sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Uma Mente Brilhante

Segue sendo o trabalho mais memorável tem termos de atuação da carreira do ator Russell Crowe. Ele interpreta um gênio da matemática chamado John Nash. O filme, que é baseado numa história real, mostra Nash em seus primeiros anos, quando se torna um aluno brilhante numa das melhores universidades do mundo. Como é considerado um verdadeiro talento em sua área, acaba sendo procurado pelo governo para trabalhar no deciframento de códigos criptográficos. O que começa até bem logo desanda quando Nash começa a afirmar que está sendo perseguido, se tornando alvo de um complô extremamente complexo para lhe assassinar.

Verdade ou fruto de sua cabeça? O roteirista Akiva Goldsman joga o tempo todo com as duas possibilidades, dando um verdadeiro nó na cabeça dos espectadores. O filme só não é melhor porque o cineasta Ron Howard sempre foi muito convencional, nunca indo para caminhos mais desafiantes. Ele sempre preferiu mesmo o feijão com arroz do dia a dia. Sem esse tipo de coragem o filme acaba perdendo um pouco, até porque o diretor parece nunca estar à altura do roteiro, esse realmente acima da média, muito bem escrito. Fico imaginando um material como esse nas mãos de um Stanley Kubrick, por exemplo. Seria definitivamente uma das maiores obras primas da história do cinema.

Do jeito que ficou está OK, mas como sempre gosto de dizer, poderia ser bem melhor. De uma maneira ou outra o filme acabou se consagrando no Oscar com quatro importantes prêmios: Melhor direção (para Howard, um exagero!), Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Connelly, a garota de "Labirinto" que cresceu e virou uma boa atriz), Melhor Roteiro (O prêmio mais merecido da noite) e Melhor Filme (achei um pouco forçado). Russell Crowe também foi indicado ao Oscar como Melhor Ator, mas não levou, naquela que foi a chance mais desperdiçada de sua carreira. Nunca mais ele voltaria a concorrer, mostrando que foi mesmo uma chance de ouro que ele perdeu de levantar a estatueta. Em conclusão considero um bom filme, com aquele tipo de roteiro que anda cada vez mais raro nos dias atuais. Muitos vão dizer que é tudo bem inconclusivo no final das contas, porém penso diferente, sendo esse aspecto uma das qualidades mais louváveis de seu texto.

Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, Estados Unidos, Inglaterra, 2001) Direção: Ron Howard / Roteiro: Akiva Goldsman, baseado no livro escrito por Sylvia Nasar / Elenco: Russell Crowe, Ed Harris, Jennifer Connelly, Christopher Plummer, Paul Bettany, Josh Lucas/ Sinopse: John Nash (Russell Crowe) é um gênio da Matemática que é procurado pelo governo americano para trabalhar na decifração de códigos de países inimigos. Em pouco tempo Nash começa a temer por sua vida, pois o que parecem ser agentes do governo, começam a persegui-lo, colocando em risco sua vida. Seria verdade ou apenas fruto de sua mente perturbada? Filme indicado também ao Oscar nas categorias de Melhor Edição (Mike Hill, Daniel P. Hanley), Melhor Maguiagem (Greg Cannom, Colleen Callaghan) e Melhor Música (James Horner). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Russell Crowe), Melhor Atriz - Drama (Jennifer Connelly) e Melhor Roteiro (Akiva Goldsman).

Pablo Aluísio. 

A Guerra de Hart

Esse filme foi uma pausa para Bruce Willis. Ele deu um tempo nos filmes de ação ao estilo pura porrada, para estrelar algo mais sofisticado, com um roteiro melhor, mais intelectualizado. Ele interpreta um Coronel americano em um campo de prisioneiros dos alemães durante a II Guerra Mundial. Quando um militar negro é acusado de assassinato de um colega de farda ele passa a desempenhar o papel de advogado desse sujeito. Ele não é um advogado de fato, quando a guerra explodiu era apenas um estudante do 2º ano de Direito, mas acaba aceitando o encargo. Bruce Willis então deixa as interpretações fáceis de sua carreira de lado para encarar um papel mais complexo, mais bem construído. O fato de tudo se passar na guerra torna ainda mais interessante o filme como um todo.

"Hart's War" como se vê parte de uma boa premissa, um enredo interessante. Tem um bom elenco de apoio que conta, dentre outros, com um jovem Colin Farrell, ainda no começo da carreira e tentando se encontrar na profissão de ator. Dito isso também encontramos problemas. Um tribunal do jurí, mesmo feito nas circunstâncias do filme, em uma situação excepcional e fora do comum, jamais poderia ser encarado como algo que estivesse sob controle de um estudante de Direito de segundo ano. É inverossímil. Não haveria conhecimento jurídico para entrar numa situação dessas, seria mesmo um desastre. De qualquer maneira se você conseguir ignorar essa falha de lógica pode ser que ainda vá se divertir. Interessante lembrar também que não foram poucos os que acusaram o filme na época de seu lançamento de ser lento e em muitos aspectos chato. Quem diria que um dia alguém iria reclamar de lentidão em um filme estrelado por Bruce Willis, o rei da metralhadora dos filmes de ação...

A Guerra de Hart (Hart's War, Estados Unidos, 2002) Direção: Gregory Hoblit / Roteiro: Billy Ray, baseado na novela escrita por John Katzenbach / Elenco: Bruce Willis, Colin Farrell, Terrence Howard / Sinopse: O Coronel William A. McNamara (Bruce Willis), um militar de formação ainda muito restrita de Direito, acaba aceitando a incumbência de defender um jovem negro acusado de assassinato. Filme premiado no Shanghai International Film Festival na categoria de Melhor Ator (Colin Farrell).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Coco Antes de Chanel

Como não conhecia praticamente nada da vida da famosa estilista Coco Chanel acabei gostando bastante desse filme. De maneira em geral gosto de biografias. Aqui o roteiro se concentra em mostrar os primeiros anos de sua vida, antes de criar sua grife que segue sendo, até os dias de hoje, uma das mais importantes do mundo da moda. Ela nasceu Gabrielle Chanel. Criada em um orfanato mantido pela igreja católica, sempre teve que lutar por sua vida. Quando se tornou adulta começou a se apresentar em cabarés e casas noturnas. Nessas apresentações em troca de trocados ela cantava uma popular música tradicional francesa que contava a história de um cachorrinho chamado Coco. Por isso seu apelido. Ao lado de uma amiga ela desenvolvia seu lado artístico nesses números de canto e dança.

O gosto pela moda veio cedo. Coco estava sempre observando o figurino das madames e mademoiselles da classe alta. Só faltava uma oportunidade de entrar no meio dessa gente, da elite. A oportunidade surge quando ela conhece Étienne Balsan (Benoît Poelvoorde), um ricaço inconsequente de bom coração. Coco teve um caso com ele, mas era algo um tanto superficial, do tipo chove, não molha. O mais importante desse relacionamento é que ela teve a oportunidade de conhecer pessoas que iriam ser fundamentais em sua nova carreira, a de estilista de moda. O filme também aproveita para mostrar um pouco da grande paixão da vida de Chanel, um inglês chamado Boy Capel (Alessandro Nivola). Ela que sempre se orgulhou de sua racionalidade e equilíbrio, de repente se viu apaixonada e boba por esse britânico. 

É um bom filme, elegante, sofisticado, tal como Chanel. A atriz Audrey Tautou está perfeita no papel principal. Ela não é apenas muito parecida fisicamente com Coco Chanel, como também conseguiu captar aspectos da personalidade da estilista de uma maneira surpreendente. Além disso sempre é um prazer assistir a filmes franceses, muito por causa da bela sonoridade da língua nativa. O francês tem mesmo uma bela melodia em suas palavras. É uma das mais bonitas línguas clássicas da Europa (ao lado do latim, espanhol e do nosso português). 

Coco Antes de Chanel (Coco avant Chanel, França, 2009) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Anne Fontaine, baseada no livro escrito por Edmonde Charles-Roux / Elenco: Audrey Tautou, Benoît Poelvoorde, Alessandro Nivola / Sinopse: "Coco Antes de Chanel" é uma cinebiografia que conta parte da história da estilista francesa Coco Chanel. O filme explora sua infância, quando foi criada em um orfanato católico, e sua juventude, quando acaba se envolvendo com dois homens bem diferentes entre si. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Catherine Leterrier). Vencedor do César Awards nessa mesma categoria.

Pablo Aluísio.

Legalmente Loira

Esse filme é uma bobeirinha que caiu no gosto do público americano, rendendo uma ótima bilheteria em seu lançamento. Só para se inteirar nos números: o filme custou meros 18 milhões de dólares e rendeu no total quase 250 milhões dentro do mercado americano e ao redor do mundo! Nada mal não é mesmo? Com esse tipo de lucro é que entendemos porque o cinema americano é o mais rico do mundo, posição que provavelmente nunca perderá. Pois bem, deixando a chuva de dólares de lado o que sobra é uma comediazinha muito simplória que se sustenta basicamente toda no carisma da atriz Reese Witherspoon.

Ela interpreta Elle Woods, uma típica patricinha (e coloca patricinha nisso) que consegue entrar em uma das mais disputadas universidades dos Estados Unidos e logo no curso de Direito!!! Imaginem o choque de ver os demais alunos (todos sérios, estudiosos e vestidos com total sobriedade) ao lado dessa loira cor de rosa, com cachorrinho de lado, se tornando o suprassumo da futilidade. Fica óbvio que o roteiro não é lá essas coisas (é fútil igual sua personagem principal), mas os jovens adoraram e então não deu outra... caixa recheada de verdinhas para o estúdio. Uma sequência foi lançada alguns anos depois (alguém duvidaria que isso iria acontecer?), mas essa continuação conseguia ser pior do que o filme original! Sim, isso foi possível.

Legalmente Loira (Legally Blonde, Estados Unidos, 2001) Direção: Robert Luketic / Roteiro: Karen McCullah, baseada no livro escrito por Amanda Brown / Elenco: Reese Witherspoon, Luke Wilson, Selma Blair, Raquel Welch / Sinopse: Patricinha que só se veste de rosa, acaba entrando numa das melhores universidades de Direito dos Estados Unidos, causando um choque de diferenças entre ela e seus novos colegas de curso! Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Reese Witherspoon).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Amor & Tulipas

Esse filme é um folhetim. Assim se você gosta de novelas muito provavelmente vai gostar desse "Amor & Tulipas". E como todo folhetim esse roteiro também tem um enredo com romances, traições e reviravoltas. Tudo se passa no século XVII, na Holanda. O rico comerciante Cornelis Sandvoort (Christoph Waltz) ficou viúvo após a morte da esposa em trabalho de parto. Ele pretende reconstruir sua vida e para isso precisa de um herdeiro. Em suas próprias palavras: "Um homem precisa deixar seu nome e sua fortuna para um filho!". Como já é um senhor com uma certa idade ele não vai mesmo conquistar nenhuma beldade da cidade onde vive, a não ser que seja uma interesseira.

Para resolver seus problemas ele decide ir até um orfanato mantido pela Igreja Católica. Lá existem muitas moças bem educadas, mas pobres, que só esperam por um bom casamento. Acaba encontrando o que procura em Sophia (Alicia Vikander). Eles se casam e tudo corre bem, a não ser pelo fato dela não conseguir engravidar, justamente o que Cornelis mais desejava. Pior do que isso, a jovem Sophia acaba se apaixonando por outro homem, um pintor contratado pelo marido para fazer um quadro clássico do casal. E a parti daí já sabemos mais ou menos o que virá. O marido é um bom homem, muito dedicado ao seu casamento, mas ela não o ama como deveria. Seu coração pertence mesmo ao jovem pintor interpretado por Dane DeHaan.

O filme tem boa produção, com excelente reconstituição de época, inclusive reproduzindo os estranhos figurinos daquele período histórico. O melhor ator em cena é justamente Christoph Waltz interpretando o marido traído. Mais contido do que o habitual, sem exageros dramáticos, ele procura escapar um pouco dos personagens de vilões que andou fazendo ultimamente. Outro destaque, com menos espaço na história, é a presença da grande dama do teatro e cinema Judi Dench. Ela interpreta uma freira que cuida de uma plantação de tulipas no convento onde mora. O roteiro aliás mostra um estranho mercado de vendas dessas flores que viraram objetos de especulação na época, com algumas delas valendo pequenas fortunas. Por fim há também a presença do comediante Zach Galifianakis em mais um papel de porcalhão bêbado. É o alívio cômico da trama. No geral é um bom filme, nada demais, um pouco folhetinesco além da conta, mas que cumpre seu papel.

Amor & Tulipas (Tulip Fever, Estados Unidos, 2017) Direção: Justin Chadwick / Roteiro: Deborah Moggach, Tom Stoppard / Elenco: Christoph Waltz, Judi Dench, Zach Galifianakis, Alicia Vikander, Holliday Grainger, Dane DeHaan / Sinopse: Jovem mocinha, criada em um orfanato católico, é dada em casamento a um rico comerciante holandês. Ele quer um herdeiro pois se tornou viúvo no casamento anterior. A nova esposa é submissa e leal, mas não consegue engravidar. Pior do que isso, depois de algum tempo ela acaba se apaixonando por um jovem pintor.

Pablo Aluísio.


Lembranças de um Verão

Falou em adaptação para o cinema de uma obra de Stephen King logo todos pensam em filmes de terror, suspense, etc. Só que King também escreveu dramas, dramas nostálgicos e existenciais. Um exemplo é justamente esse "Lembranças de um Verão". Não há vampiros, lobisomens e nem palhaços assassinos. Ao invés disso temos uma história simples, da amizade de um garoto e um senhor mais velho que vai morar na casa ao lado. Bobby Garfield (Anton Yelchin) é um garoto de 11 anos, filho de uma mãe solteira que luta para sobreviver. Eles são pobres e não há muito espaço para ter todos os presentes que ele sempre quis. Ted Brautigan (Anthony Hopkins) é o senhor idoso que se torna seu vizinho. Um homem de passado misterioso, mas que parece ser uma pessoa bondosa, sempre com observações pertinentes, embora pareça estar sempre pensativo e contemplativo, com o olhar perdido no horizonte.

E é basicamente isso. King não traz personagens fantásticos, sobrenaturais, nada disso. Aliás essa é uma das tramas mais humanas criadas pelo escritor. Parte dos acontecimentos são baseados em suas próprias lembranças da infância, por isso o clima de nostalgia percorre cada cena, cada acontecimento. Anthony Hopkins, bem contido em sua interpretação, me agradou bastante. Esse é um ator que não precisa de muito para desempenhar grandes atuações. No seu caso o "menos" sempre é "mais". Quanto mais introvertido seu personagem, mais Hopkins se sai bem. O filme de forma em geral pode vir a decepcionar os fãs de Stephen King justamente por causa de seu convencionalismo. Não tem ET, não tem monstros e nem aquele clima de contos de horror que nos acostumamos quando vemos o nome de Stephen King impresso nos posters de cinema. Ainda assim o autor acerta em cheio, principalmente se você for aquele tipo de espectador mais sensível.

Lembranças de um Verão (Hearts in Atlantis, Estados Unidos, 2001) Direção: Scott Hicks / Roteiro: William Goldman, baseado no livro de Stephen King / Elenco: Anthony Hopkins, Anton Yelchin, Hope Davis / Sinopse: Um homem relembra os acontecimentos de sua vida quando tinha apenas 11 anos de idade. Vivendo em uma pequena cidade do interior ele recorda as pessoas e as experiências que viveu naquele período que agora parece mágico de sua vida.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Onze Homens e um Segredo

Esse filme nasceu por acaso. O ator George Clooney estava hospedado em um hotel de Las Vegas quando assistiu na TV o clássico original com Frank Sinatra e seus amigos do rat pack. Ele então se perguntou porque ninguém tinha ainda feito um remake desse filme! Imediatamente contactou seu agente e esse saiu em busca dos direitos da obra cinematográfica. Com tudo pronto contratou o diretor Steven Soderbergh e no mesmo espírito que deu origem ao filme de Sinatra saiu convidando seus amigos mais próximos em Hollywood para fazer parte do elenco. Afinal Clooney sempre foi um dos atores mais bem relacionados dentro da indústria, tendo mesmo cacife para reunir tanta gente famosa em apenas uma produção.

Se você não tem ideia ainda do que se trata (o que acho bem difícil), o roteiro mostra um grupo de criminosos que decide roubar um grande cassino em Las Vegas. O plano, como era de se esperar, é simplesmente mirabolante, praticamente uma orquestra bem afinada formada por ladrões. O clima é bem ameno, quase levado às últimas consequências. Nenhum ator do elenco parece levar muito à sério o que acontece, o que é um ponto positivo a mais para o filme. Lançado em 2001 esse remake foi um grande sucesso de bilheteria, se tornando um blockbuster certeiro, mostrando que George Clooney tinha jeito (e sorte) também como produtor de cinema. Como deu origem a várias continuações (todas inferiores) ainda considero esse o melhor dessa nossa safra. Claro, nenhum desses novos filmes conseguiu ser mais legal e bacana do que o de Frank Sinatra e cia, mas no geral também não fez feio. É acima de tudo uma diversão bem-vinda ao estilo soft, tudo bem descompromissado.

Onze Homens e um Segredo (Ocean's Eleven, Estados Unidos, 2001) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: George Clayton Johnson, Jack Golden Russell / Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Julia Roberts, Matt Damon, Andy Garcia, Don Cheadle, Casey Affleck, Bernie Mac, Joshua Jackson, Steven Soderbergh / Sinopse: Danny Ocean (George Clooney) decide formar um grupo de especialistas, ladrões de bancos, para um roubo milionário em um dos maiores e mais ricos cassinos de Las Vegas. Filme indicado ao César Awards (França) na categoria de Melhor filme estrangeiro (USA) e ao Art Directors Guild.

Pablo Aluísio.

A Sombra do Vampiro

"Nosferatu" é um clássico do terror. Filmado ainda na era do cinema mudo era uma adaptação não autorizada do livro "Drácula" de Bram Stoker. Durante muitos anos se especulou bastante sobre o ator que interpretava o vampiro, um alemão  chamado Max Schreck. Nesse universo de lendas urbanas criou-se o mito de que ele não era apenas um ator interpretando um vampiro, mas sim um vampiro de verdade! O roteiro desse filme "A Sombra do Vampiro" então parte justamente dessa ideia para contar as filmagens de Nosferatu, sustentando que Schreck era mesmo, de fato, uma criatura da noite. Bem criativo não é mesmo? Willem Dafoe interpreta Schreck e John Malkovich  dá vida ao cinesta Friedrich Wilhelm Murnau, mestre das sombras e do estilo noir. Tudo nos eixos, o filme parecia muito promissor, principalmente para quem gosta da história do cinema, só que... acabei não gostando do resultado final. Achei meio decepcionante, pouco criativo e com ritmo arrastado. A produção é boa, nada a reclamar nesse aspecto, mas o roteiro falha inúmeras vezes em desenvolver sua trama.

A premissa que parece muito interessante - a do ator vampiro que na verdade é um vampiro apenas fingindo ser um ator - não se sustenta por muito tempo, falhando em manter o interesse do espectador. Dafoe está perfeito em sua caracterização de um ser rastejante e nojento, porém não tem muito mais a trabalhar além de sua bem feita maquiagem. O roteiro apenas dá voltas e mais voltas sem chegar a um ponto certo em sua dramaturgia. Mesmo assim seus esforços lhe valeram indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, que vindas para um filme como esse não deixaram de surpreender muita gente na época. Pena que seu parceiro de cena não tenha se saído tão bem. É incrível que o excelente John Malkovich tenha errado a mão, tornando seu diretor muito caricato. Assim o filme não cumpre tudo aquilo que promete. É uma boa ideia que foi desperdiçada, infelizmente.

A Sombra do Vampiro (Shadow of the Vampire, Estados Unidos, 2000) Direção: E. Elias Merhige / Roteiro: Steven Katz  / Elenco: John Malkovich, Willem Dafoe, Udo Kier, Cary Elwes / Sinopse: Durante a década de 1920, ainda na era do cinema mudo, um diretor chamado F.W. Murnau (John Malkovich) decide contratar o estranho Max Schreck (Willem Dafoe) para interpretar um personagem de vampiro em seu filme, o Conde Graf Orlok. Só que ele não é apenas um ator comum, é um vampiro de verdade!  Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Willem Dafoe) e Melhor Maquiagem (Ann Buchanan e Amber Sibley). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Willem Dafoe).

Pablo Aluísio.