quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O Predador

Um grupo de militares comandados pelo experiente Coronel Dutch (Arnold Schwarzenegger) vai até uma floresta da América Central para uma missão e acaba sendo surpreendido pela presença de uma estranha criatura que não parece ser desse mundo. Um filme de ficção que marcou época e que deu origem a uma franquia que até hoje tenta reencontrar o caminho do sucesso que foi alcançado por essa fita. Lançado no auge da popularidade da carreira do ator Arnold Schwarzenegger, "Predator" conseguiu mesclar ficção com ação de uma maneira especialmente bem sucedida. Os efeitos especiais foram considerados revolucionários na época de lançamento (a tal ponto que sua derrota no Oscar foi considerada uma das grandes injustiças da história da Academia).

Schwarzenegger finalmente havia encontrado um rival à altura nas telas, uma criatura alienígena que tinha prazer em caçar e matar seres humanos, arrancando suas espinhas dorsais e seus crânios para usar como meros troféus de caça. O roteiro então procurou tirar ao máximo proveito desse jogo de vida e morte no meio da selva, entre um alien armado com armas desconhecidas dos humanos e um soldado treinado para as mais sangrentas batalhas. Algumas cenas, como a de Arnold Schwarzenegger camuflado com lama, pronto para destruir seu inimigo, se tornaram muito famosas. Some-se a isso a excelente maquiagem do monstro (interpretado pelo gigante Kevin Peter Hall) e você terá em mãos um dos mais divertidos filmes de ação e ficção dos anos 1980. Simplesmente imperdível.

O Predador (Predator, Estados Unidos, 1987) Direção: John McTiernan / Roteiro: Jim Thomas, John Thomas / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Carl Weathers, Kevin Peter Hall, Jesse Ventura / Sinopse: Um grupo de miliares fortemente armados encontram um ser vindo do espaço. E ele é um caçador. E os humanos são sua caça. Filme indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

Ladyhawke - O Feitiço de Áquila

Um casal de amantes acaba sofrendo uma maldição que os impede de se encontrar pois ambos viram animais selvagens em momentos diferentes do dia. Para quebrar o feitiço agora eles contam com a colaboração de Gaston (Matthew Broderick), um jovem acostumado a aplicar pequenos e grandes golpes por onde passa. Na década de 1980 tivemos uma safra de filmes ótima entre os anos de 1985 e 1986. Se tiver dúvidas procure por qualquer lista de produções lançadas nesses dois anos. Você certamente ficará surpreso com a quantidade de bons filmes lançados nessas duas temporadas. "O Feitiço de Áquila" também faz parte do que de melhor foi feito naqueles anos. Um misto muito bem realizado que combinava um enredo profundamente romântico com o clima de fábulas medievais. O enredo por si só já era muito bem escrito, mostrando a impossibilidade de duas pessoas que se amavam de se encontrar por causa de uma maldição que lhes havia sido imposta. Sob direção do excelente Richard Donner o elenco trazia três ótimos atores como protagonistas.

Poucas vezes Michelle Pfeiffer esteve tão bela como nessa produção. Jovem e com uma pele alva e delicada que só tornou sua personagem ainda mais enigmática, ela aqui encontrou um veículo perfeito para aquele momento em que vivia na carreira. Rutger Hauer havia brilhado em "Blade Runner" e estava em um momento de ascensão na carreira, algo que infelizmente não duraria muitos anos. Contrabalanceando o romantismo reinante entre esses dois atores, surgindo muitas vezes como alívio cômico o cast se completava com um jovem Matthew Broderick! Com todas as peças em seus lugares não é de se admirar portanto que o filme até hoje seja considerado um cult movie dos anos 1980. Romantismo à toda prova.

Ladyhawke - O Feitiço de Áquila (Ladyhawke, Estados Unidos, 1985) Direção: Richard Donner / Roteiro: Edward Khmara / Elenco: Matthew Broderick, Rutger Hauer, Michelle Pfeiffer / Sinopse: O filme conta a história de um amor medieval impossível de se concretizar. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som e Melhores Efeitos Sonoros. Vencedor do Saturn Awards (da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films) nas categorias de Melhor Filme - Fantasia e Melhor Figurino.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Adoradores do Diabo

Após a morte supostamente acidental de uma mulher numa cozinha, um médico de Nova Iorque descobre que ela estaria envolvida em uma rede de membros que se reúnem numa seita satânica nos porões da cidade. São fanáticos que promovem sacrifícios humanos com crianças. Para seu desespero também acaba descobrindo que seu filho é um dos alvos. Agora terá que lutar para salvar a criança das mãos dos membros dessa sanguinária seita do diabo. Um bom filme de terror que causou certa sensação em seu lançamento por tratar de um problema que só tem crescido nos últimos anos: a proliferação de seitas que se envolvem em magia negra, matando crianças em sacrifícios terríveis dirigidos para seus supostos deuses do inferno. O roteiro investe numa situação mais intelectual e procura evitar apelar o tempo todo para absurdos sensacionalistas.

Quem acaba se saindo muito bem em cena é o veterano ator Martin Sheen, que empresta todo o seu talento dramático para tornar ainda mais verdadeira a agonia pela qual seu personagem passa. Sempre fui um admirador da obra do cineasta inglês John Schlesinger que no passado dirigiu várias obras primas como por exemplo "Perdidos na Noite" e "Maratona da Morte". Sua sensibilidade cinematográfica apurada acaba trazendo grande força a esse filme que lida com um assunto tão complicado. Vale a indicação para os fãs de filmes de horror que estejam em busca de algo mais diferente do que geralmente se vê no gênero.

Adoradores do Diabo (The Believers, Estados Unidos , 1987) Direção: John Schlesinger / Roteiro: Mark Frost, Nicholas Conde / Elenco: Martin Sheen, Helen Shaver, Harley Cross / Sinopse: Pessoas de má índole se envolvem com cultos ao sobrenatural.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Joe

Depois de ficar alguns anos preso, por ter agredido um policial, Joe (Nicolas Cage) segue com sua vida. Ele mantém um pequeno negócio, onde recruta trabalhadores para envenenar árvores no meio da floresta. A intenção é retirar a mata original para a plantação de pinheiros. É um trabalho duro. Gary (Tye Sheridan) é um jovem desempregado que pede um emprego a Joe. A vida familiar dele é caótica, com sua mãe e irmã oprimidas por seu pai, um sujeito alcoólatra e violento. Tentando ajudar, Joe emprega o rapaz, mal sabendo que isso lhe trará vários problemas no futuro.

Gostei desse filme "Joe". É um dos poucos da recente safra da filmografia do ator Nicolas Cage que realmente vale a pena. Não sei bem a razão, mas Cage entrou em uma fase ruim, trabalhando em produções cada vez piores, algumas com roteiros ridículos. Bom ator certamente ele é, o que faltava era escolher melhor seus projetos. "Joe" é uma pausa muito bem-vinda na mediocridade de sua carreira mais recente. É um bom drama, com personagens interessantes e argumento coeso, que prende a atenção. O protagonista é um homem comum, um trabalhador que tenta ganhar a vida da melhor forma possível.

O diretor David Gordon Green optou por escolher uma narrativa lenta, contemplativa. Nada é muito apressado e o enredo se desenvolve em seu próprio ritmo. A vida de Joe tem muitos problemas, inclusive uma rixa violenta com um sujeito intragável, um bêbado de bar com quem sempre sai na mão quando se encontram. O cenário onde tudo se passa é uma pequena cidadezinha do sul do Texas, com aquele clima de decadência econômica que os americanos do interior conhecem muito bem. A própria atividade de Joe - a de envenenar árvores - é clandestina, pois ele é contratado pelas grandes madeireiras para fazer o serviço sujo, abrindo caminho para elas depois devastarem a floresta. Não é um personagem heroico, muito pelo contrário, é um membro da classe trabalhadora, tentando ganhar a vida. Esse realismo aliás é o grande mérito desse filme.

Joe (Joe, Estados Unidos, 2013) Direção: David Gordon Green / Roteiro: Gary Hawkins, Larry Brown / Elenco: Nicolas Cage, Tye Sheridan, Gary Poulter / Sinopse: Joe (Cage), um ex-condenado, ganha a vida na floresta ao lado de seus contratados. Sua vida muda quando conhece um garoto com problemas familiares. Ao tentar ajudá-lo Joe acaba se envolvendo em uma situação no mínimo delicada e perigosa. Filme premiado pela Austin Film Critics Association e Venice Film Festival na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

Nosso Fiel Traidor

Um casal em crise decide passar férias no Marrocos para tentar superar os problemas. Casualmente o marido Perry (Ewan McGregor) acaba conhecendo em um restaurante de Marrakech um russo conhecido apenas como Dima (Stellan Skarsgård). Falastrão e boa praça, logo faz amizade com o britânico, o convidando para uma festa, uma balada para a comunidade russa que vive na região. A noite acaba se estendendo além do limite e Perry no dia seguinte precisa se explicar para a esposa, até porque havia mulheres lindas no local. A intenção de Dima em fazer amizade com Perry porém vai muito além da simples amizade. Ele quer que o inglês dê ao serviço secreto de seu país um pen-drive. Acontece que Dima é o encarregado das finanças da máfia russa e quer delatar todos os membros de sua organização em troca de asilo e proteção na Inglaterra. Perry que sempre foi um homem pacato, um mero  professor universitário de poesia, acaba assim entrando em um jogo perigoso, envolvendo mafiosos e políticos corruptos do próprio parlamento britãnico.

Essa é mais uma adaptação da obra do escritor John le Carré para o cinema. Especialista em tramas de espionagem esse autor é um dos mais populares da literatura. De forma em geral considerei apenas um filme mediano. O problema nem é tanto da obra cinematográfica em si, mas sim da própria estória que conta. Quem em sã consciência aceitaria levar arquivos secretos da máfia russa para entregar ao MI6 em seu retorno para a Inglaterra? Esse é apenas um exemplo da falta de veracidade desse enredo. Outros vão surgindo, em situação inverossímeis demais para se ignorar. A única boa atuação do elenco vem por parte do trabalho do ator sueco Stellan Skarsgård. O seu mafioso russo é cheio de vida, um sujeito expansivo que precisa ir embora antes que o novo chefão da máfia o extermine. Ele pensa em sua família, tem receio que todos sejam mortos e vê naquele inglês pacata a chance de ir embora para sempre do mundo do crime. Já Ewan McGregor não está muito bem e isso é culpa do papel que interpreta, a de um marido meio bobão, bonzinho demais para ser crível. Com um penteado esquisito e cara de bobalhão, fica complicado torcer por ele em cena. Damian Lewis como o agente do MI6 se sai melhor, mas não tem o espaço adequado para desenvolver melhor seu personagem. Então é isso. Um filme bom, OK, bem produzido, mas que sofre pela própria trama que apresenta, pouco crível e verossímil.

Nosso Fiel Traidor (Our Kind of Traitor, Inglaterra, França, 2016) Direção: Susanna White / Roteiro: Hossein Amini, baseado na obra de John le Carré / Elenco: Ewan McGregor, Stellan Skarsgård, Damian Lewis, Naomie Harris, Grigoriy Dobrygin / Sinopse: Casal inglês decide ajudar mafioso russo a entregar provas para o serviço secreto inglês, se envolvendo em uma complexa rede de crime e espionagem.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de novembro de 2016

Operação Anthropoid

Em 1942, no auge da II Guerra Mundial, o governo inglês e os líderes da resistência tcheca em Londres enviaram um grupo de paraquedistas para Praga. Eles pularam além das linhas inimigas, bem no meio da floresta, e depois foram para a cidade com uma missão específica: localizar e assassinar o General Reinhard Heydrich, o terceiro homem na hierarquia do III Reich alemão, abaixo apenas de Hitler e Heinrich Himmler, o todo poderoso líder das tropas SS. Reinhard Heydrich era um nazista fanático, que ficou conhecido como o "açougueiro de Praga", por causa de seus crimes. Ele era  um criminoso de guerra capaz das maiores atrocidades, como matar homens, mulheres e crianças inocentes, apenas para provar sua autoridade diante de uma nação ocupada e barbarizada por suas tropas. Assim o General era um grande troféu para os membros da resistência contra a invasão nazista naquela nação. A missão de matar esse militar, que acabou não sendo executada com tanta perfeição, é o ponto central do roteiro desse filme.

Desnecessário dizer que se você gosta de filmes de guerra esse é certamente um dos temas mais interessantes da II Guerra. Bem conhecido de estudiosos do período. Tudo é baseado em fatos históricos reais, ideal para quem gosta da história desse conflito. Com excelente reconstituição histórica, boa produção (o filme foi produzido pelos estúdios Universal), o roteiro procura ser o mais fiel possível aos acontecimentos. Um aspecto periférico que a história mostra, que é bem importante citar, é o papel importante desempenhado pelos membros da Igreja Católica contra a expansão nazista na Europa durante aquela época tenebrosa. Bem ao contrário de certas cartilhas marxistas que caluniam a Igreja, tentando convencer a todos que foi justamente o contrário do que efetivamente aconteceu. Aliás é dentro de uma Igreja em Praga que acontece a melhor cena de todo o filme, em clímax completamente violento e insano. O elenco é formado por jovens atores, sendo o nome mais conhecido o de Cillian Murphy. Todos bem empenhados em homenagear seus personagens, que são considerados heróis até hoje pelo povo da atual República Checa. Um dos países mais belos do mundo, tão rico em história e cultura, acabou sendo também uma das primeiras vítimas de um regime atroz. No final das contas a única crítica maior que teria a fazer sobre o roteiro desse filme vem do fato dele se concentrar apenas no lado dos membros da resistência. Os roteiristas esqueceram de certa maneira de desenvolver o lado nazista da história, mostrando as atrocidades do General Heydrich. Isso teria mostrado ainda mais a urgência de toda a operação para matá-lo. No mais é com certeza um excelente filme, bem valorizado pela história edificante que conta. Está assim mais do que bem recomendado.

Operação Anthropoid (Inglaterra, França, República Checa, Estados Unidos, 2016) Direção: Sean Ellis / Roteiro: Sean Ellis, Anthony Frewin / Elenco: Cillian Murphy, Toby Jones, Jamie Dornan, Charlotte Le Bon, Anna Geislerová / Sinopse: Baseado em fatos reais o filme mostra os preparativos para a operação Anthropoid, que tinha como objetivo o assassinato do General e líder nazista Reinhard Heydrich.

Pablo Aluísio.

O Contador

Na infância Christian Wolff (Ben Affleck) foi diagnosticado como portador de uma das espécies mais raras de autismo. Seu pai, um militar linha dura, o treinou para controlar esse problema, evitando assim que ele fosse explorado por causa de seu transtorno. O objetivo era garantir uma vida normal para o garoto no futuro. Como se sabe pessoas autistas apresentam grandes problemas em relacionamentos sociais, porém são extremamente habilidosas para lidar com números, estatísticas, listas, etc. Assim Wolff acaba se tornando um auditor contábil dos mais eficientes em seu ramo profissional. Inicialmente ele começa trabalhando para grupos criminosos, extremamente perigosos e letais, entre eles a máfia italiana em Nova Iorque. Sua racionalidade acima da média o faz sobreviver nesse submundo. Suas atividades porém chamam a atenção do governo americano que resolve descobrir sua identidade. Enquanto não é descoberto, Wolff aceita mais um serviço, em uma empresa especializada em robótica e próteses para deficientes físicos.

Lá descobre um grande desfalque, um desvio de 60 milhões de dólares nas contas. Um dos sócios desviou toda essa fortuna, embolsando o dinheiro para si. A descoberta acaba em tragédia e a auditoria fica pelo meio do caminho, mas Wolff, sem saber, acaba entrando em uma armadilha mortal. Ele precisa salvar não apenas sua vida, mas também a da jovem contadora da empresa, a primeira a descobrir o rombo milionário nas contas corporativas. Eu achei bem interessante esse "O Contador". A premissa realmente é das melhores. Ter um protagonista autista já é um diferencial e tanto. Agora colocá-lo como um sujeito extremamente treinado e preparado para sobreviver até nas mais estressantes e violentas ações já achei um pouco além da conta. Em minha concepção o filme funciona muito bem até mais ou menos sua metade. Somos apresentados ao personagem de Ben Affleck, descobrimos que ele é autista, que tem problemas e transtornos mentais, etc. Tudo muito interessante. Depois que ele vira uma espécie de Rambo indestrutível o filme decai muito. O roteiro perde parte de sua graça ao explorar uma série de cenas de ação. Acho que não era bem por aí. O roteiro se tivesse focado mais no lado cerebral da trama teria sido bem melhor. De qualquer forma ainda está valendo. Não é uma obra prima, passa longe disso, mas pelo menos tenta ser um pouco diferente, fugindo em parte do lugar comum.

O Contador (The Accountant, Estados Unidos, 2016) Direção: Gavin O'Connor / Roteiro: Bill Dubuque / Elenco: Ben Affleck, Anna Kendrick, J.K. Simmons, John Lithgow / Sinopse: Christian Wolff (Ben Affleck) é um auditor contábil, com problemas de autismo, que precisa sobreviver a inimigos do passado e do presente. Ele, com os anos, se tornou um arquivo vivo que precisa ser eliminado de todas as formas possíveis.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de novembro de 2016

Jack Reacher: Sem Retorno

Jack Reacher (Tom Cruise) é um ex-major do exército americano que vaga pelo país em busca de algum propósito para sua vida. Ao entrar em contato com uma militar baseada em Washington DC ele acaba simpatizando com ela. Surge um flerte casual entre ambos. Sem pensar muito Jack resolve ir até a capital do país para conhecê-la pessoalmente. Quem sabe ele não consegue um encontro ou algo assim. Quando chega lá acaba descobrindo que ela está presa, acusada de espionagem! Completamente surpreso, Reacher acredita que pode haver algo por trás de sua prisão. Ela provavelmente está sendo usada como bode expiatório, principalmente após ter descoberto um caso envolvendo crimes militares em uma base no Afeganistão. Tudo leva a crer que um carregamento de armas dado como desaparecido, foi vendido no mercado negro de tráfico internacional de armas. Ao começar a investigar o próprio Reacher porém se torna alvo de suspeitas de envolvimento com espionagem e traição ao país, tendo que fugir para sobreviver.

Segundo filme estrelado por Tom Cruise no papel do ex-militar Jack Reacher. Essa é uma nova franquia no qual o ator anda apostando suas fichas. Ele não apenas atua como também produz o filme. Os direitos dos livros foram comprados por ele, ou seja, é um projeto pessoal do próprio Cruise. O problema é que o filme, apesar de ser bem realizado, não foge muito da velha fórmula desgastada dos filmes de ação. Há uma pequena trama, de fácil entendimento por trás, que serve de pretexto para cenas e mais cenas de perseguição, tiroteios e coisas do gênero. Logo se torna cansativo pela repetição e falta de novas ideias. O primeiro filme também tinha esses mesmos defeitos, mas até que me agradou por ser mais objetivo. Esse aqui peca por trazer uma personagem bem irritante e inútil para o roteiro, uma adolescente que supostamente seria a filha de Reacher. A garota só serve para ficar aborrecendo o tempo todo o casal fugitivo - e de quebra enche a paciência também do espectador. Aborrescentes deveriam ficar fora desse tipo de filme. Outro defeito é a velha mania que alguns roteiros americanos apresentam de ofender a inteligência do público. Em determinada cena, por exemplo, Cruise e sua colega conseguem fugir de uma prisão militar do exército de alta segurança sem grandes problemas. Sinceramente, momentos como esse ultrapassam qualquer sinal de bom senso. Enfim, um filme apenas mediano que parece melhor do que realmente é por causa da massiva campanha de marketing utilizada em seu lançamento.

Jack Reacher: Sem Retorno (Jack Reacher: Never Go Back, Estados Unidos, 2016) Direção: Edward Zwick / Roteiro: Richard Wenk, Edward Zwick / Elenco: Tom Cruise, Cobie Smulders, Aldis Hodge / Sinopse: Jack Reacher (Tom Cruise) é um ex-major do exército americano que acaba sendo envolvido em uma falsa acusação de espionagem de uma colega de farda. Assim ele tenta escapar da prisão (e provavelmente da morte) enquanto tenta desvendar a conspiração que existe por trás de tudo.

Pablo Aluísio.

O Encontro

Richard Gere foi um dos mais populares galãs de Hollywood. Curiosamente quando seus cabelos começaram a ficar grisalhos ele não morreu como ator, como era de se supor em relação a um galã. Pelo contrário, ele assumiu a idade e começou a estrelar uma série de filmes bem interessantes, alguns bem mais relevantes do que os que ele fazia quando era apenas um rostinho bonito em Hollywood. Esse "O Encontro", devo confessar, é um dos filmes  mais humanos de sua filmografia. Gere interpreta George, um sem-teto que vaga por uma Nova Iorque cosmopolita e desalmada. Ele não tem trabalho, meios de sobreviver e nem onde ficar. Está velho e com sinais de desequilíbrio mental. Despejado de um velho apartamento caindo aos pedaços, que ele diz ser de uma amiga (possivelmente imaginária), ele acaba indo parar no lugar para onde vão todos os pobres e esquecidos da América: a rua!

E no mundo selvagem dos chamados homeless ele precisa viver a cada dia. Sem ter onde dormir procura por abrigos, muitas vezes perigosos. Vivendo da caridade alheia acaba vendendo peças de sua própria roupa para comprar bebidas alcoólicas - um velho mal que atinge muitos moradores de rua. O passado ficou para trás. Sua esposa morreu precocemente de câncer de mama e após perder o emprego, sua casa e praticamente toda a vida, acabou se tornando uma pessoa invisível, que anda pelas ruas da grande metrópole sendo ignorado pelos apressados moradores que viram o rosto sem cerimônia para a pobreza e a miséria de sua sociedade. Sua única ligação com a vida que tinha é sua filha, que trabalha como bartender em um bar de periferia. Ele tenta uma reaproximação, mas tudo é muito difícil. Ela tem mágoas por ele não ter segurado a barra quando a esposa morreu. Velhas feridas e traumas familiares que custam a cicatrizar. Gere poucas vezes esteve tão bem. Ele leva o espectador para o mundo dos que não possuem mais nada, muitas vezes, nem ao menos esperança. O clima do filme é triste de uma maneira em geral, porém a cena final, com uma clara mensagem de redenção ao seu próprio modo, nos deixam pelo menos com um pequeno e tímido sorriso nos lábios. Afinal, nesse mundo tão injusto, nem tudo está irremediavelmente perdido.

O Encontro (Time Out of Mind, Estados Unidos, 2014) Direção: Oren Moverman / Roteiro: Oren Moverman, Jeffrey Caine / Elenco: Richard Gere, Ben Vereen, Jena Malone, Steve Buscemi, Jeremy Strong, Kyra Sedgwick / Sinopse: George (Richard Gere) é um sem-teto que tenta novamente se aproximar de sua filha, que o detesta e o odeia por causa de traumas familiares do passado. Filme premiado pelo Toronto International Film Festival.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A Série Divergente - Convergente

Título no Brasil: A Série Divergente - Convergente
Título Original: Allegiant
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate
Direção: Robert Schwentke
Roteiro: Noah Oppenheim, Adam Cooper
Elenco: Shailene Woodley, Theo James, Jeff Daniels, Octavia Spencer, Naomi Watts
  
Sinopse:
Após a vitória dos rebeldes divergentes sobe ao poder Evelyn (Naomi Watts), que começa a tomar atitudes tirânicas, com execuções sumárias de inimigos e prisões arbitrárias. Cansada de tudo Tris (Shailene Woodley) decide explorar ao lado de seus amigos o mundo além dos muros da cidade, o que acaba revelando algo que ela nem sonhara existir.

Comentários:
Terceiro filme da saga Divergente. Depois do segundo filme, que foi bem mais ou menos, eu nem ia assistir esse terceiro filme, porém como diz o ditado se começou algo, termine. Assim resolvi conferir. É a tal coisa, a escritora Veronica Roth que escreveu os livros originais parece ter caído naquela velha armadilha de dar voltas sobre si mesma. No segundo filme tudo parecia resolvido, a trama tinha chegado ao fim, os rebeldes venceram os tiranos, mas... eis que tudo volta para a estaca zero. Uma vez no poder os revolucionários logo se tornam tão tirânicos como o regime anterior, sendo que não há outro caminho a seguir a não ser... uma nova guerra! Em poucas palavras: cansativo! Ok, estamos aqui na presença de um produto teen, feito para adolescentes, mas um pouquinho de criatividade ou inovação cairia muito bem. Voltar a contar a mesma estória de novo me soa uma grande picaretagem por parte dessa escritora. Deixando isso de lado devo dizer que até gostei da produção em geral. 

O filme tem bons efeitos visuais - mais do que os dois anteriores - e uma boa direção de arte. Só peca mesmo pelo roteiro, já que o livro original nunca fez muito sentido. Falando sinceramente essa trama é bem confusa, mal desenvolvida, sempre apelando para clichês de todos os tipos. De uma maneira ou outra, o fato é que essa terceira parte foi mal recebida por parte do público e crítica, o que fez com que a quarta parte no cinema fosse cancelada! (sim, as coisas ainda iriam em frente!). O estúdio porém resolveu que os fãs não ficarão sem o quarto filme, mas esse será produzido para ser exibido apenas na TV, em ritmo de orçamento modesto. Além disso o elenco original será todo substituído. A atriz Shailene Woodley (que inclusive foi presa recentemente nos EUA) está fora da quarta parte. Nada de gastos excessivos. A ordem agora é fazer um filme final, para encerrar o ciclo, porém sem gastar muito. Melhor assim, pois será mais fácil ignorar. A conclusão de tudo é simples: a série Divergente não terá mais futuro no cinema. Já era tempo. The End.

Pablo Aluísio.