segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A Patrulha da Esperança

Clássico filme de guerra. Qual é a história? O coronel Pierre Raspeguy (Anthony Quinn) e seus homens ficam cercados por um grande exército de libertação nacional em Dien Bien Phu na Indochina. Depois da derrota, são feitos prisioneiros e após algum tempo são finalmente libertados quando a França desiste de sua intervenção militar no país. De volta à Paris tudo o que o coronel deseja é retornar para o campo de batalha e ele consegue seu objetivo ao ser designado para comandar uma tropa de elite a ser enviada para a Argélia, colônia francesa que luta por sua independência. Filme tecnicamente muito bem realizado, com ótimas sequências de batalha e ação, mas novamente um pouco confuso sob o aspecto político. O filme começa na Indochina, que naquele momento tentava se livrar do poderio e domínio do imperialismo francês. Os soldados liderados por Anthony Quinn estão encurralados e a única saída é a rendição aos inimigos. Depois de algum tempo presos, são finalmente libertados depois que a França se conscientiza que aquela guerra é uma perda inútil de homens, equipamentos e dinheiro. 

O curioso aqui é chamar a atenção para o fato de que após a retirada da França da Indochina, que passaria a se chamar Vietnã, iria se abrir um vácuo de poder na região, o que iria resultar na intervenção dos Estados Unidos. E isso, anos depois, iria dar origem também à Guerra do Vietnã. Um grande desastre militar para os americanos. Depois que voltam para a França, a tropa comandada pelo Coronel  Raspeguy (Anthony Quinn) é novamente enviadas para o front, só que dessa vez na Argélia, e lá começam a combater os argelinos que lutam pela independência de seu país! Pois é, o fato é que esse roteiro tem como protagonistas soldados que estavam sempre lutando pelo imperialismo de Paris contra povos que apenas tinham como objetivo sua libertação desse tipo de colonialismo anacrônico. Assim o roteiro derrapa nesse aspecto, pois tem um viés equivocado, trazendo a mesma visão que iria levar à guerra da Argélia e até mesmo à guerra do Vietnã, duas experiências que França e Estados Unidos jamais iriam esquecer por causa do tamanho do desastre que foi.

Porém, tirando esse aspecto político de lado, o espectador terá um filme de guerra bastante eficiente, com ótimas tomadas de combate como atrativo, em especial a cena final onde rebeldes argelinos e tropas francesas se enfrentam numa montanha com ruínas da época do império romano ao fundo. Nesses tempos o cinema não tinha recursos digitais para recriar esse tipo de combate em computadores e nada do tipo. Tudo era feito de forma real, com centenas de milhares de figurantes, explosões, veículos de guerra, etc. E filmar tudo em lugares desertos tornava a produção ainda mais complicada. Então é isso, "Lost Command" não tem uma visão política correta daquele período histórico, mas se salva pela grandeza de suas cenas de ação e guerra, o que hoje em dia é certamente o que mais irá atrair o fã de cinema clássico.

A Patrulha da Esperança (Lost Command,  Estados Unidos, 1966) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Mark Robson / Roteiro: Jean Lartéguy, Nelson Gidding / Elenco: Anthony Quinn, Alain Delon, George Segal / Sinopse: Militares franceses veteranos da guerra da Indochina são enviados novamente para o campo de batalha, no norte da África, onde forças rebeldes argelinas lutam pela independência de sua nação do imperialsmo francês.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Comboio Para o Leste

Em 1943, ainda na época da II Guerra Mundial, o astro de Hollywood Humphrey Bogart atuou nesse clássico do cinema. Na época o grande receio dos navios mercantes que cruzavam os mares era a presença ameaçadora de submarinos da marinha da Alemanha nazista. Diversas embarcações foram afundadas nesse período histórico. O filme conta uma dessas histórias. Um petroleiro americano é afundado por um submarino alemão e os sobreviventes passam 11 dias no mar em uma balsa. Sua única possibilidade de salvação é o navio "Sea Witch" que está se dirigindo até o porto de Murmansk no Atlântico Norte. Esse foi o primeiro filme de Humphrey Bogart após ele realizar o maior filme de sua carreira, o clássico "Casablanca". Como se pode ver pelo enredo, Bogart ainda estava empenhado no esforço de guerra dos aliados, o que era de esperar pois o filme foi realizado em 1943 e a Segunda Guerra Mundial ainda assolava o mundo. O filme explora a chamada batalha do Atlântico Norte, quando vários navios mercantes foram afundados por submarinos alemães. Os nazistas não tinham o menor receio de atirar em navios civis, levando pessoas e cargas. Obviamente mais um crime de guerra dos seguidores de Hitler.

Nesse filme o ator Humphrey Bogart interpretou um personagem heroico que a Warner quis vender como uma espécie de "Sargento York", uma produção clássica de enorme sucesso na época. Na realidade, se formos analisar bem, pouca coisa pode ser comparada. Esse filme com Bogart tem produção bem mais modesta, fotografia em preto e branco e mostra sinais da dificuldade técnica da época em recriar as batalhas entre submarinos e a Marinha americana, que na época usava cargas de profundidade para destruir as frotas alemãs de U-Boats. Movimentado, não tenta ser o que não é, pois no fundo é uma produção de ação e aventura, com muita mensagem de patriotismo para quem estava no front de guerra. Um clássico para se divertir, acima de tudo.

Comboio Para o Leste (Action in the North Atlantic, Estados Unidos,  1943) Estúdio: Warner Bros / Direção: Lloyd Bacon, Byron Haskin / Roteiro: John Howard Lawson, Guy Gilpatric / Elenco: Humphrey Bogart, Raymond Massey, Alan Hale / Sinopse: O roteiro desse clássico dos filmes de guerra explora o afundamento de navios mercantes por parte da marinha da Alemanha nazista durante a II Guerra Mundial. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro original (Guy Gilpatric).

Pablo Aluísio.

O Homem Invisível

Título no Brasil: O Homem Invisível
Título Original: The Invisible Man
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: James Whale
Roteiro: R.C. Sherriff
Elenco: Claude Rains, Gloria Stuart, William Harrigan, Henry Travers, Una O'Connor, Forrester Harvey

Sinopse:
Baseado na obra do imortal H.G. Wells, o clássico do cinema "O Homem Invisível" conta uma história de terror e suspense. O Dr. Jack Griffin (Claude Rains), um cientista renomado, consegue encontrar a fórmula da invisibilidade. Após resolver experimentar em si mesmo a estranha substância começa a sentir os efeitos danosos que modificam não apenas seu corpo mas também sua mente que começa a se deteriorar de forma gradual.

Comentários:
Um clássico do cinema de horror americano. O filme lançado na década de 1930 ainda hoje surpreende por causa da incrível imaginação de seus realizadores. Imagine realizar uma obra como essa, naquela época distante, onde poucos eram os recursos em termos de efeitos especiais. Para contrabalancear isso há um primoroso trabalho técnico, lidando com pequenos truques de câmera e maquiagem que funcionaram excepcionalmente bem. Some-se a isso o fato do diretor James Whale ter privilegiado as tomadas de suspense e você terá uma pequena obra prima em mãos. O roteiro, baseado na clássica estória do escritor (e gênio) H.G.Wells, novamente lida com o medo dos rumos perigosos que a ciência poderia tomar. Curiosamente o enredo também explora muito bem questões como ética na ciência e os limites do conhecimento humano. O próprio cientista se torna vítima e algoz ao mesmo tempo de suas experiências. Lançado em pleno verão de 33 o filme acabou se tornando um grande campeão de bilheteria, principalmente pela garotada que lotava as sessões para curtir essa inovadora ideia. Era o nascimento da cultura pop americana, impulsionada por filmes como esse, gibis, música e literatura de bolso.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de janeiro de 2021

Josey Wales - O Fora da Lei

"Josey Wales - O Fora da Lei" é um clássico faroeste da carreira do ator e diretor Clint Eastwood. Na história temos o protagonista, Josey Wales (Clint Eastwood), um pequeno rancheiro que vive da terra ao lado de sua esposa e seu filho. Sua vida passa por uma tragédia pessoal quando um grupo de soldados da União entra em sua propriedade e mata sua mulher e o garoto pelo simples fato da família ser sulista do Missouri. Não contentes, ainda colocam fogo na casa do rancho. Apunhalado, Josey não consegue salvar sua amada família. Depois de recuperado, entra nas fileiras das tropas confederadas para lutar contra o exército que massacrou seus familiares. Lá cria fama de bom atirador e soldado valente. Ao final da guerra civil fica sem rumo certo. mas não entrega suas armas ao inimigo, o que faz com que seja caçado e procurado por caçadores de recompensas e oficiais do exército americano pelos lugares mais inóspitos do oeste americano."The Outlaw Josey Wales" é um ótimo western, bem acima inclusive de outros faroestes clássicos estrelados por Clint Eastwood. Seu personagem Josey Wales é muito bem escrito. Um veterano confederado que entra na guerra para se vingar das tropas federais. Se negando a se render, ele leva em frente sua própria guerra pessoal contra os soldados da União. O personagem assim funciona como um símbolo do sentimento sulista e confederado dos Estados Unidos, que com muito orgulho jamais aceitou a derrota no conflito mais sangrento da história americana.

Clint Eastwood também capricha na caracterização de seu papel, fazendo um sujeito de poucas palavras. mas rápido no gatilho que tem um hábito horrível, mas muito divertido, de sair cuspindo fumo mascado em todo lugar! Até o pobre cachorrinho que o segue pelo deserto vira alvo! Ao seu lado brilha a honesta interpretação de Chief Dan George que interpreta um velho índio, cansado de guerra, desiludido pelas mentiras contadas pelo homem branco ao longo de todas aquelas décadas. Esse foi o sexto filme dirigido por Clint Eastwood, produzido por sua própria companhia de cinema, a Malpaso Company. Impossível negar que ele já mostra uma maturidade incrível na direção, não deixando o filme cair no marasmo ou no lugar comum em nenhum momento. O roteiro escrito pelo futuro cineasta Philip Kaufman de "Os Eleitos" e "A Insustentável Leveza do Ser", entre outros, certamente ajuda muito para o belo resultado final. É um texto muito bem escrito, com ótimo desenvolvimento, sem qualquer erro em seu enredo. Mesmo cenas mais fortes como a da tentativa de estupro coletivo promovida por um grupo de comancheros em cima da personagem de Sondra Locke (que se tornaria mulher de Clint na vida real) não soam fora do contexto ou desproporcionais. Tudo está em seu devido lugar. Em suma, um grande faroeste que não pode faltar na coleção de nenhum fã do gênero. Clint Eastwood mais uma vez está perfeito no velho oeste. Não deixe de assistir.

Josey Wales - O Fora da Lei
(The Outlaw Josey Wales, Estados Unidos,  1976) Estúdio: Warner Bros, Malpaso Company / Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Philip Kaufman, baseado no livro de Forrest Carter / Elenco: Clint Eastwood, Sondra Locke, Chief Dan George, Bill McKinney / Sinopse: Josey Wales é um homem em busca de vingança. Após a morte de sua família, de forma covarde, ele parte para se vingar de todos os que cometeram esse crime. Todos os soldados da União devem pagar. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música (Jerry Fielding).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Cavalgada dos Proscritos

Em 1980 chegou aos cinemas esse bom western intitulado "Cavalgada dos Proscritos". Na história o famoso criminoso do velho oeste Jesse James (James Keach) e seu irmão Frank James (Stacy Keach) resolvem formar um bando de assaltantes de bancos e trens no Missouri do século XIX, poucos meses depois do fim da guerra civil. Ao lado dos irmãos Youngers eles colocam as pequenas cidades do oeste em pavorosa. Para enfrentá-los a agência de investigação Pinkerton envia seus melhores homens. Esse é mais um filme enfocando a lendária figura do fora da lei Jesse James (1847 - 1882). O roteiro procura inovar bastante na forma como conta essa história. Assim ao invés de focar exclusivamente na figura de Jesse James, o texto procura também desenvolver os outros homens de seu bando, em especial os irmãos Youngers, que cavalgaram por muitos anos ao lado de Jesse. 

Há três grandes cenas nessa produção que merecem menção. A primeira quando o grupo fica encurralado numa casinha de madeira no pé da montanha. Cercados pelos Pinkertons eles precisam descer um desfiladeiro em debandada debaixo de uma chuva de tiros. Outra cena muito boa é o tiroteio final ocorrido nas ruas de uma cidadezinha de Minnesota. Nessa sequência em particular o estilo do diretor Walter Hill homenageia o grande Sam Peckinpah ao filmar tudo em câmera lenta, mostrando todos os mínimos detalhes da violência do confronto entre bandidos e policiais. Por fim há a cena que abre a história. Nesse momento o que é valorizado é a tensão pois o grupo está em um banco, cercado por homens da lei do lado de fora. Curiosamente o bando de Jesse James é formado por três grupos de irmãos no elenco, os Carradines (David, Keith e Robert), os Quaids (Dennis e Randy) e os Keachs (James e Stacy), tudo contribuindo para o excelente resultado final desse western que é certamente muito recomendado para os fãs do gênero.

Cavalgada dos Proscritos (The Long Riders, Estados Unidos, 1980) Estúdio: United Artists, MGM / Direção: Walter Hill / Roteiro: Bill Bryden, Steven Smith / Elenco: David Carradine, Stacy Keach, Dennis Quaid, Keith Carradine, Robert Carradine, James Keach, Stacy Keach, Randy Quaid, Nicholas Guest / Sinopse: No velho oeste americano o criminoso e pistoleiro Jesse James decide formar uma quadrilha especializada em roubos a bancos e ferrovias. Assim que os primeiros crimes são cometidos, um grupo de homens da lei começa a caçar os bandidos. Filme indicado ao Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

Batalha no Riacho Comanche

Título no Brasil: Batalha no Riacho Comanche
Título Original: Gunfight at Comanche Creek
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Frank McDonald
Roteiro: Edward Bernds
Elenco: Audie Murphy, DeForest Kelley, Ben Cooper, Colleen Miller, Jan Merlin, Susan Seaforth Hayes

Sinopse:
Um grupo de bandidos liderados por Amos Troop (DeForest Kelley) se especializa em um crime muito engenhoso. Eles libertam da cadeia criminosos com recompensas altas e os colocam para assaltar bancos. Depois que fazem o serviço, os matam para ganhar o dinheiro prometido pela lei. Essa situação leva uma agência de combate ao crime a enviar dois agentes para investigar os assassinatos. Assim o agente Bob Gifford (Audie Murphy) se infiltra no bando para saber quem seria o autor intelectual de todos os planos executados pelos criminosos.

Comentários:
Faroeste B estrelado por Audie Murphy, também conhecido como "Fúria de Brutos". Como sempre, eram produções de orçamentos menores, feitos pelo pequeno estúdio Allied Artists, que acabaria indo à falência apenas alguns anos depois. Esse western foi salvo não pela sua produção, que é bastante modesta, mas sim pelo bom roteiro que consegue manter o interesse. O filme é curto, pouco mais de 80 minutos, mas bem desenvolvido e chama a atenção pela trama bem bolada. Audie Murphy, perto de abandonar o cinema, está um pouco fora de forma, acima de peso, mas consegue mostrar um bom desempenho em cena. Já para os fãs de "Jornada nas Estrelas" o elenco traz uma presença ilustre. O líder dos bandidos é nada mais, nada menos, do que DeForest Kelley, o Dr McCoy da nave Enterprise, da série clássica de TV. Ele está ótimo como um típico vilão do velho oeste, um sujeito que nem pensa duas vezes antes de mandar bala em todos aqueles que contrariam seus interesses criminosos. Por fim gostaria de elogiar a boa narração em off que permeia todo o enredo. O uso de um narrador ajuda o filme a ter melhor desenvolvimento, explicando em vários momentos o que se passa na trama. Uma boa opção do roteiro, que repito, é realmente bem escrito.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A Hora da Pistola

Após um sangrento tiroteio em Tombstone o xerife Wyatt Earp (James Garner), seus irmãos e o pistoleiro Doc Holliday (Jason Robards) são julgados pelas mortes dos Clantons. Para surpresa de muitos eles são finalmente absolvidos por terem agido de acordo com a lei e em legitima defesa. Revoltado com a absolvição de todos eles, Ike Clanton (Robert Ryan) resolve fazer justiça com as próprias mãos. Ele se reúne a um grupo de foras-da-lei e fere gravemente um dos irmãos de Earp. Não satisfeito finalmente consegue encurralar e matar mais um membro da família Earp. Diante de todas as represálias Wyatt Earp resolve novamente se unir a Doc Holliday para juntos partirem para um acerto de contas final e definitivo com os Clantons. Em praticamente todos os filmes que exploram a história do lendário xerife Wyatt Earp, os eventos no OK Curral são mostrados no final, até porque não há como ter um clímax melhor do que aquele em um western. Pois bem, aqui temos algo diferente.

O confronto entre a lei e os foras-da-lei ocorre logo na primeira cena do filme. Logo não é o ponto de chegada do roteiro mas sim seu ponto de partida para a história que o espectador verá. Isso é bem interessante pois o tiroteio no OK Curral deu origem a várias outras matanças ocorridas entre os clãs Earp e Clanton. Em certos aspectos esse acerto de contas sangrento acabou se tornando mais curioso do que o próprio tiroteio famoso ocorrido em Tombstone pois revelou a verdadeira face de muitos dos personagens envolvidos naquele duelo histórico. O mais instigante é saber que tudo foi baseado em fatos reais, ou seja, a matança continuou ainda por vários meses, provando que no velho oeste sangue só era lavado com mais sangue, não havendo espaço para o perdão em nenhuma de suas modalidades. James Garner está muito bem como Wyatt Earp. Sua caracterização pode ser considerada seca e dura demais para alguns mas na verdade achei bem adequada. Garner tinha tradição de interpretar personagens mais irônicos, bem humorados, até mesmo em faroestes, mas aqui não há espaço para esse tipo de coisa. Ele está rude e casca grossa como foi o Wyatt Earp real. A verdade é que certos personagens históricos precisam de um certo respeito quando suas histórias são contadas no cinema. Não há espaço para piadinhas - o que afinal é uma ótima notícia para os fãs de westerns clássicos e tradicionais em geral. 

Já Jason Robards está na pele do mitológico Doc Holliday. Esse sempre foi um personagem à prova de falhas, temos que admitir. As características que todos conhecemos (jogador, beberrão, rápido no gatilho, tuberculoso, etc) estão todas lá. Doc foi certamente o mais trágico pistoleiro do velho oeste. Um homem que sabia que não viveria muito e por essa razão não tinha medo algum de morrer em um duelo. Talvez por isso tenha sido um matador sem remorsos, dos mais eficientes que se tem notícia. Em suma, "A Hora da Pistola" é aquele tipo de faroeste que não pode faltar em sua coleção pois ele completa e conta a história que poucos conhecem de verdade. Muitos fãs sabem bem o que aconteceu no OK Curral mas não os eventos que se seguiram, os efeitos daquele conflito. Aqui temos o aconteceu depois de tudo. Uma pequena aula de história que não se aprende na escola.

A Hora da Pistola (Hour of the Gun, Estados Unidos, 1967) Estúdio: United Artists / Direção: John Sturges / Roteiro: Edward Anhalt / Elenco: James Garner, Jason Robards, Robert Ryan, Charles Aidman, Steve Ihnat, Michael Tolan, William Windom / Sinopse: Faroeste passado no velho oeste, estrelado pelo simpático e carismático ator James Garner, contando mais uma vez a história dos irmãos Earp, de seu amigo Doc Holliday e dos famosos eventos que aconteceram após o tiroteio no OK Curral. Filme com roteiro baseado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

A Noite da Emboscada

Título no Brasil: A Noite da Emboscada
Título Original: The Stalking Moon
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: National General Production Inc
Direção: Robert Mulligan
Roteiro: Alvin Sargent, Wendell Mayes
Elenco: Gregory Peck, Eva Marie Saint, Robert Forster, Russell Thorson, Frank Silvera, Lonny Chapman

Sinopse:
Um destacamento da cavalaria americana acaba encontrando uma mulher branca no meio de um bando de Apaches acampados no meio do deserto. Há muitos anos ela fora raptada por guerreiros da tribo e lá, feita prisioneira, acabou tendo um filho mestiço. Agora, em liberdade, ela pretende voltar para sua cidade natal e para isso acaba contando com a preciosa ajuda de Sam Varner (Gregory Peck), um batedor civil do exército que agora tem planos de voltar para seu rancho, localizado no Novo México. Tudo parece correr bem até que Sam descobre que o pai do garoto índio que viaja ao lado da mãe, está em busca deles. O conflito então se tornará inevitável.

Comentários:
Mais um ótimo western estrelado pelo grande ator Gregory Peck. O filme tem muitas peculiaridades que o tornam mais do que interessante. Um deles é a posição da mulher branca que tendo um filho mestiço com um guerreiro Apache (não por vontade própria, mas por ser prisioneira) acaba sentindo ela própria todo o preconceito racial contra os índios naquela região. Para piorar tudo, ela ainda tem que contar com o fato da incerteza pelo que lhe espera no mundo dos brancos, pois seus parentes mais próximos foram mortos quando ela foi raptada e paira uma dúvida sobre se ainda existem parentes distantes vivos para a cidade onde ela quer retornar, Columbus. E como reagirá sua família branca ao ter que lidar com um filho mestiço, fruto de estupro por parte do pai do garoto? São questões melindrosas que o roteiro não discute abertamente, mas que deixa bem subentendido.

Como o próprio nome do filme sugere, grande parte do filme se passa no rancho do personagem interpretado por Peck quando ele e os demais sofrem uma emboscada mortal do guerreiro Salvaje (Nathaniel Narcisco). Esse por sua vez é muito bem explorado pelo roteiro pois quase nunca se mostra totalmente, mais parecendo uma sombra na colina, espalhando mortes terríveis por onde passa. O duelo final entre Sam (Peck) e Salvaje assim se torna muito esperado pelo espectador e quando isso acontece certamente não decepciona. Também era de se esperar, pois o diretor Robert Mulligan também assinou outras pequenas e grandes obras primas como "O Sol É Para Todos" (com o mesmo Peck no elenco) e "Quando Setembro Vier" (ótima comédia romântica com o galã Rock Hudson). Assim deixo a recomendação desse "A Noite da Emboscada" para os fãs de faroestes clássicos. É um item para se ter na coleção de qualquer admirador desse gênero cinematográfico.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

O Chamado do Mal

Um casal se muda para uma nova cidade. O marido é professor universitário de matemática e vai começar um novo trabalho na universidade daquela região. A esposa está grávida do primeiro filho deles. A chegada nesse novo local parece ser mais uma benção. Ele foi contratado para ensinar em uma boa universidade e ela tem muitos planos para sua maternidade. Só que aquilo que parecia ser um sonho logo se torna um pesadelo. E as coisas começam a ficar ruins por causa de um simples objeto, uma pequena caixa que no passado pertenceu a um ritual de aprisionamento de entidades do mal. Não deixa de ser curioso o roteiro desse filme porque não faz muito tempo assisti a um documentário no Discovery mostrando uma antiga crença da religião judaica onde rabinos aprisionavam espíritos do mal em pequenas caixas de madeira. É uma antiga crença, anterior até mesmo ao nascimento de Jesus. Não sei se ainda hoje esse tipo de ritual é praticado pelos judeus, mas de uma forma ou outra o roteiro desse filme se vale principalmente dessa antigas crenças para apoiar o argumento do filme.

E ficou bom, eu gostei desse filme. Há bons sustos e uma interessante galeria de criaturas do além. Claro, velhos clichês ainda desfilam pela tela, mas há igualmente bom uso de personagens interessantes como o veterano professor da universidade que decidiu se dedicar ao estudo do sobrenatural e do ocultismo depois que perdeu a sua visão. E o uso de crianças, até mesmo bebês, como entidades sobrenaturais dão também uma boa dose de sustos aos espectadores. Enfim, como gostei do resultado final desse filme de terror deixo a recomendação para quem gosta do estilo. Você nunca mais verá a maternidade da mesma forma depois de assistir a essa produção.

O Chamado do Mal (Malicious, Estados Unidos, 2018) Direção: Michael Winnick / Roteiro: Michael Winnick / Elenco: Josh Stewart, Bojana Novakovic, Delroy Lindo, Melissa Bolona / Sinopse: Casal passa a ser aterrorizado por entidades do sobrenatural e do além depois que se mudam para uma nova casa perto da universidade onde o marido irá trabalhar como professor de matemática.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

O Assassinato de um Presidente

Título no Brasil:O Assassinato de um Presidente
Título Original: The Assassination of Richard Nixon
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Pictures
Direção: Niels Mueller
Roteiro: Kevin Kennedy, Niels Mueller
Elenco: Sean Penn, Naomi Watts, Don Cheadle, Jack Thompson, Brad William Henke, Nick Searcy

Sinopse:
Filme com história baseada em fatos reais. A vida de Samuel J. Bicke (Sean Penn) está desmoronando. Seu casamento acabou, ele mal consegue ter algum contato maior com suas duas filhas. A ex-esposa tem vergonha dele. Para piorar tudo, ele tem um emprego de vendedor de móveis que no fundo odeia. Procurando por uma saída, ele acaba encontrando apenas a loucura e a insanidade de um ato final sem o menor sentido. Filme indicado no Cannes Film Festival.

Comentários:
Quando tive conhecimento desse filme pela primeira vez, fiquei curioso. O título em inglês dessa produção é "The Assassination of Richard Nixon". Em primeira mão não entendi a lógica desse nome. Afinal o presidente Nixon não foi assassinado e nem tampouco sofreu qualquer atentado à sua vida enquanto era presidente. Então qual seria a lógica aqui? Bom, deve-se assistir ao filme para entender. O personagem interpretado por Sean Penn é a própria explicação. Ele foi um homem que acabou sendo arrasado pela sociedade. E quando se usa essa expressão já se sabe que vem coisa ruim pela frente. E de fato foi isso mesmo que aconteceu. O filme pode ser visto como uma biografia de mais um daqueles loucos violentos que a sociedade dos Estados Unidos forja todos os anos. O tal sujeito que parece normal, mas que um dia compra uma arma e sai massacrando pessoas inocentes a esmo. Porém o filme também pode ser vista sob outro ângulo, quando mostra uma pessoa que é tragada pelo fracasso pessoal e profissional, e que diante disso cai no desespero completo, tudo turbinado por teorias da conspiração que transformam em geleia a mente desse tipo de pessoa mentalmente fragilizada. É um bom filme, gostei, mas devo advertir que também tem um roteiro um tanto sombrio, pesado, melancólico, sem nenhuma esperança de redenção pessoal para seu protagonista. Enfim, um filme para poucos.

Pablo Aluísio.