sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ironclad - Sangue e Honra

"Ironclad - Sangue e Honra" é uma violenta aventura medieval. O filme começa muito bem, todo se baseando no reinado de João Sem Terra, famoso monarca inglês que foi forçado a assinar a chamada Magna Carta (uma das primeiras declarações de direitos individuais da história). Até aí tudo bem. O problema é que o Rei resolve ignorar tudo o que assinou e assim um grupo de rebeldes tenta novamente organizar uma rebelião contra o Rei. Dito assim pode-se pensar que o filme é rico em argumento mas não. Em menos de 30 minutos os rebeldes se fixam nas trincheiras do castelo de Rochester e o tema do filme, que poderia ser bem amplo, acaba se resumindo nessa situação de castelo sitiado pelas forças reais (que contam com a ajuda de mercenários dinamarqueses). 

Como toda situação de cerco somos apresentados a todas as táticas da época para tomar o castelo. Nesse ponto o filme se concentra nessa situação e a violência corre solta. É um dos filmes medievais mais violentos que já vi, beirando o gore. Cavalheiros são decepados, cortados, torturados, queimados, etc, etc. O banho de sangue toma conta da tela. No elenco o ponto alto fica, como era de se esperar, com Paul Giamatti no papel de João Sem Terra. Ele está alucinado em cena (no aspecto positivo do termo). No saldo geral vale a pena assistir, apesar de que saí com a sensação de que poderia ser muito, muito melhor. 

Ironclad - Sangue e Honra (Ironclad, Estados Unidos, 2011) Direção: Jonathan English / Roteiro: Jonathan English / Elenco: Paul Giamatti, Jason Flemyng, Brian Cox / Sinopse: Um grupo de rebeldes são sitiados durante o reinado de João Sem Terra na Idade Média. Roteiro levemente inspirado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Amor e Outras Drogas

Jamie (Jake Gyllenhaal) é um astuto representante de vendas de uma grande indústria de medicamentos. Em seu cotidiano ele se vê impelido a vender seu produto a todo custo, usando de todos os meios para que os médicos e os hospitais a que visita adotem as drogas que ele vende como padrão. Como recebe por comissão sua vida financeira depende diretamente disso. Numa dessas vendas acaba conhecendo Maggie (Anne Hathaway), uma charmosa jovem que no momento não está interessada em se relacionar com ninguém. Atitude que Jamie tentará mudar. "Amor e Outras Drogas" é uma comédia romântica que passeia por diversos estilos cinematográficos. Começa com um roteiro bem humorado, com doses generosas de cinismo e situações de duplo sentido. Depois vira um soft porn com muitas cenas de nudez, explorando de todas as formas o sex appeal do casal central. Por fim e pela terceira vez o filme tenta mudar novamente virando dessa vez um drama pesado onde os personagem vão ter que lidar com uma terrível situação. 

Em nenhum desses gêneros o filme chega a acertar direito, o roteiro está sempre fora de foco, procurando se encontrar mas nunca chega a um bom termo. A produção joga o tempo todo com a indústria farmacêutica. O personagem principal Jamie é no começo do longa um vendedor que só pensa no lado financeiro do mundo das drogas prescritas. Nunca se importa com o outro lado, a dos doentes e das pessoas que necessitam desses remédios para sobreviver. Para ele as drogas são apenas um meio para ganhar muito dinheiro e só. Apenas quando se vê atirado no outro lado é que ele cria real consciência do que efetivamente está lidando. O roteiro parece querer reforçar a crítica contra a indústria e o lado desumano da comercialização de medicamentos mas não desenvolve o tema a contento, se concentrando muito mais no lado romântico do casal. Faltou um pouco mais de trato nesse aspecto. Além disso some-se a isso o fato do filme ser longo além do necessário (para falar a verdade longo demais para uma estória que no fundo é simples). No final provavelmente vai desagradar a quem procura apenas uma comédia romântica leve e também aos que procuravam por algo com mais conteúdo. Esse problema é típico de filmes que atiram para todos os lados como esse "Amor e Outras Drogas".  

Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs, Estados Unidos, 2010) Direção: Edward Zwick / Roteiro: Edward Zwick, Charles Randolph, Marshall Herskovitz, Jamie Reidy / Elenco: Jake Gyllenhaal, Anne Hathaway, Oliver Platt, Hank Azaria, Josh Gad, Gabriel Macht / Sinopse: Jamie (Jake Gyllenhaal) é um astuto representante de vendas de uma grande indústria de medicamentos. Em seu cotidiano ele se vê impelido a vender seu produto a todo custo, usando de todos os meios para que os médicos e os hospitais a que visita adotem as drogas que ele vende como padrão. Como recebe por comissão sua vida financeira depende diretamente disso. Numa dessas vendas acaba conhecendo Maggie (Anne Hathaway), uma charmosa jovem que no momento não está interessada em se relacionar com ninguém. Atitude que Jamie tentará mudar.  

Pablo Aluísio.

Bronco Billy

Bronco Billy é basicamente uma homenagem a três coisas. Primeiro é uma homenagem ao mundo do circo, à vida daqueles que ganham seu sustento trabalhando cidade após cidade, levando esse secular entretenimento aos lugares mais remotos. Clint Eastwood não esconde que de certa forma homenageia aqui o famoso Buffalo Bill que fez fama e fortuna com seu show itinerante do velho oeste no começo do século passado (Buffalo Bill tem inclusive um ótimo filme enfocando sua vida, estrelado por Paul Newman). Outra homenagem que Clint faz com seu filme é em relação à mitologia do western. Ele brinca com sua própria imagem de cowboy no cinema. Achei excelente esse bom humor por parte dele em se auto parodiar. Por fim, e o mais importante, Clint homenageia o direito de cada um realizar seus sonhos. 

A cena que define Bronco Billy é aquela em que o personagem de Clint explica para sua companheira que ele tinha sido a vida inteira um mero vendedor de sapatos da cidade grande até que um dia resolveu largar tudo para correr atrás de seus sonhos. No caso o sonho que ele almejava desde a infância era a de ser um cowboy de verdade (igual aos que via no cinema quando criança). Eu achei tão lírica essa situação que valeu pelo filme inteiro. Enfim, ótima diversão para todas as idades e que mostra bem que o talento de Clint Eastwood como cineasta vem de longe!  

Bronco Billy (Bronco Billy, Estados Unidos, 1980) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Dennis Hackin / Elenco: Clint Eastwood, Sondra Locke, Geofrey Lewis / Sinopse: Bronco Billy (Clint Eastwood) tem um pequeno circo itinerante onde apresenta por cidadezinhas do interior dos EUA seu show de faroeste ao lado de seu grupo de artistas. Após ter a lona de seu circo incendiada em um acidente Bronco tem uma grande idéia para levantar seu show novamente.  

Pablo Aluísio.

Apollo 18

Uma tremenda bobagem. Poderia resumir esse Apollo 18 assim, dessa maneira simples. De todos os formatos que andaram surgindo nos últimos anos esse que chamo de "falso documentário" (existem outras denominações por aí) é um dos piores. É engraçado porque eles geralmente seguem o mesmo caminho: tentam virar hits na internet, semeiam informações falsas e depois tentam vender tudo como se fosse verdade. Na época de "A Bruxa de Blair" isso ainda era uma novidade e tanto (e deu muito certo como demonstra sua bilheteria) mas hoje em dia tentar servir um prato requentado tantas vezes soa desnecessário. 

Além desse aspecto "Apollo 18" tem um sério problema: é muito bobo o roteiro. Para quem cresceu vendo os roteiros bem elaborados da série clássica Star Trek ter que encarar uma bobagem dessas é dose pra leão. Em pouco mais de 60 minutos o filme nos enrola com pseudo papo de cunho técnico fajuto para dar alguma veracidade ao que ocorre na tela. Mas tudo vai por água abaixo, os atores são fracos, as imagens repetitivas logo cansam e o irritante áudio de má qualidade nos enche a paciência. A velha estorinha de ETs do mal já deu o que tinha que dar. Pra falar a verdade teria sido muito melhor se realizassem um documentário real sobre a Apollo 17, essa sim uma missão verdadeira. Já a Apollo 18 foi pura perda de tempo e dinheiro. 

Apollo 18 (Apollo 18, Estados Unidos, 2011) Direção: Gonzalo López-Gallego / Roteiro: Brian Miller / Elenco: Warren Christie, Lloyd Owen, Ryan Robbins / Sinopse: Imagens secretas do governo americano são descobertas mostrando os terríveis acontecimentos com a tripulação da missão Apollo 18.0

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Um Método Perigoso

"Um Método Perigoso" lida com a complicada relação entre os famosos Carl Jung (Michael Fassbander) e Sigmund Freud (Vigo Mortensens). O que havia começado como uma relação fraternal, quase de pai para filho, acaba desandando quando Jung ousa colocar em dúvida as bases das teorias de Freud. Para piorar ainda mais o relacionamento entre ambos logo vem à tona o fato de Jung ter se relacionado sexualmente com uma de suas pacientes, Sabina Spielrein (Keira Knightley). Um fato totalmente condenado por Freud. Realizar um filme assim é muito complicado pois se corre o risco do resultado final soar complicado demais para os leigos ou excessivamente superficial para os estudiosos das obras de Freud e Jung. Hoje em dia a própria psicanálise anda no fio da navalha pois o avanço dos remédios contra certos males da mente progrediu tanto que não é raro médicos da área desacreditarem totalmente tudo o que Freud e Jung produziram ao longo da vida. Se não for para debater a validade das teses de Freud e Jung então para que realizar esse tipo de filme?

De qualquer forma com esse material o diretor só tinha dois caminhos mesmo a seguir: ou realizar um filme ao estilo "novelão", sensacionalista, enfocando a vida sexual de Jung ou então algo mais cerebral, focado melhor nas divergências entre os dois pensadores. Infelizmente ao invés de escolher apenas um caminho e investir nele o diretor David Cronenberg tentou seguir os dois caminhos ao mesmo tempo, sem se ater a nenhum deles, transformando o resultado final bem superficial em ambos os lados. Nem desenvolve bem a conturbada relação Jung / Freud e nem muito menos consegue impor maior densidade dramática ao que acontece com as aventuras de alcova de Jung. Desse jeito acabou aborrecendo e decepcionando justamente tanto os especialistas quanto os leigos. Enfim, "Um Método Perigoso" é um filme esquizofrênico no final das contas e o pior dos pecados, bem superficial.

Um Método Perigoso (A Dangerous Method, Reino Unido, 2011) Direção: David Cronenberg / Roteiro: Christopher Hampton baseado no livro de John Kerr / Elenco: Keira Knightley, Viggo Mortensen, Michael Fassbender, Vincent Cassel / Sinopse: "Um Método Perigoso" lida com a complicada relação entre os famosos Carl Jung (Michael Fassbander) e Sigmund Freud (Vigo Mortensens). O que havia começado como uma relação fraternal, quase de pai para filho, acaba desandando quando Jung ousa colocar em dúvida as bases das teorias de Freud. Para piorar ainda mais o relacionamento entre ambos logo vem à tona o fato de Jung ter se relacionado sexualmente com uma de suas pacientes, Sabina Spielrein (Keira Knightley). Um fato totalmente condenado por Freud.

Pablo Aluísio.

O Psicólogo

Eu não sei bem o porquê mas ultimamente os filmes do Kevin Spacey estão saindo diretamente para o mercado de DVD no Brasil não tendo chances de serem exibidos nos cinemas. Uma pena já que ele tem apresentado ótimas interpretações como no caso desse "O Psicólogo" (um título estranho embora literal - Shrink é uma gíria para a profissão - e que na minha opinião seria mais adequado "O Psicanalista"). Kevin aqui faz o profissional do título, um sujeito que perdeu sua esposa (o roteiro não entra em maiores detalhes apenas afirma que ela se matou) e que por essa razão literalmente perde a vontade de viver. O curioso é que enquanto ele vive essa crise tem que aconselhar uma fauna de bacanas ricos mais confusos do que ele mesmo (entre eles um Robin Williams em participação especial). O contraste entre uma pessoa que não consegue superar nem suas próprias crises pessoais mas que ao mesmo tempo ganha a vida aconselhando os outros sobre suas vidas é uma das coisas mais irônicas que vi ultimamente no cinema americano. A ironia de "Shrink" é aquela que nasce da acidez, do desconforto, da inadequação. Seu roteiro, extremamente inteligente, nos deixa inquietos durante todo o filme.

Como sempre Kevin Spacey se esbalda em cada cena. Fumando um cigarro de maconha atrás do outro ele acaba se aconselhando, vejam só que ironia, com o seu traficante pessoal, um jovem que lhe vende todas as variedades de ervas possíveis (algumas com nomes hilários). Esse vendedor de drogas é vivido pelo bom ator Jesse Plemons (quem acompanha "Friday Night Lights" o conhece muito bem) e ironicamente se chama "Jesus". Fora isso vamos acompanhando várias estórias paralelas de personagens que acabam se cruzando durante o decorrer do filme. Enfim "Shrink" é muito bem interpretado, tem um roteiro que passeia da ironia à melancolia e certamente vai satisfazer as expectativas de um público mais inteligente e exigente. Recomendo bastante.

O Psicólogo (Shrink, Estados Unidos, 2009) Direção: Jonas Pate / Roteiro: Thomas Moffett, Henry Reardon / Elenco: Kevin Spacey, Mark Webber, Keke Palmer / Sinopse: Psicólogo de pessoas extremante ricas não consegue mais lidar com a dor da perda de sua esposa. Deprimido entra em profunda crise existencial.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Direito de Amar

Para quem acha que a boa fase do ator Colin Firth se resume à sua ótima atuação em "O Discurso do Rei" precisa assistir a esse bom drama psicológico chamado "Direito de Amar". Basicamente o filme enfoca a depressão suicida que se abate sobre um professor homossexual na década de 1960 após a morte de seu companheiro em um acidente de carro. O papel principal é um presente para todo e qualquer ator. Firth está excepcional na pele do sofrido personagem. Envolto em convenções sociais que o inibem de ser plenamente feliz ele se vê envolto em um momento depressivo e melancólico sem possibilidade de expressar todos esses sentimentos. Gostei bastante do roteiro principalmente por causa de seu ritmo lento, triste, melancólico, pausado, sem pressa, tudo de acordo com o estado depressivo do personagem principal. Além disso o contraste entre a personalidade tímida do professor e sua necessidade de satisfazer aos seus desejos mais ocultos e inconfessáveis criam um clima de tensão que acrescenta muito ao argumento do filme em si.

O elenco todo está particularmente inspirado, principalmente a dupla central. Colin Firth venceu o BAFTA por essa atuação, sendo indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro. Já sua parceira em cena, Julianne Moore, brilha como uma dona de casa infeliz e sem objetivos na vida além de tentar conquistar o amor de sua vida, que nunca será correspondido pois é gay. Sua delicada atuação também foi indicada ao Globo de Ouro. Aliás ambos os atores estão em uma ótima fase em suas respectivas carreiras uma vez que continuaram a participar de excelentes filmes após "Direito de Amar" chegando inclusive a receberem novas indicações e premiações por seus trabalhos posteriores, (Firth por "O Discurso do Rei" e Moore por "Minhas Mães e Meu Pai"). Mais um motivo para conferir esse talentoso encontro. Na direção o filme traz o estreante Tom Ford, o que não deixa de impressionar, uma vez que o filme é muito bem dirigido, sem sinais de falhas, o que seria natural de esperar de alguém que está pela primeira vez dirigindo um filme. Enfim, "Direito de Amar" é sensível, bem conduzido e acima de tudo marcante, seja qual for sua orientação sexual. Recomendo o filme a todos.

Direito de Amar (A Single Man, Estados Unidos, 2009) Direção: Tom Ford / Roteiro:Tom Ford baseado no romance de Christopher Isherwood / Elenco: Colin Firth, Julianne Moore, Matthew Goode / Sinopse: George´(Colin Firth) é um professor que passa por uma crise depressiva após seu companheiro de longa data morrer em um acidente de carro. Para superar a terrível fase ele conta com o apoio de Charley (Julianne Moore) que nutre sentimentos por ele, mesmo sabendo que nunca será correspondida.

Pablo Aluísio.

Imortais

Fui assistir a esse filme com o fiasco de "Fúria de Titãs" na cabeça. Por isso não tinha a menor fé em nada - pensei que seria mais um lixo Hollywoodiano. Para minha surpresa acabei achando interessante. Talvez por estar com expectativas quase a zero acabei ao final achando um blockbuster decente. Obviamente não aconselho aos estudiosos de mitologia grega, esses ficarão desapontados. O roteiro toma enormes liberdades com os mitos originais. Teseu, por exemplo, virou um rebeldinho revoltado, sem consistência. Monstros famosos como o Minotauro foram relegados a um simples grandalhão com máscara de touro feito de gravetos e por aí vai. O que salva "Imortais" do desastre é em primeiro lugar a linda direção de arte do filme e em segundo a presença sempre muito bem-vinda do ator Mickey Rourke. O filme é o que gosto de chamar de produção de luxo. Claro que praticamente todo ele foi gerado digitalmente mas mesmo assim achei tudo de muito bom gosto, sua fotografia em tons dourados, as cores gritantes das capas e uniformes. Até mesmo o figurino, que foi tachado de brega e excessivo em algumas resenhas, acabou me agradando.

Já Mickey Rourke é um capítulo à parte. Esse é o tipo de ator forjado no Actors Studio que consegue sobreviver a (quase) tudo. Não escondo de ninguém que sou admirador de carteirinha dele. Aqui temos o típico caso de ator maior que o filme. Seu personagem, o rei Hyperion, não é nem melhor e nem pior que outros vilões que enchem os blockbusters americanos todos os anos, a diferença é que Rourke declama até os mais simples diálogos com cuidado, capricho, e isso é sem dúvida uma grande diferença com os canastrões de hoje em dia. E por falar em canastrão o tal de Henry Cavill (que faz Teseu) é de uma nulidade gritante. Sem carisma, mono facial e sem graça quase leva tudo a perder. Se não fosse Rourke segurando as pontas o quesito atuação do filme seria simplesmente desastroso. Enfim, gostei de Rourke, da direção de arte e do bom gosto. Desgostei do Cavill, dos deuses (medíocres) e dos Titãs (esses últimos parecem zumbis de quinta categoria). Apesar de tudo no fim das contas vale uma espiadinha.

Imortais (Immortals, Estados Unidos, 2011) Direção de Tarsem Singh / Roteiro: Charley Parlapanides, Vlas Parlapanides / Elenco: Henry Cavill, Mickey Rourke, John Hurt / Sinopse: Teseu é um mortal que é escolhido por Zeus para liderar uma guerra contra o tirânico rei Hyperion que está em busca de uma arma capaz de destruir toda a humanidade.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O Homem Que Mudou o Jogo

Esse é o tipo de filme que está tão enraizado na cultura americana que dificilmente fará a cabeça dos brasileiros. O tema é centrado na história de um gerente de esportes (Brad Pitt) de um time de beisebol que tenta chegar ao sucesso usando das estatísticas de um jovem economista formado em Yale. Juntos, analisando números, eles tentam montar o time ideal: barato mas eficiente. Agindo assim a dupla acaba despertando a ira de velhos conselheiros do clube e até mesmo da imprensa que tem uma visão romântica do esporte e se sente muito incomodada pelo uso de uma ciência exata para chegar ao título do campeonato. O filme é interessante em termos justamente por esse conflito entre o romantismo e o pragmatismo. Afinal números frios vencem partidas ou não?

Claro que na linguagem técnica do esporte o espectador brasileiro que não conhece e nem entende sobre Beisebol vai ficar boiando mas o filme não se resume a isso. Há um desenvolvimento mostrando o lado familiar do personagem do Pitt, sua relação com a filha e as pressões que sofre em razão do esporte. Eu pessoalmente achei que falta um pouco de ritmo ao desenvolvimento da trama. O filme soa muitas vezes arrastado e sem foco. Só em seu terço final realmente cresce mais em emoção mas aí se utiliza do esporte que retrata e por essa razão quem não conhece direito as jogadas e as regras do Beisebol pode até mesmo ficar mais aborrecido ainda. De uma maneira em geral gostei do resultado. Poderiam ter aproveitado melhor a presença do grande ator Philip Seymour Hoffman, que faz o técnico do time, mas tudo bem. Para quem gosta de filmes de superação em esportes pode ser uma boa pedida mesmo que você não fale inglês e nem nunca tenha ouvido falar do Red Sox. Basta fazer uma forcinha a mais para gostar

O Homem Que Mudou o Jogo (Moneyball, Estados Unidos, 2011) Direção: Bennett Miller / Roteiro: Steven Zaillian, Aaron Sorkin / Elenco: Brad Pitt, Philip Seymour Hoffman, Robin Wright, Jonah Hill / Sinopse: Equipe de beisebol contrata um jovem especializado em estatísticas para ajudar na formação de sua nova equipe.

Pablo Aluísio.

Os Fragmentos de Tracey

Um verdadeiro achado esse "Os Fragmentos de Tracey". O filme não é muito conhecido até por causa de seu formato pouco convencional. Esqueça as narrativas normais que você está acostumado a ver por aí pois não a encontrará aqui. Na realidade a edição é tão dinâmica e desfragmentada que pensamos estar dentro da cabeça da jovem Tracey de quinze anos, com todas as suas inseguranças, sonhos e desejos tão típicos da sua idade. Achei particularmente genial o uso de vários quadros ao mesmo tempo nas cenas. Isso era comum no final dos anos 60 mas aqui o diretor Bruce McDonald resolveu levar tudo às últimas consequências. Assim em uma só cena vemos dois, quatro, seis e até vinte pontos de vista diferentes em um efeito de grande impacto.

Além da linguagem inovadora o roteiro é tão bem feito que ficamos com a impressão de ter sido escrito por uma adolescente mesmo. Lá está Tracey com seu amor platônico da escola, a sensação de ser a "loser", a convicção de que sua família é toda formada por idiotas e por aí vai. O filme lida muito com sensações, assim nada de contar a vida dela de forma banal, pelo contrário, tudo é tão jovial e inovador que fiquei realmente surpreso. O filme lembra em certos momentos "Juno" (o grande filme da carreira da Ellen Page) mas é muito mais radical e cool. Está a fim de assistir algo que fuja do feijão com arroz? Ora, corra para ver "Os Fragmentos de Tracey". Eu recomendo com absoluta certeza.

Os Fragmentos de Tracey (The Tracey Fragments, Estados Unidos, 2007) Direção de Bruce McDonald / Elenco: Maureen Medved, baseado na novela de Maureen Medved / Elenco: Ellen Page, Zie Souwand, Maxwell McCabe-Lokos / Sinopse: O filme mostra em narração desfragmentada pequenos momentos da vida de Tracey Berkowitz, uma garota de 15 anos que sai em busca de seu irmão.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sideways: Entre Umas e Outras

Sideways parte de uma premissa muito simples: dois amigos, Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church), partem para aproveitar a semana que antecede o casamento desse último. Miles planeja uma semana de turismo em vinícolas da região ao lado do amigo, degustando o que de melhor há em termos de vinho. Claro que mais cedo ou mais tarde todos os planos virão abaixo pois Jack está mais interessado nos rabos de saia que encontra pelo caminho do que propriamente em aproveitar de forma sofisticada sua última semana de solteirice. Já Miles tem seus próprios problemas. Divorciado, deprimido, acaba descobrindo que sua ex-esposa se casou novamente! O roteiro é, como se pode ver, bem simplório mas curiosamente em sua simplicidade consegue debater sobre temas importantes ao mesmo tempo em que desenvolve diversas situações de humor com os amigos. Não é uma comédia escrachada, tão em voga hoje em dia, mas sim um drama mesclado com pequenas situações de humor que satirizam os anseios e os dilemas que os homens enfrentam atualmente em seu dia a dia. Miles é o retrato disso - professor de colégio que tem aspirações a se tornar escritor mas que não consegue espaço no meio editorial por causa de "problemas de marketing" das editoras (talvez se ele lançasse um livro sobre vampiros adolescentes certamente seria publicado)!

O elenco do filme é todo bom com destaque para Giamatti que aqui repete seu tipo característico: homem de meia idade que não consegue concretizar seus sonhos e objetivos pessoais.. Já Thomas Haden Church (que lembra bastante Nick Nolte quando era mais jovem) consegue entregar uma boa caracterização de seu personagem: um ator de meia tigela que aproveita o pouquinho da fama que tem para traçar todas as garçonetes e empregadas que lhe cruzam o caminho. Para quem gosta de seriados um pequeno bônus: a presença de Sandra Oh que há muitos anos interpreta a Dra. Cristina Yang na série "Grey´s Anatomy". Enfim, "Sideways" é uma boa pedida. Uma boa direção de Alexander Payne que aqui se sai bem melhor do que em seu último filme, "Os Descendentes". Vale a pena conferir.

Sideways - Entre Umas e Outras (Subways, Estados Unidos, 2004) Direção de Alexander Payne / Roteiro de Alexander Payne baseado na novela de Rex Pickett / Elenco: Paul Giamatti, Thomas Haden Church, Virginia Madsen / Sinopse: Dois amigos, Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church), partem para aproveitar a semana que antecede o casamento desse último. Miles planeja uma semana de turismo em vinículas da região ao lado do amigo, degustando o que de melhor há em termos de vinho.

Pablo Aluísio.

Pronta Para Amar

Esse filme tem embalagem de comédia romântica, marketing de comédia romântica e jeito de comédia romântica mas na realidade não é nada disso! É o que chamavam antigamente de "filme de doença", ou seja, o espectador vai acompanhando a personagem principal a partir da descoberta da doença fatal (no caso aqui um câncer de intestino) passando pelo desenrolar do difícil tratamento até chegar ao desfecho de tudo (que tenta ser agradável, leve, mas convenhamos disso não tem nada). Eu não recomendaria esse tipo de produção para pessoas que perderam entes queridos recentemente pois é possível que venham a se identificar com a situação mostrada nas telas. Reviver algo assim nem sempre é recomendado. Principalmente para quem passou por esse tipo de coisa há pouco tempo. Além disso algumas situações de vida (ou da morte) não devem ser tratadas como algo leve, soft, pop, tentando criar um clima de falsa felicidade para mostrar uma situação que em si deve ser tratada e mostrada com a devida seriedade.

E os pontos positivos? Sim, há partes que valem a pena no filme. Um das coisas bacanas aqui é o elenco, cheio de atores e atrizes que gosto bastante. Além da Kate Hudson, que não compromete mas que também não surpreende (ela parece ter colocado sua carreira definitivamente em controle remoto), temos ainda Kathy Bates, muito bem em sua caracterização de "mãezona" e uma improvável Whoopi Goldberg em um papel nada comum. Outro ponto positivo é o fato do filme ter sido feito em New Orleans, uma das cidades mais peculiares dos EUA. A grande maioria das grandes cidades americanas não possuem identidade própria, são praticamente todas iguais, com cultura plastificada. Não é o caso de New Orleans que tem uma rica cultura musical, herdada dos colonizadores franceses que estiveram por lá. Além disso impossível ignorar o talento de tantos grandes músicos negros que nasceram na famosa cidade. É o berço do jazz e do soul - precisa dizer mais alguma coisa? A música e a cultura de lá ajudaram muito na suavização da trama. Como é um filme que trata de um tema muito sensível achei adequado que uma mulher exercesse a direção. Aqui a diretora Nicole Kassell tenta a todo custo amenizar o máximo possível a questão, tendo sucesso algumas vezes e outras não. Enfim é isso, "Pronta Para Amar" deveria se chamar realmente de "Pronta Para Morrer" pois é justamente disso do que se trata. Recomendo com restrições por causa do tema e do baixo astral.

Pronta Para Amar (A Little Bit of Heaven, Estadps Unidos, 2011) Direção: Nicole Kassell / Roteiro: Gren Wells / Elenco: Kate Hudson, Kathy Bates, Peter Dinklage, Gael García Bernal / Sinopse: Jovem profissional (Kate Hudson) descobre que tem uma doença incurável. A partir daí repensa sua vida e seus relacionamentos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Como Esquecer

Professora universitária (Ana Paula Arósio) tenta superar a dor do fim de seu relacionamento com uma mulher. Devastada emocionalmente ela não encontra forças para seguir em frente no trabalho, na vida social e nas amizades. Esse filme "Como Esquecer" é bem interessante. Primeiro ele mostra um relacionamento lésbico sem transformar isso em bandeira do movimento gay. Isso é um ponto positivo pois o roteiro não se torna panfletário, simplesmente mostrando duas pessoas apaixonadas. Outro aspecto a elogiar é a sempre marcante presença de Ana Paula Arósio. Eu conheço seu trabalho há muito tempo e sempre a achei muito digna em suas atuações. Ela tem uma dicção perfeita e sempre consegue se impor, não importa o papel. A Arósio é tão classuda que até mesmo quando interpreta uma prostituta (como em Hilda Furacão) se sai bem. Na realidade confesso que sou fã dela como atriz. O elenco de apoio também é muito bom, bem simpático. O Murilo Rosa aqui faz um amigo gay da personagem da Ana Paula Arósio. Ele inclusive rouba algumas cenas da colega. Isso se deva talvez ao fato de seu personagem ser "pra cima", animado, de bem com a vida.

O filme foi dirigido por uma mulher, Malu de Martino que só tinha feito um longa de repercussão antes: "Mulheres do Brasil" mostrando a realidade de cinco diferentes mulheres em várias regiões de nosso país. Ela é boa diretora como bem demonstra aqui em "Como Esquecer". Tudo é muito sutil, delicado e apesar de mostrar um tema que poderia ser polêmico evita o sensacionalismo disponibilizando um retrato muito humano da vida da professora. Vale a pena conferir. "Como Esquecer" mostra que há lugar no cinema brasileiro também para o bom gosto e a sutileza.

Como Esquecer (Como Esquecer, Brasil, 2010) Direção: Malu de Martino / Com Ana Paula Arósio, Murilo Rosa, Natália Lage, Bianca Comparato e Arieta Corrêa / Sinopse: Professora universitária (Ana Paula Arósio) tenta superar a dor do fim de seu relacionamento com uma mulher. Devastada emocionalmente ela não encontra forças para seguir em frente no trabalho, na vida social e nas amizades.

Pablo Aluísio.

Thor

Eu sempre torci o nariz para filmes de personagens em quadrinhos, todo mundo sabe disso, mas gostei desse Thor e sabem por quê? Porque Thor foi um dos poucos heróis de quadrinhos que não tiveram vergonha de aparecer no cinema como são na verdade - como um personagem de quadrinhos ora! Thor é despudorado, kitsch até o último fio de cabelos loiros e nada envergonhado de sua origem. O seu mundo é um desbunde! Poucas vezes vi uma direção de arte tão desavergonhada como essa! O mundo de Thor não é apenas over, mas totalmente over, pra falar a verdade tudo parece mais uma discoteca gay dos anos 70 do que qualquer outra coisa - a ponte que liga o nosso mundo a Asgard por exemplo mais parece uma pista de dança da época de Dancing Days! E falo isso não para criticar mas para dizer que adorei a exagerada direção artística do filme! É isso mesmo, se tem que ser kitsch, que seja até o fim. Sobrou até para Elvis Presley, sua música "I Can Help" de 1975 está na trilha, imagine você!

No elenco como sempre o grande Anthony Hopkins predomina. Ela não tem muitas cenas, é verdade, mas nas que aparece se impõe. É curioso encontrar esses grandes nomes em filmes como esse. Um personagem como esse nada vai acrescentar a uma carreira brilhante como a de Hopkins mas muitos intérpretes simplesmente não conseguem rejeitar aquela montanha de dinheiro que lhes é oferecido pelos grandes estúdios para encarnar tais tipos nas telas. Obviamente que se torna um tanto decepcionante ver um ícone como Anthony Hopkins em coisas como "Thor" mas enfim, o mundo não é apenas movido pela arte, mas pelo dinheiro também. É uma constatação da realidade. O mesmo acontece com Natalie Portman pois sua personagem é totalmente vazia de conteúdo. No fundo seu nome é apenas um luxo para abrilhantar os cartazes da produção. E o ator que interpreta "Thor"? Bom, o sujeito é dramaticamente nulo, tal como os anabolizados atores que faziam Maciste no passado. Ainda bem que não fala muito e por isso consegue surpreender não estragando o filme. Enfim, "Thor" é isso - é exagerado, é kitsch e é despudorado. Seu grande mérito é que se assume como tal e pela honestidade vale a pena ser assistido, mesmo sendo cinema chiclete que se mastiga e depois se joga fora sem culpa ou remorso.

Thor (Thor, Estados Unidos, 2011) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Ashley Miller, Zack Stentz / Elenco: Chris Hemsworth, Anthony Hopkins, Natalie Portman / Sinopse: Thor (Chris Hemsworth) cai em desgraça no Olimpo dos deuses e tem que ir para a Terra como punição por suas falhas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Origem

"A Origem" é uma excelente ideia que ficou no meio do caminho. Seu roteiro chama a atenção pela extrema imaginação e originalidade, seu argumento é ótimo com uma ideia central muito rica em possibilidades, com tudo bem costurado, coerente e fechadinho mas que se perde em uma narrativa sofrível que prejudica muito o filme no saldo final. Em poucas palavras: Um roteiro extremamente criativo que afunda numa edição ruim e numa linha narrativa pior ainda. Também falta coragem em se assumir como uma ficção totalmente inteligente e conceitual. No desespero de agradar aos mais jovens que frequentam cinema hoje em dia o diretor Christopher Nolan se acovardou e encheu a produção de correrias, tiroteios ultra exagerados (e bregas) tornando tudo banal, mais do mesmo. Não ousou ir até o fim, até as últimas consequências (como Kubrick fazia em seus filmes). Poucas vezes vi um ponto de partida tão promissor se perder em um emaranhado tão vasto de bobagens de estilo e cenas de ação gratuitas. A ideia central do filme não é complicada de se seguir (embora tenha deixado alguns espectadores sem entender muito bem o que acontece). Basicamente é uma alegoria do inconsciente que aqui deixa de ser meramente individual para se tornar coletivo, em um plano compartilhado por várias pessoas ao mesmo tempo. Falando assim até parece sem sentido, mas não é. Quem assistiu sabe disso. O problema é que o diretor Nolan faz um rocambole dos diabos com isso.

O calcanhar de Aquiles de "A Origem" é essa: as coisas acontecem em um ritmo tão acelerado e desorganizado que deixa o espectador médio aturdido. Faltou ao diretor organizar melhor as ideias e as distribuir na sequência de cenas de uma forma menos caótica. A terça parte final do filme é um verdadeiro abismo em termos de edição. Temos três níveis de sonhos, mais delírios de subconsciente e lembranças tudo misturado em uma quase inexistente linha de narração. A impressão nítida que tive foi que Nolan se perdeu totalmente nessa parte do filme. As coisas são literalmente vomitadas em cima do espectador que fica sem saber direito o que está afinal acontecendo. Alguns se esforçam para seguir o fio da meada mas pelo pude constatar na sala que assisti a maioria simplesmente desistiu de tentar acompanhar. Para esses Nolan distribuiu fartas cenas de ação vazias que permeiam toda a narrativa. Estaria tentando acordar os mais sonolentos? Foi o que me pareceu. Assim em determinado momento a produção se torna muito chata, afundada numa sucessão de sonhos dentro de sonhos que por sua vez estão dentro de outros sonhos. O filme também é muito pretensioso mas não cumpre o que prometia. Em poucas palavras: se torna um filme intragável para grande parte do público. Realmente faltaram foco, organização, ousadia e sensibilidade no resultado final. Espero sinceramente que Nolan não leve todos esses defeitos para o próximo Batman. Pretensão demais pode levar qualquer filme à sua própria ruína.

A Origem (Inception, Estados Unidos, 2011) Direção de Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page / Sinopse: Don Cobb (Leonardo Di Caprio) é um especialista em adentrar sonhos e mentes alheias com objetivos ilegais e ilícitos. Em uma dessas invasões acaba se envolvendo em uma rede de interesses industriais e comerciais do qual não consegue mais ter controle.

Pablo Aluísio.