domingo, 10 de março de 2019

Lizzie

Esse é um filme bem sórdido. Já começa com uma cena de crime. Um homem rico, próspero nos negócios, é encontrado morto na sua sala de estar. O crime choca pela violência. Ele foi morto a golpes de machado na cabeça. O quadro é horrível, com sangue em todas as paredes, móveis, etc. Sua esposa também foi assassinada. Ela está no quarto de cima, também em uma cena de extrema brutalidade. Quem poderia ter cometido crimes tão horrendos? A partir desse ponto o roteiro começa um longo flashback, retroagindo no tempo seis meses.

A historia do filme, que é baseada em fatos reais, aconteceu no final do século XIX, na Nova Inglaterra. A jovem Lizzie Borden (Chloë Sevigny) é a filha do homem assassinado no começo do filme. Ela não se encaixa bem no modelo de uma mulher de sua época. Gosta de ler e de poesia, tem um temperamento mais introvertido e não parece se importar em se casar e ter filhos, como mandava a etiqueta social daqueles tempos. Isso claro cria uma tensão cada vez maior com o pai.

A chegada de uma nova empregada doméstica chamada Bridget Sullivan (Kristen Stewart) acirra ainda mais as tensões. O patrão quer abusar dela sexualmente, o que choca Lizzie. As duas acabam se tornando próximas, amigas, iniciando um relacionamento com claro teor homoerótico também. Assim as coisas vão de mal a pior até o trágico desfecho. Só que o roteiro joga com o suspense, deixando sempre em aberto a identidade do verdadeiro assassino ou assassina. Só nos momentos finais tudo é revelado ao espectador. Gostei dessa produção. Tem um bom roteiro que consegue manter o interesse. Além disso o contexto histórico repressivo é bem mais aproveitado pelo clima sufocante de crime e castigo que logo se impõe entre todos os personagens. É um filme até frio, algo que acabou sendo necessário pois seu enredo passou muito longe de ser um conto de fadas.

Lizzie (Estados Unidos, 2018) Direção: Craig William Macneill / Roteiro: Bryce Kass / Elenco: Chloë Sevigny, Kristen Stewart, Jeff Perry, Fiona Shaw, Jamey Sheridan / Sinopse: No século XIX um homem rico e influente é encontrado morto de uma forma bastante violenta. Para solucionar o caso sua história é recontada, fazendo um retorno no tempo para compreender melhor as razões do crime. Filme indicado no Sundance Film Festival na categoria de Melhor Filme - Drama (Júri Popular).

Pablo Aluísio.

A Morte te dá Parabéns!

É a tal coisa, se eu fosse resumir esse filme diria que é uma espécie de "Feitiço do Tempo" versão terror. Algo aliás que é assumido pelo próprio roteiro do filme que em suas cenas finais coloca um diálogo entre dois personagens reconhecendo justamente isso, relembrando o filme de Bill Murray. A premissa é basicamente a mesma: uma pessoa acordando no mesmo dia, revivendo as mesmas situações, numa espécie de círculo vicioso temporal. No caso aqui temos uma jovem universitária, daquelas bem chatinhas, metidas, que vai acordando todos os dias no mesmo dia (parece estranho para você?). Na noite anterior ela sempre é morta por um psicopata com máscara de um garotinho, o mascote da universidade.

Funciona bem até mais ou menos a metade do filme. Depois vai se tornando cansativo, justamente porque o espectador vai assistindo o mesmo despertar pela manhã, as mesmas situações. É algo que também aconteceu no filme original, o "Feitiço do Tempo". Tem que ter um pouco de paciência para ir acompanhando, sempre prestando atenção nas pequenas variações que vão acontecendo de um dia para o outro. O elenco é todo formado por jovens desconhecidos do grande público, o que é até esperado nesse tipo de filme de terror teen. Esse também é o primeiro sucesso (sim, o filme teve boa bilheteria) do jovem cineasta Christopher Landon. Ela já havia dirigido antes apenas dois filmes mais ou menos conhecido do público que curte filmes de terror. O primeiro foi "Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal" (mais um dessa série popular de filmes que a cada ano vai tendo piores bilheterias) e "Como Sobreviver a Um Ataque Zumbi" (uma bobagem trash). Então é basicamente isso. Está a fim de ver um filme de terror que copia a ideia de "O Feitiço do Tempo"? Então essa é a dica que deixamos para você.

A Morte te dá Parabéns! (Happy Death Day, Estados Unidos, 2017) Direção: Christopher Landon / Roteiro: Scott Lobdell / Elenco: Jessica Rothe, Israel Broussard, Ruby Modine / Sinopse: Uma jovem universitária acorda todos os dias revivendo as mesmas experiências. Ela está presa em um círculo vicioso temporal, em um dia básico onde ao final da noite ela sempre é morta por um psicopata violento. Agora ela tentará sair disso, mudando o rumo dos acontecimentos.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de março de 2019

Michael Jackson: Leaving Neverland

Em resumo eu poderia dizer que esse documentário sobre Michael Jackson é simplesmente devastador para a imagem do cantor. Qualquer pessoa que tenha vivido os anos de glória de Michael sabe que ele foi um dos grandes ídolos da música, principalmente nos anos 80. Também sabe que ele foi acusado de pedofilia por garotos que eram levados para Neverland, seu rancho escondido na Califórnia. Ele foi processado e conseguiu se safar. Morreu em liberdade. Agora mais duas denúncias, vindas de dois homens que na infância teriam sido abusados sexualmente por Michael, sendo que um deles tinha apenas sete anos de idade quando tudo aconteceu!

O documentário tem quatro horas de duração e foi dividido em duas partes pela HBO. Posso dizer que os depoimentos são absurdamente críveis, cheios de detalhes sórdidos, o que os tornam até mesmo complicados de rebater. Digo com convicção que se esses dois tivessem falado  a verdade no tribunal naquela época em que Michael Jackson foi julgado ele teria morrido na cadeia. Claro, um deles ajudou Michael, mentindo em juízo, perante uma autoridade judiciária, mas isso é também explicado em sua longa admissão de culpa. De minha parte tomei tudo como verdade mesmo. Durante anos até acreditei (fazendo um pouco de força) que Michael fosse inocente, que ele era apenas um adulto bobo que queria se comportar como uma criança. Hoje em dia já não penso mais dessa forma. O conteúdo desse documentário é tão forte e convincente que vai ser muito difícil você acreditar na inocência do cantor depois de assisti-lo.

Para ficar ao lado de Michael Jackson depois de ver esse documentário vai ser preciso muito fanatismo por parte de seus fãs, quase um exercício de fé cega. Como não me enquadro de jeito nenhum nesse tipo de comportamento posso dizer que o Michael que sai das cenas de "Leaving Neverland" é de fato um monstro, um ser humano desprezível, mentiroso, manipulador, abusador de crianças e canalha. Um homem que deveria ter sido preso para passar o resto de seus dias na cadeia, pagando por seus crimes inomináveis. A reação do público em geral já começou. Muitas rádios baniram Michael de sua programação, pessoas jogaram fora seus discos e outros grupos de defesa dos direitos da criança já se manifestaram. Veio tarde esse tipo de reação, mas é sempre bem-vinda. A mancha em sua reputação é algo que, em minha opinião, já se tornou irreversível.

Leaving Neverland (Estados Unidos, 2019) Direção: Dan Reed / Roteiro: Dan Reed / Elenco:  Wade Robson, James Safechuck / Sinopse: O filme traz o depoimento de dois homens que quando crianças foram abusados sexualmente pelo cantor Michael Jackson. Além deles seus familiares e pessoas próximas contam tudo o que viveram ao lado do artista, que segundo seus relatos era um pedófilo criminoso contumaz.

Pablo Aluísio.

O Casamento do Meu Melhor Amigo

Título no Brasil: O Casamento do Meu Melhor Amigo
Título Original: My Best Friend's Wedding
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Pictures
Direção: P.J. Hogan
Roteiro: Ronald Bass
Elenco: Julia Roberts, Dermot Mulroney, Cameron Diaz, Rupert Everett, M. Emmet Walsh, Philip Bosco
  
Sinopse:
Julianne Potter (Julia Roberts) é uma bem sucedida crítica de culinária. Sua vida vai muito bem, principalmente no aspecto profissional até que um convite a faz desmoronar emocionalmente. Seu melhor amigo quer que ela se torne sua madrinha de casamento. O problema é que Julianne o ama há anos, mesmo sem nunca ter se declarado para ele. E agora, como vai conseguir lidar com essa delicada situação?

Comentários:
Julia Roberts sempre teve muito poder e influência em Hollywood. Uma prova disso aconteceu justamente nesse filme. No geral é uma comédia romântica das mais banais, com roteiro sem novidades que aposta naquele velho problema envolvendo amizades que escondem um grande amor. Pois bem, mesmo tendo em mãos uma fita tão esquecível e descartável, Roberts conseguiu arrancar uma indicação ao Oscar para o filme (na categoria de Melhor Música - James Newton Howard). E o que dizer de uma imerecida indicação ao Globo de Ouro? Claro que algo assim iria impulsionar a bilheteria do filme pois o Oscar não é nada mais do que uma grande vitrine promocional para qualquer filme. Em razão disso Julia Roberts teve com esse romance uma das maiores bilheterias de sua carreira. Na época inclusive muitos esperavam uma indicação de Melhor Ator Coadjuvante para Rupert Everett. Ele realmente está ótimo na pele de um amigo homossexual de Roberts. Pena que não conseguiu. Enfim, temos aqui mais uma comédia romântica sobre casamentos, dirigido por um mestre no assunto, pois o cineasta  P.J. Hogan já havia se destacado antes com um filme bem parecido, "O Casamento de Muriel". Pelo visto em se tratando de vestidos de noivas e buquês ele é praticamente um especialista.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Duas Rainhas

Alguns filmes já foram feitos no passado sobre o conturbado relacionamento político e pessoal entre essas duas rainhas. Elizabeth I (Margot Robbie) era a rainha da Inglaterra, protestante, incapaz de gerar um herdeiro. Nunca se casou, o que lhe valeu o título histórico de "A Rainha Virgem". Era considerada uma mulher fria, que soube conduzir bem o império britânico enquanto esteve no trono. Mary Stuart (Saoirse Ronan) era a rainha da Escócia. Após viver longos anos na França retornou para se sentar no trono escocês. Falava mais francês do que a língua do país. Causou mal estar e desconforto entre os nobres escoceses. Muitos a consideravam uma estrangeira. Também era católica, o que causava problemas com os protestantes da Escócia.

Mary tinha parentesco com Elizabeth. Elas eram primas. Mais importante do que isso, Mary era a primeira na linha de sucessão ao trono inglês caso algo acontecesse com Elizabeth. Isso acabava criando uma tensão entre as duas monarcas. O filme retrata esse aspecto, mas desde o começo foca muito mais em Mary Stuart e seus problemas na corte da Escócia, do que em Elizabeth e seu relacionamento com ela. Era um foco de tensão conviver com uma nobreza tão vil e traidora como aquela. Para piorar ainda mais esse quadro, Mary teve um filho que também estaria na linha de sucessão do trono inglês. Ao mesmo tempo Elizabeth não conseguia gerar herdeiros para a dinastia Tudor ao qual pertencia (ela era filha de Ana Bolena e Henrique VIII).

O filme em si é bem interessante, conta sua história até mesmo de forma didática. As questões históricas são colocadas na mesa sem muita cerimônia. A produção também é boa, mas nada espetacular, como se poderia esperar de um filme sobre duas rainhas poderosas. O único problema do roteiro é que ele precisou compilar em pouco mais de duas horas de filme uma história que durou mais de trinta anos. Para se ter uma ideia disso basta citar o exemplo de quando Mary Stuart finalmente cai nas mãos de Elizabeth. No filme parece que sua execução se deu em poucos dias. Na verdade durou 18 anos! Houve um longo julgamento (ignorado no filme) e depois se passou muitos anos até que ela fosse executada. Assim as coisas ficam meio atropeladas. Mesmo assim ainda é um bom filme. O conselho final porém para quem gostou da história em si é ir atrás de livros sobre as monarcas, onde aí sim o leitor poderá ter uma ideia muito mais ampla do que realmente aconteceu.

Duas Rainhas (Mary Queen of Scots, Inglaterra, Estados Unidos, 2018) Direção:  Josie Rourke / Roteiro: Beau Willimon, baseado no livro histórico "Queen of Scots: The True Life of Mary Stuart" / Elenco: Saoirse Ronan, Margot Robbie, Jack Lowden, Andrew Rothney / Sinopse: O filme conta a história do complicado relacionamento político e pessoal entre as rainhas Mary Stuart da Escócia (Saoirse Ronan) e Elizabeth I da Inglaterra (Margot Robbie). Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Maquiagem e Melhor Figurino. Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Margot Robbie), Melhor Maquiagem e Melhor Figurino.

Pablo Aluísio.

O Chamado

Título no Brasil: O Chamado
Título Original: The Ring
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks SKG
Direção: Gore Verbinski
Roteiro: Ehren Kruger
Elenco: Naomi Watts, Martin Henderson, Brian Cox, Jane Alexander, Lindsay Frost, Amber Tamblyn
  
Sinopse:
Depois da morte misteriosa de sua sobrinha a jornalista Rachel Keller (Naomi Watts) resolve investigar o que de fato teria acontecido. Ela descobre que inúmeras mortes sem solução parecem ter algo em comum: o contato das vítimas com uma suposta fita, mostrando um filme perturbador, com cenas estranhas, de origem desconhecida. Por mais bizarro que possa parecer todos os que morreram assistiram essa fita sete dias antes. Agora ela terá que correr contra o tempo pois seu filho também assistiu ao filme amaldiçoado. Filme premiado no Fangoria Chainsaw Awards.

Comentários:
Esse filme deu origem a uma longa franquia de filmes de terror. O último a ser lançado foi "Os Chamados" ou "O Chamado 3", filme dirigido por F. Javier Gutiérrez. Assim "The Ring" virou uma marca de sucesso nos cinemas entre os fãs de terror. Diante dessa linhagem cinematográfica se tornou uma boa ideia rever o filme original americano. Na realidade o primeiro "O Chamado" de 2002 era o remake feito nos Estados Unidos de um filme japonês chamado "Ring: O Chamado" de 1998. Todos se baseando no livro de terror escrito por Kôji Suzuki. É interessante que dentro da cultura japonesa há uma forte e frequente referência aos espíritos dos antepassados. Por essa razão também é farto o mercado de livros e filmes explorando a figura de assombrações e entidades fantasmagóricas semelhantes. O grande atrativo desse enredo vem da presença da garota Samara, morta brutalmente e jogada sem piedade dentro de um poço abandonado. Costuma-se dizer em Hollywood que todo grande filmes de terror tem sempre um personagem assustador e marcante por trás de tudo.

No caso de "The Ring" a força de sua trama vem justamente dela, de Samara, com seus cabelos molhados e imagem sinistra. Como já se tornou uma presença constante dentro do universo pop aconselho aos que gostem desse filme passar por toda a franquia, a saber: os filmes japoneses "Ring: O Chamado", "Ringu 2" e "Ring 0 - O Chamado" e os americanos "O Chamado", "O Chamado 2" e "O Chamado 3". Como se pode ver Samara ainda daria muito trabalho nas telas de cinema por todo o mundo. Já sobre esse primeiro filme o que posso dizer é que ele sobreviveu bem ao tempo. Continua bem editado, bem produzido, com excelentes cenas de suspense e terror. Só ficou meio datado mesmo no que se refere às velhas fitas VHS. Hoje em dia, para os mais jovens, aquela coisa de videocassete vai soar muito antiga e fora de moda. Já para os saudosistas pode quem sabe até mesmo se tornar um charme nostálgico. De qualquer maneira o primeiro Chamado continua muito bom. Samara segue sendo assustadora em todas as suas aparições.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Sua Majestade, Mrs. Brown

Assisti pela primeira vez em 1997. Ontem resolvi rever, isso pela simples razão de que ando interessado na história da Rainha Vitória. Acontece que estou acompanhando a série "Victoria" da TV britânica, então sempre surge aquele interesse na figura histórica. Esse filme já mostra a rainha em seus últimos anos, em pleno luto pela morte do marido. A corte toda se veste de preto e há um clima de tristeza no ar. A rainha também havia se retirado de sua vida pública, preferindo viver em um palácio afastado, nos arredores da Escócia. E é justamente nesse clima de pesar que chega um novo criado, um cavalariço chamado Mr. Brown.

Ele meio que desafia a rainha a sair de seu estado melancólico. Todos os dias se coloca em frente ao palácio com a bela montaria da rainha. Isso perturba Vitória em um primeiro momento, mas depois ela cede e começa a fazer passeios a cavalo diariamente. Segundo Mr. Brown apenas o ar livre vai tirar a rainha de seu estado de miserável infelicidade. Aos poucos, como era de se supor, a monarca e seu empregado vão criando uma aproximação, uma amizade sincera entre duas pessoas que se encontram em polos opostos da sociedade inglesa. Claro que isso também começa a despertar suspeitas e ciúmes dentro da nobreza. Não demora muito e as fofocas começam a ficar mais intensas. Estariam tendo um caso amoroso?

Até hoje historiadores não chegaram a uma conclusão sobre isso. O roteiro do filme por sua vez resolveu não tomar certas liberdades com o caso, o que andou bem. Não seria de bom tom mostrar um relacionamento amoroso que nunca foi comprovado, manchando de certa forma a maneira como a rainha Vitória seria retratada no cinema. Entre tantas dúvidas históricas porém emerge um belo filme, com destaque para o elenco. Judi Dench tem o porte certo de uma rainha. Basta sua presença na tela para afastar qualquer dúvida sobre isso. Uma atriz como poucas. Já Billy Connolly também não fica atrás. A suposta rudeza de seu Mr. Brown esconde uma postura de fidelidade e lealdade inquebráveis. Enfim, um belo filme que retratou muito bem a famosa rainha Vitória que deu nome a todo um século na história do império britânico.

Sua Majestade, Mrs. Brown (Mrs Brown, Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, 1997) Direção: John Madden / Roteiro: Jeremy Brock / Elenco: Judi Dench, Billy Connolly, Geoffrey Palmer / Sinopse: O filme mostra a amizade que surgiu entre a rainha Vitória e seu criado Mr. Brown. Nele ela encontrou um amigo leal a quem poderia confessar seus mais íntimos pensamentos. Filme vencedor do Globo de Ouro e do BAFTA Awards na categoria de Melhor Atriz (Judi Dench). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Judi Dench), e Melhor Maquiagem.

Pablo Aluísio.

A Lente do Amor

Título no Brasil: A Lente do Amor
Título Original: Addicted to Love
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Griffin Dunne
Roteiro: Robert Gordon
Elenco: Meg Ryan, Matthew Broderick, Kelly Preston, Nesbitt Blaisdell, Maureen Stapleton, Dominick Dunne
  
Sinopse:
Dois jovens desprezados e desiludidos no amor por seus respectivos ex-namorados resolvem se unir para se vingarem deles, bolando várias situações comprometedoras para suas ex-paixões. Um deles é um astrônomo disposto a tudo para se vingar daquela que partiu seu coração. A outra é uma garota que não consegue superar o fim de seu relacionamento. O destino porém ensinará a eles que esse definitivamente não é o caminho para esquecer uma experiência ruim no campo afetivo. 

Comentários:
Nas décadas de 80 e 90 a atriz Meg Ryan foi a namoradinha da América, estrelando vários filmes como esse, comédias românticas de grande sucesso de bilheteria. Curiosamente aqui ela foi dirigida pelo ator Griffin Dunne em sua estreia na direção. De modo em geral ele conseguiu realizar até um filme redondinho e bem feito, porém suas pretensões de ser uma espécie de Woody Allen da comédia romântica não se concretizaram. Na época em que esse filme foi lançado ele foi acusado, entre outras coisas, de ter um roteiro muito bizarro por se apoiar em situações de crueldade (emocional) contra os antigos amores dos protagonistas do filme. Isso se deve exatamente pelo fato deles procuraram por vingança por terem sido abandonados. Conforme a trama vai avançando as situações vão ficando mais pesadas e em algum momento o espectador acaba se perguntando se há realmente algo a rir daquele tipo de coisa. De qualquer modo o filme - embora um pouco envelhecido prematuramente nos dias de hoje - diverte. Ele tem um viés de humor negro que nem sempre combina, porém se você for um pouco menos exigente certamente vai ao menos dar algumas risadinhas amarelas das maldades armadas pela dupla central (que convenhamos não passam de dois mal amados)!.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Les Innocentes

Quero deixar mais uma dica para os leitores do blog. O filme se chama Les Innocentes. No Brasil ele recebeu o título de "Agnus Dei". O filme resgata uma história real (bem triste, por sinal) de um grupo de freiras católicas polonesas que acabam sofrendo abusos sexuais por parte dos soldados russos que invadiram aquele país durante a II Guerra Mundial. Para piorar o que já era terrível muitas delas ficam grávidas de seus estupradores, tornando tudo ainda mais sofrido. Para ajudá-las surge uma jovem médica francesa que vai até o convento onde vivem e descobre o drama pela qual passam. As religiosas não possuem qualquer tipo de assistência hospitalar e temem ficar estigmatizadas perante a comunidade caso os estupros cheguem ao conhecimento do povo local. Essa parte do roteiro explora algo que ainda hoje acontece com muitas mulheres vítimas desse crime pavoroso. Com medo de ficarem marcadas para sempre muitas delas preferem o silêncio.

O título original (em português, "Os Inocentes") se refere obviamente às crianças, filhas das pobres freiras estupradas. Embora o roteiro não entre nessa questão o fato é que o filme levanta, mesmo que indiretamente, a questão do aborto envolvendo estupro. Seria correto mesmo condenar uma vida de um ser indefeso e inocente por causa dos crimes de seus pais? Afinal a criança concebida não cometeu crime algum, mas sim seu pai. É ético lhe aplicar uma pena de morte por essa razão? É algo para pensarmos com extremo cuidado.

Por fim aqui vai uma revelação (caso ainda não tenha assistido ao filme pare de ler por aqui). A madre, líder do convento, em determinado momento resolve então levar as crianças recém nascidas para o meio da floresta gelada. Ela acredita que abandonadas elas seriam salvas pela providência divina! Claro que temos aqui uma situação complicada de se lidar. Porém condenar todos aqueles bebês para a morte certa no inverno polonês também nos faz duvidar de nossa própria humanidade. Em momento tocante a própria madre confessa que havia perdido sua alma ao agir assim. Mais do que óbvio. Enfim, não deixe de assistir a essa produção francesa. Sua história tocante certamente tocará fundo em sua alma católica. Um filme triste, mas com uma bela lição de vida.

Agnus Dei (Les innocentes, França, Polônia, 2016) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Sabrina B. Karine, Alice Vial / Elenco: Lou de Laâge, Agata Buzek, Agata Kulesza / Sinopse: O filme resgata uma história real (bem triste, por sinal) de um grupo de freiras católicas polonesas que acabam sofrendo abusos sexuais por parte dos soldados russos que invadiram aquele país durante a II Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

Eclipse de uma Paixão

Título no Brasil: Eclipse de uma Paixão
Título Original: Total Eclipse
Ano de Produção: 1995
País: Inglaterra, França, Bélgica
Estúdio: Capitol Films, Le Studio Canal+
Direção: Agnieszka Holland
Roteiro: Christopher Hampton
Elenco: Leonardo DiCaprio, David Thewlis, Romane Bohringer, Dominique Blanc, Félicie Pasotti, Christopher Chaplin
  
Sinopse:
O filme resgata a juventude do poeta Arthur Rimbaud (1854 - 1891). Impulsionado por seu mentor e mestre Paul Verlaine (David Thewlis) ele começa a dar os primeiros passos em relação a sua obra, que se tornaria no futuro uma das mais importantes da história. Ao lado do escritor também surgem aspectos de sua própria vida pessoal, como sua sexualidade fora dos padrões convencionais de sua época. Filme indicado ao San Sebastián International Film Festival.

Comentários:
Esse filme acabou ganhando notoriedade pelos motivos errados. Ao invés das pessoas discutiram aspectos biográficos do imortal Rimbaud, ficou-se meses falando das ousadas cenas de homossexualidade protagonizadas pelo galã adolescente Leonardo DiCaprio! Assim grande parte dos méritos artísticos do filme foram literalmente ignoradas em prol de um debate fútil e incoerente sobre os rumos que a carreira de DiCaprio estavam tomando. Afinal, seria interessante para um ator que estava prestes a se tornar um dos maiores astros de Hollywood se expor dessa forma, em cenas tão polêmicas? Tudo bobagem. Hoje em dia, quando ninguém mais fala sobre isso, o filme ganha contornos ainda mais interessantes para entender o artista (e o homem) por trás de uma obra tão importante. Ele morreu ainda bem jovem (com apenas 37 anos) e o que mais chama atenção é que seus melhores trabalhos foram feitos quando ele era ainda bem mais jovem, quando era praticamente um adolescente. Enfim, temos aqui uma boa amostra para a vida sofrida e breve desse poeta. Basta deixar as futilidades de lado para entender um pouco de seu pensamento ímpar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de março de 2019

Nasce uma Estrela

Há muitos anos tinha assistido às duas versões mais famosas de "Nasce uma Estrela". A primeira, clássica, com Judy Garland e a segunda, dos anos 1970, com Barbra Streisand e Kris Kristofferson. Filmes bem melodramáticos que investiam bastante em lágrimas. Do meu ponto de vista isso bastava, mas eis que no ano passado surgiu essa nova versão, mais suave, com Lady Gaga e Bradley Cooper. Não tive muita vontade de ver, até que o filme se saiu excepcionalmente bem nas indicações ao Oscar, sendo indicado até mesmo na categoria de melhor filme! Assim, diante de toda essa repercussão, decide finalmente conferir, pela terceira vez, esse enredo.

O roteiro não inova muito, não tem muita originalidade, preferindo mesmo suavizar o drama que era bem forte nas versões anteriores. Ficou, digamos, bem mais soft. O romance entre um cantor decadente e uma jovem cantora promissora seguiu basicamente o mesmo caminho. Ele decai a cada dia, enquanto ela vai subindo os degraus da fama. Um relacionamento conseguiria sobreviver a esse tipo de situação, ainda mais sabendo que ambos são artistas, possuem seus egos e por profissão são vaidosos e orgulhosos? Esse tema básico foi, mais uma vez, bem suavizado. O que era explosão de personalidades nos filmes anteriores agora abre espaço para mais compaixão e compreensão entre o casal.

Dito isso, é forçoso reconhecer que Lady Gaga não é uma atriz. Ela pode enganar bem, disfarçar bastante, mas não é uma atriz de verdade. Sua indicação ao Oscar de melhor atriz foi um ato irracional por parte dos membros da academia, só justificada por sua popularidade como cantora pop. Em diversos momentos percebemos como ela está mal em cena. Em algumas cenas beira o amadorismo completo. Já Bradley Cooper adotou um estilo mais másculo, mais de acordo com o que se espera de um cantor country. Inclusive imitou o tom de voz de Sam Elliott, que interpreta seu irmão no filme. Ficou bom, gostei. No mais é isso mesmo que já escrevi. O que temos aqui é uma versão bem suave, para não assustar muito essa nova geração. O que mais me admira é que o filme acabou dando certo, mesmo tendo uma "não atriz" em um dos papéis centrais. Um feito e tanto!

Nasce uma Estrela (A Star Is Born, Estados Unidos, 2018) Direção: Bradley Cooper / Roteiro: Eric Roth, Bradley Cooper / Elenco: Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliott, Alec Baldwin / Sinopse: Um cantor country famoso se apaixona por uma cantora desconhecida e resolve ajudá-la em sua carreira. Enquanto ela começa a colecionar sucessos, ele vai decaindo a cada dia, por causa do alcoolismo e uso de drogas. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Música Original ("Shallow" de Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt).

Pablo Aluísio.

Rebobine, por Favor

Comédia muito bobinha sobre dois sujeitos que acabam desmagnetizando as fitas VHS de uma velha locadora de bairro pertencente a um homem idoso e quase aposentado (interpretado pelo veterano Danny Glover). Um deles é Jack Black, com todos aqueles exageros que já conhecemos bem. O outro é meio "pancada da cabeça", aqui sendo vivido pelo ator igualmente "pancada na cabeça" Yasiin Bey. Depois do acidente, eles precisam consertar a besteira que fizeram, mas como? Da pior maneira possível, resolvendo refilmar de forma caseira os filmes que foram apagados. A piada do filme é basicamente essa.

Assim lá vai a dupla de idiotas refilmar obras como "Os Caça-Fantasmas", "Robocop", "2001", entre outros. Tudo feito sem dinheiro, usando um ferro velho, pelas ruas do bairro. Uma coisa pavorosa de mal feita. Quando essa piada perde a graça o roteiro tenta imitar filmes como "Cinema Paradiso" para trazer um pouco de pieguice e melancolia a um roteiro que nunca se encontra. Essa é a pior parte, quase me fez desistir do filme pelo meio do caminho. É muito apelativo, no péssimo sentido da palavra. Além disso há outros problemas. Sempre que deixam Jack Black solto demais nas comédias ele estraga tudo, isso não é novidade. A única coisa que não consegui entender foi como atrizes da categoria de Sigourney Weaver e Mia Farrow aceitaram papéis tão medíocres em uma besteira desse tamanho! Tudo bem, manter a carreira ativa no cinema é uma coisa, só que passar vergonha é outra completamente diferente. Não deveriam ter feito esse papelão.

Rebobine, por Favor (Be Kind Rewind, Estados Unidos, 2008) Direção: Michel Gondry / Roteiro: Michel Gondry / Elenco: Jack Black, Yasiin Bey, Danny Glover, Sigourney Weaver, Mia Farrow / Sinopse: Dois imbecis desmagnetizam todo o acervo de uma antiga locadora de fitas VHS. A loja pertence a um velho senhor idoso e humilde. Para desfazer a besteira que fizeram eles então decidem fazer versões caseiras dos filmes que foram apagados, causando muita confusão pelo bairro.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Vice

Esse foi mais um a concorrer ao Oscar de melhor filme nesse ano. Dos concorrentes é talvez o menos pretensioso, mais irônico e com um claro viés progressista. Sua intenção é bem clara desde o começo. Não se trata de um cinebiografia comum, que vai contar a história do vice presidente republicano Dick Cheney de maneira convencional. Não, não se trata disso. É uma produção com clara linha política que satirizando seu protagonista, acaba tencionando destrui-lo também no processo. É bem o contrário do filme sobre o Queen. Ali o vocalista Freddie Mercury é glorificado em sua lenda. Aqui Dick Chaney é pisoteado sem dó e nem piedade.

O curioso é que apesar de tudo isso se trata de um bom filme. Veja, não é fácil tornar interessante um filme sobre um político burocrata que no final das contas sempre teve zero de carisma pessoal. Como manter a atenção do espectador nesse tipo de filme? Ora, tirando sarro e satirizando o vice presidente de George W. Bush. E o fizeram muito bem. Cheney sempre foi aquele tipo de homem que subiu os degraus do poder apenas por relações pessoais. Basicamente ele apertou as mãos certas dos políticos poderosos que depois o ajudaram a subir. Sem mérito pessoal, sem ter passado por nenhum tipo de prova que colocasse em perspectiva sua capacidade real de ocupar os cargos que ocupou ao longo da vida.

O filme começa a contar a história dele desde os tempos da universidade quando jogou uma carreira estudantil promissora para se entregar a bebedeiras sem fim. Valentão, gostava de puxar brigas em bares. Acabou sendo ajudado da esposa, que era influente e inteligente, deixando empregos menores (como eletricista de postes) para ir aos poucos servindo como assessor político de figurões. Claro que os republicanos são retratados todos como sujeitos indigestos, nada éticos. Como eu disse o roteiro tem um viés bem forte, alinhado ao partido democrata. No meio de tanta propaganda política se sobressai mesmo o ator Christian Bale. Aliás a pergunta que surge quando o filme acaba é: Onde está Bale? Sim, debaixo de uma pesada maquiagem ele simplesmente desaparece na pele de sua personagem, algo que apenas grandes atores conseguem fazer. Merecia o Oscar, certamente.

Vice (Estados Unidos, 2018) Direçao: Adam McKay / Roteiro: Adam McKay / Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill  / Sinopse: O filme conta, de forma irônica, a história do vice presidente Dick Cheney. Político sem brilho ou carisma, acabou subindo na carreira por causa das relações pessoais com homens poderosos. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Maquiagem (Greg Cannom, Kate Biscoe e Patricia Dehaney). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Christian Bale), Roteiro e Direção (Adam McKay).

Pablo Aluísio.

Um Tira Acima da Lei

O filme é uma crônica da vida de um policial de Los Angeles. No passado ele foi acusado de ter matado de forma fria um acusado de estupro. Nada havia sido provado contra ele, mas o patrulheiro David Douglas Brown (Woody Harrelson) resolveu ser juiz e executor ao mesmo tempo. Sua sorte foi que a corregedoria não conseguiu juntar provas suficientes para expulsá-lo da corporação. O tempo passou e Brown volta a se envolver em um caso polêmico. Ele dá uma surra em um homem que bateu em sua viatura. Tudo em plena luz do dia, com diversas câmeras filmando. Como se isso não fosse ruim o bastante, também passa a ser acusado de um duplo homicídio envolvendo dois ladrões que tinham roubado um grupo de pessoas que jogavam cartas numa casa clandestina da cidade.

Sigourney Weaver interpreta a chefe da divisão jurídica do departamento de polícia que quer sua demissão. Ben Foster (um baita ator) é o cadeirante que vive nas ruas da cidade, ora servindo de informante para o tira, ora pedindo pequenos favores a ele em troca de informações mais atualizadas. O mundo do policial assim vai desmoronando, ao mesmo tempo em que ele também precisa cuidar da sua família disfuncional (duas filhas e duas ex-mulheres que o detestam). Em meio ao caos o veterano policial, da banda podre da polícia, vai tentando sobreviver um dia de cada vez. Eu particularmente gostei desse filme. Muita gente reclamou por ter achado o final inconclusivo e abrupto, mas creio que foi essa mesma a intenção do diretor israelense Oren Moverman. Ele queria mesmo um desfecho tão cru e sem sentido como as próprias ruas de Los Angeles, com sua criminalidade fora de controle e a lei da selva imperando entre todos.

Um Tira Acima da Lei (Rampart, Estados Unidos, 2011) Direção: Oren Moverman / Roteiro: James Ellroy, Oren Moverman / Elenco: Woody Harrelson, Ben Foster, Sigourney Weaver, Anne Heche, Steve Buscemi, Robin Wright / Sinopse: Tira veterano das ruas de Los Angeles vê sua vida desmoronar após uma série de acusações de brutalidade policial e duplo homicídio injustificado. Agora ele precisa controlar essa crise, ao mesmo tempo em que tenta reconstruir seu relacionamento com suas filhas e suas ex-esposas.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de março de 2019

Hellion

Depois que ficou viúvo, Hollis Wilson (Aaron Paul) precisa cuidar de seus dois jovens filhos, Jacob, o mais velho de 13 e Wes, o caçula de 7 anos. A vida porém não é fácil pois ele passa o dia inteiro trabalhando e os garotos geralmente ficam o dia inteiro andando pelas ruas onde acabam conhecendo pequenos delinquentes locais. Após Jacob (Josh Wiggins) colocar fogo em um carro durante uma partida de futebol ele é enviado para uma instituição de correção de menores infratores. O pior acontece com Wes que lhe é tirado de sua custódia pelo Estado que entende que ele não tem mais condições de criar uma criança daquela idade. A salvação do cinema americano parece mesmo vir das produções independentes. Veja o caso desse muito bom "Hellion". A história gira em torno dos problemas enfrentados por uma família após a morte da mãe. Hollis (Paul) é o pai que tenta criar os dois garotos sem muito sucesso. Seu filho Jacob só se envolve em problemas e logo se torna uma pária da vizinhança. O mais jovem, obviamente influenciado pelo irmão mais velho, corre o risco de ir pelo mesmo caminho. Antes que isso aconteça porém o Estado tira a guarda de seu pai e o envia para os cuidados de sua tia, Pam (Juliette Lewis).

Uma decisão certa para a educação do garoto, mas devastadora para aquela família completamente disfuncional e problemática. Logo um conflito se instala entre os parentes. Para piorar Hollis tem problemas com bebidas e sua depressão vai ficando cada vez maior conforme os problemas vão surgindo em cascata na sua vida. O clima ruim e de falta de esperanças acaba se tornado cada vez pior até que Jacob (sempre ele) resolve tomar uma decisão totalmente impensada e inconsequente, o que mudará o destino de todos para sempre. "Hellion" é um drama social acima da média mostrando uma realidade que infelizmente é bem comum dentro da sociedade. Cresce cada vez mais o número de famílias desestruturadas, sem condições de dar as mínimas condições de vida para a criação de seus filhos. O reflexo disso acaba sendo sentido dentro da comunidade em geral, com aumento da violência e destruição dos valores tradicionais. Esse filme abre margem para uma reflexão maior sobre o tema. Está mais do que recomendado.

Hellion (Hellion, Estados Unidos, 2014) Direção: Kat Candler / Roteiro: Kat Candler / Elenco: Aaron Paul, Juliette Lewis, Josh Wiggins, Deke Garner / Sinopse: Viúvo tenta criar seus dois filhos da melhor maneira que lhe é possível. Depois que seu filho mais velho comete um pequeno delito ao queimar um carro ele precisa lutar pela custódia do garoto que lhe tirado pelo Estado. Filme indicado ao Sundance Film Festival na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio.