Um verdadeiro achado esse "Os Fragmentos de Tracey". O filme não é muito conhecido até por causa de seu formato pouco convencional. Esqueça as narrativas normais que você está acostumado a ver por aí pois não a encontrará aqui. Na realidade a edição é tão dinâmica e desfragmentada que pensamos estar dentro da cabeça da jovem Tracey de quinze anos, com todas as suas inseguranças, sonhos e desejos tão típicos da sua idade. Achei particularmente genial o uso de vários quadros ao mesmo tempo nas cenas. Isso era comum no final dos anos 60 mas aqui o diretor Bruce McDonald resolveu levar tudo às últimas consequências. Assim em uma só cena vemos dois, quatro, seis e até vinte pontos de vista diferentes em um efeito de grande impacto.
Além da linguagem inovadora o roteiro é tão bem feito que ficamos com a impressão de ter sido escrito por uma adolescente mesmo. Lá está Tracey com seu amor platônico da escola, a sensação de ser a "loser", a convicção de que sua família é toda formada por idiotas e por aí vai. O filme lida muito com sensações, assim nada de contar a vida dela de forma banal, pelo contrário, tudo é tão jovial e inovador que fiquei realmente surpreso. O filme lembra em certos momentos "Juno" (o grande filme da carreira da Ellen Page) mas é muito mais radical e cool. Está a fim de assistir algo que fuja do feijão com arroz? Ora, corra para ver "Os Fragmentos de Tracey". Eu recomendo com absoluta certeza.
Os Fragmentos de Tracey (The Tracey Fragments, Estados Unidos, 2007) Direção de Bruce McDonald / Elenco: Maureen Medved, baseado na novela de Maureen Medved / Elenco: Ellen Page, Zie Souwand, Maxwell McCabe-Lokos / Sinopse: O filme mostra em narração desfragmentada pequenos momentos da vida de Tracey Berkowitz, uma garota de 15 anos que sai em busca de seu irmão.
Pablo Aluísio.