quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Perdidos na Tormenta

Título no Brasil: Perdidos na Tormenta
Título Original: The Search
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Richard Schweizer, David Wechsler
Elenco: Montgomery Clift, Ivan Jandl, Aline MacMahon, Jarmila Novotna, Wendell Corey, Ewart G. Morrison

Sinopse:
Após o fim da II Grande Guerra Mundial, um militar norte-americano chamado Ralph Stevenson (Montgomery Clift) é enviado para Berlim. A outrora cidade alemã está reduzida a escombros por causa dos bombardeios que foram feitos pelos aviões americanos durante a guerra. No meio desse caos Ralph resolve ajudar um garotinho tcheco perdido a reencontrar sua mãe.

Comentários:

O primeiro filme de Montgomery Clift em Hollywood foi "Perdidos na Tormenta". Esse foi filme foi realizado em 1948, uma produção da Metro-Goldwyn-Mayer que tinha como tema o pós-guerra na Europa. Um tema muito adequado pois a II Guerra Mundial havia terminado apenas três anos antes. O diretor Fred Zinnemann queria trazer para o público americano a situação em que se encontrava os países europeus depois de um dos conflitos armados mais sangrentos da história. Foi uma excelente iniciativa pois capturava em tela a situação de Berlim, a antiga capital do III Reich de Hitler, agora reduzida a uma pilha de escombros depois dos intensos bombardeios dos aviões aliados. E foi justamente para esse caos que a equipe de filmagem foi enviada. Clift interpretava no filme um militar americano chamado Ralph Stevenson. Após o fim da guerra ele era enviado justamente para Berlim, onde acabava ajudando um garoto de origem tcheca a encontrar sua mãe.

Filmar ali foi uma grande experiência para o ator. Embora ele tivesse conhecimento de tudo o que havia acontecido na II Guerra, era algo bem diferente estar ali, bem no meio do povo alemão derrotado, tentando sobreviver de todas as formas. O filme também serviu como propaganda americana ao colocar soldados e militares dos Estados Unidos como pessoas prontas a ajudar os sobreviventes da guerra, os retratando como pessoas amigáveis e prestativas, militares honestos e de boa índole. Após seu lançamento o filme foi bastante elogiado, vencendo um Oscar numa categoria importante, a de Melhor Roteiro (prêmio dado aos roteiristas Richard Schweizer e David Wechsler). Além disso foi indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Direção e Melhor Ator, justamente para Montgomery Clift, que estreava assim com reconhecimento em Hollywood. Afinal ser indicado ao Oscar por seu primeiro filme era algo para poucos...

Pablo Aluísio.

A Praia dos Biquínis

Título no Brasil: A Praia dos Biquínis
Título Original: Bikini Beach
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: William Asher
Roteiro: William Asher, Leo Townsend
Elenco: Frankie Avalon, Annette Funicello, Martha Hyer, Don Rickles, Harvey Lembeck, John Ashley

Sinopse:
Entre várias ondas na praia, o jovem Frankie (Frankie Avalon) tenta conquistar mais uma vez o coração da doce e maravilhosa Dee Dee (Annette Funicello). Para isso porém ele terá que enfrentar mais uma vez as artimanhas de Eric Von Zipper (Harvey Lembeck) e seus motoqueiros e um cientista maluco, que quer provar que adolescentes e primatas possuem os mesmos instintos básicos de acasalamento!

Comentários:
Se você tiver curiosidade em saber como eram os filmes feitos para o público adolescente nos anos 60, uma boa dica é esse filme de verão chamado "Bikini Beach". Estrelado pelo casalzinho sensação da época, Frankie Avalon e Annette Funicello, essas produções eram extremamente lucrativas, porque tinham uma orçamento quase mínimo (esse aqui custou apenas 600 mil dólares!) e conseguiam faturar muito bem nas bilheterias. Essa fita aqui, por exemplo, foi a terceira de uma longa série de fitas rápidas que começaram com "A Praia dos Amores" no ano anterior, sendo seguida de "Quanto Mais Músculos Melhor". Haveria ainda um quarto filme intitulado "Folias na Praia" em 1965. Todos esses filmes foram bastante reprisados no Brasil, na década de 70, na Sessão da Tarde, por isso acabaram bem populares por aqui. Os roteiros eram sempre bem básicos. Avalon e Funicello em eterno namorico pelas praias da Califórnia, sendo importunados pelo motoqueiro maluco Eric Von Zipper (Harvey Lembeck). Tudo realmente muito pueril, inocente, bem de acordo com os padrões da época. Hoje em dia esses filmes, de baixo teor artístico e cinematográfico, servem apenas como curiosidades nostálgicas. Frankie Avalon, por exemplo, até tentou emplacar uma carreira de cantor ao estilo Elvis Presley, mas como ele definitivamente não era Elvis, acabou ficando pelo meio do caminho. De qualquer maneira assista e conheça, nem que seja para matar as saudades de um tempo que não existe mais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Desaparecidas

1885. Novo México. Um velho cowboy e pistoleiro chamado Samuel Jones (Tommy Lee Jones) resolve voltar para sua terra natal para reconstruir sua vida pessoal e familiar. Está velho e cansado de viver eternamente cavalgando pelo velho oeste, sem rumo certo a seguir. Há muitos anos ele não vê sua filha Magdalena Gilkeson (Cate Blanchett). O retorno, como era de se esperar, é complicado. Há muitas mágoas no meio do caminho. O que ninguém poderia esperar era o rapto de sua neta por criminosos e bandoleiros, algo que Jones não deixará passar barato. Sua busca por vingança e justiça se tornará praticamente uma obsessão. Bom faroeste moderno valorizado pelas excelentes presenças dos atores Tommy Lee Jones e Cate Blanchett. Que ótima dupla! Tommy Lee Jones parece ter sido moldado para esse tipo de filme. Ele tem uma ótima presença em produções de western, algo que combina perfeitamente com seu estilo de ser mais durão.

Já Cate Blanchett também enche a tela com sua presença. Ela sempre ficou conhecida por suas personagens mais frias e elegantes, mas aqui consegue passar toda a fúria necessária para uma mãe que se viu sem sua filha. Ela vai da frieza para o desespero em questão de segundos. Ótima atuação. O clima em geral desse western é soturno. A fotografia valoriza um visual mais lúgubre, o que acaba se tornando sua principal característica. Os personagens em geral são pessoas com problemas de relacionamento, que não conseguem expressar adequadamente seus sentimentos. Quando se defrontam com uma situação limite acabam explodindo em uma obsessão de violência e fúria. Então é isso. Bom faroeste que merece ser conhecido, principalmente para quem deixou passar em branco.

Desaparecidas (The Missing, Estados Unidos, 2003) Direção: Ron Howard / Roteiro: Thomas Eidson, Ken Kaufman / Estúdio: Revolution Studios, Imagine Entertainment / Elenco: Tommy Lee Jones, Cate Blanchett, Evan Rachel Wood / Sinopse: Velho cowboy e sua filha vão atrás dos bandidos que sequestraram a pequena neta. A vingança será sem misericórdia ou perdão. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival. Também indicado ao AARP Movies for Grownups Awards na categoria de Melhor Ator (Tommy Lee Jones).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Renegado Heróico

Título no Brasil: Renegado Heróico
Título Original: Springfield Rifle
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: André De Toth
Roteiro: Charles Marquis Warren, Frank Davis
Elenco: Gary Cooper, Phyllis Thaxter, David Brian
  
Sinopse:

O Major Alex 'Lex' Kearney (Cooper) é um oficial do exército da União durante a Guerra Civil americana que se torna agente duplo no serviço de contraespionagem do governo americano. Agora ele terá que descobrir todos os planos dos inimigos para que os nortistas consigam vencer um dos conflitos históricos mais sangrentos da história dos Estados Unidos. Sua primeira missão é descobrir quem realmente estaria roubando os cavalos da União no território do Colorado.

Comentários:
Gary Cooper foi um dos grandes astros do cinema americano. Ele conseguiu transitar bem em praticamente todos os gêneros cinematográficos, mas é certo que se destacou muito nos filmes de western. Cooper tinha o tipo ideal. Era alto, passava integridade com o olhar e também se notabilizava por interpretar personagens extremamente íntegros e honestos. Aqui temos um filme menos conhecido do ator, nada que se compare com seus grandes clássicos como "Matar ou Morrer" onde interpretou o lendário xerife Will Kane. Aliás é bom salientar que esse filme foi justamente o faroeste que sucedeu aquela grande obra prima, lançada apenas alguns meses antes. Isso criou uma grande expectativa no público e crítica o que acabou causando uma certa decepção depois, durante o lançamento desse novo filme de Cooper. Acontece que as expectativas estavam altas demais. A verdade é que "Springfield Rifle" passa longe de ser marcante como o filme anterior. Aquele tinha um roteiro genial e uma brilhante direção do grande cineasta Fred Zinnemann; nada que se possa comparar com o trabalho "feijão com arroz" do apenas confiável André De Toth. A diferença de talento entre os diretores - diria até mesmo a diferença de nível - chega a ser covardia. Por isso assista ao filme com os pés no chão, procurando deixar de lado todas as comparações. Acaso pense e faça assim certamente conseguirá apreciar bem mais esse faroeste, vendo suas reais qualidades, entre elas a de ser um entretenimento mediano e bem realizado, honesto naquilo que se propõe a disponibilizar ao público. Não é uma obra prima da sétima arte e para falar a verdade essa nunca foi mesmo a intenção de seus realizadores. De qualquer forma tem Gary Cooper no elenco, o que convenhamos já é uma razão e tanto para assisti-lo.

Pablo Aluísio.

O Homem, O Orgulho, A Vingança

Título no Brasil: O Homem, O Orgulho, A Vingança
Título Original: L'uomo, l'orgoglio, la vendetta
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Regal Film, Fono Roma, Constantin Film
Direção: Luigi Bazzoni
Roteiro: Luigi Bazzoni, Suso Cecchi D'Amico
Elenco: Franco Nero, Tina Aumont, Klaus Kinski
  
Sinopse:
No México do século XIX um soldado, Don José (Franco Nero), conhece a linda cigana Carmen (Tina Aumont), cuja beleza é proporcional ao perigo de se relacionar com ela. Isso porque Carmen é uma verdadeira femme fatale. Suas pretensões românticas serão colocadas à prova em duelo contra o desprezível marido de Carmen, o violento e irascível vilão Miguel Garcia (Klaus Kinski), um homem brutal que não aceita ser desafiado por absolutamente ninguém. O choque de personalidades imediatamente o colocarão em confronto direto, mais cedo ou mais tarde. Apenas o mais forte e rápido no gatilho sobreviverá.

Comentários:
Dentro do vasto universo das produções ao estilo Spaghetti Western o fã desse tipo de cinema poderá descobrir filmes realmente curiosos e interessantes. Um exemplo vem com esse "O Homem, O Orgulho, A Vingança" (que nos Estados Unidos recebeu o título de "Man, Pride & Vengeance"). O filme foi estrelado pelo eterno Django Franco Nero, mas é um erro dizer que se trata de mais um filme com o personagem. Na realidade em alguns países o material promocional do filme realmente usou o nome de Django para atrair bilheteria, porém o fato é que Nero interpretava apenas um militar (e pistoleiro) chamado Don José. Nada a ver com o Django original. O roteiro foi inspirado na ópera "Carmen", o que por si só já é uma curiosidade e tanto, algo bem diferente em se tratando de faroestes italianos. Franco Nero, já naquela época, procurava por algum tipo de material diferente, mesmo que fossem Westerns, para ser reconhecido como bom ator. Além dele o elenco tem dois óbvios atrativos. O principal deles é a presença de Klaus Kinski como um vilão louco e sádico (especialidade na carreira do ator). As melhores sequências do filme em termos de ação e atuação devem ser creditadas a Kinski que na vida real era tão insano quanto seus próprios personagens, por isso tudo acabava funcionando muito bem na tela. E para trazer beleza para a produção nada melhor do que a presença de Tina Aumont, uma das mais bonitas atrizes da época. Muitos pensavam que ela era italiana, mas não, Tina nasceu em Los Angeles, nos Estados Unidos, filha de um casal de imigrantes italianos que depois retornaram para seu país de natal. Sua familiaridade com a língua inglesa, além de sua estética sensual, lhe abriram muitas portas no cinema europeu. Por fim um detalhe curioso. A primeira versão de "L'uomo, l'orgoglio, la vendetta" foi lançada falada em alemão. Só depois surgiu a versão em italiano. No Brasil o filme foi um dos primeiros a serem exibidos dublados no cinema, fruto de seu apelo popular. A fita ficou meses em cartaz em pequenos cinemas de bairro, algo que hoje em dia infelizmente não existe mais. Foi um sucesso de bilheteria em nosso país.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O Pistoleiro do Rio Vermelho

Título no Brasil: O Pistoleiro do Rio Vermelho
Título Original: The Last Challenge
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Thorpe
Roteiro: John Sherry
Elenco: Glenn Ford, Angie Dickinson, Chad Everett
  
Sinopse:
Dan Blaine (Glenn Ford) é um xerife de uma cidade do velho oeste que precisa lidar com sua fama de ser o homem mais rápido do gatilho de todo o Arizona. Isso faz com que ele tenha que enfrentar de tempos em tempos vários pistoleiros que vão até onde mora pois todos querem provar que são melhores do que Blaine. Entre esses desafiantes está o pistoleiro Lot McGuire (Chad Everett). Ele conhece Blaine por acaso, sem saber que ele é exatamente o xerife que procura para um duelo mortal. Dessa fortuita amizade surge um conselho dado por Blaine para que ele deixe suas ambições de lado pois certamente morrerá se for em frente com seus planos.

Comentários:
O tema desse roteiro é bem recorrente em faroestes antigos. A sina do gatilho mais rápido do oeste foi explorado em centenas de filmes. O sujeito é o melhor, mas isso também significa ter que lidar com vários desafiantes em duelos para se chegar naquele que finalmente seria o melhor da raça. Até filmes de ficção como "Highlander" beberam dessa mesma fonte. Pois bem, esse também é o destino do velho xerife Blaine (Interpretado por um envelhecido Glenn Ford). No passado ele foi o ás do gatilho, um pistoleiro temido, jamais vencido. Agora, entrando na velhice, ele procura por uma certa estabilidade na vida. Se torna xerife e começa a ter um relacionamento com a dona do saloon local, a bela Lisa Denton (Angie Dickinson). O problema é que seu passado não o abandona. De vez em quando chega uma forasteiro na cidade onde trabalha justamente para duelar com ele. Todos os pistoleiros querem o título e a honra de terem matado o homem que era considerado o mais rápido gatilho do oeste. Para Blaine não sobra outra alternativo do que enfrentá-los, já que uma recusa o colocaria na posição de covarde, algo fatal para um xerife. 

Um a um eles vão sendo mortos por Blaine, até o dia em que durante uma pescaria ele conhece esse jovem, Lot McGuire (Chad Everett), e acaba simpatizando com ele. A questão é que esse nada mais é do que mais um desafiante em sua vida. Blaine não quer matá-lo, mas pelo visto não terá outra alternativa. A direção de Richard Thorpe (que dirigiu o sucesso musical "O Prisioneiro do Rock" com Elvis Presley) é um tanto burocrática. Thorpe, que também produziu o filme, não parece ter pressa em contar sua história, o que dá um ritmo próprio ao filme, bem mais cadenciado. Isso não é necessariamente um defeito, mas uma marca do filme. Em termos de elenco o astro Glenn Ford até que cumpre seu papel, meio preguiçosamente é verdade, até porque naquela altura de sua carreira ele já não tinha mais nada a provar. O curioso é que Ford parecia sempre usar o mesmo figurino em todos os seus faroestes - até mesmo o chapéu era o mesmo! Por fim a presença de Angie Dickinson também chama muito a atenção. A atriz era bem jovem quando o filme foi feito e se sai muito bem em sua atuação (apesar da pouca idade). Ela em breve deixaria esse tipo de personagem, a de heroínas apaixonadas, para se destacar em uma bela carreira no cinema, em dramas fortes e de muita carga dramática.

Pablo Aluísio.

O Passado Não Perdoa

Título no Brasil: O Passado Não Perdoa
Título Original: The Unforgiven
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Huston
Roteiro: Ben Maddow, baseado no livro de Alan Le May
Elenco: Burt Lancaster, Audrey Hepburn, Audie Murphy, Lillian Gish
  
Sinopse:
O filme narra as lutas do clã Zachary. O patriarca foi morto há muitos anos pela tribo Kiowa. Agora a liderança da família pertence ao irmão mais velho, Ben Zachary (Burt Lancaster). Ao mesmo tempo em que negocia gado ele precisa manter a salvos seus irmãos mais jovens, entre eles Cash (Audie Murphy) e Rachel (Audrey Hepburn). Essa última tem traços indígenas, o que leva algumas pessoas da região a desconfiarem de que ela na verdade seria Kiowa. A relativa tranquilidade dos Zacharys muda completamente quando guerreiros nativos voltam para seu rancho. Eles querem Rachel, o que dará origem a uma nova guerra entre brancos e índios.

Comentários:
Só o simples fato de ter sido dirigido pelo mestre John Huston já chama a atenção. Quem conhece a obra desse cineasta sabe muito bem que ele nunca rodou filmes banais, que caíssem no lugar comum. É verdade que Huston não realizou muitos filmes de faroeste ao longo de sua carreira, mas quando o fez certamente caprichou. Não há outra qualificação para essa produção, trata-se de mais uma obra prima da filmografia desse talentoso diretor. O roteiro mostra a vida da família Zachary. Eles vivem há décadas em um rancho em um território dominado pela tribo Kiowa. De tempos em tempos ocorrem matanças entre brancos e nativos. Depois de um longo período de paz eles retornam. Querem Rachel (Hepburn) que eles alegam ter sido raptada de sua tribo no passado. Acontece que Rachel já é uma mulher adulta, plenamente integrada à sociedade civilizada. Ela jamais seria levada de volta para as montanhas onde vivem os Kiowas. Para Ben (Lancaster) essa hipótese jamais poderia ser nem ao menos cogitada. A recusa dele para os Kiowas eleva à tensão ao máximo, o que desencadeia uma nova era de conflitos entre os brancos e índios da região. 

Huston não se contenta em apenas contar um filme onde nativos são vilões e colonizadores brancos são mocinhos. Ele procura desenvolver cada personagem, cada membro da família Zachary. Com um elenco maravilhoso em mãos, Huston criou um filme que é considerado um dos melhores da década de 1960. Além dos familiares protagonistas da estória, Huston inseriu um personagem por demais interessante, um homem velho em roupas de soldado confederado que passa de tempos em tempos proclamando profecias e trechos do velho testamento, tal como se fosse um profeta do velho oeste. Outro aspecto que chama a atenção é o tema do racismo. Em pleno auge da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, Huston soube como poucos tratar sobre o tema racial de uma forma extremamente inteligente. Se formos analisar atentamente veremos que esse faroeste tem como tema central justamente a diferença de raças e o preconceito sempre latente na mente humana. Em conclusão, temos aqui um excelente filme, genial realmente. Tudo acontece no seu devido tempo e Huston se mostra mais uma vez como um verdadeiro artesão da sétima arte. "The Unforgiven" é item obrigatório em qualquer coleção de western de respeito. Não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de outubro de 2017

Um Colt... para os Filhos do Demônio

Título no Brasil: Um Colt... para os Filhos do Demônio
Título Original: Al Di Là Della Legge
Ano de Produção: 1968
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Roxy Film
Direção: Giorgio Stegani
Roteiro: Warren Kiefer, Mino Roli
Elenco: Lee Van Cleef, Antonio Sabato, Gordon Mitchell
  
Sinopse:
Três vigaristas liderados pelo bandoleiro e pistoleiro Billy Joe Cudlip (Lee Van Cleef) tentam colocar as mãos numa pequena fortuna, na verdade a folha de pagamento de uma empresa de mineração e ferrovias do velho oeste. Fingindo ser um homem bom, honesto e íntegro o bandido Billy Joe consegue ainda mais, se tornando xerife da cidade. No fundo o que ele deseja mesmo é dar um grande golpe para fugir em direção ao deserto, rico e livre da lei.

Comentários:
O filme foi lançado nos Estados Unidos com o título "Beyond The Law". No Brasil recebeu esse título nacional no mínimo curioso e diria até adequado pois os filmes do estilo Western Spaghetti sempre chegavam em nossos cinemas com títulos desse tipo, bem chamativos, muitas vezes comicamente sensacionalistas. O roteiro desse filme soube muito bem explorar o talento do ator Lee Van Cleef. Há uma certa comicidade quando seu personagem, um vagabundo, facínora e ladrão, começa a enganar a todos como um xerife honesto e honrado. Ele troca os farrapos por um terno elegante e acaba incorporando a imagem de bom moço, algo que ele nunca foi de verdade. Os elementos de humor foram bem inseridos e são espontâneos, nada forçados ou ao estilo pastelão. Há também boas cenas de ação, em especial a que Cleef enfrenta um bando de desordeiros. O diretor Sergio Sollima parece ter a intenção de demonstrar com seu filme que as circunstâncias podem mudar o cárater de uma pessoa. Mesmo sendo apenas um pilantra ladrão o Billy Joe de Cleef começa aos poucos a ter momentos de justiça e honra em suas atitudes. Apesar de ser um bom momento na carreira de Lee Van Cleef ele foi prejudicado pela má qualidade das cópias durante sua comercialização no mercado de vídeo VHS há alguns anos. No Brasil o filme foi lançado pelo selo Century Vídeo numa qualidade sofrível que deixou muito a desejar. De qualquer maneira, pelos toques de inteligência que apresenta em seu roteiro esse é certamente um bom Western Spaghetti a se conhecer, principalmente pelo fato de que quando foi lançado o estilo estava em seu auge de popularidade, ganhando espaço inclusive no circuito norte-americano de cinemas, um feito e tanto para uma produção italiana naqueles tempos distantes.

Pablo Aluísio.

Keoma

Título no Brasil: Keoma
Título Original: Keoma
Ano de Produção: 1976
País: Itália
Estúdio: Uranos Cinematografica
Direção: Enzo G. Castellari
Roteiro: Luigi Montefiori, Mino Roli
Elenco: Franco Nero, William Berger, Olga Karlatos, Orso Maria Guerrini
  
Sinopse:
Após o fim da guerra civil o misterioso Keoma (Franco Nero) surge das ventanias do deserto de volta ao seu antigo lar. Para sua infelicidade descobre que o lugar está dominado por uma quadrilha de bandoleiros. Logo ele entende que precisará fazer algo e sozinho, pois não consegue confiar em absolutamente mais ninguém sob a face da Terra. Keoma veio para espalhar justiça e pavor entre os bandoleiros e malfeitores em geral, tudo isso feito ao seu próprio modo. 

Comentários:
Qualquer retorno de Franco Nero ao Western Spaghetti era comemorado pelos fãs do estilo. Isso porque ele foi um dos atores mais populares desse gênero cinematográfico tendo estrelado o filme de maior bilheteria do cinema italiano da época, "Django". Embora procurasse sempre desenvolver um trabalho paralelo ao faroeste o fato é que sempre retornava, até porque a oferta dos produtores era generosa. Ter Franco Nero estrelando filmes sobre o velho oeste era bilheteria certa. Em 1976 o Spaghetti já caminhava para seu fim, mas Nero deu o ar de sua graça novamente em "Keoma". Seu visual estava bem diferente, com longas barbas, como se fosse um caçador de ursos das montanhas. O diretor Enzo G. Castellari rejeitou a ideia de fazer um filme com bom humor e cenas pastelão como vinha ficando comum no Spaghetti. Ao invés disso determinou que o roteiro fosse mais realista, sem gracinhas estúpidas. Essa seriedade acabou atraindo Franco Nero para o projeto, já que ele próprio vinha se irritando com a mistura de cenas de comédia em filmes de western. Era algo que nunca lhe agradou. O curioso é que o roteiro também empresta uma dimensão surrealista ao personagem, como se ele fosse uma entidade de aspecto quase religioso e redentor. O uso de flashbacks também se mostra muito bem realizado. Destaque para o clímax do filme, que se tornou um marco do cinema italiano da época. Em suma, um filme diferente, que poucos realmente entenderam completamente em seu lançamento original, mas que hoje em dia ganhou um status de cult movie, por causa de suas boas ideias e produção com temática diferenciada.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de outubro de 2017

Califórnia Adeus

Título no Brasil: Califórnia Adeus
Título Original: California
Ano de Produção: 1977
País: Itália, Espanha
Estúdio: Uranos Cinematografica, Belma Cinematografica
Direção: Michele Lupo
Roteiro: Roberto Leoni
Elenco: Giuliano Gemma, Raimund Harmstorf, Miguel Bosé
  
Sinopse:
Giuliano Gemma interpreta Michael "California" Random, soldado confederado que está há muitos anos preso numa cadeia militar controlada pela União. Quando a guerra civil americana finalmente chega ao fim ele é colocado em liberdade. Ao lado de um amigo, Willie Preston (Miguel Bose), ele pretende recomeçar sua vida de alguma maneira. Para sobreviver porém precisam escapar de Rupp Whittaker (Raimund Harmstorf), um caçador de recompensas que está decidido a caçar ex-confederados.

Comentários:
No final da década de 70 o gosto do público italiano e europeu em geral mudou. Os filmes de western spaghetti já não rendiam tanta bilheteria como na década anterior. Os dramas e filmes policiais estavam dominando o mercado. Um grupo de cineastas tentou revitalizar o faroeste italiano introduzindo novos elementos. Entre eles estava o diretor Michele Lupo. Seu filme "Califórnia Adeus" foi uma tentativa de reconquistar o mercado. Para isso ele escalou um dos ídolos do estilo, Giuliano Gemma. Muito se falou na época de lançamento do filme que Gemma finalmente encarnava um pistoleiro mais sombrio, cinzento, com um passado negro a superar. Até então os personagens de Giuliano Gemma eram mais simpáticos, ao estilo bom mocinho. Enquanto seu rival nas telas, Franco Nero, interpretava tipos indigestos, cruéis e violentos, Gemma sempre surgia como um homem bom que pelas circunstâncias tinha que pegar em armas. Aqui houve uma mudança nesse estilo. Seu personagem do soldado confederado Michael "California" Random não faz a linha do "good guy" ou "Sunny boy", do bom rapaz. O diretor Lupo também fez questão de providenciar um cenário de acordo com o enredo do filme. As construções geralmente estão em quase ruínas, fruto obviamente das bombas do exército inimigo. São pequenos detalhes que contam muito em um filme como esse. O cineasta também acertou na atmosfera e no clima geral em que se passa a estória. Tudo é muito nebuloso, deprimente e melancólico. Tal como realmente deve ter sido ao final da guerra civil. Em suma, se "Califórnia Adeus" não conseguiu revitalizar o western spaghetti pelo menos trouxe um inegável saldo de qualidade no gênero. Sem dúvida é um dos melhores exemplares na fase final desse movimento cinematográfico.

Pablo Aluísio.

Jardim do Pecado

Título no Brasil: Jardim do Pecado
Título Original: Garden of Evil
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Frank Fenton, Fred Freiberger
Elenco: Gary Cooper, Susan Hayward, Richard Widmark, Hugh Marlowe
  
Sinopse:
Dois americanos, Hooker (Cooper) e Fiske (Richard Widmark), acabam parando em um vilarejo mexicano à beira-mar chamado Puerto Miguel, após o navio em que viajavam apresentar problemas. Eles estão de viagem para a Califórnia para participarem da corrida do ouro. Enquanto esperam o tempo passar em um bar local são procurados por Leah Fuller (Susan Hayward). Ela está disposta a pagar uma quantia absurda, mil dólares, a cada homem que se propuser a lhe ajudar. Seu marido está preso numa mina da região e precisa de ajuda para sobreviver. Como a proposta é tentadora, Hooker e Fiske acabam aceitando a oferta. O que eles não poderiam imaginar é que a mina se localiza em território Apache, uma região infestada de guerreiros selvagens prontos a matar qualquer homem branco que se atrever a cruzar suas fronteiras.

Comentários:
Aqui temos mais um clássico western estrelado pelo astro Gary Cooper. O filme foi realizado apenas dois anos após seu grande sucesso no gênero, "Matar ou Morrer", uma verdadeira obra prima, imortal. Talvez por essa razão os roteiristas resolveram criar um passado de ex-xerife para o protagonista interpretado pelo ator. Ele como sempre está perfeito em cena. Seu personagem faz um contraponto com o de Richard Widmark. Enquanto Cooper é equilibrado, contido e cauteloso, Widmark dá vida a um impulsivo e inconsequente jogador de cartas do velho oeste, sempre com uma ironia maldosa na ponta da língua. Ele é cinicamente mordaz e deixa claro para todos que só está naquela jornada por causa do dinheiro e nada mais. O interessante desse faroeste é justamente isso. O argumento tem um viés psicológico inesperado para esse tipo de filme. Todos os personagens, por essa razão, são bem construídos pelo roteiro. Um exemplo claro vem com a Leah de Susan Hayward. Longe das heroínas indefesas dos filmes de faroeste americano ela interpreta uma mulher com um semblante de mistério no ar. Acusada pelo próprio marido de só pensar no ouro das minas e não nas pessoas ela jamais pensa em se defender das acusações que lhe são feitas, talvez por serem verdadeiras. 

Misoginia do roteiro? Provavelmente.... quem poderia saber? Deixando um pouco de lado essa complexidade dos personagens no roteiro, o filme apresenta ainda ótimas sequências de ação, as melhores delas passadas em um desfiladeiro traiçoeiro cheio de falhas e abismos pelo meio do caminho. Imagine galopar em alta velocidade em um lugar como esse! Por isso a equipe de cowboys e dublês que realizaram essas cenas estão de parabéns pois fica claro que todos eles correram perigo real de vida ao se arriscarem naquelas locações íngremes. Filmar naqueles rochedos definitivamente não deve ter sido fácil para ninguém. Para complicar ainda mais a tal mina para onde se dirigem os personagens do filme se localiza numa região de rochas vulcânicas, criando um clima bem peculiar ao filme em si por causa desses cenários naturais. A poeira levantada pelos cavalos é negra e espessa, algo que não se vê muito nesse tipo de produção. Em suma, pelos cuidados dispensados aos papéis que os atores interpretaram, pelas ótimas cenas no alto do desfiladeiro e pelo seu viés psicológico, só temos que elogiar "Garden of Evil". Esse é um faroeste diferente, muito bem desenvolvido em suas premissas básicas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

No Coração do Oeste

Título no Brasil: No Coração do Oeste
Título Original: Station West
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Sidney Lanfield
Roteiro: Frank Fenton, Winston Miller
Elenco: Dick Powell, Jane Greer, Agnes Moorehead
  
Sinopse:
Dois militares, membros da cavalaria americana, são mortos de forma covarde enquanto transportavam ouro por uma região do deserto de Nevada. Os criminosos fogem com a pequena fortuna. Para descobrir quem teria cometido o crime o serviço de inteligência do governo dos Estados Unidos resolve enviar um agente disfarçado de minerador para as montanhas, de onde supostamente partiu o bando de bandidos que promoveu o latrocínio federal. Filme indicado ao Writers Guild of América na categoria de Melhor Roteiro - Western (Frank Fenton e Winston Miller).

Comentários:
Um faroeste que se propõe a ser um pouco diferente. Ao invés das armas o protagonista do filme, John Haven (Dick Powell) procura investigar um roubo de ouro pertencente ao tesouro dos Estados Unidos da América. A única pista que tem é a região onde o crime foi cometido. No lugar, bem no meio do nada de um deserto hostil, existem várias comunidades formadas por mineradores, homens em busca do eldorado, da fortuna do metal precioso. Com as jazidas quase exauridas só resta a muitos deles o puro desespero. E isso inclui cometer atos criminosos que chocam todo o país. A gota d'água vem quando soldados da cavalaria são mortos, de forma covarde e sem possibilidade de defesa. A partir daí o serviço de inteligência entra em cena para desvendar a autoria de crime tão bárbaro. Esse é um western do estúdio RKO, que foi muito popular nos anos 40. Infelizmente foi também uma das majors que não suportou ao teste do tempo, entrando em falência. Talvez o grande problema desse filme até bom seja a escalação do ator Dick Powell como o protagonista. Powell não era um mal profissional, porém nunca o vi como um astro adequado para o faroeste. Ele se dava melhor em filmes mais artísticos, com música, dança e romance. Ele nunca foi muito associado ao papel de cowboy, se saindo melhor em dramas românticos, por exemplo. Embora o roteiro seja muito bem escrito ele teria sido melhor aproveitado com um John Wayne ou até quem sabe Randolph Scott no papel principal. Powell nunca me soa convincente e esse é seguramente um problema e tanto. De qualquer maneira vale a pena ao menos conferir um vez, nem que seja por mera curiosidade histórica.

Pablo Aluísio.

Uma Winchester Entre Mil

Título no Brasil: Uma Winchester Entre Mil
Título Original: Killer, adios
Ano de Produção: 1968
País: Itália, Espanha
Estúdio: Concord Film, Copercines Studios
Direção: Primo Zeglio
Roteiro: Mario Amendola
Elenco: Peter Lee Lawrence, Marisa Solinas, Armando Calvo
  
Sinopse:
Jess Brayn (Peter Lee Lawrence) é um ex-pistoleiro veterano que resolve voltar para sua cidadezinha natal após passar longos anos percorrendo o velho oeste. De volta ao lar ele percebe que a região está dominada por um homem rico e inescrupuloso que logo se torna seu inimigo. Enquanto tenta reconquistar seu velho amor de juventude, ele precisa de alguma forma trazer a paz e a justiça para aquele lugar esquecido por Deus.

Comentários:
Mais um western spaguetti que foi lançado no auge da popularidade do gênero. O filme tem uma boa produção e é tecnicamente bem feito (algo que nem sempre era muito comum nesse tipo de filme na época). Visando o mercado americano os produtores fizeram o filme no bonito sistema Techniscope, que inegavelmente trouxe um visual bem interessante, com cores vibrantes e vivas. Pena que esse capricho não foi levado para outros aspectos do filme, como seu roteiro, por exemplo, que deixa a desejar, se revelando muito derivativo e sem maiores novidades. O diretor Primo Zeglio (que também era um produtivo roteirista de filmes de western italianos) descuidou nesse ponto, o que era de surpreender uma vez que ele sempre fora um roteirista de ofício. Curiosamente esse seria seu último filme pois em pouco tempo abandonaria o cinema. Já o astro principal, Peter Lee Lawrence, tinha jeito e nome de ator americano de faroeste, só que na verdade não era (algo que era bem costumeiro acontecer em filmes italianos). Na verdade seu nome era Karl Hyrenbach e ele era alemão. Morreu muito jovem, com apenas 30 anos de idade. Os fãs de Spaguetti o conhecem mais por fitas como "Dólares de Sangue para McGregor" e "Arizona Kid", que também foram lançados no Brasil, com relativo sucesso comercial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Rua dos Conflitos

Título no Brasil: Rua dos Conflitos
Título Original: Abilene Town
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: Ernest Haycox, Harold Shumate
Elenco: Randolph Scott, Ann Dvorak, Edgar Buchanan, Rhonda Fleming, Lloyd Bridges
  
Sinopse:
1870. A guerra civil deixa rastros de morte e destruição por toda a nação norte-americana. Em Abilene (uma conhecida cidade do velho oeste, famosa por suas belas planícies) o xerife Dan Mitchell (Randolph Scott) tenta colocar ordem e justiça pelas vastas terras da região. O lugar passa por um conflito violento envolvendo colonos e criadores de gado que decidem contratar pistoleiros violentos para impor seu ponto de vista a todos os moradores da cidade.

Comentários:
Um filme estrelado pelo astro do western Randolph Scott atuando como um bravo e honesto xerife do velho oeste já é um bom motivo para se assistir. Some-se a isso o bom roteiro e o elenco de apoio acima da média (que conta inclusive com um jovem Lloyd Bridges como o líder dos colonos) e você terá no mínimo uma boa diversão. Não é uma grande produção, na verdade foi um faroeste de orçamento mediano bancado pela United Artists. O estilo procura ser o de diversão familiar, sem muita violência ou cenas de impacto. Um filme tipicamente produzido para as matinês de cinema que faziam grande sucesso na década de 1940. Há um pouco de romance, com o personagem de Scott disputando o coração de duas mulheres, a garota de um saloon (interpretada por Ann Dvorak) e a de uma jovem mocinha, Rhonda Fleming (bem carismática e diria até encantadora). Enquanto o xerife luta contra os bandidos ainda há espaço para um pouco de música, com um bom número musical a cargo da atriz Ann Dvorak. Tudo um tanto leve e ameno. Essa cidade de Abilene sempre surgia em filmes de faroeste porque historicamente ela foi um centro de carga e descarga de grandes carregamentos de gado. Depois que as manadas eram enviadas para todo o país (em vagões de trem), os cowboys, pistoleiros e todos os tipos violentos que povoavam o oeste americano ficavam na cidade, pelos saloons, causando todos os tipos de confusões. Ser xerife de um lugar assim definitivamente não era algo fácil. O diretor Edwin L. Marin trabalhou em vários filmes ao lado de Randolph Scott e morreu precocemente, com apenas 52 anos de idade. Uma perda lamentada muito pelo ator que perdeu um de seus mais leais colegas de trabalho.

Pablo Aluísio.

Sartana no Vale dos Gaviões

Título no Brasil: Sartana no Vale dos Gaviões
Título Original: Sartana nella valle degli avvoltoi
Ano de Produção: 1970
País: Itália
Estúdio: Victor Produzione
Direção: Roberto Mauri
Roteiro: Roberto Mauri
Elenco: William Berger, Wayde Preston, Aldo Berti
  
Sinopse:
Lee Galloway (William Berger) é um pistoleiro condenado que é contratado para liquidar um grupo de irmãos, bandidos da pior espécie. Uma vez do lado de fora das grades ele precisa sobreviver ao ambiente hostil do deserto na região conhecida como Vale da Morte, onde apenas poucos homens conseguiram sair vivos de lá. Quando rouba um cavalo começa a ser perseguido de modo implacável pelas areias escaldantes daquela região seca e árida.

Comentários:
Uma produção B, tão típica do Western Spaghetti. Antes de qualquer coisa é bom saber que o roteiro na verdade nada tem a ver com o famoso (e comercial) personagem Sartana. Os produtores, em um ato tipicamente picareta, resolveram acrescentar seu nome apenas para faturar nas bilheterias. Tirando isso até que o roteiro tem algumas sacadas bem boladas. Por exemplo, em determinado momento do filme o personagem Lee se vê no deserto fortemente armado, mas sem cavalo, enquanto seus inimigos - um grupo de bandoleiros - tem todos os cavalos, mas nenhuma arma! No mínimo divertido! O ator William Berger não queria fazer o filme, mas foi obrigado por ter assinado um contrato para três produções (ele já havia feito dois anteriores e realizar essa produção significava que ele estaria livre). O ator parece cansado em cena, pouco disposto a atuar bem. A feição é de aborrecimento. Também pudera, o filme como um todo é mal feito mesmo. A trilha sonora, com um folk rock até diferente, ajuda um pouco, mas no geral "Sartana no Vale dos Gaviões" é abaixo da média do cinema italiano de faroestes. Esse pode ser dispensado sem maiores problemas.

Pablo Aluísio.