sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Arianismo e a Igreja Católica

Desde os primórdios do cristianismo se debateu bastante sobre a natureza divina de Jesus. Seria o Cristo o próprio Deus ou alguém abaixo da divindade, apenas com poderes de cura e perdão, mas sem se ligar diretamente ao Deus único dos judeus? Os primeiros membros da Igreja Católica em suas comunidades orientais defendiam que Jesus e Deus era uma só entidade. Jesus era o Deus que se fez homem, encarnando na terra para viver entre os homens de seu tempo. O verbo se fez carne, como diria uma conhecida frase dos primórdios do catolicismo.

Essa ideia acabou sendo combatida por um pregador nascido no Egito chamado Ário. Ele viveu por volta do século quarto da nossa era. Culto e enigmático, conseguiu reunir um grande número de adeptos. Ário tinha uma visão diferente de Jesus Cristo. Em sua opinião o messias de fato havia sido o homem mais elevado espiritualmente a caminhar entre a humanidade, mas que em essência era homem e não Deus. Essa forma de encarar Jesus deu origem ao Arianismo, que pregava que o homem poderia ser também extremamente evoluído espiritualmente, tal como Jesus o foi, mas que jamais conseguiria alcançar a glória e a magnitude de Deus, esse ser perfeito e único. Jesus e Deus eram duas individualidades e não apenas uma, como queria fazer crer a Igreja.

Esse tipo de visão ideológica se espalhou e começou a preocupar os doutores e membros do alto clero. O imperador Constantino ainda vivia e estava preocupado com a falta de unidade de pensamento dos membros da Igreja Católica - apesar do arianismo não ser oficialmente adotado pela doutrina cristã muitos bispos da época começavam a adotar sua ideologia, inclusive em seus sermões. Para resolver esse e outros impasses Constantino resolveu reunir os maiores nomes ligados à Igreja Católica para debater o tema. Surgiu assim o encontro em Niceia.

Durante vários dias, bispos e membros da Igreja debateram sobre a verdadeira natureza de Cristo. Havia bons argumentos de ambos os lados mas a visão que prevaleceu foi a da Igreja oriental - já naquela época chamada de ortodoxa - que defendia a tese de que "Cristo e Deus tinham a mesma matéria". Muitos historiadores da teologia cristã afirmam hoje em dia que o debate em Niceia foi muito prejudicado pela falta de mais representantes da Igreja ocidental, que por um motivo ou outro, não fizeram a longa jornada em direção àquela distante cidade.

De uma forma ou outra o arianismo foi deixado de lado pela Igreja Católica de uma vez por todas. A partir daquele momento ficou determinado que "Jesus e Deus formavam uma única pessoa e que Jesus era o próprio Deus que veio ao mundo para salvar a humanidade". Ário morreu provavelmente em 339 mas sua doutrina não! Ela encontrou franco adesão entre os povos bárbaros que vinham do norte da Europa. Ostrogodos e visigodos adotaram a visão ariana de Jesus Cristo. Hoje essa teologia pode inclusive ser encontrada em religiões modernas, como o próprio espiritismo que defende que Jesus era um espírito evoluído mas não o próprio Deus, que seria inalcançável em seu poder e glória.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os Anjos Caídos

Em todas as religiões antigas existiram deuses do mal. No Zoroastrismo, por exemplo, havia um deus representando o bem e o outro o mal absoluto. O antagonista e o protagonista. Dentro da religião cristã não é o que acontece. Embora muitos pensem que a figura de Satanás ou Lúcifer ocupe esse papel isso não é absolutamente uma verdade. O diabo não é um deus e tampouco está na mesma esfera do que o Deus único do cristianismo e do judaísmo. Na verdade Satanás não é um Deus, um criador, mas sim uma criatura, um anjo que caiu em desgraça.

Tanto no velho testamento como no livro do Apocalipse essa figura do mal é associada a um anjo, um anjo caído. Apenas isso. E o que seria um anjo caído? Afirma a teologia cristã que um grupo de anjos se rebelou contra Deus. Liderados pelo arrogante e vaidoso Lúcifer (o anjo da luz) eles foram banidos do céu para todo o sempre. Caíram nas fossas infernais e lá permanecerão pela eternidade sem fim. Assim Lúcifer e seus demônios não podem competir com o poder e a glória de Deus pois esse é o grande criador do universo enquanto as legiões do inferno são formadas por criaturas imperfeitas, pecadoras e imundas, os anjos que caíram do céu.

O Velho testamento não fala muito sobre Satã. Ele é mencionado poucas vezes e a tradição o associou à serpente que deu a maçã proibida a Eva no Gênesis. Depois disso ele é citado em passagens esporádicas, geralmente assumindo a função de tentador, um ser que tem como objetivo levar o homem a perder a salvação. Como todo anjo esse não tem o poder de dominar a humanidade, mas apenas tentar os humanos. Outro aspecto interessante é que depois do velho testamento há uma verdadeira explosão de menções ao nome de Satã no novo testamento, inclusive envolvidos em possessões demoníacas.

Jesus não perde muito tempo explicando ou dialogando com esses anjos caídos. Em um trecho apenas afirma que o diabo teria sido homicida desde o começo, desde o início dos tempos. Também qualifica esses seres de imundos e outras denominações equivalentes. Quando Jesus nas escrituras encontra um anjo caído possuindo alguma pessoa ele simplesmente a expulsa em nome de Deus. Assim foi com Maria Madalena que se tornaria a partir daí uma das mais fiéis seguidores de Jesus Cristo em sua caminhada no meio da humanidade. Por fim, no Apocalipse, o destino desses anjos é traçado. Eles serão varridos do universo pelo poder de Deus. A justiça divina se firmará entre todos os que forem salvos pela glória de Deus e seu divino amor irá reger todas as coisas para todo o sempre, amém.

Pablo Aluísio.

Padre José de Anchieta

A Igreja Católica está em festa em nosso país. O Padre José de Anchieta foi canonizado pelo Vaticano. Essa grande figura da história tem grande valor para nossa cultura e nosso país, pois sua história de vida está interligada com a própria história do Brasil. Anchieta era espanhol de nascimento mas brasileiro de coração. Ele nasceu no dia 19 de março de 1534 nas Ilhas Canárias que pertenciam ao Império Espanhol. Quando jovem foi estudar filosofia na Universidade de Coimbra em Portugal e lá sua vocação se manifestou. Sem pensar muito e atendendo ao chamado de Deus ele se aliou às fileiras da Companhia de Jesus, onde se tornou jesuíta com apenas 18 anos.

Os Jesuítas tinham a missão de levar a palavra de Deus para terras distantes, evangelizar os povos ainda em formação. Assim em 1553 ele foi enviado para a colônia do Brasil, naquela época ainda uma nação em formação, com muitas terras selvagens e nativos que não conheciam o cristianismo. Anchieta pisou em terras brasileiras e se fixou inicialmente em Salvador (BA), naquele período histórico a mais rica capitania da colônia. Lá Anchieta se uniu ao padre Manuel de Nóbrega e seus missionários.

A vida no Brasil não era fácil. Não havia estrutura nenhuma e as doenças, a falta de condições adequadas de higiene e a precariedade do poder político deixava tudo mais complicado. Mesmo assim o jesuíta, preparado para levar uma vida dura e de austeridade, seguiu em frente com sua missão.

Ele foi enviado então para a missão de Piratininga. Não havia nada na região a não ser algumas tribos de índios nativos. Ali os jesuítas construíram e fundaram uma escola. A missão dos jesuítas sempre estavam ligadas com obras de caridade que envolviam educação, saúde e evangelho para as comunidades da região. Esse colégio jesuíta acabou se tornando o marco zero da fundação da cidade de São Paulo que anos depois iria se transformar na maior metrópole do Brasil. O próprio nome São Paulo foi dado pelos jesuítas pois a primeira missa celebrada na região  celebrava a conversão do apóstolo Paulo (antes Saulo) ao cristianismo.

José de Anchieta dedicou especial carinho para os Índios. Homem culto e intelectual logo procurou aprender a língua dos povos índigenas. Assim que a aprendeu traduziu o evangelho para o Tupi. Também escreveu obras de gramática, teologia, peças de teatro e hinos religiosos na língua dos amados índios. Como era muito primitiva a época ele ensinava escrevendo nas areias da praia, para tornar o aprendizado dos nativos mais fácil. Isso acabou entrando na cultura de nosso país e em vários quadros Anchieta é retratado assim, pregando e ensinando na beira do mar, com uma simplicidade e devoção ao próximo jamais vista.

Continuou escrevendo, em português, latim, tupi e guarani, até que foi enviado ao Rio de Janeiro onde fundou uma nova escola. Diplomata participou de negociações de paz entre tribos e portugueses, tudo com o objetivo de evitar uma guerra entre as etnias. Continuou suas viagens, conhecendo um Brasil que poucos conheciam, levando a palavra de Deus a todos os rincões perdidos de nossa nação.

Homem corajoso e íntegro virou um símbolo para os religiosos do Brasil. Depois de tantas viagens, fundando missões, igrejas, escolas e hospitais finalmente veio a falecer em 9 de junho de 1597 na pequenina vila de Reritiba, situada numa região que faria parte do futuro estado do Espírito Santo. Essa localidade seria rebatizada depois de séculos com o nome de Anchieta, em devoção ao santo querido.

Anchieta foi um homem de letras e ação. Foi sacerdote, historiador, professor e poeta. Ajudou a distante colônia portuguesa a criar uma noção de país, terra, servindo de ligação para as culturas portuguesas, nativas e africanas. Foi profundo conhecedor do povo brasileiro que naquele momento se formava no horizonte. Dedicou toda sua vida à pregação do evangelho por todos os lugares por onde passou. Viajou a pé, de burritos e encarou todas as adversidades apenas para evangelizar o povo brasileiro onde quer que ele estivesse. 

Por essas e outras razões recebeu de forma muito justa o título de  “Apóstolo do Brasil”!
O Papa Francisco, um jesuíta tal como foi Anchieta, canonizou esse grande nome. Um homem santo que merece todo nosso respeito e devoção.

Pablo Aluísio.

Nossa Senhora de Fátima

No dia 13 de maio de 1917 Nossa Senhora fez sua primeira famosa aparição a três pequeninas crianças em Fátima, Portugal. Lúcia, Francisco e Jacinta foram os escolhidos por Maria, Mãe de Jesus, para transmitir sua mensagem para toda a humanidade. O surgimento de Nossa Senhora havia sido precedida por três aparições de anjos celestiais no local. Esses anjos tinham surgido para as crianças com o propósito de lhes preparar para a chegada de Nossa Senhora de Fátima. Segundo Lúcia recordaria depois os anjos tinham uma aparência de espíritos de pura luz e brilho.

Maria, mãe de Jesus, surgiu aos três pastorinhos na Cova da Iria ao meio dia. Lúcia assim a descreveu: "Era uma Senhora vestida de branco e mais brilhante que o Sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.

A sua face, indescritivelmente bela, não era nem triste, nem alegre, mas séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peito e voltadas para cima. Da mão direita pendia um rosário. As vestes pareciam feitas só de luz. A túnica era branca e branco o manto, orlado de ouro que cobria a cabeça da Virgem e lhe descia até aos pés. Não se Lhe viam os cabelos nem as orelhas."

Maria antecipou que iria surgir em novas aparições sempre no dia 13 de cada mês. Maria tratou de diversos temas mas dedicou especial atenção ao que vinha acontecendo na Rússia. O país estava caindo nas garras do comunismo ateu Marxista, dominação ideológica que subjugaria aquele povo por mais de sete décadas de ditadura vermelha brutal e sanguinária.

Sua mensagem também revelava três segredos sobre o futuro da humanidade. Muitos anos depois a Congregação para a Doutrina da Fé finalmente revelou o inteiro teor da mensagem de Fátima. Maria reforçava a fé na Igreja, como parte do corpo de Cristo em nosso mundo. O núcleo da mensagem também era um apelo de Nossa Senhora para que a humanidade se convertesse genuinamente a Jesus Cristo e ao seu evangelho. As crianças foram exaltadas por Maria para que transmitissem sua mensagem ao mundo, e que as pessoas se arrependessem de seus pecados, fizessem penitência e voltassem de corpo e alma para a fé em Deus e Jesus Cristo.

Maria também alertou que todos exercitassem sua liberdade de forma correta, afastando-se do pecado para voltar a Deus em seu plenitude. Também salientou a importância da missão redentora de Jesus Cristo através do trabalho missionário da Igreja. Maria avisou que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, promovendo mais guerras e novas perseguições à Igreja. Os bons seriam martirizados e o Papa sofreria imensamente. As nações sob julgo do comunismo viveriam dias terríveis. Maria disse a Lúcia: "“A Rússia será o instrumento de castigo escolhido pelo Céu para punir o mundo inteiro, se, de antemão não obtivermos a conversão dessa pobre nação ...”

Maria também previu em sua mensagem o fim da Primeira Guerra, a chegada da Segunda Guerra Mundial e o terrível mal que ela causaria em todos os povos do mundo. Por fim deixou o pedido para que a Rússia fosse consagrada ao seu imaculado coração pelo Papa. Essa consagração seria realizada décadas depois por João Paulo II que tinha uma grande devoção Mariana. Depois que a Rússia foi consagrada ao imaculado coração de Maria seu regime comunista veio abaixo, poucos meses depois da realização da cerimônia no Vaticano.

Os comunistas que por décadas tinham perseguidos cristãos na União Soviética, viam com seus próprios olhos o fim do comunismo naquela nação. As enormes estátuas dos genocidadas Stálin e demais ídolos assassinos do regime vieram ao chão em toda a Rússia. Os países satélites ao regime de ferro e fogo soviético proclamaram suas independências, saindo finalmente do julgo daquele sistema brutal e genocida, algo que Maria também previra em sua aparição de forma clara ao dizer: "Por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz."

E assim como Maria havia previsto o Papa passaria por grande provação. João Paulo II sofreu um atentado no Vaticano que quase custou sua vida. Segundo o próprio Papa ele só não morreu porque Maria e seus anjos o salvaram no último minuto da bala assassina. Sua devoção a Maria só aumentou depois desse fato. João Paulo II também atribuia essa tentativa de assassinato ao terceiro segredo de Fátima que havia sido mantido sigiloso pela Igreja Católica por longos anos. 

Maria também deu aos pequenos uma visão do inferno e daquilo que esperava todos aqueles que cometiam crimes contra Deus e seu Imaculado Coração. Lúcia relembrou esse dia ao escrever: "Mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d'elas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas em os grandes incêndios sem peso, nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros."

Depois dessa visão assustadora Maria explicou: "Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior." Maria também suplicou: "Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois muitas almas irão para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas" Por fim declarou: "Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido." A aparição Mariana de Fátima é considerada até hoje pelos teólogos como a mais completa e importante da história. Até mesmo os céticos ficam intrigados pelo fato de Maria ter previsto inúmeros acontecimentos históricos que só aconteceriam de fato muitas décadas depois de sua aparição.

Pablo Aluísio.

O Exorcismo na Igreja Católica

Ao contrário do exorcismo em outras vertentes religiosas cristãs, que é praticado quase diariamente em cultos protestantes, dando origem muitas vezes a acusações de encenações e falsidade, o exorcismo católico é extremamente protegido e resguardado do sensacionalismo público. Um padre católico só pode realizar um exorcismo em uma pessoa após a autorização de seu bispo e isso apenas após serem tentadas todas as outras maneiras de entender a crise pela qual passa a pessoa supostamente possuída por um demônio.

Mesmo com tantas cautelas (deve ser provado, por exemplo, que a pessoa possuída não esteja com algum problema mental), a possessão demoníaca é considerada um fato pela Igreja e seu catecismo. Sobre isso se manifestou o cardeal Jorge Arturo Medina Estevez ao declarar: "Apesar de poucas pessoas realmente serem possuídas pelo demônio (provavelmente apenas uma a cada cinco mil que apresentam sintomas) a questão é que o diabo existe e está agindo no mundo, como bem observou o Papa João Paulo II". O exorcismo católico deve ser realizado em ambiente privado, longe dos olhares de curiosos ou pessoas que só estejam lá para presenciar a extrema agonia de quem passa por esse tipo de experiência. A privacidade é essencial.

Em um texto escrito em latim chamado "De Exorcismis et Supplicationibus Quibusdam" (Do exorcismo e certos suplícios) o Vaticano tratou sobre o tema. Esse trouxe várias recomendações para padres diante de casos supostamente decorrentes de possessão. Vários aspectos devem ser procurados em pessoas que apresentem características de possessão, entre elas o uso de línguas desconhecidas, antigas e extintas, a apresentação de força descomunal e irracional, a aversão completa à palavra de Deus, à presença da Virgem Maria, à objetos sagrados, à imagens de santos e à cruz.

O Cardeal Estevez explica: ""O exorcismo se baseia na fé da Igreja que sustenta que Satã e outros espíritos malignos existem e que sua atividade consiste em desviar os seres humanos do caminho da salvação. A doutrina católica nos ensina que os demônios são anjos que caíram por causa do pecado, que eles são seres espirituais de grande força e inteligência, mas eu gostaria de ressaltar que a influência maligna do diabo e seus seguidores normalmente é exercida pelo engano e confusão. Assim como Jesus é a Verdade, o diabo é o mentiroso por excelência. Ele engana os seres humanos fazendo-os acreditar que a felicidade está no dinheiro, no poder ou no desejo carnal. Ele os engana fazendo-os pensar que não precisam de Deus, que a graça e a salvação são desnecessárias. Ele os engana inclusive diminuindo o sentimento de pecado ou suprimindo-o completamente, substituindo a lei de Deus como critério de moralidade pelos hábitos ou convenções da maioria"

O Catecismo também é claro nessa questão: “Jesus realizou exorcismos e dele a Igreja recebeu o poder e o ofício de exorcizar. De uma forma simples, o exorcismo é realizado na celebração do batismo. O exorcismo solene, chamado ‘o grande exorcismo’, só pode ser realizado por um padre e com a permissão do bispo. O padre deve agir com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo visa à expulsão dos demônios ou à libertação da possessão demoníaca ‘por meio da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja’”

São Paulo também explica em Efésios 6:12-13: “Porque nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados e potestades, contra os governantes das trevas do mundo, contra os espíritos de malícia espalhados nas alturas. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir ao dia maligno, e havendo feito tudo, permanecer firmes”.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Paulo VI e o Diabo

Durante muitos anos criou-se uma nova mentalidade sobre a existência real ou não do diabo. Para alguns mestres em teologia o diabo nada mais seria do que uma metáfora, uma alegoria do mal e não uma entidade real, mesmo que fosse tangível apenas no mundo espiritual. Para esses pensadores o mal estaria no próprio homem, como parte de sua natureza e que as escrituras assim o tinham utilizado em suas narrativas. Certamente havia o problema complicado de contornar sobre as próprias palavras do Cristo no Novo Testamento. São inúmeras as passagens em que Jesus citava nominalmente o diabo e não apenas metaforicamente como queriam fazer crer os defensores dessa teoria. Os que defendiam essa visão moderna porém afirmavam que Jesus havia citado o diabo por conveniência pois não havia como explicar algo diferente para as pessoas rudes e ignorantes de seu tempo. As possessões demoníacas passaram a ser encaradas como simples doenças mentais e rituais, como o próprio exorcismo, passaram a ser enfocados como algo medieval, primitivo e sem nenhum fundamento.

Esse tipo de ideologia começou a adentrar e se espalhar inclusive entre o clero da Igreja Católica e isso passou a ser uma preocupação do Papa Paulo VI que viu a necessidade de alertar aos católicos sobre o equívoco dessa visão. O Papa passou a entender que seria muito conveniente ao próprio Satã esse tipo de linha de pensamento, afinal o fato de não se crer mais em sua existência iria facilitar seu trabalho de espalhar o mal e o pecado entre a humanidade. Assim Paulo VI resolveu declarar e reforçar publicamente a posição da Igreja Católica sobre o tema. Em uma audiência pública realizada em 1972 no Vaticano, ao lado de vários membros do alto clero da instituição, Paulo VI deixou claro a existência de Satã e seus demônios, e explicou mais uma vez que eles eram de fato anjos caídos que tentaram usurpar a posição de Deus no Céu e desceram ao inferno por isso. Não se tratava de mitologia ou algo apenas simbólico, metafórico, mas sim real, concreto!

E não foi só, o Papa foi além, afirmando que Satã estava perigosamente se infiltrando dentro da própria Igreja, haja visto o aumento do número de problemas envolvendo seus membros. Paulo VI afirmou estar com a sensação de que "de alguma fissura a fumaça de Satanás havia entrado no templo de Deus." Depois completou: "Acreditamos que algo sobrenatural  veio ao mundo precisamente para perturbar, para sufocar os frutos do Concílio Ecumênico e impedir a missão da Igreja". O Papa reforçou que o clero católico deveria estar preparado para enfrentar esse desafio e expulsar de suas fileiras a presença do grande pai da mentira. Paulo VI se declarava bastante preocupado com os rumos que a Igreja estava tomando. Chegou a afirmar: "Mesmo na Igreja este estado de incerteza reina. Acreditava-se que depois do Concílio Vaticano II haveria um dia de sol na história da Igreja. Ele veio em vez de um dia de nuvens, de tempestade, de escuridão, de pesquisa, de incerteza. Pregamos o ecumenismo e destacamos mais e mais dos outros. Vamos cavar abismos em vez de enchê-los"

Hoje, tantos anos depois do aviso do Papa Paulo VI, podemos olhar para o que a Igreja vem passando e entender a profundidade de sua visão. Embora esteja em pleno processo de recuperação, com uma ampla limpeza de quadros promovida pelo Papa Francisco, o fato é que a Igreja sofreu muito, principalmente nos últimos anos, com escândalos de pedofilia envolvendo padres e demais membros do clero. Nesse aspecto Paulo VI foi visionário ao afirmar que sentia que a fumaça de Satã havia adentrado dentro do próprio seio da Igreja Católica. De fato entrou e maculou a vida de vários sacerdotes com o mais repulsivo dos crimes, abalando até mesmo a próprio instituição milenar de que faziam parte. Maior prova do poder de influência do anjo negro não há. Mesmo assim bons ventos já sopram no Vaticano e na Santa Igreja Católica, pois os homens podem decair em tentações mas a Igreja como instituição viverá eternamente até o fim dos dias, como o próprio Cristo profetizou ao afirmar que "Os portões do Inferno jamais prevalecerão sobre a minha Igreja".

Pablo Aluísio. 

Maria Cheia de Graça

Maria, mãe de Jesus, sempre foi muito reverenciada desde os primórdios do Cristianismo. No livro "Uma Breve História do Cristianismo" o autor Geoffrey Blainey expõe que Maria sempre foi muito respeitada e admirada desde o surgimento das primeiras comunidades cristãs. Em sua obra ele fez uma revisão histórica sobre a influência de Nossa Senhora no surgimento da nova religião. Ele escreveu: "Maria, a mãe de Cristo, exercia um fascínio cada vez mais intenso. Seu status aumentava, e um sentimento de profunda reverência por ela se espalhava pela costa leste do Mediterrâneo, Alexandria e Antióquia." Já em seus últimos dias de vida Maria era constantemente procurada pelos membros da primeira comunidade cristã, ainda formada pelos primeiros seguidores de Cristo e pelos próprios apóstolos que ainda estavam vivos. Ele foi figura central no surgimento da nova religião e isso também sob um ponto de vista estritamente histórico.

Ao longo dos séculos sua importância foi ficando cada vez mais forte. As primeiras comunidades cristãs eram formadas com a presença de muitas mulheres, mães como Maria, e isso facilitou para consolidar uma grande identidade entre essas seguidoras e a mãe de Cristo. Todas elas entendiam perfeitamente as dores e sofrimentos pelos quais Maria passou ao longo de sua vida. Basta imaginar seu sofrimento abaixo do cruz, vendo seu único filho ser martirizado daquela forma completamente cruel, desumana e brutal. É simplesmente impossível descrever o que ela sentiu naquele momento crucial de sua vida. Olhando sob esse ponto de vista Maria logo virou um grande exemplo de mãe, cristã e mulher.

A partir de 432 a Igreja Católica transformou em dogma a virgindade de Maria. A imaculada concepção de seu filho Cristo virou uma das bases da fé cristã. Por essa época, por interpretação dos doutores da Igreja, também foi afastada a ideia de que os irmãos e irmãs de Jesus citadas por Marcos eram também filhos de Maria. Duas teses ganharam força, uma afirmando que havia ocorrido um erro de tradução quando o texto foi traduzido do grego para o latim, assim os irmãos e irmãs seriam na verdade primos. Outra teoria afirmava que até poderiam ser irmãos e irmãs de Jesus mas de um casamento anterior de José, pois não eram filhos de Maria que teria mantido sua virgindade até o fim de seus dias. Na tradição de alguns segmentos de estudiosos José era bem mais velho do que Maria e já teria tido um casamento anterior.

O dogma da "Assunção da Santa Virgem Maria" teria se tornado consolidado na Igreja Católica em 594. A assunção significava que após sua morte o corpo de Maria teria sido levada da terra para o céu e não apenas sua alma abençoada. Nesse mesmo ano o estudioso bispo Gregório de Tours abençoou o evento, e seu veredicto foi acolhido oficialmente pela Igreja Católica entre um de seus mais importantes e significativos dogmas religiosos. Assim o carinho dos católicos por Maria ganhou novas dimensões, fazendo com que ela ganhasse um lugar de destaque dentro do cristianismo de seu tempo. Por fim na Idade Média a Igreja ainda reconheceu outro dogma, a de que Maria, assim como seu filho Jesus Cristo, teria nascido sem pecado. A Imaculada Conceição é um dos pilares da fé católica há mais de dois mil anos. Maior prova de sua santidade não há. Ave Maria, cheia de graça!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Quem foi Joseph Smith?

Você já ouviu falar em Joseph Smith? Pois é, fiquei curioso sobre ele após receber em minha casa a visita de dois missionários Mórmons. Conheço superficialmente essa religião mas fiquei curioso. Obviamente jamais abrirei mão de minha formação católica apostólica romana para me unir ao Movimento dos Santos dos Últimos Dias - conhecido como Mormonismo - mas não custa nada pesquisar um pouco na Internet, até porque gosto de conhecer religiões diferentes. Em uma rápida pesquisa online pude descobrir que existe todo um grupo de ex-integrantes dessa vertente religiosa no Brasil que não estão nada contentes por terem feito parte dos Mormonismo. Em um blog feito por um ex-bispo (ou algum título equivalente a isso) da Igreja pude perceber que, segundo seu relato, se trata mesmo de uma organização poderosa e rica, que visa com muito afinco o famoso dízimo para financiar sua estrutura interna mas que também luta a duras penas no campo das ideias para trazer mais credibilidade aos escritos de seu fundador, o tal Joseph Smith. E quem foi ele?

Segundo pude deduzir Joseph Smith foi um americano que viveu no século XIX. Ele viveu por apenas 39 anos mas causou um grande rebuliço por onde passou. Antes de entrar na sua criação - a religião Mórmon - ele ganhou a vida prometendo aos proprietários rurais de sua região que encontraria tesouros enterrados em suas terras com a ajuda de uma suposta capacidade espiritual de os achar, usando de técnicas, diria até mesmo esótericas. Nem sempre deu certo. Nem preciso dizer que isso aos poucos foi lhe trazendo inúmeros problemas. Algumas pessoas da época o teriam acusado de charlatão e vigarista, o que teria lhe teria causado problemas judiciais. Depois de um tempo, quando a poeira abaixou, ele alegou que teria tido uma revelação divina. Um anjo lhe teria mostrado algumas placas de ouro onde uma revelação lhe era contada em primeira mão: Jesus Cristo teria visitado a América do Norte e Central antes da chegada do colonizador branco europeu. Nessa visita Jesus teria feito várias revelações aos povos nativos americanos, e elas deram origem ao "Livro dos Mórmons" que é a base da doutrina dessa religião até os dias de hoje.

Claro que esse tipo de afirmação criou ainda mais problemas para Joseph Smith. Segundo alguns autores ele teria saído no braço mesmo com alguns desafetos que o chamavam de mentiroso. Os protestantes tradicionais americanos acharam tudo um absurdo mas Smith conseguiu formar um pequeno grupo ao seu redor, pessoas essas que depois dariam origem ao longo do tempo à religião que hoje conhecemos como religião Mórmon. Segundo dados essa vertente já tem mais de um milhão de adeptos no Brasil e quatro milhões nos Estados Unidos, a maioria concentrada no estado de Utah. Pois bem, Joseph Smith teve várias esposas, segundo algumas fontes algo em torno de trinta e três mulheres!!! Algumas bem jovens, na faixa de 14 anos de idade. Esse aspecto de sua personalidade passou de certa forma para sua doutrina religiosa pois a poligamia é aceita até hoje dentro da Igreja dos Santos dos Últimos Dias. Ele também teria profetizado o fim dos tempos para uma data localizada mais ou menos 60 anos depois de sua morte. A data passou e nada aconteceu.

Por falar em doutrina a visão religiosa dos Mórmons é bem diferenciada das demais religiões. Eles acreditam que Deus teria sido Adão, que Maria não era virgem pois teria tido relações sexuais com o próprio Deus e que negros seriam amaldiçoados (essa parte foi mudada há alguns anos após o racismo ser considerado crime em várias partes do mundo). Os Mórmons também batizam mortos e cultivam cerimônias que para alguns lembram os rituais da maçonaria e para outros seria repleta de símbolos satânicos (como a estrela de cinco pontas virada para baixo, sempre presente em templos mórmons). A doutrina Mórmon também não se parece em quase nada com outras doutrinas cristãs. Para eles cada pessoa pode um dia se tornar ela própria um Deus. Bom, são bases complicadas de entender mas crença é crença e como vivemos em um país onde a religião é livre cada um tem todo o direito de seguir a sua, sem remorsos.

E os escritos de Joseph Smith, como são encarados por outros líderes religiosos? O Pastor Silas Malafaia, por exemplo, afirma que o Livro dos Mórmons, que foi escrito por Joseph Smith, é extremamente mal redigido, deixando à mostra a pouca (ou nenhuma) cultura bíblica de seu autor. Além disso ele esclarece ainda que trechos inteiros da Bíblia - principalmente do velho testamento - foram copiados literalmente. Como nunca li o livro estou aqui apenas repassando a opinião desse pastor. Para a Igreja Católica, por sua vez, os textos não possuem qualquer base comprovada. Não há nada referente a uma suposta visita de Jesus aos nativos norte-americanas ou qualquer coisa parecida. E para piorar, apesar de ter gasto muito dinheiro em busca de provas arqueológicas e científicas que provassem as afirmações de Joseph Smith sobre as supostas civilizações que teriam vivido aqui antes da chegada do branco europeu nada efetivamente foi achado. Até testes de DNA com descendentes de índios americanos foram realizados em busca de algum rastro genético de povos do Oriente Médio (que segundo Smith teria vindo para a América antes dos europeus) mas nada foi cientificamente comprovado.

E o tal de Joseph Smith, o que aconteceu com ele? Foi assassinado em uma troca de tiros nos EUA. Ele havia sido preso e uma multidão se reuniu para linchá-lo. Após muita confusão e tiroteio ele finalmente foi morto. Alguns dizem que chegou a ferir várias pessoas e matar duas durante o conflito, antes de ser abatido fatalmente. Muitos podem se surpreender com esses fatos mas temos que levar em conta que Joseph Smith viveu no mesmo período histórico em que se desenvolveu o famoso western americano. Cada cidadão levava sua própria arma e coldre em seu cinto (basta lembrar dos filmes de faroeste) e todo tipo de briga era resolvida na base da arma em punho. Com Smith não foi diferente. Como se pode ver a religião Mórmon foi diferenciada desde os seus primórdios.

Encerro esse texto dizendo que tudo o que aqui está escrito foi colhido em pesquisas pela internet. Blogs, sites e informações diversas que estão no mundo online. O texto é de fato uma coleção de impressões que tive após ler os textos que me mostraram um pouco sobre a religião Mórmon. Não estou dizendo que a religião A ou B é a correta. Cabe a cada um, caso o tema lhe interessar, procurar por outras fontes. As que encontrei coloquei aqui nesse texto, de forma resumida. O foco é o Joseph Smith do ponto de vista histórico, não dogmático, baseado em dados coletados na Internet. Curiosidades, acima de tudo. Apenas não queria deixar passar em branco o que li nesses dias de pesquisas motivadas por pura e simples curiosidade. O tema lhe interessou? Fica então o convite para você próprio fazer a sua pesquisa, afinal a internet pode realmente ser uma excelente fonte de informações.

Pablo Aluísio.