Ninguém pode acusar o ator Nicolas Cage de não tentar levantar sua carreira. Ano após ano Cage está sempre na ativa, tentando alcançar o sucesso perdido. Agora ela tenta novamente, dessa vez usando uma antiga fórmula, tirada lá dos velhos filmes de Charles Bronson dos anos 70. Se você pensou em "Desejo de Matar", acertou em cheio! É mais um roteiro que explora a figura do policial que indignado pelas falhas do sistema judiciário resolve fazer justiça com as próprias mãos. O curioso é perceber que apesar de ser algo bem batido ainda consegue funcionar em certos momentos.
Vamos ao enredo: Nicolas Cage interpreta um policial veterano do departamento de polícia da cidade de Niagara Falls, um conhecido point turístico. Quando uma jovem viúva é estuprada por um grupo de vagabundos locais, ele entra no caso. Sua indignação e envolvimento pessoal se tornam maiores porque os estupradores cometeram seu crime na presença da pequena filha da vítima, uma garotinha de apenas 10 anos de idade. Após identificar cada um deles, todos são presos e levados para julgamento. Entra em cena então um advogado sem escrúpulos interpretado por Don Johnson, que acaba inocentando todos eles. Usando das velhas brechas da lei, todos são então libertados e recomeçam a incomodar a vítima e sua filha.
Bom, com esse tipo de estória você já deve ter percebido o que aconteceria dali em diante. Cage resolve literalmente limpar as ruas daqueles estupradores e criminosos. Um aspecto curioso é que o roteiro não se foca completamente no policial interpretado por Nicolas, mas sim na família da vítima e nos próprios criminosos. Dessa forma Nicolas Cage está sempre em segundo plano, aparecendo apenas para fazer sua "limpeza social". No final das contas, colocando tudo na balança e fazendo uma análise mais fria, o que temos aqui é apenas um banal filme policial que requenta velhas fórmulas. Poderia muito bem ser um filme de Charles Bronson, como já citei. Paradoxalmente, mesmo assim não deixa de ser uma boa diversão. Pelo visto a figura do justiceiro (ou vigilante, como dizem os americanos) ainda tem seu apelo junto ao público espectador.
Uma História de Vingança (Vengeance: A Love Story, Estados Unidos, 2017) Direção: Johnny Martin / Roteiro: John Mankiewicz, baseado no romance policial escrito por Joyce Carol Oates / Elenco: Nicolas Cage, Don Johnson, Anna Hutchison, Talitha Bateman / Sinopse: Policial fica indignado após presenciar um grupo de estupradores sendo inocentados pela justiça. Após ser informado que além de estarem soltos pelas ruas eles ainda recomeçaram a importunar a vida da vítima estuprada, decide fazer justiça com suas próprias mãos, livrando sua cidade daquela escória imunda.
Pablo Aluísio.
domingo, 7 de maio de 2017
sábado, 6 de maio de 2017
Terra Prometida
A história do filme acompanha Steve Butler (Matt Damon) e sua colega Sue Thomason (Frances McDormand) que viajam até uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Na região há um vasto reservatório de gás natural no subsolo. Eles trabalham para uma empresa que tem planos de explorar economicamente essa reserva. Para isso porém será necessário convencer os moradores e donos de fazendas a venderem suas propriedades para a companhia mineradora, algo que não vai ser muito fácil pois ao mesmo tempo em que chegam na cidade também aparece um ecologista que lutará para que ninguém venda suas terras.
O que mais me deixou admirado nesse filme de Gus Van Sant foi seu terrível convencionalismo. Van Sant foi um dos diretores mais inovadores de sua geração, sempre explorando temas polêmicos, optando muitas vezes por uma linguagem cinematográfica inovadora. Só que aqui ele preferiu o convencional, o banal, diria até o burocrático. O filme é totalmente quadrado, sem qualquer tipo de inovação de qualquer tipo. Van Sant conta a sua história com extrema preguiça, sem maiores envolvimentos. Por tudo isso podemos dizer que esse "Promised Land" é seguramente um dos seus filmes mais enfadonhos. Quem estiver em busca do bom e velho Van Sant, do artístico e autoral Van Sant, certamente vai quebrar a cara.
O personagem principal interpretado pelo ator Matt Damon é de um bom mocismo irritante. Ele trabalha para uma companhia de exploração de combustíveis naturais, que quer explorar a região para extrair gás natural, mas acredita piamente (e estupidamente) que essa grande corporação bilionária, capitalista ao extremo, só tem intenções boas e positivas sobre as terras que deseja comprar. É ser muito bobo para convencer o espectador. Pior é saber que o ecologista que o combate também tem seus segredos. Aliás a figura desse oponente é responsável pela única reviravolta digna de surpresas dentro do enredo, porque tudo o mais é terrivelmente chatinho. Enfim, tirando um ou outro momento esse filme deixa bastante a desejar. Pelo visto o outrora rebelde e contestador Gus Van Sant virou apenas um cineasta comum... e dos mais entediantes.
Terra Prometida (Promised Land, Estados Unidos, 2012) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: John Krasinski, Matt Damon / Elenco: Matt Damon, Frances McDormand, John Krasinski / Sinopse: Dois empregados de uma bilionária companhia mineradora vão até o interior com o objetivo de convencer os moradores a venderem suas terras. A empresa tem planos de explorar um rico manancial de gás natural que existe no subsolo. Um jovem ecologista porém também chega para convencer todos do contrário. Ele defende a ideia que a companhia já destruiu o meio ambiente de outras cidades, causando um grande desastre ambiental. Filme participante da seleção do Berlin International Film Festival.
Pablo Aluísio.
O que mais me deixou admirado nesse filme de Gus Van Sant foi seu terrível convencionalismo. Van Sant foi um dos diretores mais inovadores de sua geração, sempre explorando temas polêmicos, optando muitas vezes por uma linguagem cinematográfica inovadora. Só que aqui ele preferiu o convencional, o banal, diria até o burocrático. O filme é totalmente quadrado, sem qualquer tipo de inovação de qualquer tipo. Van Sant conta a sua história com extrema preguiça, sem maiores envolvimentos. Por tudo isso podemos dizer que esse "Promised Land" é seguramente um dos seus filmes mais enfadonhos. Quem estiver em busca do bom e velho Van Sant, do artístico e autoral Van Sant, certamente vai quebrar a cara.
O personagem principal interpretado pelo ator Matt Damon é de um bom mocismo irritante. Ele trabalha para uma companhia de exploração de combustíveis naturais, que quer explorar a região para extrair gás natural, mas acredita piamente (e estupidamente) que essa grande corporação bilionária, capitalista ao extremo, só tem intenções boas e positivas sobre as terras que deseja comprar. É ser muito bobo para convencer o espectador. Pior é saber que o ecologista que o combate também tem seus segredos. Aliás a figura desse oponente é responsável pela única reviravolta digna de surpresas dentro do enredo, porque tudo o mais é terrivelmente chatinho. Enfim, tirando um ou outro momento esse filme deixa bastante a desejar. Pelo visto o outrora rebelde e contestador Gus Van Sant virou apenas um cineasta comum... e dos mais entediantes.
Terra Prometida (Promised Land, Estados Unidos, 2012) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: John Krasinski, Matt Damon / Elenco: Matt Damon, Frances McDormand, John Krasinski / Sinopse: Dois empregados de uma bilionária companhia mineradora vão até o interior com o objetivo de convencer os moradores a venderem suas terras. A empresa tem planos de explorar um rico manancial de gás natural que existe no subsolo. Um jovem ecologista porém também chega para convencer todos do contrário. Ele defende a ideia que a companhia já destruiu o meio ambiente de outras cidades, causando um grande desastre ambiental. Filme participante da seleção do Berlin International Film Festival.
Pablo Aluísio.
Rua Cloverfield, 10
Esse filme ganhou várias resenhas positivas em seu lançamento. É uma espécie de spin-off de "Cloverfield - Monstro" de 2008. Caso você não tenha assistido ao primeiro filme não precisa se preocupar. A linha que une as duas histórias é muito tênue e eles podem ser assistidos separadamente, sem nenhum problema. Em certos aspectos apenas o nome Cloverfield une os dois filmes, mesmo que os roteiristas insistam no fato de que essa estória que vemos aqui corre paralelamente ao do filme original. Penso que forçaram a barra. Particularmente não vi mesmo muitas ligações diretas entre os dois enredos.
Basicamente o que temos aqui é uma trama até bem singela. Após sofrer um acidente de carro, a jovem Michelle (Mary Elizabeth Winstead) acorda no que parece ser o porão de alguém. Pior do que isso é perceber que está presa pela perna. Sua apreensão vai piorando quando ela conhece Howard (John Goodman), o dono do lugar. Ele é um veterano da marinha e aquilo é um abrigo contra ataques nucleares. Ele trouxe Michelle para aquele lugar após bater em seu carro. Ele queria salvar a vida dela. Como se tudo isso já não fosse ruim o bastante, Howard explica a Michelle que os Estados Unidos sofreram um ataque, nuclear ou químico, e por essa razão eles não podem sair do abrigo que fica debaixo de sua fazenda.
A coisa toda não a convence. Parece ser surreal que o mundo lá fora esteja sendo destruído enquanto ela fica presa com aquele desconhecido. Estaria o velho Howard falando a verdade ou tudo não seria uma mentira para ele trancafiar ela naquele abrigo? A resposta a essa pergunta o espectador só terá nos últimos minutos de filme. E ela não será tão simples ou convencional como se pode pensar. Assim o roteiro vai explorando à exaustão essa situação, ora dando pistas de que tudo seria loucura do personagem de John Goodman, demonstrando que ele estaria mentindo e de que seria na verdade algum tipo de pervertido ou maníaco, ora mostrando que há sim um fundo de verdade no que ele afirma.
É verdade que muitos não vão gostar do final do filme. Para esses é importante lembrar algumas coisas, entre elas a que esse filme faz parte da franquia Cloverfield. Isso significa que se trata de uma produção Sci-fi, embora isso não fique muito claro nas cenas iniciais do filme. Definitivamente não é um thriller de suspense comum ou nada parecido. No mais o diretor Dan Trachtenberg fez um bom trabalho, principalmente no que diz respeito ao seu elenco. Todos estão muito bem, em especial John Goodman, nunca deixando muito claro quais seriam as reais intenções de seu personagem. Com seu bom trabalho ele faz exatamente o que o roteiro pede, ou seja, deixar o espectador sem saber o que pensar até o último e definitivo momento.
Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, Estados Unidos, 2016) Direção: Dan Trachtenberg / Roteiro: Josh Campbell, Matthew Stuecken / Elenco: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr / Sinopse: Jovem mulher, Michelle (Mary Elizabeth Winstead), se vê acorrentada em um tipo de abrigo anti-nuclear após sofrer um acidente na estrada. Lá vive o estranho Howard (John Goodman), um veterano de guerra que diz a ela que o mundo lá fora está destruído, pois provavelmente houve um ataque nuclear ou químico. Eles precisam ficar no abrigo para sobreviver. Estaria Howard falando a verdade ou escondendo tudo para aprisioná-la naquele lugar?
Pablo Aluísio.
Basicamente o que temos aqui é uma trama até bem singela. Após sofrer um acidente de carro, a jovem Michelle (Mary Elizabeth Winstead) acorda no que parece ser o porão de alguém. Pior do que isso é perceber que está presa pela perna. Sua apreensão vai piorando quando ela conhece Howard (John Goodman), o dono do lugar. Ele é um veterano da marinha e aquilo é um abrigo contra ataques nucleares. Ele trouxe Michelle para aquele lugar após bater em seu carro. Ele queria salvar a vida dela. Como se tudo isso já não fosse ruim o bastante, Howard explica a Michelle que os Estados Unidos sofreram um ataque, nuclear ou químico, e por essa razão eles não podem sair do abrigo que fica debaixo de sua fazenda.
A coisa toda não a convence. Parece ser surreal que o mundo lá fora esteja sendo destruído enquanto ela fica presa com aquele desconhecido. Estaria o velho Howard falando a verdade ou tudo não seria uma mentira para ele trancafiar ela naquele abrigo? A resposta a essa pergunta o espectador só terá nos últimos minutos de filme. E ela não será tão simples ou convencional como se pode pensar. Assim o roteiro vai explorando à exaustão essa situação, ora dando pistas de que tudo seria loucura do personagem de John Goodman, demonstrando que ele estaria mentindo e de que seria na verdade algum tipo de pervertido ou maníaco, ora mostrando que há sim um fundo de verdade no que ele afirma.
É verdade que muitos não vão gostar do final do filme. Para esses é importante lembrar algumas coisas, entre elas a que esse filme faz parte da franquia Cloverfield. Isso significa que se trata de uma produção Sci-fi, embora isso não fique muito claro nas cenas iniciais do filme. Definitivamente não é um thriller de suspense comum ou nada parecido. No mais o diretor Dan Trachtenberg fez um bom trabalho, principalmente no que diz respeito ao seu elenco. Todos estão muito bem, em especial John Goodman, nunca deixando muito claro quais seriam as reais intenções de seu personagem. Com seu bom trabalho ele faz exatamente o que o roteiro pede, ou seja, deixar o espectador sem saber o que pensar até o último e definitivo momento.
Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, Estados Unidos, 2016) Direção: Dan Trachtenberg / Roteiro: Josh Campbell, Matthew Stuecken / Elenco: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr / Sinopse: Jovem mulher, Michelle (Mary Elizabeth Winstead), se vê acorrentada em um tipo de abrigo anti-nuclear após sofrer um acidente na estrada. Lá vive o estranho Howard (John Goodman), um veterano de guerra que diz a ela que o mundo lá fora está destruído, pois provavelmente houve um ataque nuclear ou químico. Eles precisam ficar no abrigo para sobreviver. Estaria Howard falando a verdade ou escondendo tudo para aprisioná-la naquele lugar?
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 5 de maio de 2017
Fome de Poder
Dois irmãos do interior decidem fugir da pobreza e da falta de emprego onde moram e se mudam para San Bernardino na Califórnia. No começo eles se dão mal em uma série de pequenas empresas que não dão certo. Então decidem abrir uma lanchonete. Um deles resolve inovar no atendimento, criando um sistema rápido, onde o cliente não ficaria muito tempo esperando por seu lanche. A ideia acabou dando certo e eles denominaram seu empreendimento de McDonald's!
Apesar desse começo promissor os dois irmãos não vão muito longe. A lanchonete, embora muito eficiente, não consegue passar de ser uma pequena pequena empresa familiar onde eles tiram seu sustento. Tudo muda porém com a chegada de Ray Kroc (Michael Keaton). Ele é um vendedor de porta em porta que está tendo dificuldades de vender sua máquina de fazer milk shake. Ray fica impressionado com o método de venda dos irmãos McDonald's e decide se unir a eles, criando uma rede de franquias que se tornaria mundial e elevaria a marca comercial McDonald's ao patamar de ser uma das maiores do mundo dos negócios.
O enredo desse filme, baseado em fatos reais, é extremamente interessante. É uma história que desconhecia. Não sabia, por exemplo, que a rede mundial de fast food McDonald's tinha tido um começo tão modesto. O roteiro então explora essa metamorfose de uma pequena lanchonete de dois irmãos caipiras a uma potência do ramo de alimentação. A figura central nessa jornada de sucesso absoluto no ramo comercial se deveu e muito a um sujeito meio inescrupuloso, ganancioso e muito esperto. O Ray Kroc interpretado por Michael Keaton é um achado, um dos personagens mais interessantes já explorados pelo cinema nesses últimos anos.
É óbvio que em muitos momentos percebemos um certo malabarismo do filme em tentar esconder as canalhices de Kroc, como por exemplo, quando ele começa a passar a perna nos irmãos McDonald's, mas isso se torna secundário diante das próprias qualidades do filme. A história começa a ser contada em 1954, quando Kroc teve um estalo de que poderia ganhar muito dinheiro com aquele sistema de vendas de comida fast food. Aliás essa expressão seria criada por ele. Um tipo de alimentação rápida, barata e gostosa. Claro que também nada saudável, o que criaria nos Estados Unidos (e no mundo) uma geração de pessoas obesas e doentes. Isso porém nem é discutido no roteiro. Para Kroc o que importava era mesmo os negócios e sob esse ponto de vista ele foi certamente um vencedor. Afinal de contas no mundo do capitalismo selvagem americano o que conta realmente são os lucros milionários, acima de tudo!
Fome de Poder (The Founder, Estados Unidos, 2016) Direção: John Lee Hancock / Roteiro: Robert D. Siegel / Elenco: Michael Keaton, Laura Dern, Patrick Wilson, Nick Offerman, John Carroll Lynch / Sinopse: Ray Kroc (Michael Keaton) é um vendedor de máquinas de milk shake que acaba conhecendo a lanchonete McDonald's, um pequeno estabelecimento comercial que vende lanches. De propriedade de dois irmãos do interior, Kroc então tem a excelente ideia de vender franquias daquele comércio, criando assim uma das maiores redes de alimentação de todo o mundo.
Pablo Aluísio.
Apesar desse começo promissor os dois irmãos não vão muito longe. A lanchonete, embora muito eficiente, não consegue passar de ser uma pequena pequena empresa familiar onde eles tiram seu sustento. Tudo muda porém com a chegada de Ray Kroc (Michael Keaton). Ele é um vendedor de porta em porta que está tendo dificuldades de vender sua máquina de fazer milk shake. Ray fica impressionado com o método de venda dos irmãos McDonald's e decide se unir a eles, criando uma rede de franquias que se tornaria mundial e elevaria a marca comercial McDonald's ao patamar de ser uma das maiores do mundo dos negócios.
O enredo desse filme, baseado em fatos reais, é extremamente interessante. É uma história que desconhecia. Não sabia, por exemplo, que a rede mundial de fast food McDonald's tinha tido um começo tão modesto. O roteiro então explora essa metamorfose de uma pequena lanchonete de dois irmãos caipiras a uma potência do ramo de alimentação. A figura central nessa jornada de sucesso absoluto no ramo comercial se deveu e muito a um sujeito meio inescrupuloso, ganancioso e muito esperto. O Ray Kroc interpretado por Michael Keaton é um achado, um dos personagens mais interessantes já explorados pelo cinema nesses últimos anos.
É óbvio que em muitos momentos percebemos um certo malabarismo do filme em tentar esconder as canalhices de Kroc, como por exemplo, quando ele começa a passar a perna nos irmãos McDonald's, mas isso se torna secundário diante das próprias qualidades do filme. A história começa a ser contada em 1954, quando Kroc teve um estalo de que poderia ganhar muito dinheiro com aquele sistema de vendas de comida fast food. Aliás essa expressão seria criada por ele. Um tipo de alimentação rápida, barata e gostosa. Claro que também nada saudável, o que criaria nos Estados Unidos (e no mundo) uma geração de pessoas obesas e doentes. Isso porém nem é discutido no roteiro. Para Kroc o que importava era mesmo os negócios e sob esse ponto de vista ele foi certamente um vencedor. Afinal de contas no mundo do capitalismo selvagem americano o que conta realmente são os lucros milionários, acima de tudo!
Fome de Poder (The Founder, Estados Unidos, 2016) Direção: John Lee Hancock / Roteiro: Robert D. Siegel / Elenco: Michael Keaton, Laura Dern, Patrick Wilson, Nick Offerman, John Carroll Lynch / Sinopse: Ray Kroc (Michael Keaton) é um vendedor de máquinas de milk shake que acaba conhecendo a lanchonete McDonald's, um pequeno estabelecimento comercial que vende lanches. De propriedade de dois irmãos do interior, Kroc então tem a excelente ideia de vender franquias daquele comércio, criando assim uma das maiores redes de alimentação de todo o mundo.
Pablo Aluísio.
Sicario: Terra de Ninguém
A fronteira entre Estados Unidos e México é seguramente um dos lugares mais violentos do mundo. É justamente essa rota que os cartéis mexicanos de drogas usam para transportar sua produção para o maior mercado consumidor de entorpecentes do mundo. Pois é, os mexicanos produzem e transportam as drogas, enquanto os americanos as consomem. Regra básica do capitalismo. Enquanto houve consumidor de um produto, haverá um produtor. Nesse campo de batalha trabalha a agente do FBI Kate Macer (Emily Blunt). Após sua equipe estourar uma casa do cartel, onde encontram corpos literalmente enterrados em suas paredes, ela aceita o convite para entrar em uma nova missão.
Esse novo grupo é comandado pelo agente da CIA Matt Graver (Josh Brolin). Ele é um sujeito experiente que sabe com quem está lidando. Por isso seu grupo é bem heterogêneo, contando inclusive com um ex-traficante barra pesada conhecido apenas como Alejandro (Benicio Del Toro). Os traficantes do cartel da fronteira mataram sua família no passado e agora ele está disposto a fazer qualquer coisa por vingança. Esses três personagens formam o trio central desse filme policial dirigido por Denis Villeneuve, novo cineasta que tem chamado bastante a atenção, principalmente por causa de seu último filme, a ficção "A Chegada", um dos melhores do ano passado.
Dizem que todo filme desse estilo precisa ter pelo menos três boas cenas. Requisito cumprido por Sicario. A primeira sequência, quando a equipe de Blunt chega na casa utilizada pelos traficantes é muito boa, com suspense e ação nas doses certas. Outra boa cena vem quando eles entram no México para levar até os Estados Unidos um parente do principal chefão mexicano. Andar naquelas ruas sendo cercados por criminosos é pura adrenalina, por si só. Por fim o filme fecha tudo com uma ótima cena final quando Del Toro finalmente tem a chance de concretizar sua vingança pessoal.
Hoje em dia fala-se muito no fracasso da guerra contra o tráfico. Que tudo deveria ser liberado para que não houvesse mais esse tipo de violência, como a que vemos no filme. Embora essa nova forma de pensar tenha alguns bons argumentos em seu favor, sou completamente contra esse tipo de pensamento. Basta ver como vivem e quais são os limites (ou a falta deles) dos que controlam esse tipo de atividade. Fora o fato de que se tudo fosse liberado a sociedade iria ter que arcar com os custos de ter que lidar com uma geração de zumbis, os próprios viciados. Lembre-se da Cracolândia. Assim embora seja algo nocivo, violento, que gera muitas mortes, a repressão ainda se faz necessária. "Sicario" mostra acima de tudo que nessa guerra nem sempre os lados estão bem delimitados. A guerra contra as drogas porém, ao contrário do que muitos dizem, pode sim ainda ser vencida.
Sicario: Terra de Ninguém (Sicario, Estados Unidos, 2015) Direção: Denis Villeneuve / Roteiro: Taylor Sheridan / Elenco: Emily Blunt, Josh Brolin, Benicio Del Toro / Sinopse: O filme acompanha um grupo de agentes do FBI e da CIA atuando na fronteira entre Estados Unidos e México. A missão deles é colocar atrás das grades o grande chefão do tráfico de drogas na região. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Roger Deakins), Melhor Música Original (Jóhann Jóhannsson) e Melhor Edição de Som (Alan Robert Murray).
Pablo Aluísio.
Esse novo grupo é comandado pelo agente da CIA Matt Graver (Josh Brolin). Ele é um sujeito experiente que sabe com quem está lidando. Por isso seu grupo é bem heterogêneo, contando inclusive com um ex-traficante barra pesada conhecido apenas como Alejandro (Benicio Del Toro). Os traficantes do cartel da fronteira mataram sua família no passado e agora ele está disposto a fazer qualquer coisa por vingança. Esses três personagens formam o trio central desse filme policial dirigido por Denis Villeneuve, novo cineasta que tem chamado bastante a atenção, principalmente por causa de seu último filme, a ficção "A Chegada", um dos melhores do ano passado.
Dizem que todo filme desse estilo precisa ter pelo menos três boas cenas. Requisito cumprido por Sicario. A primeira sequência, quando a equipe de Blunt chega na casa utilizada pelos traficantes é muito boa, com suspense e ação nas doses certas. Outra boa cena vem quando eles entram no México para levar até os Estados Unidos um parente do principal chefão mexicano. Andar naquelas ruas sendo cercados por criminosos é pura adrenalina, por si só. Por fim o filme fecha tudo com uma ótima cena final quando Del Toro finalmente tem a chance de concretizar sua vingança pessoal.
Hoje em dia fala-se muito no fracasso da guerra contra o tráfico. Que tudo deveria ser liberado para que não houvesse mais esse tipo de violência, como a que vemos no filme. Embora essa nova forma de pensar tenha alguns bons argumentos em seu favor, sou completamente contra esse tipo de pensamento. Basta ver como vivem e quais são os limites (ou a falta deles) dos que controlam esse tipo de atividade. Fora o fato de que se tudo fosse liberado a sociedade iria ter que arcar com os custos de ter que lidar com uma geração de zumbis, os próprios viciados. Lembre-se da Cracolândia. Assim embora seja algo nocivo, violento, que gera muitas mortes, a repressão ainda se faz necessária. "Sicario" mostra acima de tudo que nessa guerra nem sempre os lados estão bem delimitados. A guerra contra as drogas porém, ao contrário do que muitos dizem, pode sim ainda ser vencida.
Sicario: Terra de Ninguém (Sicario, Estados Unidos, 2015) Direção: Denis Villeneuve / Roteiro: Taylor Sheridan / Elenco: Emily Blunt, Josh Brolin, Benicio Del Toro / Sinopse: O filme acompanha um grupo de agentes do FBI e da CIA atuando na fronteira entre Estados Unidos e México. A missão deles é colocar atrás das grades o grande chefão do tráfico de drogas na região. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Roger Deakins), Melhor Música Original (Jóhann Jóhannsson) e Melhor Edição de Som (Alan Robert Murray).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 4 de maio de 2017
Horizonte Profundo - Desastre no Golfo
Título no Brasil: Horizonte Profundo - Desastre no Golfo
Título Original: Deepwater Horizon
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Peter Berg
Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Matthew Sand
Elenco: Mark Wahlberg, Kurt Russell, John Malkovich, Kate Hudson, Douglas M. Griffin, Ethan Suplee
Sinopse:
Com roteiro baseado em fatos reais, o filme mostra um momento decisivo na vida de Mike Williams (Mark Wahlberg), um homem feliz, bem casado, que adora sua pequena filha de 10 anos. Ele tem um emprego numa estação de extração de petróleo no golfo da Louisiana. Durante um teste padrão algo sai errado e tudo termina em um grande desastre, quando a estação sofre um enorme incêndio.
Comentários:
Esse estilo de filme, chamado pelos americanos de "Disaster Movies" e de "Cinema catástrofe" por nós, brasileiros, é um velho conhecido dos cinéfilos. Muitos deles são baseados em fatos reais, grandes tragédias que marcaram época. Esse é o caso aqui. O filme foi baseado no enorme incêndio que atingiu a estação "Deepwater Horizon". Nessa trama três personagens são bem centrais. O protagonista é um técnico de manutenção, interpretado por Mark Wahlberg. Esse é o único personagem que é mais bem desenvolvido pelo roteiro, mostrando sua vida familiar, aspectos de sua vida pessoal. O outro é o chefe de segurança Jimmy Harrell (Kurt Russell). Ele é um profissional respeitado, premiado, por ser linha dura na segurança dos lugares onde trabalhou. É o único que bate de frente com a companhia, cujos interesses são defendidos por Mark Vidrine (John Malkovich), um supervisor que quer a estação funcionando à toda, para evitar custos e perda de dinheiro. O problema é que ainda não há certeza sobre a segurança dos equipamentos. Durante um teste de pressão da broca de exploração profunda tudo sai do controle. Depois que o fogo se alastra tudo se resume na busca pela sobrevivência naquele inferno de chamas, que para piorar tudo é localizado em alto-mar. Os efeitos especiais são bons, a produção idem, porém não consegui me empolgar em nenhum momento. Acredito que em termos de dramaticidade e emoção o filme deixe a desejar. Não empolga mesmo. Em muitos momentos soa burocrático. De interessante mesmo apenas as cenas finais quando somos apresentados às pessoas reais, aos sobreviventes. Vale por registrar essa história, mas como puro cinema não chega a emocionar. Falta mesmo emoção nessa obra. Uma pena.
Pablo Aluísio.
Título Original: Deepwater Horizon
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Peter Berg
Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Matthew Sand
Elenco: Mark Wahlberg, Kurt Russell, John Malkovich, Kate Hudson, Douglas M. Griffin, Ethan Suplee
Sinopse:
Com roteiro baseado em fatos reais, o filme mostra um momento decisivo na vida de Mike Williams (Mark Wahlberg), um homem feliz, bem casado, que adora sua pequena filha de 10 anos. Ele tem um emprego numa estação de extração de petróleo no golfo da Louisiana. Durante um teste padrão algo sai errado e tudo termina em um grande desastre, quando a estação sofre um enorme incêndio.
Comentários:
Esse estilo de filme, chamado pelos americanos de "Disaster Movies" e de "Cinema catástrofe" por nós, brasileiros, é um velho conhecido dos cinéfilos. Muitos deles são baseados em fatos reais, grandes tragédias que marcaram época. Esse é o caso aqui. O filme foi baseado no enorme incêndio que atingiu a estação "Deepwater Horizon". Nessa trama três personagens são bem centrais. O protagonista é um técnico de manutenção, interpretado por Mark Wahlberg. Esse é o único personagem que é mais bem desenvolvido pelo roteiro, mostrando sua vida familiar, aspectos de sua vida pessoal. O outro é o chefe de segurança Jimmy Harrell (Kurt Russell). Ele é um profissional respeitado, premiado, por ser linha dura na segurança dos lugares onde trabalhou. É o único que bate de frente com a companhia, cujos interesses são defendidos por Mark Vidrine (John Malkovich), um supervisor que quer a estação funcionando à toda, para evitar custos e perda de dinheiro. O problema é que ainda não há certeza sobre a segurança dos equipamentos. Durante um teste de pressão da broca de exploração profunda tudo sai do controle. Depois que o fogo se alastra tudo se resume na busca pela sobrevivência naquele inferno de chamas, que para piorar tudo é localizado em alto-mar. Os efeitos especiais são bons, a produção idem, porém não consegui me empolgar em nenhum momento. Acredito que em termos de dramaticidade e emoção o filme deixe a desejar. Não empolga mesmo. Em muitos momentos soa burocrático. De interessante mesmo apenas as cenas finais quando somos apresentados às pessoas reais, aos sobreviventes. Vale por registrar essa história, mas como puro cinema não chega a emocionar. Falta mesmo emoção nessa obra. Uma pena.
Pablo Aluísio.
A Infância de Um Líder
Título no Brasil: A Infância de Um Líder
Título Original: The Childhood of a Leader
Ano de Produção: 2015
País: França, Inglaterra, Hungria
Estúdio: Bow and Arrow Entertainment
Direção: Brady Corbet
Roteiro: Brady Corbet, Mona Fastvold
Elenco: Tom Sweet, Bérénice Bejo, Liam Cunningham, Stacy Martin, Robert Pattinson, Rebecca Dayan
Sinopse:
O filme acompanha a infância de um garoto, filho de um diplomata americano na França. A I Guerra Mundial acabou e as nações vencedoras impõe uma dura realidade para a Alemanha derrotada no Tratado de Versalhes. A família é disfuncional. O pai do garoto trai sua mãe com sua própria professora de língua francesa. A mãe é uma religiosa fervorosa e o próprio menino é rebelde e indomável.
Comentários:
Um filme interessante que porém não chega a empolgar em nenhum momento. O roteiro se perde em detalhes que tornam o filme longo demais, penoso de assistir. Muitos vão desistir na primeira meia hora. Seguindo uma velha fórmula do cinema europeu, tudo vai se desenvolvendo bem lentamente. Outro aspecto que me incomodou é que a trama não parece ir para lugar nenhum. Claro que vi aqui várias metáforas que sugerem a própria ascensão do nazismo. Afinal a história se passa logo após o fim da I Guerra Mundial quando os aliados impuseram uma série de medidas massacrantes contra a Alemanha e o povo alemão. Isso criou um ressentimento que depois levou ao poder Adolf Hitler e o Partido Nazista. Essa premissa não fica totalmente clara, tudo é mais sugerido, apelando para uma certa inteligência histórica por parte do espectador, porém no geral o que temos é isso mesmo: uma metáfora, um enredo cifrado que procura demonstrar as razões de ascensão de um líder ditatorial. Por fim uma advertência para as fãs de Robert Pattinson. Ele aparece pouco, em breves momentos. Sua interpretação e importância são praticamente nulas, a não ser no clímax quando ele finalmente assume uma maior relevância. Porém nem todos vão pegar o que aquela cena significa. Como eu escrevi, será necessário ao espectador ter esse background histórico cultural para pegar todas as nuances do roteiro. Sem isso o filme só vai parecer mesmo apenas um drama insosso sobre um garotinho chato.
Pablo Aluísio.
Título Original: The Childhood of a Leader
Ano de Produção: 2015
País: França, Inglaterra, Hungria
Estúdio: Bow and Arrow Entertainment
Direção: Brady Corbet
Roteiro: Brady Corbet, Mona Fastvold
Elenco: Tom Sweet, Bérénice Bejo, Liam Cunningham, Stacy Martin, Robert Pattinson, Rebecca Dayan
Sinopse:
O filme acompanha a infância de um garoto, filho de um diplomata americano na França. A I Guerra Mundial acabou e as nações vencedoras impõe uma dura realidade para a Alemanha derrotada no Tratado de Versalhes. A família é disfuncional. O pai do garoto trai sua mãe com sua própria professora de língua francesa. A mãe é uma religiosa fervorosa e o próprio menino é rebelde e indomável.
Comentários:
Um filme interessante que porém não chega a empolgar em nenhum momento. O roteiro se perde em detalhes que tornam o filme longo demais, penoso de assistir. Muitos vão desistir na primeira meia hora. Seguindo uma velha fórmula do cinema europeu, tudo vai se desenvolvendo bem lentamente. Outro aspecto que me incomodou é que a trama não parece ir para lugar nenhum. Claro que vi aqui várias metáforas que sugerem a própria ascensão do nazismo. Afinal a história se passa logo após o fim da I Guerra Mundial quando os aliados impuseram uma série de medidas massacrantes contra a Alemanha e o povo alemão. Isso criou um ressentimento que depois levou ao poder Adolf Hitler e o Partido Nazista. Essa premissa não fica totalmente clara, tudo é mais sugerido, apelando para uma certa inteligência histórica por parte do espectador, porém no geral o que temos é isso mesmo: uma metáfora, um enredo cifrado que procura demonstrar as razões de ascensão de um líder ditatorial. Por fim uma advertência para as fãs de Robert Pattinson. Ele aparece pouco, em breves momentos. Sua interpretação e importância são praticamente nulas, a não ser no clímax quando ele finalmente assume uma maior relevância. Porém nem todos vão pegar o que aquela cena significa. Como eu escrevi, será necessário ao espectador ter esse background histórico cultural para pegar todas as nuances do roteiro. Sem isso o filme só vai parecer mesmo apenas um drama insosso sobre um garotinho chato.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 3 de maio de 2017
Sete Minutos Depois da Meia-Noite
Dos filmes mais recentes que assisti esse foi seguramente um dos que mais me impressionaram. A história central é até básica. Um garotinho chamado Conor (Lewis MacDougall) está passando por uma das piores fases de sua vida. Na escola ele é mais uma vítima do bullying violento, apanhando praticamente todos os dias de outros alunos. Em casa a situação não é melhor. Sua mãe está morrendo de câncer e os tratamentos não parecem surtir qualquer efeito em sua melhora. Sua única saída é a imaginação. Conor começa a imaginar um personagem de fantasia, uma criatura que durante o dia é uma árvore e durante a noite o procura para contar histórias.
Essa criatura de realismo fantástico é seguramente uma das melhores coisas do filme. Com voz de Liam Neeson, esse ser absolutamente fora do normal, vai através de seus enredos de contos de fada passar ao garoto preciosas lições de vida. Toda fábula tem um significado que pode ser usado na própria vida do garoto Conor. Desde o conto de uma rainha má que matou a esposa do jovem príncipe herdeiro, até uma pequena estorinha de um boticário que passa a ser perseguido por um pastor fanático em uma aldeia medieval. No final tudo se encaixará perfeitamente, em plena harmonia.
Embora pareça um filme feito para o público infantil o fato é que sua mensagem não é nada pueril. O roteiro explora a situação de alguém que está passando pelos sentimentos de se perder um ente querido. No caso do personagem principal do filme temos o garoto que está prestes a ir morar com sua avó, pois sua mãe vive seus últimos dias. Ela está morrendo. Assim temos duas realidades no filme passando ao mesmo tempo. Numa delas somos apresentados à vida real do garoto, com todos os dramas e tristezas. Na outra, sem aviso prévio, entramos na mente criativa do menino, com seres mágicos, sábios e de fantasia. É tudo tão bem realizado, delicadamente harmonizado, que ao final do filme não podemos ficar menos do que encantados com o que vimos. Sim, há muita melancolia envolvida nesse filme, porém um tipo de melancolia boa, que nos faz crescer e pensar em nós mesmos. No fundo é uma grande lição sobre a vida em forma de cinema.
Sete Minutos Depois da Meia-Noite (A Monster Calls, Estados Unidos, Espanha, Inglaterra, 2016) Direção: J.A. Bayona / Roteiro: Patrick Ness / Elenco: Lewis MacDougall, Sigourney Weaver, Liam Neeson, Felicity Jones / Sinopse: Garoto decide buscar por ajuda em sua própria imaginação. Com a mãe morrendo de câncer e sofrendo no colégio nas mãos de alunos mais velhos (e violentos) ele procura por cumplicidade com uma estranha criatura em forma de árvore, que vem lhe fazer visitas, contando contos de fadas e estórias de fantasia. Filme premiado pelo Goya Awards nas categorias de Melhor Fotografia (Oscar Faura), Melhor Direção (J.A. Bayona), Melhor Design de produção (Eugenio Caballero) e Melhores Efeitos Especiais (Paul Costa e Félix Bergés).
Pablo Aluísio.
Essa criatura de realismo fantástico é seguramente uma das melhores coisas do filme. Com voz de Liam Neeson, esse ser absolutamente fora do normal, vai através de seus enredos de contos de fada passar ao garoto preciosas lições de vida. Toda fábula tem um significado que pode ser usado na própria vida do garoto Conor. Desde o conto de uma rainha má que matou a esposa do jovem príncipe herdeiro, até uma pequena estorinha de um boticário que passa a ser perseguido por um pastor fanático em uma aldeia medieval. No final tudo se encaixará perfeitamente, em plena harmonia.
Embora pareça um filme feito para o público infantil o fato é que sua mensagem não é nada pueril. O roteiro explora a situação de alguém que está passando pelos sentimentos de se perder um ente querido. No caso do personagem principal do filme temos o garoto que está prestes a ir morar com sua avó, pois sua mãe vive seus últimos dias. Ela está morrendo. Assim temos duas realidades no filme passando ao mesmo tempo. Numa delas somos apresentados à vida real do garoto, com todos os dramas e tristezas. Na outra, sem aviso prévio, entramos na mente criativa do menino, com seres mágicos, sábios e de fantasia. É tudo tão bem realizado, delicadamente harmonizado, que ao final do filme não podemos ficar menos do que encantados com o que vimos. Sim, há muita melancolia envolvida nesse filme, porém um tipo de melancolia boa, que nos faz crescer e pensar em nós mesmos. No fundo é uma grande lição sobre a vida em forma de cinema.
Sete Minutos Depois da Meia-Noite (A Monster Calls, Estados Unidos, Espanha, Inglaterra, 2016) Direção: J.A. Bayona / Roteiro: Patrick Ness / Elenco: Lewis MacDougall, Sigourney Weaver, Liam Neeson, Felicity Jones / Sinopse: Garoto decide buscar por ajuda em sua própria imaginação. Com a mãe morrendo de câncer e sofrendo no colégio nas mãos de alunos mais velhos (e violentos) ele procura por cumplicidade com uma estranha criatura em forma de árvore, que vem lhe fazer visitas, contando contos de fadas e estórias de fantasia. Filme premiado pelo Goya Awards nas categorias de Melhor Fotografia (Oscar Faura), Melhor Direção (J.A. Bayona), Melhor Design de produção (Eugenio Caballero) e Melhores Efeitos Especiais (Paul Costa e Félix Bergés).
Pablo Aluísio.
O Dia do Atentado
Inicialmente não estava com muita vontade de assistir a esse filme. Como muitas pessoas que acompanharam os fatos na época do atentado em Boston, fiquei com a sensação de que o assunto já estava saturado. Foi algo marcante, mas assistir a um filme sobre isso não me animava muito. Porém como o filme estreou no Brasil nessa semana resolvi dar um voto de confiança ao diretor Peter Berg e ao ator Mark Wahlberg e resolvi conferir o filme. Olha, devo dizer que fui completamente surpreendido (mais uma vez!). O filme é muito bom, diria até mesmo excelente.
Sem perder tempo com bobagens o roteiro vai direto ao ponto. Em poucos minutos somos apresentados ao protagonista, o oficial da polícia de Boston Tommy Saunders (Mark Wahlberg) e em trinta minutos as cartas já estão na mesa. O atentado é cometido na maratona de Boston e começam as investigações para descobrir quem seria o autor daquele crime terrível. É a tal coisa, nem considero esse tipo de informação como spoiler porque os eventos reais são amplamente conhecidos pelo público. A não ser que você more na Coreia do Norte certamente sabe do que se trata a história do filme e como se deu seus principais desdobramentos - diria até mesmo seu final, como tudo acaba. É algo notório.
Isso porém passa longe de ser o mais importante aqui. O que realmente importa é a preciosa direção do cineasta Peter Berg que deu um dinamismo acima da média ao filme. Embora tenha mais de duas horas de duração, esse é aquele tipo de filme que você nem percebe que o tempo está passando. O elenco também está muito bem escolhido. Mark Wahlberg vem crescendo bastante na carreira. De astro chocho e sem graça ele vem conquistando cada vez mais espaço com bons filmes. Ele parece saber muito bem onde atuar. Suas escolhas andam certeiras nesse aspecto. Kevin Bacon, como o agente do FBI, também acertou em cheio. Ele tem uma participação bem pontual, mas igualmente importante.
E por falar em pequenas, mas preciosas atuações, o que podemos dizer do sargento interpretado por J.K. Simmons? Ele começa surgindo apenas em pequenos momentos até entrar pra valer na cena que considero a melhor de todo o filme, quando a polícia de Boston encurrala o carro dos terroristas numa rua residencial suburbana da cidade. Excelente sequência, com trocas de tiros face a face! Enfim, falar mais seria estragar surpresas. Tudo o que você precisa saber mesmo no final é que "O Dia do Atentado" é um dos melhores filmes de 2017. Muito, muito bom!
O Dia do Atentado (Patriots Day, Estados Unidos, 2016) Direção: Peter Berg / Roteiro: Peter Berg, Matt Cook / Elenco: Mark Wahlberg, Kevin Bacon, John Godman, J.K. Simmons, Michelle Monaghan/ Sinopse: Oficial do Departamento de Polícia de Boston é designado para participar da segurança da maratona anual da cidade. Inicialmente ele fica bem contrariado de ter que trabalhar naquele dia, em um serviço que ele considera de rotina. Tudo muda dramaticamente quando um atentado é cometido bem na linha de chegada da maratona, levando Boston a entrar em um situação de segurança nacional contra atentados terroristas. Filme baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.
Sem perder tempo com bobagens o roteiro vai direto ao ponto. Em poucos minutos somos apresentados ao protagonista, o oficial da polícia de Boston Tommy Saunders (Mark Wahlberg) e em trinta minutos as cartas já estão na mesa. O atentado é cometido na maratona de Boston e começam as investigações para descobrir quem seria o autor daquele crime terrível. É a tal coisa, nem considero esse tipo de informação como spoiler porque os eventos reais são amplamente conhecidos pelo público. A não ser que você more na Coreia do Norte certamente sabe do que se trata a história do filme e como se deu seus principais desdobramentos - diria até mesmo seu final, como tudo acaba. É algo notório.
Isso porém passa longe de ser o mais importante aqui. O que realmente importa é a preciosa direção do cineasta Peter Berg que deu um dinamismo acima da média ao filme. Embora tenha mais de duas horas de duração, esse é aquele tipo de filme que você nem percebe que o tempo está passando. O elenco também está muito bem escolhido. Mark Wahlberg vem crescendo bastante na carreira. De astro chocho e sem graça ele vem conquistando cada vez mais espaço com bons filmes. Ele parece saber muito bem onde atuar. Suas escolhas andam certeiras nesse aspecto. Kevin Bacon, como o agente do FBI, também acertou em cheio. Ele tem uma participação bem pontual, mas igualmente importante.
E por falar em pequenas, mas preciosas atuações, o que podemos dizer do sargento interpretado por J.K. Simmons? Ele começa surgindo apenas em pequenos momentos até entrar pra valer na cena que considero a melhor de todo o filme, quando a polícia de Boston encurrala o carro dos terroristas numa rua residencial suburbana da cidade. Excelente sequência, com trocas de tiros face a face! Enfim, falar mais seria estragar surpresas. Tudo o que você precisa saber mesmo no final é que "O Dia do Atentado" é um dos melhores filmes de 2017. Muito, muito bom!
O Dia do Atentado (Patriots Day, Estados Unidos, 2016) Direção: Peter Berg / Roteiro: Peter Berg, Matt Cook / Elenco: Mark Wahlberg, Kevin Bacon, John Godman, J.K. Simmons, Michelle Monaghan/ Sinopse: Oficial do Departamento de Polícia de Boston é designado para participar da segurança da maratona anual da cidade. Inicialmente ele fica bem contrariado de ter que trabalhar naquele dia, em um serviço que ele considera de rotina. Tudo muda dramaticamente quando um atentado é cometido bem na linha de chegada da maratona, levando Boston a entrar em um situação de segurança nacional contra atentados terroristas. Filme baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 2 de maio de 2017
The Beatles - Eight Days a Week
Título no Brasil: The Beatles - Eight Days a Week
Título Original: The Beatles - Eight Days a Week
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Apple Corps
Direção: Ron Howard
Roteiro: Mark Monroe, P.G. Morgan
Elenco: Paul McCartney, Ringo Starr, John Lennon, George Harrison, George Martin, Larry Kane
Sinopse:
"The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years" é um documentário que resgata as primeiras turnês dos Beatles nos Estados Unidos. Após um começo de carreira modesto, tocando em pequenos clubes e bares da Inglaterra e Alemanha, os Beatles se tornam uma sensação do mundo da música com álbuns e singles de sucesso. Após atingir o primeiro lugar nas paradas americanas com a música "I Want to Hold Your Hand" eles decidem viajar para a América, para sua primeira turnê de sucesso. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Documentário.
Comentários:
Não há nada de muito surpreendente nesse novo documentário sobre os Beatles. A história da Beatlemania já foi contada inúmeras vezes no cinema e na TV. As imagens de histeria, seus primeiros concertos nas cidades americanas, a apresentação no Ed Sullivan Show. Tudo já foi visto e revisto. A única novidade mais interessante vem de novos depoimentos de Paul McCartney e Ringo Starr. Como esse documentário foi produzido pela Apple Corps (a empresa que pertence aos próprios Beatles), temos as músicas e tudo o mais relacionado ao grupo, sem restrições de direitos autorais. Paul se mostra o mais presente, esclarecendo algumas questões e parecendo se divertir bastante em relembrar de tudo o que aconteceu. Imagens do passado de John e George completam o quadro informativo. O diretor Ron Howard preferiu focar nos concertos, indo do começo da Beatlemania até a gravação do disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" quando os Beatles decidiram parar de fazer turnês. Os álbuns são mostrados de forma bem didática, inclusive com informações bem interessantes como o tempo em que ficaram no primeiro lugar das paradas. Depois de "Sgt. Pepper´s" o diretor faz pequenas referências sobre o resto da discografia e o que aconteceu com a banda. Nada sobre as brigas e atritos entre eles é explorado. Tudo é jogado para debaixo do tapete. É um documentário feito por fãs e para fãs. Curiosamente a cena final explora o "último concerto dos Beatles", na verdade um show improvisado nos telhados da Apple. Como escrevi, para o fã mais antigo dos Beatles não há grandes novidades. Já para as novas gerações o filme poderá funcionar como um resgate histórico sobre o passado dos Beatles e seu impacto na cultura pop mundial. Não deixa assim de ter o seu valor.
Pablo Aluísio.
Título Original: The Beatles - Eight Days a Week
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Apple Corps
Direção: Ron Howard
Roteiro: Mark Monroe, P.G. Morgan
Elenco: Paul McCartney, Ringo Starr, John Lennon, George Harrison, George Martin, Larry Kane
Sinopse:
"The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years" é um documentário que resgata as primeiras turnês dos Beatles nos Estados Unidos. Após um começo de carreira modesto, tocando em pequenos clubes e bares da Inglaterra e Alemanha, os Beatles se tornam uma sensação do mundo da música com álbuns e singles de sucesso. Após atingir o primeiro lugar nas paradas americanas com a música "I Want to Hold Your Hand" eles decidem viajar para a América, para sua primeira turnê de sucesso. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Documentário.
Comentários:
Não há nada de muito surpreendente nesse novo documentário sobre os Beatles. A história da Beatlemania já foi contada inúmeras vezes no cinema e na TV. As imagens de histeria, seus primeiros concertos nas cidades americanas, a apresentação no Ed Sullivan Show. Tudo já foi visto e revisto. A única novidade mais interessante vem de novos depoimentos de Paul McCartney e Ringo Starr. Como esse documentário foi produzido pela Apple Corps (a empresa que pertence aos próprios Beatles), temos as músicas e tudo o mais relacionado ao grupo, sem restrições de direitos autorais. Paul se mostra o mais presente, esclarecendo algumas questões e parecendo se divertir bastante em relembrar de tudo o que aconteceu. Imagens do passado de John e George completam o quadro informativo. O diretor Ron Howard preferiu focar nos concertos, indo do começo da Beatlemania até a gravação do disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" quando os Beatles decidiram parar de fazer turnês. Os álbuns são mostrados de forma bem didática, inclusive com informações bem interessantes como o tempo em que ficaram no primeiro lugar das paradas. Depois de "Sgt. Pepper´s" o diretor faz pequenas referências sobre o resto da discografia e o que aconteceu com a banda. Nada sobre as brigas e atritos entre eles é explorado. Tudo é jogado para debaixo do tapete. É um documentário feito por fãs e para fãs. Curiosamente a cena final explora o "último concerto dos Beatles", na verdade um show improvisado nos telhados da Apple. Como escrevi, para o fã mais antigo dos Beatles não há grandes novidades. Já para as novas gerações o filme poderá funcionar como um resgate histórico sobre o passado dos Beatles e seu impacto na cultura pop mundial. Não deixa assim de ter o seu valor.
Pablo Aluísio.
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