretado por Christopher Lee era um adorador do Diabo, ou melhor ainda, era o próprio Lúcifer. Nada mais adequado inclusive para quem já tinha feito tanto sucesso como o Conde Drácula em vários filmes. Ele estava em casa.

Revisto hoje em dia "Uma Filha para o Diabo" envelheceu bastante, mas só em certos aspectos. Algo que nunca vai desagradar ao fã de cinema é seu estilo bem anos 70, mais cru, mais visceral. Parece até mesmo em certos momentos que o cinéfilo está vendo um velho documentário sobre bruxaria. Outro ponto positivo vem da presença da atriz Nastassja Kinski. Ela era ainda bem novinha no filme, mas os produtores não perderam tempo. Suas cenas vestidas de freira misturam o sagrado com o profano, trazendo uma inesperada dose de sensualidade a um filme que deveria ser de puro terror psicológico. Na década seguinte, nos anos 80, a Nastassja Kinski iria se tornar símbolo de sensualidade e erotismo no cinema. As origens dessa imagem podem ser encontrados justamente nesse que foi um de seus primeiros filmes no cinema inglês.

Uma Filha para o Diabo (To the Devil a Daughter, Inglaterra, Alemanha 1976) Direção: Peter Sykes / Roteiro: Christopher Wicking, John Peacock / Elenco: Richard Widmark, Christopher Lee, Nastassja Kinski, Honor Blackman / Sinopse: Um romancista ocultista americano luta para salvar a alma de uma jovem de um grupo de satanistas, liderados por um padre excomungado, que planeja usá-la como representante do Diabo na Terra.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pablo:
    Você percebeu que tem a Honor Blackman de Goldfinger, uma das mais icônicas e poderosas Bond Girls vilãs?

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  3. Isso mesmo. Você como sempre bastante observador. Um cinéfilo com olhos de lince...

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