sábado, 9 de março de 2019

Michael Jackson: Leaving Neverland

Em resumo eu poderia dizer que esse documentário sobre Michael Jackson é simplesmente devastador para a imagem do cantor. Qualquer pessoa que tenha vivido os anos de glória de Michael sabe que ele foi um dos grandes ídolos da música, principalmente nos anos 80. Também sabe que ele foi acusado de pedofilia por garotos que eram levados para Neverland, seu rancho escondido na Califórnia. Ele foi processado e conseguiu se safar. Morreu em liberdade. Agora mais duas denúncias, vindas de dois homens que na infância teriam sido abusados sexualmente por Michael, sendo que um deles tinha apenas sete anos de idade quando tudo aconteceu!

O documentário tem quatro horas de duração e foi dividido em duas partes pela HBO. Posso dizer que os depoimentos são absurdamente críveis, cheios de detalhes sórdidos, o que os tornam até mesmo complicados de rebater. Digo com convicção que se esses dois tivessem falado  a verdade no tribunal naquela época em que Michael Jackson foi julgado ele teria morrido na cadeia. Claro, um deles ajudou Michael, mentindo em juízo, perante uma autoridade judiciária, mas isso é também explicado em sua longa admissão de culpa. De minha parte tomei tudo como verdade mesmo. Durante anos até acreditei (fazendo um pouco de força) que Michael fosse inocente, que ele era apenas um adulto bobo que queria se comportar como uma criança. Hoje em dia já não penso mais dessa forma. O conteúdo desse documentário é tão forte e convincente que vai ser muito difícil você acreditar na inocência do cantor depois de assisti-lo.

Para ficar ao lado de Michael Jackson depois de ver esse documentário vai ser preciso muito fanatismo por parte de seus fãs, quase um exercício de fé cega. Como não me enquadro de jeito nenhum nesse tipo de comportamento posso dizer que o Michael que sai das cenas de "Leaving Neverland" é de fato um monstro, um ser humano desprezível, mentiroso, manipulador, abusador de crianças e canalha. Um homem que deveria ter sido preso para passar o resto de seus dias na cadeia, pagando por seus crimes inomináveis. A reação do público em geral já começou. Muitas rádios baniram Michael de sua programação, pessoas jogaram fora seus discos e outros grupos de defesa dos direitos da criança já se manifestaram. Veio tarde esse tipo de reação, mas é sempre bem-vinda. A mancha em sua reputação é algo que, em minha opinião, já se tornou irreversível.

Leaving Neverland (Estados Unidos, 2019) Direção: Dan Reed / Roteiro: Dan Reed / Elenco:  Wade Robson, James Safechuck / Sinopse: O filme traz o depoimento de dois homens que quando crianças foram abusados sexualmente pelo cantor Michael Jackson. Além deles seus familiares e pessoas próximas contam tudo o que viveram ao lado do artista, que segundo seus relatos era um pedófilo criminoso contumaz.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Leaving Neverland
    Nota: 8.9
    Pablo Aluísio.

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  2. Eu sempre havia me esforçado para também relativizar tanto as denúncias que surgiam contra Michael Jackson, quanto seu comportamento errático, por assim dizer. Tinha pra mim que ele era o que poderia ser chamado de “pedófilo não praticante”, ou seja, sentia atração por crianças talvez até por se identificar como sendo uma - vide sua infância, que mal existiu -, mas que nunca teria chegado a consumar nenhum ato. Pelo visto, nada dessa impressão me restará assim que assistir ao documentário. Triste fim para quem poderia ser lembrado pelo que tinha de melhor, mas que deixou seu monstro interior vir à tona e fazer o seu pior.

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  3. Pois é, Cesar, minha postura era muito parecida com a sua. Achava que ele era no máximo um bobão, um sujeito infantiloide. Sempre gostei muito da música do MJ e por isso havia criado esse tipo de imagem, mas depois desse documentário não dá mais... tudo ficou muito claro! Só não vai abrir os olhos quem realmente não quiser...

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