O cinema inglês sempre foi particularmente inspirado para contar histórias como a desse filme. Tudo foi baseado parcialmente em fatos reais. A personagem central se chama Miss Shepherd (interpretada pela maravilhosa Maggie Smith). Ela vive pelas ruas de Londres, dirigindo uma velha van. Sem ter onde morar, ela vai estacionando pelas redondezas. De certa maneira é uma homeless (sem-teto) em versão motorizada. Casualmente acaba indo parar na frente da casa do dramaturgo Alan Bennett (Alex Jennings). Ele obviamente se sente incomodado pela presença nada comum de Miss Shepherd, já que ela tem um comportamento muito excêntrico e bizarro, mas aos poucos vai criando uma afinidade com seu jeito de ser. O roteiro desse filme foi escrito pelo próprio Alan Bennett que inicialmente escreveu uma peça teatral de suas experiências ao lado de Miss Shepherd. De fato, em determinado momento Alan resolveu mudar de casa, mas para sua surpresa percebeu que independente de onde fosse morar a van de Miss Shepherd o acompanhava. Claro que ele jamais iria ser rude ou grosseiro com uma velhinha como aquela (isso nunca passaria na mente de um inglês), mas a situação que começou constrangedora acabou se tornando divertida, exótica, quase surreal. Intrigado pela vida dela o dramaturgo então começou a pesquisar sobre seu passado e acabou descobrindo que na juventude ela teria sido uma pianista clássica de primeira linha. Para sua surpresa também descobriu que ela havia se tornado freira em um período de sua vida!
"A Senhora da Van" assim se desenvolve, dentro do relacionamento entre Alan e a Miss Shepherd. Ele um tímido escritor de peças, homossexual enrustido, um homem introvertido e ela o oposto disso. Rabugenta, espaçosa, invasiva em sua vida particular. O roteiro tem um aspecto bem inteligente, ao dividir o personagem de Alan em dois! Um deles é o sujeito que precisa lidar com os problemas do dia a dia (inclusive lidando com a presença da senhora da van) e o outro é o intelectual que escreve todas as peças de teatro. O resultado é muito bom. Para quem aprecia o trabalho de Maggie Smith esse é certamente um de seus filmes mais recomendados. Ela está ótima como essa simpática e nada comum velhinha sobre rodas.
A Senhora da Van (The Lady in the Van, Inglaterra, 2015) Direção: Nicholas Hytner / Roteiro: Alan Bennett / Elenco: Maggie Smith, Alex Jennings, Jim Broadbent / Sinopse: Miss Shepherd (Maggie Smith) é uma velhinha inglesa que não tem onde morar. Na verdade ela vive dentro de sua van. Um dia conhece por acaso o dramaturgo Alan Bennett (Alex Jennings) e resolve lhe seguir. Sempre que Alan mudava de casa, lá estava a senhora Shepherd com sua van, estacionando perto. O que parecia uma situação constrangedora no começo logo se torna uma amizade cheia de calor humano (pelo menos da parte dele!). Filme indicado ao Globo de Ouro e ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Atriz (Maggie Smith). Premiado pelo Evening Standard British Film Awards na mesma categoria.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 7 de junho de 2017
Uma Noite de Aventuras
Título no Brasil: Uma Noite de Aventuras
Título Original: Adventures in Babysitting
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Chris Columbus
Roteiro: David Simkins
Elenco: Elisabeth Shue, Maia Brewton, Keith Coogan
Sinopse:
Chris (Elisabeth Shue) é uma babysister que se vê em uma situação completamente incomum. Ela precisará sobreviver às armadilhas de uma grande cidade enquanto tenta manter as crianças de que está cuidando em segurança. Filme indicado ao Kids' Choice Awards nas categorias de Melhor Atriz (Shue) e Melhor filme para o público adolescente. Premiado pelo Paris Film Festival na categoria de Melhor Atriz (Shue).
Comentários:
Essa safra de filmes de 1987 foi muito boa. Até mesmo comédias adolescentes que na maioria das vezes eram lançadas diretamente no mercado de vídeo VHS eram acima da média. Esse filme não tive a oportunidade de assistir na época. Só depois quando ele foi exibido na TV tive a oportunidade de conferir - e mesmo assim apenas uma única vez. Minha maior atração para ver o filme era a presença da atriz Elisabeth Shue. Linda, talentosa e inteligente ela deu um tempo na carreira para se formar na prestigiada universidade de Harvard. É a tal coisa, mulheres inteligentes estão em outro nível. Pois bem, como era de praxe a direção do cineasta Chris Columbus, temos aqui uma diversão bem familiar, feito para toda a família assistir. Por isso o roteiro é até mesmo meio bobo, mas isso faz parte do jogo. Era algo comum até na época. O enredo é igualmente adolescente. Mesmo assim tudo se salva pela presença carismática de Shue. Anos depois, já formada, ela voltou para o mundo do cinema se tornando dessa vez uma grande atriz, ao ponto de ter sido indicada ao Oscar pela sua ótima atuação em "Leaving Las Vegas". Nada como o passar dos anos para amadurecer ainda mais um talento natural.
Pablo Aluísio.
Título Original: Adventures in Babysitting
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Chris Columbus
Roteiro: David Simkins
Elenco: Elisabeth Shue, Maia Brewton, Keith Coogan
Sinopse:
Chris (Elisabeth Shue) é uma babysister que se vê em uma situação completamente incomum. Ela precisará sobreviver às armadilhas de uma grande cidade enquanto tenta manter as crianças de que está cuidando em segurança. Filme indicado ao Kids' Choice Awards nas categorias de Melhor Atriz (Shue) e Melhor filme para o público adolescente. Premiado pelo Paris Film Festival na categoria de Melhor Atriz (Shue).
Comentários:
Essa safra de filmes de 1987 foi muito boa. Até mesmo comédias adolescentes que na maioria das vezes eram lançadas diretamente no mercado de vídeo VHS eram acima da média. Esse filme não tive a oportunidade de assistir na época. Só depois quando ele foi exibido na TV tive a oportunidade de conferir - e mesmo assim apenas uma única vez. Minha maior atração para ver o filme era a presença da atriz Elisabeth Shue. Linda, talentosa e inteligente ela deu um tempo na carreira para se formar na prestigiada universidade de Harvard. É a tal coisa, mulheres inteligentes estão em outro nível. Pois bem, como era de praxe a direção do cineasta Chris Columbus, temos aqui uma diversão bem familiar, feito para toda a família assistir. Por isso o roteiro é até mesmo meio bobo, mas isso faz parte do jogo. Era algo comum até na época. O enredo é igualmente adolescente. Mesmo assim tudo se salva pela presença carismática de Shue. Anos depois, já formada, ela voltou para o mundo do cinema se tornando dessa vez uma grande atriz, ao ponto de ter sido indicada ao Oscar pela sua ótima atuação em "Leaving Las Vegas". Nada como o passar dos anos para amadurecer ainda mais um talento natural.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 6 de junho de 2017
Vingança ao anoitecer
Nicolas Cage interpreta um agente da CIA que está prestes a se aposentar. Ele foi diagnosticado com um sério problema de saúde, um mal que o atinge neurologicamente. Antes de vestir o pijama da aposentadoria porém ele está disposto a ir atrás de um fundamentalista islâmico, um terrorista que o torturou anos atrás, quando seu disfarce foi revelado. Esse criminoso internacional também está passando por uma grave doença, o que o faz procurar por médicos e remédios no ocidente, justamente a pista que Nick Cage está há tanto tempo procurando. Ele quer matar o líder terrorista islâmico, para só então se aposentar e se tratar. "Vingança ao Anoitecer" é até um bom filme. O roteiro não foge muito daquela velha fórmula de vingança, que já estamos acostumados a assistir, porém o desenvolvimento até que traz algumas surpresas. Uma delas é o fato dos dois personagens principais (o protagonista e o antagonista) estarem com os dias contados. Ambos estão morrendo, com doenças severas, mas não desistem de acertar contas entre si. O agente da CIA interpretado por Cage já demonstra problemas de saúde bem visíveis, com as mãos tremendo, esquecimentos e mudanças de humor bruscas. Seu mal é diagnosticado como uma fase de demência que o deixará totalmente incapacitado com o tempo. Com isso a vingança não poderá mais tardar, tem que ser feita o quando antes, com ou sem a ajuda da sua agência de inteligência.
O diretor Paul Schrader fez recentemente um filme com o próprio Nicolas Cage chamado "Cães Selvagens". Se aquele tinha algumas passagens mais autorais, com toques cult, esse aqui é bem mais convencional. Não há espaço para momentos surreais e inusitados. Tudo se desenvolve numa fórmula mais quadrada, nunca fugindo do normal. Também é o filme mais arroz com feijão da filmografia de Schrader. Para quem escreveu o roteiro de "Taxi Driver" e dirigiu filmes diferentes como "A Marca da Pantera" e "Hardcore - No Submundo do Sexo" esse "Vingança ao anoitecer" vai parecer mesmo uma Sessão da Tarde sem maiores novidades ou saltos de genialidade. Os anos em que ele quis revolucionar o cinema americano ficaram definitivamente para trás.
Vingança ao anoitecer (Dying of the Light, Estados Unidos, 2014) Direção: Paul Schrader / Roteiro: Paul Schrader / Elenco: Nicolas Cage, Anton Yelchin, Alexander Karim / Sinopse: Agente da CIA se torna obcecado em colocar as mãos no terrorista fundamentalista islâmico que o torturou anos atrás. O tal sujeito está morrendo de uma grave doença o que acaba deixando pistas para seguir. O plano do americano é se infiltrar na organização do terror para matar pessoalmente o criminoso internacional, procurado há tantos anos.
Pablo Aluísio.
O diretor Paul Schrader fez recentemente um filme com o próprio Nicolas Cage chamado "Cães Selvagens". Se aquele tinha algumas passagens mais autorais, com toques cult, esse aqui é bem mais convencional. Não há espaço para momentos surreais e inusitados. Tudo se desenvolve numa fórmula mais quadrada, nunca fugindo do normal. Também é o filme mais arroz com feijão da filmografia de Schrader. Para quem escreveu o roteiro de "Taxi Driver" e dirigiu filmes diferentes como "A Marca da Pantera" e "Hardcore - No Submundo do Sexo" esse "Vingança ao anoitecer" vai parecer mesmo uma Sessão da Tarde sem maiores novidades ou saltos de genialidade. Os anos em que ele quis revolucionar o cinema americano ficaram definitivamente para trás.
Vingança ao anoitecer (Dying of the Light, Estados Unidos, 2014) Direção: Paul Schrader / Roteiro: Paul Schrader / Elenco: Nicolas Cage, Anton Yelchin, Alexander Karim / Sinopse: Agente da CIA se torna obcecado em colocar as mãos no terrorista fundamentalista islâmico que o torturou anos atrás. O tal sujeito está morrendo de uma grave doença o que acaba deixando pistas para seguir. O plano do americano é se infiltrar na organização do terror para matar pessoalmente o criminoso internacional, procurado há tantos anos.
Pablo Aluísio.
Belas e Perseguidas
Título no Brasil: Belas e Perseguidas
Título Original: Hot Pursuit
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Anne Fletcher
Roteiro: David Feeney, John Quaintance
Elenco: Reese Witherspoon, Sofía Vergara, Matthew Del Negro, Michael Mosley, Robert Kazinsky, Richard T. Jones
Sinopse:
A policial Rose Cooper (Reese Witherspoon) é designada para acompanhar a viagem de Daniella Riva (Sofía Vergara) e seu marido até o Texas. Eles vão depor contra um traficante de drogas, um chefão de um poderoso cartel mexicano. O que parecia ser uma missão de rotina acaba se transformando em uma aventura quando eles são atacados por membros da quadrilha do criminoso.
Comentários:
Eu fico impressionado como a atriz Reese Witherspoon sai de um filme tão bom como "Livre" para uma porcaria como essa! Uma verdadeira montanha russa em sua filmografia, indo da extrema qualidade cinematográfica para o lixo absoluto de um filme para o outro! Onde está o agente dessa atriz? Esse "Belas e Perseguidas" não tem salvação. Hoje em dia está mais fácil encontrar político brasileiro honesto do que arranjar uma boa comédia americana para se assistir. De todos os gêneros cinematográficos da indústria de cinema dos Estados Unidos, o gênero comédia é o mais saturado, o que mais passa por crise. Não há bons comediantes na atualidade e os filmes de humor são péssimos, péssimos. Esse aqui não tem graça nenhuma. A dupla formada por Reese Witherspoon e Sofía Vergara não funciona em nenhum momento! A Sofia foi descoberta interpretando uma latina espalhafatosa e vulgar na série "Modern Family" e segue no mesmo estereótipo! É lamentável que o público americano tenha essa visão preconceituosa das mulheres latinas, sempre retratadas como burras, vulgares e bonecas de sexo em todos os filmes. Aqui a Vergara apenas reforça essa visão banalizada. Já a Reese Witherspoon é alvo de todos os tipos de piadas infames durante o filme, pena que nenhuma delas funcione. O roteiro é ridículo. E olha que o filme foi dirigido por uma mulher! As feministas não terão nem do que reclamar! É mais do que difícil entender como Reese, que vinha em um bom momento na carreira, aceitou fazer essa bomba! Enfim, uma comédia sem graça que não serve para absolutamente nada!
Pablo Aluísio.
Título Original: Hot Pursuit
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Anne Fletcher
Roteiro: David Feeney, John Quaintance
Elenco: Reese Witherspoon, Sofía Vergara, Matthew Del Negro, Michael Mosley, Robert Kazinsky, Richard T. Jones
Sinopse:
A policial Rose Cooper (Reese Witherspoon) é designada para acompanhar a viagem de Daniella Riva (Sofía Vergara) e seu marido até o Texas. Eles vão depor contra um traficante de drogas, um chefão de um poderoso cartel mexicano. O que parecia ser uma missão de rotina acaba se transformando em uma aventura quando eles são atacados por membros da quadrilha do criminoso.
Comentários:
Eu fico impressionado como a atriz Reese Witherspoon sai de um filme tão bom como "Livre" para uma porcaria como essa! Uma verdadeira montanha russa em sua filmografia, indo da extrema qualidade cinematográfica para o lixo absoluto de um filme para o outro! Onde está o agente dessa atriz? Esse "Belas e Perseguidas" não tem salvação. Hoje em dia está mais fácil encontrar político brasileiro honesto do que arranjar uma boa comédia americana para se assistir. De todos os gêneros cinematográficos da indústria de cinema dos Estados Unidos, o gênero comédia é o mais saturado, o que mais passa por crise. Não há bons comediantes na atualidade e os filmes de humor são péssimos, péssimos. Esse aqui não tem graça nenhuma. A dupla formada por Reese Witherspoon e Sofía Vergara não funciona em nenhum momento! A Sofia foi descoberta interpretando uma latina espalhafatosa e vulgar na série "Modern Family" e segue no mesmo estereótipo! É lamentável que o público americano tenha essa visão preconceituosa das mulheres latinas, sempre retratadas como burras, vulgares e bonecas de sexo em todos os filmes. Aqui a Vergara apenas reforça essa visão banalizada. Já a Reese Witherspoon é alvo de todos os tipos de piadas infames durante o filme, pena que nenhuma delas funcione. O roteiro é ridículo. E olha que o filme foi dirigido por uma mulher! As feministas não terão nem do que reclamar! É mais do que difícil entender como Reese, que vinha em um bom momento na carreira, aceitou fazer essa bomba! Enfim, uma comédia sem graça que não serve para absolutamente nada!
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 5 de junho de 2017
Mulher-Maravilha
De maneira em geral ando meio cansado dessas adaptações de quadrinhos. A DC Comics não tem tido a mesma sorte que a Marvel nesse tipo de transposição de seus personagens para as telas de cinema, mas agora até que se chegou em um bom resultado. O fato é que esse novo filme da "Mulher-Maravilha" surpreende por ser bem acima da média. O roteiro é muito bem escrito, eficiente, mostrando as origens da personagem sem torrar a paciência do espectador, principalmente se ele conhecer apenas superficialmente a personagem principal. É justamente o meu caso. Conheço muito pouco sobre a Mulher-Maravilha. Até me lembro vagamente da antiga série de TV, mas isso deve valer de pouca coisa. Não sou leitor de quadrinhos e meu conhecimento sobre ela é, para dizer o mínimo, bem básico. Mesmo para o público que pouco conhece sobre essa guerreira amazona chamada Diana, o filme vai funcionar muito bem. Outro ponto que achei bem positivo foi o fato do enredo se passar na I Guerra Mundial. Isso traz muito para o filme em termos de produção, figurinos, cenários, enfim, direção de arte. É uma produção bonita de se ver, com momentos nostálgicos, em boa reconstituição histórica.
A israelense Gal Gadot que interpreta Diana, a Mulher-Maravilha, não é lá uma grande atriz, mas dá conta muito bem do recado, fazendo uma boa caracterização da heroína, uma vez que tem preparo físico e treinamento militar (ela chegou a servir o exército de Israel por dois anos). Personagens em quadrinhos exigem esse tipo de atuação física, acima de tudo, uma vez que a parte dramática sempre fica em segundo plano. Até porque, vamos ser bem sinceros, as publicações da DC Comics não são obras de Shakespeare. O que vale mesmo é ser capaz de fazer as cenas de ação e não fazer feio nos momentos que exigem um pouco mais do trabalho de atriz.
Comercialmente o filme vai muito bem. Já faturou mais de 200 milhões de dólares só nos Estados Unidos, batendo seus principais concorrentes em dois finais de semana seguintes. Pelo visto a Warner Bros agora tem uma nova franquia já que novos filmes certamente virão pela frente. Nem Tom Cruise e sua múmia foram capazes de bater de frente com a amazona guerreira. Assim o cinema ganha mais um blockbuster para os próximos verões. Não é uma má notícia, pelo contrário, pois pelo que se viu nesse primeiro filme a qualidade cinematográfica está garantida. Pode assistir sem receios, seja você um fã ou não de quadrinhos. É um bom filme, diversão garantida.
Mulher-Maravilha (Wonder Woman, Estados Unidos, 2017) Direção: Patty Jenkins / Roteiro: Allan Heinberg, Zack Snyder / Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Robin Wright, David Thewlis, Danny Huston, Elena Anaya / Sinopse: Criada em uma ilha de amazonas guerreiras, Diana (Gadot) descobre que é a filha do poderoso Zeus e que possui a capacidade de enfrentar as demais divindades do Olimpo. Quando ela fica sabendo que há uma grande guerra mundial resolve agir, indo até o centro do conflito para enfrentar Áries, o Deus da Guerra.
Pablo Aluísio.
A israelense Gal Gadot que interpreta Diana, a Mulher-Maravilha, não é lá uma grande atriz, mas dá conta muito bem do recado, fazendo uma boa caracterização da heroína, uma vez que tem preparo físico e treinamento militar (ela chegou a servir o exército de Israel por dois anos). Personagens em quadrinhos exigem esse tipo de atuação física, acima de tudo, uma vez que a parte dramática sempre fica em segundo plano. Até porque, vamos ser bem sinceros, as publicações da DC Comics não são obras de Shakespeare. O que vale mesmo é ser capaz de fazer as cenas de ação e não fazer feio nos momentos que exigem um pouco mais do trabalho de atriz.
Comercialmente o filme vai muito bem. Já faturou mais de 200 milhões de dólares só nos Estados Unidos, batendo seus principais concorrentes em dois finais de semana seguintes. Pelo visto a Warner Bros agora tem uma nova franquia já que novos filmes certamente virão pela frente. Nem Tom Cruise e sua múmia foram capazes de bater de frente com a amazona guerreira. Assim o cinema ganha mais um blockbuster para os próximos verões. Não é uma má notícia, pelo contrário, pois pelo que se viu nesse primeiro filme a qualidade cinematográfica está garantida. Pode assistir sem receios, seja você um fã ou não de quadrinhos. É um bom filme, diversão garantida.
Mulher-Maravilha (Wonder Woman, Estados Unidos, 2017) Direção: Patty Jenkins / Roteiro: Allan Heinberg, Zack Snyder / Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Robin Wright, David Thewlis, Danny Huston, Elena Anaya / Sinopse: Criada em uma ilha de amazonas guerreiras, Diana (Gadot) descobre que é a filha do poderoso Zeus e que possui a capacidade de enfrentar as demais divindades do Olimpo. Quando ela fica sabendo que há uma grande guerra mundial resolve agir, indo até o centro do conflito para enfrentar Áries, o Deus da Guerra.
Pablo Aluísio.
Armas na Mesa
Esse é um filme sobre os bastidores que se desenrolam quando um importante projeto de lei é colocado para ser votado no congresso americano. No caso se trata de uma lei que endureceria o controle da venda de armas de fogo dentro do país. É a partir desse ponto que começa o trabalho dos lobistas. Entre eles está Elizabeth Sloane (Jessica Chastain), uma mulher não apenas determinada a vencer, mas verdadeiramente obcecada pela vitória dentro da votação. E para consolidar a vitória do controle mais restrito de venda de armas no mercado, ela parte para o tudo ou nada, usando inclusive de métodos ilegais, como espionagem, chantagem e tudo o mais que estiver à sua disposição. Quando o filme começa encontramos Sloane depondo perante uma comissão do senado, o que já demonstra que ela em algum momento foi longe demais. Depois disso o roteiro do filme abre um longo flashback mostrando os três meses anteriores, onde ele armou e fez de tudo para que seu lado da questão se saísse vencedor dentro da votação do projeto de lei de seu interesse.
O roteiro do filme não se aprofunda muito no mérito da causa, se o maior controle de armas é ou não justificado. Ao contrário disso ele explora apenas o lado do lobby, sempre muito poderoso e influente nos meios políticos de Washington. De um lado o poderoso lobby que defende a indústria de armas, um negócio que gera bilhões de dólares todos os anos. Do outro lado os que advogam um controle maior, um sistema que evite que armas poderosas caíam nas mãos de criminosos e sociopatas. O curioso é que a protagonista no começo da história trabalha para uma empresa que é contratada para defender a indústria de armas, porém logo muda de lado, procurando trabalhar os argumentos daqueles que sofreram algum tipo de violência, como os familiares das vítimas.
O saldo geral é positivo. O filme é bom, porém um pouco longo demais. A atriz Jessica Chastain tem o grande momento de sua carreira, pois ela brilha mais do que todo o resto do elenco junto. A sua personagem é fria, obcecada e em muitos aspectos nada ética. É verdade que o clímax do filme, quando ela dá a cartada final perante a comissão do congresso, vai ser considerado por muitos como apelativo, porém é fato que de vez em quando esse tipo de protagonista sem escrúpulos surge em filmes e séries com sucesso (ela me lembrou inclusive da série "Damage" nesse aspecto). A Sloane é bem desse tipo. Uma profissional que não está interessada em saber se está do lado certo da lei. Para ela o que importa é apenas a vitória, custe o que custar.
Armas na Mesa (Miss Sloane, Estados Unidos, França, 2016) Direção: John Madden / Roteiro: Jonathan Perera / Elenco: Jessica Chastain, Mark Strong, Gugu Mbatha-Raw / Sinopse: Elizabeth Sloane (Jessica Chastain) é uma lobista trabalhando na capital americana para que um projeto de lei que controla com mais rigor a venda de armas seja aprovada pelo congresso. Para conseguir os votos ela começa a usar diversos métodos ilegais e anti-éticos para conseguir a aprovação. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz - Drama (Jessica Chastain).
Pablo Aluísio.
O roteiro do filme não se aprofunda muito no mérito da causa, se o maior controle de armas é ou não justificado. Ao contrário disso ele explora apenas o lado do lobby, sempre muito poderoso e influente nos meios políticos de Washington. De um lado o poderoso lobby que defende a indústria de armas, um negócio que gera bilhões de dólares todos os anos. Do outro lado os que advogam um controle maior, um sistema que evite que armas poderosas caíam nas mãos de criminosos e sociopatas. O curioso é que a protagonista no começo da história trabalha para uma empresa que é contratada para defender a indústria de armas, porém logo muda de lado, procurando trabalhar os argumentos daqueles que sofreram algum tipo de violência, como os familiares das vítimas.
O saldo geral é positivo. O filme é bom, porém um pouco longo demais. A atriz Jessica Chastain tem o grande momento de sua carreira, pois ela brilha mais do que todo o resto do elenco junto. A sua personagem é fria, obcecada e em muitos aspectos nada ética. É verdade que o clímax do filme, quando ela dá a cartada final perante a comissão do congresso, vai ser considerado por muitos como apelativo, porém é fato que de vez em quando esse tipo de protagonista sem escrúpulos surge em filmes e séries com sucesso (ela me lembrou inclusive da série "Damage" nesse aspecto). A Sloane é bem desse tipo. Uma profissional que não está interessada em saber se está do lado certo da lei. Para ela o que importa é apenas a vitória, custe o que custar.
Armas na Mesa (Miss Sloane, Estados Unidos, França, 2016) Direção: John Madden / Roteiro: Jonathan Perera / Elenco: Jessica Chastain, Mark Strong, Gugu Mbatha-Raw / Sinopse: Elizabeth Sloane (Jessica Chastain) é uma lobista trabalhando na capital americana para que um projeto de lei que controla com mais rigor a venda de armas seja aprovada pelo congresso. Para conseguir os votos ela começa a usar diversos métodos ilegais e anti-éticos para conseguir a aprovação. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz - Drama (Jessica Chastain).
Pablo Aluísio.
domingo, 4 de junho de 2017
Florence: Quem é Essa Mulher?
Esse filme é baseado na história real de Florence Foster Jenkins, considerada a pior cantora do mundo, em todos os tempos! Embora seja uma comédia, não se pode ignorar a ternura dessa história. A figura de Florence é muito humana, a de uma mulher que não tinha talento para a música, mas que procurou transformar seu imenso amor pela arte em uma carreira musical! Ela vivia cercada de bajuladores e puxa-sacos pois era rica e cheia de posses. Seu marido, St Clair Bayfield (Hugh Grant), era um ator inglês fracassado e canastrão que gostava de se ver como um nobre britânico, embora não tivesse título nenhum da monarquia. Era infiel a Florence, mas ao mesmo tempo muito dedicado a ela. O músico Cosmé McMoon (Simon Helberg) era um pianista mal sucedido na carreira, um pobre coitado, muito tímido, além de homossexual enrustido, que sabia o quanto Florence era péssima cantora, mas que acabou criando assim mesmo um sentimento de compaixão para com ela. Florence vivia de certa maneira dentro de uma bolha, isolada do mundo exterior, tudo criado artificialmente pelo seu marido, que organizava apresentações privadas e exclusivas dela, para se apresentar para pessoas ricas e ignorantes, sem cultura nenhuma. Era uma forma de ganhar dinheiro com ricaços estúpidos e manter Florence dentro de seu mundinho de ilusão. Tudo porém foge do controle quando ela decide se apresentar no magnífico Carnegie Hall em Nova Iorque, onde seu marido não teria mais controle sobre o que seria publicado sobre ela nos jornais!
Eu realmente gostei muito desse filme. Ele evoca uma era (da Belle Époque) que já não existe mais. Tempos mais inocentes e pueris. Além da história ser extremamente cativante temos um elenco inspirado. A começar por Meryl Streep. Sua Florence é um achado. Uma mulher que sofreu muito na vida, mas que acabou herdando uma grande fortuna. Apaixonada por arte e sem talento para isso, ela cria seu próprio mundo (apesar de cantar pessimamente ruim). O material que Meryl teve para trabalhar foi muito generoso. Florence estava morrendo de sífilis, tinha uma casamento falso e vivia dentro de suas próprias ilusões de grandeza artística (que eram inexistentes). Hugh Grant também está perfeito como o marido canastrão de Florence. Um papel que aliás lhe caiu muito bem. Por fim vale menção ao comediante Simon Helberg. O público em geral o conhece da série de humor The Big Bang Theory onde interpreta o personagem Howard Wolowitz. Aqui ele está perfeito como esse pianista de figura frágil, tímida, que é responsável por alguns dos momentos mais engraçados do filme. Enfim, essa é uma excelente dica para quem gosta de cinema. Um filme muito bom, que conta uma história ao mesmo tempo triste, engraçada e terna. Está mais do que recomendado.
Florence: Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins, Estados Unidos, 2016) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Nicholas Martin / Elenco: Meryl Streep, Hugh Grant, Simon Helberg, Rebecca Ferguson, Christian McKay, Stanley Townsend / Sinopse: O filme conta a história real de Florence Foster Jenkins (Streep), uma mulher rica que amava o mundo da música e do teatro, mas que não tinha talento nenhum para isso. Considerada a "pior cantora do mundo", ela só queria ser feliz se apresentando ao vivo no Carnegie Hall, de Nova Iorque. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Meryl Streep) e Melhor Figurino (Consolata Boyle). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Ator (Hugh Grant), Melhor Atriz (Meryl Streep) e Melhor Ator Coadjuvante (Simon Helberg). Vencedor do BAFTA Awards na categoria Melhor Cabelo / Maquiagem (J. Roy Helland e Daniel Phillips).
Pablo Aluísio.
Eu realmente gostei muito desse filme. Ele evoca uma era (da Belle Époque) que já não existe mais. Tempos mais inocentes e pueris. Além da história ser extremamente cativante temos um elenco inspirado. A começar por Meryl Streep. Sua Florence é um achado. Uma mulher que sofreu muito na vida, mas que acabou herdando uma grande fortuna. Apaixonada por arte e sem talento para isso, ela cria seu próprio mundo (apesar de cantar pessimamente ruim). O material que Meryl teve para trabalhar foi muito generoso. Florence estava morrendo de sífilis, tinha uma casamento falso e vivia dentro de suas próprias ilusões de grandeza artística (que eram inexistentes). Hugh Grant também está perfeito como o marido canastrão de Florence. Um papel que aliás lhe caiu muito bem. Por fim vale menção ao comediante Simon Helberg. O público em geral o conhece da série de humor The Big Bang Theory onde interpreta o personagem Howard Wolowitz. Aqui ele está perfeito como esse pianista de figura frágil, tímida, que é responsável por alguns dos momentos mais engraçados do filme. Enfim, essa é uma excelente dica para quem gosta de cinema. Um filme muito bom, que conta uma história ao mesmo tempo triste, engraçada e terna. Está mais do que recomendado.
Florence: Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins, Estados Unidos, 2016) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Nicholas Martin / Elenco: Meryl Streep, Hugh Grant, Simon Helberg, Rebecca Ferguson, Christian McKay, Stanley Townsend / Sinopse: O filme conta a história real de Florence Foster Jenkins (Streep), uma mulher rica que amava o mundo da música e do teatro, mas que não tinha talento nenhum para isso. Considerada a "pior cantora do mundo", ela só queria ser feliz se apresentando ao vivo no Carnegie Hall, de Nova Iorque. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Meryl Streep) e Melhor Figurino (Consolata Boyle). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Ator (Hugh Grant), Melhor Atriz (Meryl Streep) e Melhor Ator Coadjuvante (Simon Helberg). Vencedor do BAFTA Awards na categoria Melhor Cabelo / Maquiagem (J. Roy Helland e Daniel Phillips).
Pablo Aluísio.
Cavaleiro de Copas
Em relação aos filmes do diretor Terrence Malick não existe meio termo, ou se gosta muito ou se odeia. Esse cineasta tem um estilo próprio, com seu estilo peculiar de se contar uma história. Praticamente não há diálogos, tudo é levado ao espectador por meio de sensações, momentos, lembranças. O enredo vai assim desfilando na tela sob um ponto de vista bem subjetivo, do próprio protagonista, que está passando por uma crise existencial, com nuances de comportamento depressivo. Aqui o personagem principal atende pelo nome de Rick (Christian Bale). Nunca fica muito claro que tipo de trabalho ele tem nos estúdios de Hollywood (pode ser um ator, um roteirista, etc), só se sabe que ele vive em um mundo de riqueza e celebridades, frequentando suas festas, saindo com mulheres bonitas, etc. O relacionamento dele com elas ocupa grande parte do filme. A maioria sequer tem nome, ficando mais ou menos claro a importância que elas tiveram em sua vida.
E há uma variedade delas. Desde a stripper que ele conhece em um bar, passando por uma elegante e charmosa médica (interpretada por Cate Blanchett), indo até uma mulher que ele chega a pensar ser o verdadeiro amor que ele há muito vinha esperando (aqui em presença carismática de Natalie Portman, que só tem algumas poucas linhas de diálogo em cena). Bale por sua vez passa o filme todo de forma bem passiva, olhar perdido, com as mãos no bolso, como se olhasse para a vida sem se importar muito com o que acontece ao seu redor. Como se trata de uma quase obsessão de Terrence Malick, seu personagem principal também tem problemas de relacionamento com o pai, um sujeito abusivo e verbalmente violento, sempre passando lições de moral aos filhos. Uma pessoa insuportável, mesmo na velhice.
Não vá esperando por um enredo linear e nem por uma linguagem convencional. Tudo é diferente, como convém aos filmes assinados por Terrence Malick. Ela vai construindo seu filme não através de diálogos, mas sim de imagens. Algumas fazem sentido, outras não. É um tipo de cinema, que como escrevi, vai mais pela vertente sensorial, de suas emoções. Muitos gostam de seu estilo (me incluo nesse grupo), mas não condeno quem acha tudo uma grande chatice sem fim. Vai pela opinião e gosto de cada um. Por outro lado, caso você goste do cinema de Terrence Malick não deixe de conferir, embora esse não possa ser considerado um de seus melhores trabalhos no cinema.
Cavaleiro de Copas (Knight of Cups, Estados Unidos, 2015) Direção: Terrence Malick / Roteiro: Terrence Malick / Elenco: Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman, Brian Dennehy, Antonio Banderas, Ben Kingsley, Ryan O'Neal / Sinopse: Em plena crise existencial e com sintomas depressivos, Rick (Bale) não parece mais se importar com o que acontece em sua vida. Imerso em lembranças envolvendo seu pai e as mulheres de sua vida, ele vai vivendo um dia de cada vez, sem muita empolgação por sua própria vida. Filme indicado no Berlin International Film Festival.
Pablo Aluísio.
E há uma variedade delas. Desde a stripper que ele conhece em um bar, passando por uma elegante e charmosa médica (interpretada por Cate Blanchett), indo até uma mulher que ele chega a pensar ser o verdadeiro amor que ele há muito vinha esperando (aqui em presença carismática de Natalie Portman, que só tem algumas poucas linhas de diálogo em cena). Bale por sua vez passa o filme todo de forma bem passiva, olhar perdido, com as mãos no bolso, como se olhasse para a vida sem se importar muito com o que acontece ao seu redor. Como se trata de uma quase obsessão de Terrence Malick, seu personagem principal também tem problemas de relacionamento com o pai, um sujeito abusivo e verbalmente violento, sempre passando lições de moral aos filhos. Uma pessoa insuportável, mesmo na velhice.
Não vá esperando por um enredo linear e nem por uma linguagem convencional. Tudo é diferente, como convém aos filmes assinados por Terrence Malick. Ela vai construindo seu filme não através de diálogos, mas sim de imagens. Algumas fazem sentido, outras não. É um tipo de cinema, que como escrevi, vai mais pela vertente sensorial, de suas emoções. Muitos gostam de seu estilo (me incluo nesse grupo), mas não condeno quem acha tudo uma grande chatice sem fim. Vai pela opinião e gosto de cada um. Por outro lado, caso você goste do cinema de Terrence Malick não deixe de conferir, embora esse não possa ser considerado um de seus melhores trabalhos no cinema.
Cavaleiro de Copas (Knight of Cups, Estados Unidos, 2015) Direção: Terrence Malick / Roteiro: Terrence Malick / Elenco: Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman, Brian Dennehy, Antonio Banderas, Ben Kingsley, Ryan O'Neal / Sinopse: Em plena crise existencial e com sintomas depressivos, Rick (Bale) não parece mais se importar com o que acontece em sua vida. Imerso em lembranças envolvendo seu pai e as mulheres de sua vida, ele vai vivendo um dia de cada vez, sem muita empolgação por sua própria vida. Filme indicado no Berlin International Film Festival.
Pablo Aluísio.
sábado, 3 de junho de 2017
O Mago das Mentiras
Esse filme conta a história real do magnata de Wall Street Bernie Madoff (interpretado por Robert De Niro). Esse sujeito deu um golpe no mercado financeiro dos Estados Unidos avaliado em 65 bilhões de dólares! Os investidores que confiaram nele perderam tudo, as economias de uma vida, por causa da fraude que Madoff criou e escondeu por anos e anos! Essa história é impactante porque demonstrou duas coisas importantes: existia muita corrupção no meio político e financeiro dos Estados Unidos e os meios de fiscalização do governo falharam completamente ao não detectarem o tamanho dessa fraude. De uma forma ou outra Madoff virou sinônimo de ladrão no mercado de capitais, a tal ponto que toda a sua família acabou sendo destruída por esses acontecimentos que se seguiram após seus crimes serem descobertos. A sua história já foi tema de livros e séries, mas aqui ganhou uma nova visão, focada não apenas nos crimes que ele cometeu, mas também no impacto deles em sua própria família. Madoff tentou preservar seus dois filhos e sua esposa dos crimes que estava fazendo no mercado, porém como podemos ver no filme tudo isso foi em vão. O roteiro explora os tempos de riqueza e desgraça em cenas intercaladas, usando de flashbacks para mostrar sua vida antes e depois da queda final.
A direção é do excelente veterano Barry Levinson. Ele andava meio sumido ultimamente. Nos últimos anos só dirigiu poucos filmes. Aqui ele exercita novamente seu talento para contar boas histórias. Auxiliado por um elenco acima da média, conseguiu alcançar seus objetivos. Robert De Niro novamente tem uma boa atuação em sua carreira (algo que vinha lhe faltando em seus últimos filmes). Ele consegue em muitos momentos sumir dentro de seu personagem. A maquiagem e a caracterização também o deixaram muito parecido fisicamente com Madoff. A atriz Michelle Pfeiffer também é outro destaque. Ela interpreta a esposa do magnata, uma mulher envelhecida, arruinada, que tenta sobreviver após a tragédia que se abate sobre ela e seus filhos. No final a mensagem que fica é a que a ganância não corrói apenas as finanças de uma pessoa, mas sua alma também.
O Mago das Mentiras (Estados Unidos, 2017) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Diana Henriques, Sam Levinson / Elenco: Robert De Niro, Michelle Pfeiffer, Alessandro Nivola, Hank Azaria, Kristen Connolly, Nathan Darrow / Sinopse: O filme conta a história de um magnata de Wall Street que deu um golpe enorme no mercado financeiro americano. A fraude atingiu a incrível cifra de 65 bilhões de dólares, levando milhares de investidores à ruína completa. Roteiro baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.
A direção é do excelente veterano Barry Levinson. Ele andava meio sumido ultimamente. Nos últimos anos só dirigiu poucos filmes. Aqui ele exercita novamente seu talento para contar boas histórias. Auxiliado por um elenco acima da média, conseguiu alcançar seus objetivos. Robert De Niro novamente tem uma boa atuação em sua carreira (algo que vinha lhe faltando em seus últimos filmes). Ele consegue em muitos momentos sumir dentro de seu personagem. A maquiagem e a caracterização também o deixaram muito parecido fisicamente com Madoff. A atriz Michelle Pfeiffer também é outro destaque. Ela interpreta a esposa do magnata, uma mulher envelhecida, arruinada, que tenta sobreviver após a tragédia que se abate sobre ela e seus filhos. No final a mensagem que fica é a que a ganância não corrói apenas as finanças de uma pessoa, mas sua alma também.
O Mago das Mentiras (Estados Unidos, 2017) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Diana Henriques, Sam Levinson / Elenco: Robert De Niro, Michelle Pfeiffer, Alessandro Nivola, Hank Azaria, Kristen Connolly, Nathan Darrow / Sinopse: O filme conta a história de um magnata de Wall Street que deu um golpe enorme no mercado financeiro americano. A fraude atingiu a incrível cifra de 65 bilhões de dólares, levando milhares de investidores à ruína completa. Roteiro baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.
A Cabana
Esse filme tem um roteiro bem diferente. Com uma mensagem de espiritualidade (mais até do que de religiosidade), essa produção conta a história de um pai de família que se vê diante de uma grande tragédia em sua vida, quando sua pequena filha é sequestrada e morta por um serial killer pedófilo. Ele obviamente fica arrasado depois disso. Devastado também espiritualmente, ele se pergunta como Deus, sendo bom, onipresente e onipotente, deixa que atrocidades como essa aconteçam. Tentando superar esse trauma ele então decide ir sozinho até a cabana remota e isolada onde sua filha foi assassinada e lá acaba tendo uma experiência fora do comum. Para gostar desse filme o espectador vai ter que criar uma cumplicidade e tanto, mesmo se for uma pessoa bem religiosa. Isso acontece porque o próprio Deus é um dos personagens. Ele se revela ao pai da garotinha morta na imagem de uma mulher negra, interpretada pela talentosa Octavia Spencer. Seu objetivo é tentar explicar porque sendo todo poderoso deixou que um crime daqueles fosse cometido. O mais curioso de tudo é que Ele não está só. Jesus e o espírito santo também se revelam nas figuras de um jovem rapaz (o único que se aproxima um pouquinho da imagem do Jesus histórico) e uma jovem com traços orientais que representa o espírito santo em pessoa. A trindade se faz presente não apenas como metáfora espiritual ou teológica, mas como personagens reais, que interagem com o protagonista.
Nunca assisti nada igual a esse filme. A trindade sendo representada como personagens, como pessoas reais, é certamente algo original. O problema é que apesar de todas as belas intenções do roteiro o que podemos perceber é que teologicamente o texto é bem fraco. A mensagem de perdão e esperança até que é muito bem-vinda, porém a pergunta principal do protagonista (Por que Deus deixa que o mal exista?) não é muito bem respondida do ponto de vista teológico. O roteiro procura ter uma postura não alinhada às religiões tradicionais, sendo mais espiritualista, mas falha mesmo ao tentar responder uma questão tão crucial. Não é assim um filme para todos os públicos e nem esgota as questões filosóficas e de teologia que propõe. No final das contas não vai resolver a equação de natureza divina que ousou levantar. Isso é algo que inegavelmente fica pelo meio do caminho...
A Cabana (The Shack, Estados Unidos, 2017) Direção: Stuart Hazeldine / Roteiro: John Fusco, Andrew Lanham / Elenco: Sam Worthington, Octavia Spencer, Tim McGraw, Megan Charpentier, Alice Braga / Sinopse: Pai de família arrasado emocionalmente depois do assassinato de sua filha tem uma experiência surreal ao se encontrar com a própria trindade divina (pai, filho e espírito santo) na mesma cabana onde a criança foi morta por um assassino em série.
Pablo Aluísio.
Nunca assisti nada igual a esse filme. A trindade sendo representada como personagens, como pessoas reais, é certamente algo original. O problema é que apesar de todas as belas intenções do roteiro o que podemos perceber é que teologicamente o texto é bem fraco. A mensagem de perdão e esperança até que é muito bem-vinda, porém a pergunta principal do protagonista (Por que Deus deixa que o mal exista?) não é muito bem respondida do ponto de vista teológico. O roteiro procura ter uma postura não alinhada às religiões tradicionais, sendo mais espiritualista, mas falha mesmo ao tentar responder uma questão tão crucial. Não é assim um filme para todos os públicos e nem esgota as questões filosóficas e de teologia que propõe. No final das contas não vai resolver a equação de natureza divina que ousou levantar. Isso é algo que inegavelmente fica pelo meio do caminho...
A Cabana (The Shack, Estados Unidos, 2017) Direção: Stuart Hazeldine / Roteiro: John Fusco, Andrew Lanham / Elenco: Sam Worthington, Octavia Spencer, Tim McGraw, Megan Charpentier, Alice Braga / Sinopse: Pai de família arrasado emocionalmente depois do assassinato de sua filha tem uma experiência surreal ao se encontrar com a própria trindade divina (pai, filho e espírito santo) na mesma cabana onde a criança foi morta por um assassino em série.
Pablo Aluísio.
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