segunda-feira, 30 de julho de 2012
Spartan
O elenco está apenas ok. Val Kilmer, no controle remoto, tenta passar um mínimo de emoção, mas fica no meio do caminho. A culpa provavelmente nem é dele uma vez que seu personagem, inicialmente extremamente profissional, muda de atitude em um estalar de dedos, sem maiores explicações, levando o filme novamente para uma daquelas situações forçadas citadas que testam a paciência do espectador. O pior acontece com William H Macy, ótimo ator, que aqui é totalmente jogado para escanteio, resultando em um desperdício completo. Enfim, o cinema de David Mamet já viveu dias melhores e "Spartan" no final só vem para confirmar isso. Melhor seria ele deixar essa coisa de teoria de conspiração de lado para voltar a escrever sobre relacionamentos humanos.
Spartan (Spartan, Estados Unidos, 2004) Direção: David Mamet / Roteiro: David Mamet / Elenco: Val Kilmer, William H. Macy, Tia Texada, Derek Luke, Jeremie Campbell, Bob Jennings, Chris LaCentra, Johnny Messner, Ron Butler, Kristen Bell. / Sinopse: Um agente secreto do governo americano (Val Kilmer) recebe a missão de resgatar a filha de uma importante autoridade norte-americana. Durante a investigação acaba descobrindo que nem tudo é o que aparenta ser.
Pablo Aluísio.
The Sunset Limited
A estrutura do filme é teatral. Só existem de fato dois personagens em cena que levantam as questões sobre a existência ou não de Deus. O cenário também é único. A força de Sunset Limited vem de seus diálogos, de sua proposta, das idéias que são debatidas em cena. Não há nenhuma válvula de escape em sua trama, tudo é baseado em seu texto que faz refletir e que lança questões existenciais que ficam conosco mesmo após o final do filme. Adianto que “Sunset Limited” não é um filme de conversão religiosa, nada disso. O roteiro procura sempre não tomar partido, dando chances iguais para ambos os personagens em cena. Em nenhum momento o argumento se mostra verdadeiro para o ateu ou para o religioso. As questões são expostas para que o espectador forme sua própria opinião depois. Essa certamente é sua maior qualidade. Sendo imparcial cada um irá seguir suas próprias convicções pessoais. Enfim indico “Sunset Limited” para pessoas inteligentes que gostem de filosofia, teologia e grandes temas universais. Esses certamente irão gostar da proposta singular do filme.
The Sunset Limited (Estados Unidos, 2011) Direção: Tommy Lee Jones / Roteiro: Cormac McCarthy / Elenco: Samuel L. Jackson, Tommy Lee Jones / Sinopse: Após tentar se suicidar um professor branco debate sobre ateismo, materialismo, teologia e filosofia com um operário negro da linha ferroviária que lhe salvou a vida no último segundo.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Kick-Ass - Quebrando Tudo
Dentro do lamaçal de filmes medíocres em que Nicolas Cage tem se envolvido ultimamente esse "Kick-Ass" é uma dos poucas produções que realmente se salvam. O mérito é de seu roteiro antenado com as novas gerações, fãs de games e computador, que conseguem transitar entre todos esses meios com extrema familiaridade. Foi para esse tipo de jovem high tech que o filme foi feito. Ele une várias linguagens de meios diferentes em uma experiência cinematográfica única. Sem querer ser preconceituoso mas os mais velhos, que não cresceram imersos em tantas tecnologias ao mesmo tempo, certamente vão estranhar um pouco seu ritmo alucinado e inúmeras citações que provavelmente apenas os mais jovens vão captar. "Kick Ass" também exige uma certa postura em relação a ele. É um produto totalmente pop e obviamente não se deve levar à sério demais. É puro entretenimento sem maiores consequências.
O resultado ficou muito divertido. Também não há como negar que também é muito violento mas é um tipo de violência diferente, estilizada ao extremo, nada verossímil. Como eu disse, não se deve levar nada do que acontece em cena à sério. Mesmo assim o mercado exibidor americano resolveu aumentar sua faixa de classificação o que achei uma medida desproporcional uma vez que a violência do filme como já disse é caricatural, quase de desenho animado, e duvido que alguém vai levar algo como aquilo à sério. Não é à toa que sua principal fonte de inspiração é o universo do mundo dos quadrinhos. O destaque da produção fica com a jovem Chloë Grace Moretz. Há tempos venho prestando nessa atriz mirim (hoje já adolescente) que vem se destacando nos filmes em que aparece, mesmo quando interpreta personagens secundários. Já tive a oportunidade de escrever sobre ela, principalmente em seu trabalho realizado no remake americano de "Deixa Ela Entrar". A garota promete. Aqui sua Hit Girl domina e ofusca todos os demais personagens e atores, até mesmo Nicolas Cage. Por falar nele o ator surge bem envelhecido em cena. Obviamente ele deve ter adorado fazer o filme. Não é segredo para ninguém que seu sonho era fazer um filme como Superman. Aliás ele é fã assumido do universo dos quadrinhos. Seu personagem é uma caricatura de Batman. "Kick Ass" foi dirigido pelo Matthew Vaughn, o que é bem adequado pois certamente soube se comunicar com essa nova geração que é o público alvo do filme. Sua proximidade com o universo dos quadrinhos parece ser a tônica de sua carreira, uma vez que já trouxe para as telas os famosos personagens de Stan Lee em "X-Men: Primeira Classe" e agora prepara a sequência "Kick-Ass 2: Balls to the Wall" atualmente em pós produção. Que venha a continuação então.
Kick-Ass - Quebrando Tudo (Kick-Ass, Estados Unidos, 2010) Direção: Matthew Vaughn / Roteiro: Jane Goldman, Matthew Vaughn baseado nos quadrinhos de Mark Millar e John Romita Jr. / Elenco: Aaron Johnson, Nicolas Cage, Chloë Grace Moretz / Sinopse: Um grupo improvável de pessoas resolvem incorporar em suas vidas reais o estilo de vida dos super-heróis de quadrinhos. Isso acaba lhes trazendo muitos problemas mas também muita ação e aventura.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Marilyn Monroe e Yves Montand
O Set de "Quanto Mais Quente Melhor" foi tão bagunçado que ninguém mais queria trabalhar ao lado de Marilyn. Quando a Fox anunciou seu novo filme, que seria chamado no Brasil de "Adorável Pecadora" muitos convites foram feitos. Rock Hudson, Gregory Peck e até Brando foram convidados para estrelarem ao lado de Marilyn mas nenhum deles aceitou o convite. Eles sabiam que teriam enormes dores de cabeça se fossem trabalhar com Monroe e assim simplesmente disseram não alegando uma desculpa qualquer. Diante do pavor dos astros americanos para contracenarem com Marilyn a Fox não teve outra alternativa a não ser contratar um estrangeiro para fazer o par romântico da atriz no filme. O escolhido foi o fino e sofisticado Yves Montand, que naquele momento estava vivendo o auge de seu sucesso.
De início Montand e Marilyn se deram bem. Ele era casado com a elegante Simone Signoret, que conhecendo bem a fama da atriz resolveu ficar por perto durante as filmagens. Monroe obviamente também simpatizou muito com ela e ambas começaram uma nova amizade que parecia ser sincera. Tudo parecia muito bem para todos. Infelizmente conforme as filmagens começaram os velhos problemas de Monroe ressurgiram. Ela simplesmente não aparecia no estúdio para as filmagens, deixando todos ali plantados esperando por sua chegada que nunca acontecia. No começo Montand procurou levar na esportiva mas logo percebeu que seria um enorme sacrifício trabalhar ao lado dela. Como sempre Marilyn não conseguia dizer seus diálogos, parecia desnorteada, sem saber direito o que acontecia. Arthur Miller seu marido nada podia fazer pois naquela altura de seu casamento já tinha virado uma sombra da atriz. Monroe o usava apenas para levar sua bagagem de um lado ao outro e Miller se anulou como homem.
Não demorou para que Marilyn começasse a fazer seu jogo de sedução com Montand. Eles estavam hospedados no mesmo hotel, um fino resort com luxuosos bangalôs próximos uns aos outros. Essa proximidade logo se tornou irresistível para Marilyn. Embaixo dos narizes de Arthur Miller e da esposa de Montand, eles logo começaram um apaixonado affair. De manhã quando não aparecia para trabalhar o diretor arrancando os cabelos da cabeça pedia a algum membro de sua equipe para ir chamar Marilyn em seu bangalô. Assim que começou o romance com Marilyn o próprio Yves Montand começou a se voluntariar para ir chamar Monroe. O problema é que tudo não passava de uma desculpa para mais encontros furtivos entre o casal apaixonado. Enquanto toda a equipe ficava de prontidão, Marilyn e Montand se enrolavam nos lençóis brancos da suíte da atriz. Com menos de 20% das cenas filmadas o orçamento do filme estourou. Manter todo um set em prontidão custava milhares de dólares e quando nada era realizado tudo o que restava era um enorme prejuízo para a Fox.
Assim a produção literalmente iria para o buraco. As coisas só começaram a andar de novo porque sem motivo aparente Montand resolveu cair fora daquela aventura. Numa manhã Arthur Miller quase pegara Montand de cuecas dentro do quarto de Marilyn. Temendo que um escândalo desses acabasse com sua carreira na América ele resolveu pular fora. Marilyn ficou desolada completamente. A esposa de Montand já sabia o que acontecia mas preferiu manter sua classe e elegância esperando que seu marido colocasse o juízo no lugar. Quando o filme finalmente ficou pronto e foi lançado a crítica quase que de forma unânime o classificou como uma decepção. Marilyn não estava particularmente bonita em cena, surgindo fora do peso, com olheiras visíveis (fruto da sua eterna dificuldade de dormir). O público americano também não comprou a figura estrangeira de Montand e assim a produção não conseguiu se tornar um sucesso como o anterior "Quanto Mais Quente Melhor".
Muitos anos depois Montand finalmente assumiu o romance publicamente com sua estrela mas procurou minimizar alegando que tudo não passava de uma "aventura" e que Marilyn estava louca se pensava que ele deixaria sua esposa para viver com ela. Completou dizendo que a achava muito "Infantil, quase uma criança" e que jamais levaria algo com ela adiante. Já Simone Signoret amenizou: "Eu sabia que Marilyn tinha um caso com meu marido. Acredito que Arthur Miller também sabia mas nunca consegui ter raiva dela! Ela me deu de presente um lindo lenço que guardo até hoje. Está um pouco puído mas ao se dobrar bem ninguém percebe. Depois que o filme acabou ela nunca mais falou comigo pensando que eu teria ficado magoada com seu caso com meu esposo mas não, ainda a guardei como uma amiga querida, apesar de tudo". Yves Montand pensou que Marilyn o deixaria em paz quando voltasse a Paris mas não foi o que aconteceu. A atriz ainda continuou por longo tempo lhe bombardeando com telefones internacionais. Montand se esquivou como foi possível, evitando falar com ela, dizendo que tinha saído de casa, etc. Até que depois de alguns meses os telefonemas finalmente cessaram. Era mais um caso amoroso fracassado na longa lista da atriz. Mais um trauma que ela tinha que lidar em suas noites solitárias.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Batman - O Cavaleiro das Trevas
"Batman - O Cavaleiro das Trevas" é considerado a obra prima dessa nova franquia dirigida por Christopher Nolan. Existe um certo consenso de que essa seria a melhor transposição já feita do personagem para o cinema. O clima soturno, pessimista e gótico está bem acentuado. Além disso temos aqui um roteiro muito mais sombrio do que o visto em "Batman Begins". O texto explora muito bem a falta de esperança em uma cidade infestada por criminosos de todos os tipos. Dentre eles finalmente surge o Coringa numa brilhante interpretação de Heath Ledger. Aliás o filme é sempre muito mais lembrado pela caracterização do vilão mais famoso do universo de Batman do que por qualquer outra coisa. Ledger está muito inspirado em cena, assustador e insano na dose exata. O ator parece ter incorporado o papel, o que não deixa de ser algo bem assustador. Sua morte trágica logo após a conclusão do filme mitificou ainda mais seu trabalho em "Dark Knight" confirmando uma velha regra não escrita que diz que no cinema Batman sempre tem seus filmes roubados por seus vilões em cena. De fato aqui não há muito o que ponderar, o filme é de Ledger deixando Bale e seu herói em uma incômoda posição secundária dentro da trama.
Se em "Batman Begins" se discutia a diferença entre justiça e vingança aqui em "Cavaleiro das Trevas" o foco é diferente. O argumento mostra a tentativa do Coringa em provar que até o mais honesto homem de Gotham City, o promotor Harvey Dent, pode ser corrompido. Considerado o último pilar de honradez da cidade ele logo se torna alvo do insano criminoso que quer acima de tudo demonstrar que nem os mais virtuosos cidadãos estão à salvo de passarem para o outro lado. Excelente também é a identidade que ambos os personagens Batman e Coringa parecem ter. São na verdade faces diversas de uma mesma moeda. O núcleo do elenco segue praticamente o mesmo do primeiro filme (Bale, Caine e Freeman). A única mudança mais significativa aqui acontece com a personagem de Rachel Dawes que acabou indo para as mãos de Maggie Gyllenhaal, o que não deixa de ser positivo pois ela é seguramente melhor atriz do que Katie Holmes. O diretor Christopher Nolan basicamente segue os passos do êxito do primeiro filme, ou seja, procura não deixar a trama se distanciar da realidade. O Coringa, por exemplo, está menos espalhafatoso, menos carnavalesco e mais assustador do que nas outras versões. Idem o próprio Batman, cada vez mais inseguro de sua própria posição diante dos acontecimentos. Nolan certamente encontrou o tom ideal nesse filme que é extremamente bem realizado. Agora resta esperar pela conclusão da trilogia. Espero que consiga fechar tudo com chave de ouro pois não restam dúvidas que os dois primeiros filmes são realmente primorosos.
Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, Estados Unidos, 2008) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan / Elenco: Christian Bale, Heath Ledger, Morgan Freeman, Gary Oldman, Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal, Michael Caine, Eric Roberts, Anthony Michael Hall / Sinopse: O Coringa (Heath Ledger) resolve se unir a máfia de Gotham City para tirar do caminho Batman (Christian Bale) que está arruinando todos os seus negócios escusos. Para tanto terão ainda que enfrentar o novo promotor da cidade, o honesto Harvey Dent (Aaron Eckhart) que logo vira alvo dos planos do Joker.
Pablo Aluísio.
Filmografia Comentada: Burt Lancaster
Burt Lancaster nasceu em um dos bairros mais pobres de Nova Iorque. Ao longo dos anos foi construindo uma das carreiras mais significativas da história de Hollywood. Atlético e esportista o ator em busca de trabalho começou sua carreira artística no circo onde aprendeu várias técnicas que anos depois utilizaria em seus filmes. Sua carreira começou na década de 1940 e só terminou quase 50 anos depois quando seu último filme foi lançado. Participou de 88 filmes e chegou a dirigir duas de suas produções. Atuou em praticamente todos os gêneros cinematográficos, indo de dramas a westerns, passando por filmes de aventura e romance. Um marco de carisma, popularidade e simpatia. Segue abaixo resenhas de filmes com esse mito da história do cinema americano.
Vera Cruz
O filme já começa à toda mostrando o encontro da dupla central, Cooper e Lancaster, numa cena com diálogos totalmente cínicos e dúbios. De certa forma isso se repetirá em todo o restante da fita. Curioso porque até mesmo o personagem de Gary Cooper parece não ter muitos escrúpulos. Coronel do exército confederado ele agora vaga pelo deserto mexicano para vender sua mão de obra ao grupo que lhe pagar melhor, ou seja, é um mercenário. Já o personagem de Burt Lancaster é bem pior, ladrão de cavalos, mentiroso e trapaceiro, desde o começo do filme já sabemos que não há nada o que esperar dele em termos éticos. Algo que se confirma no final quando teremos o tradicional duelo no meio das ruínas de uma cidade mexicana! "Vera Cruz" foi um dos primeiros westerns em que a ação foi colocada em primeiro plano, superando até mesmo os cânones dos faroestes mais tradicionais. Muitos especialistas inclusive qualificam "Vera Cruz" como uma espécie de predecessor do que seria feito no chamado Western Spaguetti. Não chegaria a tanto mas não há como negar que os faroestes italianos iriam utilizar de vários elementos que estão presentes aqui.
Um dos elementos é justamente a simplificação dos roteiros em detrimento da ação incessante. A trama da produção na realidade se desenvolve praticamente toda em torno de uma diligência com carregamento de ouro que tenta chegar até o porto de Vera Cruz. No meio do caminho Cooper e Lancaster, que estão protegendo o carregamento ao lado de um pelotão do exército mexicano, vão enfrentando todo tipo de desafios, conflitos e traições (sim, todos querem no final ficar com a fortuna e para isso não medem esforços em trair qualquer um). A produção é muito boa - bem acima da média dos faroestes da época. O figurino dos mexicanos na fita pode até ser considerada exagerado, mas é fiel no final das contas uma vez que eles realmente se vestiam daquela maneira. Em conclusão Vera Cruz é um bom western, talvez um pouco prejudicado pelo excesso de personagens e pirotecnia. Vale pelo carisma de Lancaster e pela presença sempre muito digna do grande mito Gary Cooper.
Homem Até o Fim
Muito curioso esse western da década de 1950 com Burt Lancaster. O primeiro detalhe que chama a atenção é o fato de ter sido dirigido pelo próprio ator. De fato ele em toda sua longa carreira só dirigiu dois filmes, esse e "The Midnight Man", duas décadas depois. Lancaster não se sentia à vontade com as pressões inerentes a função de direção. Na realidade só aceitou dirigir "The Kentuckian" porque acreditava muito no projeto e pelo fato da United Artists ter encontrado na época grande dificuldade em escalar um diretor adequado ao filme. Antes que o projeto fosse arquivado Lancaster em um ato de coragem assumiu sua direção. O interessante é que não se saiu mal. O filme tem um clima muito agradável, uma estória cativante e uma produção bonita. Não se trata de um faroeste típico pois o bucolismo está em todas as partes do filme, nos cenários, na simplicidade cativante do personagem de Lancaster e na sua relação com o seu filho, o pequeno Elias.
Vestido com um figurino que lembra o lendário Daniel Boone, Lancaster parece ter dirigido o filme para um público bem mais jovem. Também não esqueceu do público feminino, sempre reticente com westerns, ao colocar um triângulo amoroso para ser vivido por seu personagem. A produção é leve e divertida e conta com um excelente elenco de apoio liderado por Walter Matthau em sua estréia no cinema. Ele faz um dono de mercearia bonachão e apreciador de uma boa prosa que também tem grande habilidade em usar chicotes. Sua cena usando dessa habilidade é muito boa. O filme foi baseado no livro de Felix Holt chamado "The Gabriel Horn". Para quem não se recorda Holt foi o roteirista da série de TV "Lone Ranger" que no Brasil ficou conhecido como Zorro "americano" (não o espanhol vestido de negro mas o azul do cavalo Silver e do índio Tonto). Sua habilidade para escrever estórias infanto-juvenis cativantes se sobressai aqui também. Enfim, "Homem Até o Fim" é muito agradável de se assistir. Um raro momento de Lancaster como diretor que merece ser redescoberto. Recomendo.
Quando os Bravos Se Encontram
Bob Valdez (Burt Lancaster) é um envelhecido xerife que é humilhado por um bando de malfeitores liderados por Frank Tanner (Jon Cypher). Após ser rendido pelos facínoras ele é crucificado e enviado ao deserto para morrer em agonia. Sua vingança não tardará a acontecer. "Quando os Bravos se Encontram" é um exemplo perfeito da influência do Western Spaguetti dentro do cinema americano. Não deixa de ser muito curioso assistir a um filme Made in USA tentando ser no fundo um filme de bang bang italiano! É algo como se o produto imitado começasse a querer imitar justamente os imitadores! Confuso não? Pois é justamente o que acontece aqui. Burt Lancaster faz o Valdez do título mas ele bem poderia se chamar Django. Um sujeito que a despeito de ter uma boa alma é forçado a partir para a brutalidade sem limites com suas armas em punho. O título original do filme ("Valdez está chegando!") é outro sinal claro de sua intenção de parecer um western spaguetti já que esses sempre tiveram títulos evocativos e exagerados do típo "Django não perdoa, Mata!" ou "Deus os cria e eu os Mato!". E tal como Django o Valdez mata bandidos em escala industrial, um atrás do outro, sem falhas e sem balas desperdiçadas! Um primor de pontaria e sagacidade!
Burt Lancaster, o velho ídolo de Hollywood, procura dar dignidade ao seu papel. É verdade que não há muito o que fazer diante de um personagem como Valdez que passa quase todo o filme apenas dizimando os inimigos no deserto. E por falar no deserto uma das melhores coisas de se ver aqui é a cena em que Lancaster vagueia pelas areias carregando uma cruz de madeira, agonizando. Essa cena pelo menos é bem marcante. Pena que o vilão Frank Tanner seja tão inexpressivo. Também pudera ele está sendo interpretado pelo canastrão Jon Cypher que não convence em momento algum. Barton Heyman se sai bem melhor como o bandoleiro El Segundo. Feio como o diabo o sujeito tem os colhões que faltam a Cypher. Em suma é isso, "Valdez is Coming" é uma cópia da cópia. Um western americano com cheiro de macarronada. O produto é esquizofrênico mas pode divertir se você não for um fã de faroeste mais radical e purista.
Aeroporto
Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local. Aeroporto de 1970 foi um dos primeiros filmes catástrofe da história do cinema. O interessante é que tecnicamente ele até pode ser considerado um filme pipoca dos anos 70 por isso mas existe uma diferença muito grande entre os filmes desse tipo daquela época e os filmes de hoje que seguem a mesma linha. O roteiro tem um cuidado todo especial em desenvolver os personagens. O diretor do aeroporto, interpretado por Burt Lancaster, por exemplo, é mostrado em suas relações familiares, os problemas com sua esposa e o reflexo de toda essa situação em sua vida profissional. Quantos filmes pipocas de hoje em dia tem esse tipo de preocupação? Nenhum, os personagens são todos vazios, ralos, sem profundidade. Vide os pipocões de James Cameron, Michael Bay e Roland Emmerich; todos eles filhos bastardos de filmes como Aeroporto.
Também gostei de rever o carismático Dean Martin. Além de ótimo cantor ele, apesar de não ser um grande ator, tinha uma persona em cena que sempre me agradou. A franquia Aeroporto ficaria conhecida depois por trazer de volta ao cinema vários veteranos das telas. Nesse temos além de Dean Martin, o sempre simpático e bom ator Burt Lancaster e George kennedy, em um bom papel. A linda Jacqueline Bisset também está no elenco. Na continuação, Aeroporto 75 os produtores trariam de volta Charlton Heston. No terceiro filme seria a vez de Jack Lemmon e por fim no último filme da série, chamado Aeroporto, o Concorde, os espectadores teriam de presente as atuações de Alain Delon e Robert Vagner. Em termos técnicos temos que concordar que os efeitos desse primeiro Aeroporto envelheceram mas de certo modo são tão discretos que não comprometem o resultado final. Enfim, pensei que o filme fosse bem mais fraco mas me enganei, tem seu charme, tem seus momentos. Vale a pena conferir.
O Trem
Baseado em fatos reais, O Trem ( The Train - 1964), um clássico em preto e branco, retratado em 1944, numa França ainda ocupada pelo exército de Hitler, conta a história do Coronel Von Waldhein (Paul Scofield), um especialista e amante das artes. Waldhein - já sabendo que os aliados estavam muito perto de libertar a França - planeja utilizar o trem, e fugir para a Alemanha com centenas de quadros, raros e famosos, roubados do museu Jeu de Paume. O problema é que essa operação tem que ser feita em segredo, pois seus superiores nazistas são contra todas as obras impressionistas por considerá-las "arte inferior".
Um outro problema que pode liquidar as pretensões do Coronel nazista, é a Resistência Francesa, que, alertada pela curadora do museu, Mademoiselle Villard, se articula de todas as formas para impedir que o "Trem das Artes" - como ficou conhecido à época - chegue à Alemanha. Porém, o maior e mais sério entrave para Waldhein responde pelo nome de Paul Labiche (Burt Lancaster) inspetor-chefe da Estação Ferroviária, e que também vai fazer de tudo salvar as obras de arte, juntamente com a eficiente ajuda da Resistência Francesa. Com uma atuação antológica de Burt Lancaster (1913-1994) e uma direção magistral do diretor americano, John Frankenheimer (1930-2002) o longa, além de sensacional e eletrizante, é recheado de efeitos especiais, sabotagens, uma fotografia linda e um roteiro de fazer cair o queixo. Palmas também para o excelente ator britânico Paul Scofield (1922- 2008) como o Coronel Von Waldhein. Imperdível. Nota 10
Os Assassinos
Há muito tempo eu percebi que os filmes da década de 40 são bem mais realistas do que os que foram realizados nos anos 50. Na década de 50 os personagens são muito mais definidos (os mocinhos são verdadeiros poços de virtude e os bandidos são malvadões sem coração). Nos anos 40 isso não era bem assim. Veja o caso desse "Os Assassinos". Os tipos que desfilam pela tela possuem dubiedade moral, não se sabendo ao certo se na realidade são vilões ou mocinhos. Na realidade eles passeiam em um campo cinzento, sem se posicionar completamente em um lado ou outro, igual à vida real.
Na trama alguns personagens são centrais. O "Sueco", vivido por Burt Lancaster, é um boxeador fracassado que após o fim de sua carreira vive de pequenos golpes até que se une ao bando de Big Jim. De todos os envolvidos a que mais destaca essa dubiedade moral dos anos 40 é a personagem Kitty, interpretada por Ava Gardner (no auge da juventude e beleza). Femme Fatale por excelência ela será o centro de toda a trama passada no filme. "Os Assassinos" é um ótimo exemplo do cinema maduro e cínico da década de 40. Não existem propriamente bandidos ou mocinhos e seu roteiro estruturado em vários flashbacks acentua ainda mais isso. Um belo exemplar noir que deve ser conhecido pela geração cinéfila mais jovem.
O Homem de Bronze
Cinebiografia do atleta americano Jim Thorpe (Burt Lancaster) que ganhou várias medalhas de ouro durante as olimpíadas de 1912. Algumas particularidades faziam de Thorpe um esportista diferenciado. A primeira delas é que era indígena, nativo americano, o que o diferenciava e muito dos outros atletas americanos da época. Os pais de Jim fizeram todo o esforço possível para que ele continuasse seus estudos até o fim e foi justamente no meio acadêmico que Thorpe encontrou sua verdadeira vocação: os esportes. Nos EUA há grande tradição em universidades que dão bolsa integral a bons esportistas e foi assim que Jim foi subindo em sua carreira. Outro fato bem marcante na trajetória dele é que ao contrário dos demais atletas, Jim Thorpe não se limitava a apenas uma modalidade esportiva, pelo contrário, praticava todos os esportes que apareciam pela frente: atletismo, beisebol, futebol americano, saldo, hipismo, arco e flecha e mais uma série de outras categorias, se saindo bem em todas elas para surpresa geral. Não é à toa que venceu suas medalhas olimpícas no pentatlo e no decatlo. que agregam vários esportes numa só competição. Era considerado um atleta completo em sua era.
Com uma biografia tão rica assim não era de se exigir muito mais do filme. Realmente o roteiro expõe de forma bem didática toda a biografia do atleta, mostrando desde sua entrada em uma instituição de ensino do governo americano dirigido especialmente para as populações indígenas, passando pelas olimpíadas, sua bem sucedida passagem pelo time New York Giants até finalmente mostrar sua decadência pessoal e esportiva. Para quem já assistiu filmes como "Touro Indomável" fica bem fácil acompanhar a ascensão e queda de ídolos esportistas como esse. Suas biografias no fundo mostram que o esporte tanto pode redimir tais pessoas como também acentuar a queda de suas vidas pessoais. Thorpe infelizmente decaiu vítima do ostracismo e do alcoolismo. Burt Lancaster não decepciona em sua interpretação de Jim, o fazendo com garra e convicção, porém fica a sensação desagradável de ver um ator branco interpretando um personagem índio. Em plena época do Star System realmente nenhum grande estúdio de Hollywood iria investir numa produção estrelada por um nativo americano. A mentalidade da época ainda era bem atrasada e nada politicamente correta. De qualquer forma esse trabalho de Michael Curtiz (diretor de Casablanca) merece ser redescoberto. É uma obra de certa forma ufanista e que apenas toca de leve nos problemas pessoais do atleta mas que mesmo assim cumpre bem seus objetivos, imortalizando o nome de Jim Thorpe também na história do cinema.
A Embriaguez do Sucesso
É incrível descobrir que um filme como esse foi feito em 1957. Isso porque não era tão comum ver um roteiro assim, tão ácido e mórbido naquela época. Os dois atores principais em cena, Tony Curtis e Burt Lancaster, dão show de interpretação. Curtis, visto apenas como um galã da Universal pelos críticos, aqui apresenta um de seus melhores trabalhos. Está literalmente fantástico como o crápula, mentiroso, cafetão, escroque e 171 Sidney Falco. Confesso que nunca vi uma atuação dele tão boa como essa. É uma pena que Curtis não tenha se desenvolvido mais como ator dramático. Ele de certa forma se acomodou em sua imagem de galã de comédias românticas, principalmente a partir do começo da década de 60 e com vários problemas que foram surgindo ao longo dos anos (como vício em drogas) simplesmente deixou a carreira em segundo plano. Se tivesse procurado se desenvolver melhor na arte da atuação teria sido um grande nome na história de Hollywood. Já Lancaster também está excelente fazendo um verdadeiro psicopata frio, cheio de si e com uma indisfarçável paixão incestuosa por sua irmã (na pela de uma atriz fraquinha mas bonita, Susan Harrison). Muitos criticam Lancaster afirmando que ele era um ator de uma nota só (sempre atlético e com um sorriso montado no rosto). Eu não concordo inteiramente com essa opinião. Realmente em algumas produções Lancaster se apoiou em sua imagem como muleta mas nem sempre isso aconteceu. Basta lembrar do famoso (e ótimo) "O Homem de Alcatraz". Nesse "A Embriaguez do Sucesso" o ator tem uma de suas melhores interpretações. A persona que tanto utilizou em outros filmes aqui está ausente, felizmente.
Outro destaque de "Sweet Smell Of Sucess" é a forma que o diretor encontrou para contar sua estória. São ótimas tomadas de cena feitas em locação na cidade de Nova Iorque. Nos anos 50 era comum que os filmes fossem feitos em Hollywood dentro dos estúdios, geralmente com o uso de back projection (os atores atuavam na frente de uma grande tela onde o cenário da locação da cena previamente filmado era exibido). Aqui não, é fácil ver que tudo foi realmente filmado nas ruas da cidade, sem uso e artifícios como esse. Tudo combina, a sordidez da trama, a direção segura, a ótima fotografia em preto e branco e os diálogos (alguns dos melhores que já vi). Para quem gosta de filmes clássicos, com tramas envolventes e clima noir, "Embriaguez do Sucesso" é uma ótima opção.
Trapézio
Em 1956 Tony Curtis era apenas mais um galã de segunda linha que não conseguia emplacar em bons papéis. Geralmente estrelava os chamados filmes B das mil e uma noites dos estúdios Universal - filmes de capa e espada que eram feitos especialmente para as matinês dos cinemas. Já estava com oito anos de carreira nas costas quando a primeira oportunidade real bateu à sua porta. O ator Burt Lancaster estava procurando um partner para filmar ao seu lado uma adaptação da novela Trapézio. O filme contaria a estória de dois trapezistas em Paris que tentam executar o maior de todos os números dessa arte: o saldo triplo mortal. Também procurava uma atriz europeia que funcionasse como pivô do triângulo amoroso que iria ser mostrado nas telas. O interesse de Lancaster sobre esse filme era fácil de entender. Ele começou sua carreira no circo (a sua primeira esposa era trapezista) e apesar de ter alcançado o sucesso como ator jamais esqueceu o período em que viveu no mundo circense. Após alguns testes Burt sugeriu ao diretor Carol Reed que contratasse Tony Curtis. Ele tinha os atributos certos para o papel. Além de ser jovem tinha também habilidades atléticas que iram ajudar muito nas filmagens. Como estrelava vários filmes de capa e espada Tony foi logo considerado ágil o suficiente para se sair bem nas cenas de picadeiro. Já a escolhida para o principal papel feminino foi a atriz italiana Gina Lollobrigida. Embora tivesse uma extensa filmografia em seu país estrelaria pela primeira vez uma produção norte-americana.
O filme Trapézio acabou se tornando um grande sucesso de bilheteria. Também pudera, tinha todos os ingredientes para se tornar um êxito nos anos 50: um cenário exótico, uma beldade estrangeira, um romance à flor da pele, um astro de primeira linha e um coadjuvante que despontava para o estrelado. Pela primeira vez em sua carreira Curtis finalmente era levado à sério. Seu papel nem era tão destacado mas ele fez o suficiente para não fazer feio. O argumento do filme também ajudava já que não se tratava de um dramalhão onde fosse exigido muito dos atores, no fundo era um passatempo leve, com boas cenas coreografadas de trapézio, filmadas com profissionais do ramo (muito embora os atores também tenham filmado cenas menos perigosas). A parceria com Burt Lancaster ainda renderia mais um bom filme a Tony Curtis no ano seguinte: A Embriaguez do Sucesso, onde seria extremamente bem elogiado pela crítica. Com tudo isso hoje Tony pode dizer que esse filme foi na realidade o verdadeiro trampolim para os seus melhores anos, que iriam atravessar o restante da década de 50 e 60, graças especialmente ao grande astro e estrela de primeira grandeza na constelação de Hollywood, Burt Lancaster.
O Oeste Selvagem
Buffalo Bill and the Indians (no brasil, O Oeste Selvagem) é um inteligentissimo filme do aclamado diretor Robert Altman que aqui prova mais uma vez seu grande talento como cineasta. O roteiro conta a histórica verídica do grande mito do western americano Buffalo Bill. O personagem por si só já era extremamente rico em detalhes e nuances e caiu como uma luva nessa película que brinca com o imaginário popular ianque. Para quem não sabe Buffalo Bill (nome artistico de William Cody) foi um verdadeiro Barão de Munchausen da história dos Estados Unidos. Pródigo em contar lorotas e inventar histórias sobre si mesmo que nunca aconteceram na vida real, Bill criou toda uma mitologia em torno de si. Um dia teve a brilhante idéia de criar todo um show em cima de suas fantasias e acabou criando um espetáculo com alto teor circense composto por cowboys falsos, índios de araque e bandidos de mentirinha. Era denominado Oeste Selvagem e foi uma mina de ouro para seu criador, o tornando extremamente rico e bem sucedido. Embora fosse um mentiroso contumaz Bill acabou criando, sem querer, todos os clichês que até hoje conhecemos da mitologia do western. Os filmes mudos, surgidos no nascimento do cinema, eram claramente inspirados nas encenações do espetáculo de Buffalo, que também teve sua mitológica figura explorada por vários filmes do gênero nos anos seguintes à sua morte.
Em Buffalo Bill and the Indians, somos levados a conhecer um período bem interessante da vida de Bill, quando ele contratou um mito de verdade do velho oeste para estrelar seu show, o cacique Touro Sentado, famoso por seus feitos contra o exército americano. As cenas em que ambos contracenam mostram verdadeiros duelos entre o personagem de ficção auto inventado e o homem que realmente vivenciou toda a luta pela conquista do oeste selvagem (Touro Sentado). O farsante e o real em lados opostos. Enquanto um vive de contar mentiras sobre si mesmo o outro tenta apenas sobreviver com o pouco de dignidade que ainda lhe resta e de quebra tenta ajudar seu povo, nessa altura da história completamente subjugado pelos brancos. O choque entre a dura realidade e a mais pura fantasia escapista é o grande mérito dessa brilhante e ácida crítica em cima da construção de mitos irreais, que é bem típica da sociedade consumista e vazia dos norte-americanos. Paul Newman na pele do deslumbrado ídolo está perfeito, numa daquelas atuações que dificilmente esquecemos. A própria surrealidade do cotidiano de Bill (que gostava de namorar cantoras de óperas fracassadas), reforça e torna ainda mais forte sua caracterização. Por fim temos uma participação extremamente inspiradora do grande mito Burt Lancaster. Fazendo o papel de uma pessoa do passado de Bill (que obviamente conhece todas as suas invencionices), Lancaster empresta uma dignidade ímpar a essa película. Sem dúvida Buffalo Bill and the Indians é um excelente filme que nos leva a pensar em vários temas relevantes, como a própria destruição da cultura indígena e a dignidade desse povo que foi massacrado impiedosamente pelos colonos americanos. Um libero que merece ser conhecido por todos.
Entre Deus e o Pecado
Baseado na obra homônima do escritor americano Sinclair Lewis - o primeiro americano a ganhar o Nobel de Literatura em 1930 - o clássico, "Entre Deus e o Pecado" (Elmer Gantry - 1960) é uma das maiores pérolas do cinema. No filme, produzido e dirigido por Richard Brooks (Os Profissionais), a apoteose fica por conta de Burt Lancaster com uma atuação vigorosa e arrasadora que lhe rendeu o Oscar de melhor ator. Lancaster vive Elmer Gantry, um sujeito boa pinta, oportunista, imoral, charmoso e falastrão. Desempregado e sem muitas perspectivas, sua vida começa a mudar quando por acaso, conhece, num culto evangélico, a pregadora transluzente e angelical, Sharon Falconer (Jean Simmons). A evangélica que comanda uma pequena empresa de evangelização, vive de viajar pelo meio-oeste americano levando a palavra de Deus. A partir daí, o velhaco Gantry entra em cena e põe em prática todo o seu charme na tentativa de aproximar-se da bela pregadora. Depois de muitas investidas e tentativas, finalmente o malandro consegue a aproximação com a evangélica, e, juntos, começam a pregar a palavra de Deus por cidadezinhas americanas. A ambição, a oratória fulminante e o incrível carisma de Gantry, não só, deixa multidões embevecidas e convencidas, como também transforma uma simples e recatada evangélica numa verdadeira (e milionária) celebridade conhecida em todo país. Os planos de rapinagem do pilantra vão de vento em popa, até que um dia, quando atacado pela Imprensa, o passado do malandro vem à tona: querendo desmentir os jornalistas que o chamaram de charlatão e aproveitador, Gantry reúne uma horda de fanáticos e começa a limpar a cidade, destruindo cassinos e bordéis. Num dos bordéis, Gantry da de cara com Lulu Bains (Shirley Jones) - prostituta e ex-caso do testosterônico pregador.
Sem saída e surpreso com o encontro, Gantry pede que todos saiam e poupem as prostitutas, salvando assim a pele da garota que ele havia seduzido quando ela tinha apenas 17 anos. Depois de descobrir as armações do ex-amante, Lulu faz-lhe ameaças e chantagens em troca de dinheiro. O roteiro, que chegou a ser proibido em várias cidades americanas, e até em alguns países, é sensacional e recheado de surpresas. A fotografia é magnífica e o technicolor, acentuado por cores vibrantes, encaixa-se de forma perfeita com a paisagem e a alegria voluptuosa e histriônica de Grant. Forçado por um destino que emerge soberano entre desejos e interesses, o triunvirato, Grant, Falconer e Lulu, caminha célere em direção a uma convergência, não só reveladora, mas também trágica. O tanino e o mel que movem o organismo do impávido Grant, traçam um perfil sinistro, transformando-o num bólido impiedoso que varre tudo a sua volta. A fé impenetrável e inabalável da irmã Falconer, juntamente com sua oratória emocionante, vai aos poucos dando lugar a uma paixão cega pelo pilantra. A vingança gélida, premeditada e envernizada de autocomiseração da prostituta Lulu são as trombetas que anunciam um final arrebatador e inacreditável. Um tripé de gala que elevou à condição de clássico o excelente roteiro e direção de Richard Brooks. O filme abocanhou três Oscars: de ator para Burt Lancaster, de atriz coadjuvante para Shirley Jones (a prostituta e ex-caso de Elmer Gantry) e de roteiro adaptado para Richard Brooks. Teve ainda indicações para o prêmio de melhor filme e melhor trilha sonora, para André Previn. Clássico imperdível. Nota 10
O Homem de Alcatraz
Robert Stroud (Burt Lancaster) é um prisioneiro condenado à morte pelo assassinato de um barman numa briga de bar no Alaska. Tentando livrar seu filho da morte por enforcamento sua mãe resolve apelar para a esposa do presidente americano Woodron Wilson que, comovida pela luta da pobre senhora por seu filho, resolve permutar a pena de morte de Stroud para prisão perpétua em segregação (ou seja ele não poderia interagir com outros presos, ficando a maior parte do tempo solitário e isolado). Livre da morte ele então parte para cumprir sua pena de prisão em uma penitenciária federal. Certa tarde no pátio prisional ele acaba resgatando um pequeno pardal machucado e o leva para sua cela. Lá tenta ajudar o pequeno animal. O que começa com um simples ato de solidariedade acaba virando um assunto de enorme interesse para Stroud que a partir daí começa a estudar e ler livros sobre o tema, se tornando, mesmo dentro da prisão, uma das maiores autoridades científicas sobre patologias de aves. Dez anos depois é finalmente transferido para a terrível prisão de Alcatraz onde acaba se tornando um de seus prisioneiros mais famosos. A história de Stroud parece ficção mas não é, foi inspirada na vida do chamado “Birdman of Alcatraz”, um prisioneiro que sozinho aprendeu sobre ciências dentro de sua cela, lendo livros, artigos e tratados sobre diversos assuntos, entre eles veterinária, química, anatomia, fisiologia, histologia e até mesmo medicina! De fato ainda em vida Stroud foi analisado por especialistas e se constatou que ele tinha um QI de gênio, algo absolutamente fora do normal.
O filme “O Homem de Alcatraz” foi realizado um ano antes de sua morte em 1963 (infelizmente ele nunca chegou a assistir sua própria história no cinema) Apesar de todo o reconhecimento que teve por seus livros, ensaios e artigos publicados, Stroud jamais conseguiu aquilo que mais desejava na vida: recuperar sua liberdade. Morreu doente e abandonado, na prisão, após escrever um livro sobre o sistema penitenciário americano. Esse livro causou sensação em seu lançamento pois Stroud na época chamou atenção da administração Kennedy para o problema nas prisões do país. O próprio presidente Kennedy via nele um exemplo claro de que o sistema penal em vigor era falho e não propenso a dar uma segunda chance a ninguém, nem mesmo a um gênio como Stroud. Após o filme ter sido lançado vários livros sobre o prisioneiro foram lançados trazendo mais luz sobre sua vida pessoal. Algumas dessas biografias mostraram que há uma certa distância entre o que vemos no filme e o que aconteceu realmente. Por exemplo, não restam dúvidas que Stroud tinha um QI de gênio mas no mesmo exame em Alcatraz se constatou também que ele tinha uma personalidade psicopata (algo omitido no roteiro). Era violento e perigoso e muitos que o conheceram pessoalmente e assistiram ao filme depois não concordaram com a caracterização de Burt Lancaster, mostrando um sujeito doce e suave. De qualquer forma, mesmo com essas diferenças, não há como negar que “O Homem de Alcatraz” é uma excelente obra, digna de todo o status que tem (considerado um dos cem melhores filmes da história do cinema americano pelo American Film Institute). Historicamente ele pode até não ser muito fiel aos fatos reais mas não há como negar que do ponto de vista meramente artístico é uma obra prima digna de aplausos. Além disso levanta muitos temas pertinentes para discussão, colocando em debate o real propósito das prisões. Será que o sistema prisional realmente reabilita algum criminoso? Ou tudo não passa de meras teorias acadêmicas vazias? Assista ao filme e tire suas próprias conclusões.
O Discípulo do Diabo
Durante o período colonial um arrogante comandante militar inglês, o general Burgoyne (Laurence Olivier) tenta manter uma província da colônia sob controle, combatendo e perseguindo os rebeldes nativos que desejam a independência do país. Durante um enforcamento de um líder rebelde, um religioso local, o reverendo Anthony Anderson (Burt Lancaster), solicita ao comando militar britânico para que o morto seja enterrado sob a tradição cristã mas o pedido é negado. Após o roubo do corpo por Richard Dudgeon (Kirk Douglas) a repressão aumenta, criando um clima de terror na região. “O Discípulo do Diabo” é um filme extremamente curioso. Realizado em 1959 o filme foca seu roteiro na antevéspera da revolução americana, quando os colonos, cansados da exploração da metrópole britânica, começam a despertar o sentimento de nacionalismo e independência.
O elenco reúne três grandes mitos do cinema da época, Kirk Douglas (fazendo a ovelha negra de sua rica família, encarnando um personagem anárquico e irreverente), Burt Lancaster (fazendo um religioso com punhos fortes) e finalmente Laurence Olivier (em boa caracterização de um militar inglês pomposo mas consciente da fragilidade de suas tropas em vista do crescente aumento do número de rebeldes dentro da colônia). O interessante é que o roteiro intercala um tom mais sério com cenas mais leves, até românticas, tudo em menos de 90 minutos de duração. Há boa reconstituição histórica e uma curiosa linha narrativa feita em animação para situar o espectador sobre o contexto histórico em que o enredo se desenvolve. Hoje em dia alguns aspectos do argumento podem soar inocentes (como a troca de identidade entre os personagens de Kirk Douglas e Burt Lancaster) mas no saldo final tudo é muito bem realizado e mantém o interesse. Fica a dica para quem gosta de filmes enfocando o período colonial da história norte-americana.
Sem Lei e Sem Alma
Entre tantas histórias que ficaram célebres no velho oeste poucas conseguiram alcançar a fama do tiroteio ocorrido no Ok Corral em Tombstone, Arizona. De um lado o lendário xerife Wyatt Earp (Burt Lancaster), seus irmãos e Doc Holliday (Kirk Douglas), do outro lado o bando dos irmãos Clanton. Ambos se enfrentaram face a face, cada um a poucos metros do outro, armas em punho, um duelo que entrou para a história e que foi fartamente explorado no cinema durante todos esses anos. Esse "Sem Lei e Sem Alma" é até hoje considerado uma das melhores versões já feitas sobre o evento. O roteiro é extremamente bem trabalhado, nitidamente dividido em dois atos que se fecham e se complementam de forma perfeita. No primeiro ato acompanhamos a chegada de Wyatt Earp numa pequena cidade do velho oeste. Ele vem no encalço de Johnny Ringo (John Ireland) e seu bando. Lá se aproxima do pistoleiro e jogador inveterado Doc Holliday e acaba salvando sua vida ao ajudá-lo a fugir de seu próprio linchamento. No segundo ato encontramos os personagens já em Tombstone, a lendária cidade, onde nos 15 minutos finais do filme ocorrerá o famoso confronto no O.K. Corral.
Burt Lancaster e Kirk Douglas estão perfeitos em seus papéis. Kirk Douglas em especial encontrou grande afinidade entre sua própria personalidade expansiva e extrovertida e a figura do lendário Doc Holliday. Esse como já tive a oportunidade de escrever é realmente um personagem à prova de falhas. Um dentista corroído pela tuberculose que ocupava todo seu tempo jogando cartas e se envolvendo em confusões pelas cidadezinhas por onde passava. O que fazia de Doc um ótimo pistoleiro é que seu instinto de preservação já não era tão acentuado pois sempre se via no limite, à beira da morte, por isso para ele tanto fazia morrer em um tiroteio ou escapar vivo para mais um duelo à frente. Sua frieza e pontaria certeira o transformaram em uma lenda do velho oeste. Já Wyatt Earp também encontrou um ator ideal em Burt Lancaster. Íntegro, honesto e temido, procurava manter a lei em uma região infestada de facínoras e bandoleiros. O duelo no O.K. Curral foi apenas uma das inúmeras histórias envolvendo esse famoso homem da lei. Para finalizar é bom salientar que a despeito de sua imensa qualidade cinematográfica, "Sem Lei e Sem Alma" não é completamente fiel aos fatos históricos. O próprio duelo final, razão de existência do filme, não ocorreu da forma mostrada no filme. De fato os eventos reais foram bem mais simples, pois os dois grupos rivais estavam frente a frente, a poucos metros uns dos outros. No filme há toda uma sequência de cenas que não existiram como a queima da carroça, por exemplo. Johnny Ringo, o famoso pistoleiro, também não estava no confronto do O.K. Ele foi morto tempos depois no meio do deserto. Suspeita-se que foi morto por Doc Holliday pois ambos tinham uma rivalidade antiga que só seria resolvida com armas em punho. De qualquer forma esses detalhes em nada diminuem a extrema qualidade de "Sem Lei e Sem Alma", que hoje é considerado merecidamente um dos melhores westerns já realizados. Uma obra prima certamente.
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de julho de 2012
Scott Pilgrim Contra o Mundo
O filme é baseado na história em quadrinhos “Scott Pilgrim Volume 1: Scott Pilgrim´s Precious Little Life” de Byran Lee O´Malley e conta a estória de Scott Pilgrim, um jovem de 23 anos que tem uma banda de rock descolada e é apaixonado pela garota mais bonita da escola. Mal sabe ele que sua vida se transformará numa grande aventura para conquistar o amor da jovem de seus sonhos. O filme pode ser visto de duas maneiras diferentes. A primeira é analisando a forma em que a estória é contada. Nesse aspecto Scott Pilgrim é muito bom, nenhuma cena é mostrada de forma convencional e a linguagem empregada na narrativa é muito criativa e bem bolada. Nem preciso dizer que referências pop pipocam a cada segundo. A outra maneira de ver o filme é focando seu conteúdo. Nesse aspecto realmente não há muita novidade. O argumento traz os velhos problemas da juventude que já vimos muitas vezes no cinema antes. Basicamente é aquele jogo de "ela ama ele que ama outra". Scott Pilgrim na verdade é somente isso, um clichê adolescente contado de forma cool.
No elenco se destacam apenas o Michael Cera (repetindo pela milionésima vez o mesmo personagem o que me faz perguntar o que será de sua carreira quando ele não for mais jovem?). A gatinha Mary Elizabeth Winstead (que faz Ramona) também é talentosa e tem potencial pois sua interpretação não foi prejudicada nem pelas perucas horrorosas que tem que usar durante o filme (alguém roubou o guarda roupa da Marimoon?). A direção do jovem Edgar Wright também não compromete e faz com que o filme não caia no aborrecimento (o que já uma vantagem e tanto). Enfim, Scott Pilgrim é um filme mais indicado se você tiver menos de 17 anos e gostar de games. Fora isso pode entreter por causa da narrativa criativa e é só.
Scott Pilgrim Contra o Mundo (Scott Pilgrim vs. The World, Estados Unidos, 2010) Direção: Edgar Wright / Roteiro: Michael Bacall, Edgar Wright / Elenco: Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Kieran Culkin, Wallace Wells, Chris Evans, Lucas Lee, Anna Kendrick, Brandon Routh, Alison Pill, Jason Schwartzman / Sinopse: O filme é baseado na história em quadrinhos “Scott Pilgrim Volume 1: Scott Pilgrim´s Precious Little Life” de Byran Lee O´Malley e conta a estória de Scott Pilgrim, um jovem de 23 anos que tem uma banda de rock descolada e é apaixonado pela garota mais bonita da escola. Mal sabe ele que sua vida se transformará numa grande aventura para conquistar o amor da jovem de seus sonhos.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de julho de 2012
Fronteira Proibida
O filme porém não se concentra na situação mais global do que estava acontecendo em termos de geopolítica mas sim na delicada situação de apenas seis soldados suecos que acabam entrando no território norueguês para recuperar um de seus membros. A incursão ao território inimigo os leva inexoravelmente ao conflito contra as tropas alemãs estacionadas na região. Ao individualizar o argumento o roteiro acabou criando pontos positivos mas também negativos. O ponto positivo é que com o foco mais centralizado houve maior oportunidade de desenvolver os personagens individualmente. Além disso as cenas de combate e ação ficaram mais enxutas (todas filmadas em uma região extremamente bela da fronteira entre os dois países, um local de neve eterna, diga-se de passagem). O ponto negativo é que se perdeu uma boa oportunidade de mostrar mais a tensão entre as tropas suecas e alemãs no campo de conflito. De qualquer forma não há como negar que "Fronteira Proibida" é um competente entretenimento demonstrando todo o excelente nível técnico em que se encontra o cinema sueco atualmente. Indicado para os que querem conhecer melhor o cinema dos países do extremo norte europeu.
Fronteira Proibida (Gränsen, Suécia, 2011) Direção: Richard Holm / Roteiro: André Sjöberg, Johnny Steen / Elenco: André Sjöberg, Antti Reini, Bjørn Sundquist / Sinopse: Um grupo de soldados do exército sueco é enviado para um posto avançado na fronteira do país com a Noruega durante a II Guerra Mundial. A região é local de extrema tensão pois as forças alemãs ocupam o território norueguês e há indícios de uma eminente invasão nazista no território sueco.
Pablo Aluísio.
Predadores
Um grupo de pessoas é jogado numa selva desconhecida. Em pouco tempo descobrem que estão sendo caçados por criaturas desconhecidas em um local que também não conseguem identificar. Não tardará para descobrirem que estão em um outro planeta sendo na verdade caçados por alienígenas conhecidos como Predadores. Eu fui com a maior boa vontade assistir a esse filme. Sabia que era uma tentativa bem intencionada dos estúdios em reviver uma franquia que andava mal das pernas, à beira do cancelamento. Ao contrário dos desconhecidos dos filmes anteriores agora chegaram a inclusive contratar atores bons, como Adrien Brody e Laurence Fishburne. Até o diretor mudaram, trazendo o bom Nimród Antal (de "Temos Vagas" e "Assalto ao Carro Blindado"). Com tantas mudanças adiantou alguma coisa? Lamento informar mas foi tudo em vão. O filme é completamente derivativo, ou seja, não inova em nada e tudo o que acontece em cena você já viu antes se assistiu a pelo menos um filme da franquia.
O roteiro é o mesmo de todos os demais filmes. O argumento idem. A presença dos atores não faz a menor diferença (Fishburne por exemplo aparece por pouco mais de 10 minutos, lê uma página de diálogos e é logo despedaçado em cena). Roteiros e situações clichês, fotografia absurdamente escura (velho problema da franquia que se repete) e um final nada inspirado. Para completar nem os efeitos especiais empolgam (de novo apenas uma cena de ataque de animais alienígenas que se é bem feita também dura muito pouco). Nem a mudança de local (eles agora estão em um planeta distante) faz a menor diferença (pois a selva é igualzinha a do planeta terra). Enfim, dinheiro e boas intenções jogadas fora. Se você já viu algum Predador em sua vida nem se preocupe em ver esse, pois definitivamente esse filme você também já assistiu. Melhor rever o original com Arnold Schwarzenegger.
Predadores (Predators, Estados Unidos, 2010) Direção: Nimród Antal / Roteiro: Alex Litvak, Michael Finch / Elenco: Adrien Brody, Laurence Fishburne, Topher Grace / Sinopse: Um grupo de pessoas é jogado numa selva desconhecida. Em pouco tempo descobrem que estão sendo caçados por criaturas desconhecidas em um local que também não conseguem identificar. Não tardará para descobrirem que estão em um outro planeta sendo na verdade caçados por alienígenas conhecidos como Predadores.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
A Rede Social
O personagem principal também é pouco carismático, aliás não tive nenhum tipo de empatia com ele, pelo contrário, achei seu comportamento pouco ético já que não pensou duas vezes em passar a perna em diversas pessoas ao longo do filme. Um sujeito sem nenhum bom exemplo a passar, meio maluco e bastante anti social. Claro que vale como um retrato da geração que fez e aconteceu na net mas pelo exposto tirei a conclusão (nada impulsiva) de que todos esses jovens que ficaram milionários com o mundo virtual ainda não possuem bom preparo ético, emocional e de valores para estar aonde estão. Todos são egocêntricos, imaturos e vingativos. Não se salva nenhum, passando pelo Mark, indo pelas pessoas mais próximas a ele e finalmente chegando no criador do Napster (cujo personagem foi muito bem interpretado pelo cantor Justin Timberlake). Como filme e apenas como filme, "A Rede Social" é um bom produto mas é muito convencional. Ele não é a oitava maravilha do mundo e nem vai mudar sua vida. Como retrato dessas pessoas mostra muito bem a lei da selva que impera entre eles. É um mundo onde não existem verdadeiros heróis.
A Rede Social (The Social Network, Estados Unidos, 2010) Direção: David Fincher / Roteiro: Aaron Sorkin, Ben Mezrich / Elenco: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Rooney Mara / Sinopse: Cinebiografia de Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), o criador da rede social Facebook. Após ficar milionário com seu site ele começa a entrar em atrito com todas as pessoas que lhe ajudaram de alguma forma no começo de sua carreira.
Pablo Aluísio.