sexta-feira, 10 de abril de 2020

Um Conquistador em Apuros

Título no Brasil: Um Conquistador em Apuros
Título Original: Cadillac Man
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Roger Donaldson
Roteiro: Ken Friedman
Elenco: Robin Williams, Tim Robbins, Pamela Reed, Fran Drescher, Zack Norman, Annabella Sciorra

Sinopse:
Você compraria um carro usado de Joey O'Brien (Robin Williams)? Ele é um vendedor esperto de carros que são verdadeiras latas velhas. Agora precisa bater seu próprio recorde, vendendo 12 carros em 3 dias. Só que seus planos vão por água abaixo quando um sequestrador entra na loja onde trabalha.

Comentários:
Robin Williams estava colhendo os frutos de sua ótima atuação em "Sociedade dos Poetas Mortos", inclusive com uma justa indicação ao Oscar, quando surgiu nos cinemas esse "Um Conquistador em Apuros". Ninguém entendeu nada. Todos pensavam que ele iria dar uma guinada na carreira depois do sucesso absoluto de "Dead Poets Society", mas ao invés disso ele voltou para o ramo das comédias mais escrachadas. O que levou Robin Williams a fazer esse filme foi algo bem pessoal, conforme ele próprio explicou nas entrevistas de lançamento do filme. Acontece que o pai dele foi vendedor de carros usados. Então Robin Williams decidiu fazer uma espécie de paródia de seu próprio pai no filme. Nos Estados Unidos os vendedores de carros usados são geralmente associados a tipos falastrões, malandros, sujeitos que vivem de vender latas velhas com problemas mecânicos, mas dizendo que são carrões maravilhosos. Para isso é preciso antes de tudo ter muita lábia e isso, como todos sabiam, Robin Williams tinha de sobra pois falava pelos cotovelos. A metralhadora giratória vocal do comediante aliás é o grande atrativo desse filme que em essência tem um roteiro bem fraco. Com Robin Williams porém o interesse do espectador fica sempre em alta. Afinal ele era um sujeito muito carismático e divertido.

Pablo Aluísio.

A Conspiração

Título no Brasil: A Conspiração
Título Original: The Contender
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos, Alemanha
Estúdio: DreamWorks Pictures
Direção: Rod Lurie
Roteiro: Rod Lurie
Elenco: Joan Allen, Gary Oldman, Jeff Bridges, Christian Slater, Sam Elliott, Mariel Hemingway

Sinopse:
Após a morte do presidente dos Estados Unidos, a senadora Laine Hanson (Joan Allen) passa a ser cotada para assumir o cargo, porém começa a sofrer uma série de perseguições políticas de todos os lados, com revelações comprometedoras de seu passado.

Comentários:
Bom filme político (embora a trama seja pura ficção) que acabou sendo indicado a dois prêmios na Academia, nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Jeff Bridges) e Melhor Atriz (Joan Allen). A dupla não levou os Oscars para casa, mas recebeu muitos elogios da crítica na época de lançamento do filme nos cinemas. Esse filme é mais um que investe naquela velha mania dos americanos em ver teorias da conspiração em tudo. Não é um roteiro brilhante, mas consegue lidar bem com todos os elementos e personagens envolvidos. Se bem que nesse quesito de conspiração política os americanos precisariam tomar algumas aulas com a classe política brasileira! Brincadeiras á parte, o filme ainda tem de quebra um elenco muito bom, contando com dois excelentes atores, Gary Oldman e Jeff Bridges. Esse último aliás deveria ser mais lembrado por seu trabalho aqui. Já Joan Allen tinha tudo para despontar como uma das grandes atrizes de Hollywood, mas infelizemnte ficou pelo meio do caminho. Coisas do destino.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

A Batalha das Correntes

No final do século XIX, dois cientistas, Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon), disputam entre si sobre o uso correto da energia elétrica para a iluminação das grandes cidades. Thomas Edison defende o uso da corrente elétrica contínua, onde as ondas elétricas caminhavam em apenas uma direção. Já George Westinghouse havia descoberto a corrente elétrica alternada, paralela, com fluxo de elétrons em ambas as direções. E qual era a importância dessa "batalha das correntes"? Ora, o vencedor iria ter seu sistema implantada em todas as cidades do mundo, gerando milhões (até quem sabe, bilhões) de dólares de receitas e faturamento.

Além do claro e interessante debate de natureza puramente científica ainda havia o choque de egos de dois grandes nomes da ciência na época. Thomas Edison surge no roteiro desse filme como um homem bem orgulhoso, arrogante de si mesmo, não afeito a um debate de ideias mais consistente. Ele achava que sua corrente era a melhor e isso lhe bastava. Aspectos de sua personalidade egocêntrica iam ao ponto de mandar matar animais indefesos apenas para provar seu ponto de vista. Ele eletrocutava os pobres bichos apenas para demonstrar ao público que a corrente de Westinghouse era mortal e perigosa. Porém, escondia de todo mundo que a sua corrente também matava, caso fosse aplicado um choque frontal em qualquer ser humano.

Outro ponto que destrata de certo modo a imagem que tínhamos de Thomas Edison surge quando ele resolve colaborar secretamente na construção da primeira cadeira elétrica da história. No fundo Edison queria apenas que fosse usada a corrente de Westinghouse para manchar sua imagem perante o público. Questão de rivalidade comercial. Enquanto ajudava a construir esse artefato ele posava de humanista para todos dizendo que nunca iria contribuir com uma invenção que matasse qualquer ser humano. Assim não passava de um hipócrita.

Além desses grandes cientistas há ainda a aparição de um jovem Nikola Tesla (Nicholas Hoult). Imigrante pobre, ele seria uma peça chave na criação de máquinas e turbinas que funcionassem com a corrente de Westinghouse, abrindo caminho para o sucesso completo de sua invenção. O filme é assim uma ótima opção para quem aprecia conhecer um pouco mais da história da ciência, dos bastidores e dos acontecimentos envolvendo esses grandes nomes do passado. E nesse processo também revela o lado humano de cada um deles. Muito bom filme, especialmente recomendado.

A Batalha das Correntes (The Current War, Estados Unidos, Inglaterra, Rússia, 2017) Direção: Alfonso Gomez-Rejon / Roteiro: Michael Mitnick / Elenco: Benedict Cumberbatch, Michael Shannon, Nicholas Hoult, Oliver Powell, Katherine Waterston, Stanley Townsend / Sinopse: O filme conta a história da disputa científica e comercial que envolveu os nomes de Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) no final do século XIX. Cada um defendia um tipo diferente de corrente elétrica a ser usada na iluminação das grandes cidades do mundo.

Pablo Aluísio.

No Fim do Túnel

Joaquin (Leonardo Sbaraglia) é um engenheiro paraplégico que ganha a vida trabalhando em sua enorme casa consertando computadores. Tendo apenas seu cachorrinho, já idoso e doente, como companhia, o amargurado engenheiro resolve anunciar um dos quartos para alugar. Um belo dia, a ex-stripper e esquelética, Berta (Clara Lago) e sua filha Betty, praticamente invadem sua casa para ocupar o quarto.

O caldo começa a engrossar quando, numa noite, enquanto trabalha em seus computadores, Joaquin ouve estranhos barulhos vindo do outro lado da parede e descobre que uma quadrilha está cavando um túnel até a caixa forte de um banco.

O longa argentino do diretor e roteirista Rodrigo Grande, surpreende ao misturar ótimos passeios da câmera em planos-sequência por dentro da mansão. Com imensa maestria no desenvolvimento da trama e na distribuição dos personagens, como num tabuleiro de xadrez, o diretor praticamente abre mão das externas e passa a usar e abusar do voyeurismo “indoor” de Joaquin.

Há na narrativa uma clara mistura de elementos hitchcokianos e tarantinescos, que aos poucos vão desfolhando a trama até o embate final entre Joaquin e o sanguinário Galereto (Pablo Echarri). Filme excelente que confirma o cinema argentino – que já abocanhou dois Oscars - como o melhor cinema, disparado, da América do Sul.

No Fim do Túnel (Al final del túnel, Argentina, Espanha, 2016) Direção: Rodrigo Grande / Roteiro: Rodrigo Grande / Elenco: Leonardo Sbaraglia, Pablo Echarri, Clara Lago.

Telmo Vilela Jr.

Absolvição

Título no Brasil: Absolvição
Título Original: Absolution
Ano de Produção: 1978
País: Inglaterra
Estúdio: 23rd Century
Direção: Anthony Page
Roteiro: Anthony Page
Elenco: Richard Burton, Dominic Guard, David Bradley, Billy Connolly, Andrew Keir, Willoughby Gray

Sinopse:
Em um colégio católico na Inglaterra, um professor, o padre Goddard (Richard Burton), fica chocado ao saber em confissão que um de seus alunos preferidos cometeu um crime bárbaro. Impedido de revelar tudo, por causa do segredo da confissão, ele entra em crise existencial.

Comentários:
O roteiro desse filme foi baseado numa peça teatral inglesa que fez muito sucesso na década de 1960. Interessado pelo material o ator Richard Burton decidiu ele mesmo bancar parte da produção, contratando o próprio diretor da peça de teatro, Anthony Page, para dirigir e roteirizar o filme. O resultado ficou muito bom, embora tenha sofrido críticas por dois motivos principais. O primeiro foi que o final do filme foi mudado no cinema. Procurando dar mais agilidade e movimento - algo desnecessário em um teatro - o filme mudou aquilo que para muitos era o ponto alto da peça. Acusado de priorizar uma certa ação e pirotecnia, ao invés de investir mais fundo na dramaticidade, essa foi uma crítica justa. Outro ponto que desagradou os críticos de cinema da época, no lançamento original do filme, foi a incrível semelhança entre esse enrendo e o clássico de Alfred Hitchock, "A Tortura do Silêncio". De fato ambos os filmes partiam do mesmo ponto, a impossibilidade de um padre contar o que sabia em um crime chocante e aterrorizante. De qualquer forma a brilhante interpretação do ator Richard Burton acabou compensando todas essas pequenas falhas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Mais e Melhores Blues

Título no Brasil: Mais e Melhores Blues
Título Original: Mo' Better Blues
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Spike Lee
Roteiro: Spike Lee
Elenco: Denzel Washington, Spike Lee, Wesley Snipes, Samuel L. Jackson, John Turturro, Giancarlo Esposito,

Sinopse:
O filme conta a história do músico de jazz Bleek Gilliam (Denzel Washington). Enquanto tenta levantar sua carreira no mundo da música, ele precisa lidar com uma vida pessoal conturbada, pois se relaciona ao mesmo tempo com duas mulheres problemáticas. Filme premiado no Venice Film Festival na categoria de melhor direção (Spike Lee).

Comentários:
O pai de Spike Lee foi um músico de jazz. Assim o cineasta decidiu fazer um filme que fosse tanto uma homenagem ao passado de seu pai, como também uma homenagem ao próprio jazz. Muitos podem pensar que por causa do título do filme esse seria algo relacionado ao bom e velho blues, outro estilo musical muito importante na história dos Estados Unidos. Só que esse tipo de pensamento não procede. O foco é mesmo o jazz. Todos os personagens do filme estão envolvidos de uma forma ou outra com esse estilo musical. O enredo é puramente ficcional, criado por Spike Lee, mas há traços de histórias reais que ele tirou do passado de grandes músicos do gênero musical, além de pequenos momentos biográficos da história de seu próprio pai. O personagem interpretado pelo ator Denzel Washington é praticamente um retrato do pai de Spike Lee. Assim é certamente um filme que ele sempre teve como um de seus favoritos na sua filmografia. E de fato o resultado ficou muito bom. Com um bonita direção de fotografia e uma trilha sonora recheada de grandes clássicos do jazz, essa fita é especialmente indicada para quem aprecia conhecer melhor esse estilo musical que merece ser sempre reverenciado.

Pablo Aluísio.

O Guarda de Auschwitz

Título no Brasil: O Guarda de Auschwitz
Título Original: The Guard of Auschwitz
Ano de Produção: 2018
País: Inglaterra
Estúdio: Cobra Films
Direção: Terry Lee Coker
Roteiro: Terry Lee Coker
Elenco: Lewis Kirk, Claudia Grace Mckell, Michael McKell, Stephen Boxer, Noeleen Comiskey, Sally George

Sinopse:
O filme conta a história do jovem alemão Hans (Lewis Kirk). Ainda criança entra na juventude nazista. Depois quando completa 18 anos entra para a SS, grupo de elite do partido nazista. Mais tarde é designado para trabalhar como guarda no campo de concentração de  Auschwitz. 

Comentários:
É uma produção bem modesta e aí está o problema. Para se fazer um filme sobre a II Guerra mundial e o holocausto é necessário muito dinheiro no orçamento. Sem isso a coisa toda fica pouco convincente. Por essa razão nem deveriam ter feito esse filme. Uma questão de bom senso. Além disso há problemas de conceito no roteiro. Por exemplo, a criação de um protagonista que ao mesmo tempo faz parte da SS nazista e tem um bom coração. Um homem de boa índole. Não dá para acreditar em algo assim. Os membros da SS eram carrascos, pessoas doutrinadas, sujeitos violentos. Pior do que isso. O Hans, o tal guarda de Auschwitz, cria simpatia e tenta proteger uma judia do campo de concentração. Achou um absurdo histórico? Claro que é, ainda mais partindo de um personagem que passou a vida toda sofrendo doutrinação nazista, desde os tempos de criança. Por fim mais um erro de roteiro. O tal Hans apresenta no filme dons para desenhar e projetar edificações. Então um dos chefes carrascos do campo o leva a construir mais e mais câmaras de gás. Então quer dizer que um homem que ajudou na construção dessas câmaras de extermínio era no fundo uma boa pessoa, um cara bonzinho? Ora, faça-me o favor... aí já é apelar demais para a nossa boa vontade.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de abril de 2020

A Arte da Guerra

Título no Brasil: A Arte da Guerra
Título Original: The Art of War
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, Morgan Creek
Direção: Christian Duguay
Roteiro: Wayne Beach
Elenco: Wesley Snipes, Donald Sutherland, Anne Archer, Maury Chaykin, Marie Matiko, Cary-Hiroyuki Tagawa,

Sinopse:

Neil Shaw (Wesley Snipes) é um agente em serviço que acaba testemunhando um crime, o assassinato do embaixador chinês na sede da ONU, em Nova Iorque. O homicídio acaba envolvendo figurões da diplomacia internacional e Shaw vira um alvo a ser eliminado o mais rapidamente possível.

Comentários:
Wesley Snipes fez uma linha de filmes de ação bem interessante na Warner Bros. E de fato durante algum tempo ele conseguiu ser o principal astro de filmes de ação em Hollywood. Hoje em dia a carreira dele, como era de se esperar, anda mais devagar, porém é inegável que quando estava no auge, atuando em vários filmes por ano, um certo padrão de qualidade foi mantido. Esse "A Arte da Guerra" segue nesse estilo. O diretor canadense Christian Duguay foi indicado ao estúdio pelo ator Donald Sutherland. A dupla já havia trabalhado junto em 1997 no bom thriller "Caça ao Terrorista". E talvez não por coincidência um dos destaques do filme seja justamente a atuação do veterano Sutherland. Ao longo dos anos ele se especializou em personagens dúbios, que na superfície pareciam homens honestos, só que no fundo não passavam de patifes, vilões. E sobre esse filme ele acabaria dizendo uma frase bem espirituosa: "Em filmes de ação o que vale a pena é o vilão. É o único com inteligência. O protagonista geralmente só serve para pular, saltar. Quem cria os planos que sustentam esse tipo de filme é o vilão. Claro, sempre é o elemento de inteligência em filmes como esse. Por isso sigo fazendo caras maus!". Pois é, sábias palavras de Mr. Sutherland.

Pablo Aluísio.