quarta-feira, 15 de abril de 2015

A Cor da Noite

Um dos grandes fracassos comerciais da carreira de Bruce Willis. Um roteiro confuso, que procura ser sensual sem conseguir, resultando tudo em muita estética cinematográfica, mas pouca qualidade de fato. Ao assistir o filme você ficará com a sensação de estar vendo a uma longa peça publicitária da década de 90, com tudo de ruim que isso possa significar. A fotografia surge saturada e no meio da tentativa de tudo soar chic a coisa desanda, virando uma breguice realmente insuportável. Na época a ruindade do filme foi comentada, mas o que mais chamou a atenção da crítica e do público foram as cenas gratuitas de nudez de Bruce Willis!

Como se não bastasse ser bem ruim a fita, o espectador ainda tinha que aguentar os ataques de ego do peladão Willis! Acredito que ele hoje em dia tenha muita vergonha dessas sequências. E a estória? Do que se trata? Willis interpreta um psiquiatra que fica abalado com o suicídio de uma de suas pacientes. Depois tenta recuperar o equilíbrio com um colega de profissão, porém descobre alarmado que ele foi morto, provavelmente por uma de suas clientes. Enfim, bobagem pura, sendo que esse filme você pode dispensar sem maiores problemas. Mesmo assim conseguiu ser indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Canção Original ("The Color of the Night"). Porém depois foi "vencedor" do Framboesa de Ouro na categoria de Pior Filme do Ano! Realmente não houve salvação...

A Cor da Noite (Color of Night, Estados Unidos, 1994) Direção: Richard Rush / Roteiro: Billy Ray, Matthew Chapman / Elenco: Bruce Willis, Jane March, Rubén Blades / Sinopse: A história de um homem mais velho que se envolve sexualmente com uma garota mais jovem.

Pablo Aluísio.

Minha Vida

Michael Keaton interpreta Bob Jones, um sujeito que descobre estar sofrendo de uma doença terminal que não o deixará acompanhar o crescimento e a vida de seus filhos em um futuro próximo. Inicialmente decepcionado com a trágica notícia, ele decide então gravar uma série de fitas para os garotos, com conselhos que todos os pais deveriam dar para os filhos. Numa delas ensina os meninos a tirarem a barba da forma correta, na outra deixa dicas preciosas de beisebol e por aí vai. Um filme que tentou ser leve, mas que tem um tema pesado, que simplesmente não dá para aliviar.

O filme não é grande coisa, mas também não chega a ser ruim completamente. Para ajudar na duração temos a linda Nicole Kidman interpretando Gail, a esposa de Bob (Keaton). Ela talvez seja o único motivo para rever o filme nos dias de hoje. Ainda jovem e muito bonita (se bem que ela nunca deixou de ser uma linda mulher), a atriz empresta graça e carisma a um roteiro meio capenga que perde o pique depois da segunda metade de duração. No final das contas o filme não fez muito sucesso (na realidade seu resultado comercial foi bem fraco) o que fez com que a carreira de Keaton fosse cada vez mais para o buraco. Foram tempos difíceis para o ex-Batman.

Minha Vida (My Life, Estados Unidos, 1993) Direção: Bruce Joel Rubin / Roteiro: Bruce Joel Rubin / Elenco: Michael Keaton, Nicole Kidman, Bradley Whitford / Sinopse: Um homem que descobre que vai morrer em breve decide gravar uma série de vídeos para serem assistidos pelos seus filhos, em um futuro próximo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Mr. Saturday Night

Para muitos o comediante Billy Crystal é apenas aquele cara meio chatinho e metido a engraçadinho que de vez em quando apresenta o Oscar. Pois bem, na verdade ele sempre foi considerado um dos melhores atores cômicos dos Estados Unidos. Esse aqui foi um projeto bem pessoal dele, onde Crystal dirigiu, escreveu o roteiro, produziu e atuou ao mesmo tempo. Com óbvios toques autobiográficos o filme narra a estória de Buddy Young Jr (Crystal), um sujeito que se considera engraçado e que aposta em uma carreira de humorista, inicialmente em clubes de Stand Up, para depois conquistar os grandes palcos e até mesmo o cinema.

Embora seja considerado basicamente uma comédia o filme também aposta no lado mais dramático, onde Crystal procura mostrar também o lado duro da profissão de fazer rir. Além disso perpetua a velha imagem do palhaço triste, ou seja, daquele artista que vive de divertir os outros enquanto que na intimidade cultiva uma alma melancólica dentro de si. No saldo final temos um bom filme, que não fará você se arrepender de conferir.

Mr. Saturday Night - A Arte de Fazer Rir (Mr. Saturday Night, Estados Unidos, 1992) Direção: Billy Crystal / Roteiro: Billy Crystal, Lowell Ganz / Elenco: Billy Crystal, David Paymer, Julie Warner / Sinopse: A história de um comediante norte-americano. Indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (David Paymer). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Billy Crystal) e Melhor Ator Coadjuvane (David Paymer). /

Pablo Aluísio.

Atraídos Pelo Destino

"It Could Happen to You" é uma comédia romântica que fez relativo sucesso na década de 90. O enredo gira em torno de Charlie Lang (Nicolas Cage), um policial de Nova Iorque. Após uma refeição numa lanchonete da cidade ele descobre que está sem dinheiro para dar uma gorjeta para a simpática garçonete Yvonne (Bridget Fonda). Então brincando tira um bilhete de loteria de seu bolso e diz para ela que se ganhar o grande prêmio voltará para dividir todo o dinheiro com ela! Pois bem, naquela mesma noite acontece o inesperado! Ele ganha a bolada de quatro milhões de dólares na loteria da cidade! E agora? Cumprirá a promessa? Nicolas Cage já havia trabalhado antes com o diretor Andrew Bergman no bem sucedido "Lua de Mel a Três" e voltou à parceria.

O roteiro, por incrível que pareça, foi baseado em um fato real! O resultado é bem agradável, lembrando em certos aspectos da ingenuidade bem intencionada dos antigos filmes de Frank Capra. Tudo acontece nesse clima de fábula romântica e tudo mais. Não chega a ser marcante em nenhum momento, porém felizmente não irrita também. Vale a pena pelas boas intenções e pela sempre bela presença de Bridget Fonda, a mais bonita integrante do clã Fonda. Pena que ela hoje esteja aposentada do cinema. Para os fãs de Cage (e ele tem um grande fã-clube no Brasil) é uma boa oportunidade de vê-lo em um papel mais diferenciado em sua carreira.

Atraídos Pelo Destino (It Could Happen to You, Estados Unidos, 1994) Direção: Andrew Bergman / Roteiro: Jane Anderson / Elenco: Nicolas Cage, Bridget Fonda, Rosie Perez / Sinopse: Uma história romântica que começa quando duas pessoas solitárias são unidas por uma situação surreal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Rapa Nui

Desde o começo do desenvolvimento da literatura romântica na Europa (e no Brasil, por tabela) temos a figura do indígena bem idealizado, romanceado e totalmente distante da realidade. Agora junte esse tipo de estética com a história pouco conhecida de toda uma civilização que simplesmente sumiu da noite para o dia e você entenderá um filme como "Rapa Nui". Aqui há uma tentativa de descrever como vivia esse povo da distante Ilha da Páscoa. O problema é que não existem artefatos arqueológicos suficientes para tentar reconstruir seu estilo de vida e sua cultura. No vácuo da história os roteiristas acabaram trazendo de volta o índio dos velhos enredos românticos do século XVIII.

Embora seja uma produção muito bem realizada não temos como fugir da conclusão que o filme em si é uma grande bobagem do ponto de vista histórico. Os selvagens de "Rapa Nui" desfilam valores e conceitos que obviamente ficam mais certos na pele de um europeu ou de um americano do século XX. Os diálogos, seus sentimentos e seus princípios culturais são mera ficção. De bom mesmo apenas o clima de aventura exótica que parece ter sido o grande incentivo para a realização dessa obra cinematográfica. Assista, se divirta, mas nunca o leve muito à sério, porque "Rapa Nui" definitivamente não foi feito para isso. Filme indicado ao prêmio da Political Film Society.

Rapa Nui (Rapa Nui, Estados Unidos, 1994) Direção: Kevin Reynolds / Roteiro: Kevin Reynolds, Tim Rose Price / Elenco: Jason Scott Lee, Esai Morales, Sandrine Holt / Sinopse: Uma drama de ficção passada na Ilha da Páscoa antes do desaparecimento dessa civilização.

Pablo Aluísio.

O Jornal

Ficou encantado com o show de interpretação de Michael Keaton em "Birdman"? Que tal conhecer um filme bem mais obscuro de sua carreira? Esse "The Paper" caiu no esquecimento, mas é um bom filme, procurando retratar uma caótica redação de um jornal americano. Claro que o tom é bem áspero, mostrando personagens muitas vezes movidos por interesses mesquinhos e nada éticos. Cada um na verdade tenta passar a perna no outro, puxando seu tapete. O roteiro é ágil, com os diálogos sendo despejados em velocidade, quase como uma metralhadora giratória. Na verdade o tom é quase teatral pois a maior parte do filme se passa mesmo entre quatro paredes.

O roteirista David Koepp começou a escrever o texto pensando em uma peça de teatro, mas depois quando foi convidado pelo diretor Ron Howard para trabalhar ao seu lado, descobriu que sua estória poderia também render um bom filme - e rendeu de fato! A bilheteria foi modesta (o filme nem chegou a ser lançado nos cinemas brasileiros), mas para surpresa de muita gente a produção conseguiu arrancar uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Canção Original com a simpática "Make Up Your Mind" de Randy Newman. Assim deixo a dica para os cinéfilos em geral. "O Jornal", uma prova que Keaton sempre foi um ator talentoso, com muitos recursos dramáticos.

O Jornal (The Paper, Estados Unidos, 1994) Direção: Ron Howard / Roteiro: David Koepp, Stephen Koepp / Elenco: Michael Keaton, Glenn Close, Robert Duvall, Marisa Tomei, Randy Quaid / Sinopse: A vida e o cotidiano de um jornal norte-americano, com os mais excêntricos jornalistas.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de abril de 2015

Adoro Problemas

Bem fraco esse "I Love Trouble". Julia Roberts já tinha certa fama quando estrelou essa fita metida a engraçadinha ao lado do mal humorado e rabugento Nick Nolte. Provavelmente tenha sido uma das duplas mais estranhas da história de Hollywood. Onde os produtores estavam com a cabeça mesmo quando resolveram unir os dois? Eles interpretam dois jornalistas, bem competitivos, que começam a disputar entre si as melhores notícias e os maiores furos de reportagem. Vale tudo para subir na carreira. A coisa toda vira uma obsessão furiosa quando ocorre uma tragédia, um descarrilamento de trem.

Eles então partem para o tudo ou nada, cada um querendo passar a perna no outro na cobertura do evento. Mesmo sendo fraquinho e datado, o filme hoje vale por algumas coisas. Uma delas é conhecer a estética das comédias românticas da época. Em minha opinião por mais bobinhas que fossem ainda conseguiam superar muita coisa que anda sendo lançado por aí. O outro bom motivo para rever esse filme vem da presença jovial de Julia Roberts. Ela está muito bonita no filme - e nada antipática, ou seja, o extremo oposto de hoje em dia. Os anos realmente deixam marcas complicadas nas vidas e personalidades das pessoas, vou te contar!

Adoro Problemas (I Love Trouble, Estados Unidos, 1994) Direção: Charles Shyer / Roteiro:  Nancy Meyers, Charles Shyer / Elenco: Nick Nolte, Julia Roberts, Saul Rubinek / Sinopse: Um casal se envolve numa situação bizarra, em uma cidade fora do comum.

Pablo Aluísio.

Equinox

Como vocês sabem eu estou aqui fazendo um resgate dos filmes que assisti nos últimos vinte anos. Assim estou publicando breves resenhas usando como guia um velho caderno de anotações onde escrevi os filmes que ia assistindo naquela época. Esse "Equinox" é um deles. Assisti pela primeira vez em 1995, segundo meus escritos. Demorei um certo tempo para me lembrar direito do filme. É um thriller de suspense com toques dramáticos que tem um enredo até bem interessante. Dois irmãos gêmero são separados assim que nascem. Um vira um sujeito honesto e íntegro, o outro se torna um gangster.

O primeiro tem uma personalidade tímida, já o segundo é tão expansivo que muitos pensam que ele tem algum tipo de problema mental. O destino que os separou os une novamente quando um jornalista investigativo e escritor descobre que eles são herdeiros de uma grande fortuna, pertencente a um nobre europeu muito rico que morreu. Aqui não há nem muita dificuldade em apontar o grande trunfo do filme: o ator Matthew Modine! Ele interpreta os dois irmãos e se sai maravilhosamente bem. Modine sempre foi um grande profissional, seu problema talvez tenha sido apenas a falta de maiores oportunidades na carreira. De qualquer maneira vale a lembrança desse esquecido e bom "Equinox".

Equinox (Equinox, Estados Unidos, 1992) Direção: Alan Rudolph / Roteiro: Alan Rudolph / Elenco: Matthew Modine, Lara Flynn Boyle, Fred Ward / Sinopse: Dois gêmeos se envolvem em uma situação surreal. Filme indicado a quatro categorias no Independent Spirit Awards.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de abril de 2015

Memórias de um Homem Invisível

Não se engane sobre isso, eu sempre gostei muito de Chevy Chase. Alguns dos filmes mais divertidos assistidos em minha adolescência foram estrelados por ele, como por exemplo, a engraçada franquia "Férias Frustradas" onde em tom de comédia ácida se era feita uma sátira impiedosa sobre o modelo e o estilo de vida da família suburbana monótona e patética da sociedade americana. Pois bem, se naquele tipo de papel ele era ideal, aqui as coisas já não parecem funcionar muito bem. A intenção original era a realização de um remake do clássico Sci-fi "O Homem Invisível". Os produtores porém decidiram de última hora que esse personagem tinha se tornado ridículo com o tempo e que era melhor mudar tudo, se realizando logo uma comédia pastelão e ponto final. Péssima ideia.

O filme não tem graça, não funciona como humor e os efeitos especiais - que são até muito bem feitos - se perdem em um mar de piadinhas que não abrem sequer um sorrisinho amarelo no espectador. Chase não sabe se está em um filme B dos anos 50 ou numa comédia escrachada. O roteiro na verdade foi remendado. Inicialmente foi escrito para ser uma refilmagem com um tom sério, que servisse como homenagem ao antigo clássico. Depois com a mudança de opinião dos produtores, houve a tentativa de transformar tudo em uma comédia maluca. O resultado se mostrou desastroso. Hoje, para se ter uma ideia, ninguém mais nem lembra da existência dessa produção. Por fim é bom destacar a presença da atriz Daryl Hannah no elenco. Na época em que o filme estava sendo feito ela namorava o filho de JFK, o que trouxe publicidade extra à produção. Nem isso porém salvou a fita de ser um grande fracasso de bilheteria em seu lançamento. Nesse caso o público acertou em suas escolhas.

Memórias de um Homem Invisível (Memoirs of an Invisible Man, Estados Unidos, 1992) Direção: John Carpenter / Roteiro: Robert Collector / Elenco: Chevy Chase, Daryl Hannah, Sam Neill / Sinopse: Um homem descobre a fórmula da invisibilidade. Algo que vai criar muitos problemas para ele e para outros ao seu redor.

Pablo Aluísio.

Uma Escolha, uma Renúncia

Nem sempre a lógica impera no mundo do cinema. Um exemplo temos aqui. Imagine reunir dois dos grandes símbolos sexuais do cinema americano em um mesmo filme. O que se esperaria de algo assim? Bom, no mínimo uma fita com alto teor de sensualidade e paixão. Certo? Errado. Na realidade "Uma Escolha, uma Renúncia" não consegue ser nem uma coisa, nem outra. O elenco tem Richard Gere e Sharon Stone. O público esperava que saísse faíscas desse encontro, mas nada deu muito certo. A química sexual que pode surgir entre duas pessoas é algo ainda não totalmente compreendido, nem pela ciência. O que tinha tudo para dar certo simplesmente não deu! Gere e Stone eram símbolos sexuais, em um bom momento em suas carreiras, mas ao invés de explodirem em sensualidade na tela só serviram mesmo para passar tédio ao público.

Na estória Richard Gere interpreta Vincent Eastman, um homem que precisa se decidir entre continuar com sua esposa de um casamento que já dura 16 anos ou se entregar a uma nova paixão avassaladora, com uma mulher bem mais jovem e sexualmente atraente. O roteiro é por demais moralista e isso estraga um pouco as coisas. Sharon Stone repete indiretamente sua personagem mais famosa, Catherine Tramell de "Instinto Selvagem", ou seja, uma mulher linda, mas totalmente perigosa e até fatal. Não entendo a psicologia que quase sempre une beleza com perigo. Deve ser algo incrustado na mente humana desde seus primórdios. De uma forma ou outra esse tipo de mentalidade aqui não rende bons frutos. Uma pena, pois Gere e Stone poderiam resultar em algo bem melhor. Do jeito que ficou o filme é apenas longo, tedioso e o pior de tudo, sem quase nenhum teor de sensualidade verdadeira.

Uma Escolha, uma Renúncia (Intersection, Estados Unidos, 1994) Direção: Mark Rydell / Roteiro: David Rayfiel, Marshall Brickman / Elenco: Richard Gere, Sharon Stone, Lolita Davidovich / Sinopse: Um homem casado se apaixona por uma bela mulher. E agora? Mentará o casamento de vários anos ou seguirá o seu coração?

Pablo Aluísio.