quarta-feira, 25 de julho de 2012

Marilyn Monroe e Yves Montand

A produção de "Quanto Mais Quente Melhor" foi literalmente um caos. Marilyn causou todos os tipos de problemas para o diretor e elenco. Chegava às seis da tarde para gravar cenas que tinham sido programadas para às nove da manhã, não conseguia falar nem os mais simples diálogos e criava brigas e desentendimentos com todos. Chegou ao ponto de se recusar a entrar no set por achar que um dos operadores de câmera não gostava dela! A verdade pura e simples era que Monroe estava abusando cada vez mais das pílulas e da bebida. A atriz ja amanhecia tomando Champagne e não raro ficava completamente embriagada antes mesmo de ir trabalhar no estúdio. Fora isso as altas doses de Demerol a deixavam completamente confusa, sem saber direito o que fazer. Em última análise Marilyn não era uma má profissional mas sim uma pessoa simplesmente doente que precisava urgentemente de tratamento psicológico.

O Set de "Quanto Mais Quente Melhor" foi tão bagunçado que ninguém mais queria trabalhar ao lado de Marilyn. Quando a Fox anunciou seu novo filme, que seria chamado no Brasil de "Adorável Pecadora" muitos convites foram feitos. Rock Hudson, Gregory Peck e até Brando foram convidados para estrelarem ao lado de Marilyn mas nenhum deles aceitou o convite. Eles sabiam que teriam enormes dores de cabeça se fossem trabalhar com Monroe e assim simplesmente disseram não alegando uma desculpa qualquer. Diante do pavor dos astros americanos para contracenarem com Marilyn a Fox não teve outra alternativa a não ser contratar um estrangeiro para fazer o par romântico da atriz no filme. O escolhido foi o fino e sofisticado Yves Montand, que naquele momento estava vivendo o auge de seu sucesso.

De início Montand e Marilyn se deram bem. Ele era casado com a elegante Simone Signoret, que conhecendo bem a fama da atriz resolveu ficar por perto durante as filmagens. Monroe obviamente também simpatizou muito com ela e ambas começaram uma nova amizade que parecia ser sincera. Tudo parecia muito bem para todos. Infelizmente conforme as filmagens começaram os velhos problemas de Monroe ressurgiram. Ela simplesmente não aparecia no estúdio para as filmagens, deixando todos ali plantados esperando por sua chegada que nunca acontecia. No começo Montand procurou levar na esportiva mas logo percebeu que seria um enorme sacrifício trabalhar ao lado dela. Como sempre Marilyn não conseguia dizer seus diálogos, parecia desnorteada, sem saber direito o que acontecia. Arthur Miller seu marido nada podia fazer pois naquela altura de seu casamento já tinha virado uma sombra da atriz. Monroe o usava apenas para levar sua bagagem de um lado ao outro e Miller se anulou como homem.

Não demorou para que Marilyn começasse a fazer seu jogo de sedução com Montand. Eles estavam hospedados no mesmo hotel, um fino resort com luxuosos bangalôs próximos uns aos outros. Essa proximidade logo se tornou irresistível para Marilyn. Embaixo dos narizes de Arthur Miller e da esposa de Montand, eles logo começaram um apaixonado affair. De manhã quando não aparecia para trabalhar o diretor arrancando os cabelos da cabeça pedia a algum membro de sua equipe para ir chamar Marilyn em seu bangalô. Assim que começou o romance com Marilyn o próprio Yves Montand começou a se voluntariar para ir chamar Monroe. O problema é que tudo não passava de uma desculpa para mais encontros furtivos entre o casal apaixonado. Enquanto toda a equipe ficava de prontidão, Marilyn e Montand se enrolavam nos lençóis brancos da suíte da atriz. Com menos de 20% das cenas filmadas o orçamento do filme estourou. Manter todo um set em prontidão custava milhares de dólares e quando nada era realizado tudo o que restava era um enorme prejuízo para a Fox.

Assim a produção literalmente iria para o buraco. As coisas só começaram a andar de novo porque sem motivo aparente Montand resolveu cair fora daquela aventura. Numa manhã Arthur Miller quase pegara Montand de cuecas dentro do quarto de Marilyn. Temendo que um escândalo desses acabasse com sua carreira na América ele resolveu pular fora. Marilyn ficou desolada completamente. A esposa de Montand já sabia o que acontecia mas preferiu manter sua classe e elegância esperando que seu marido colocasse o juízo no lugar. Quando o filme finalmente ficou pronto e foi lançado a crítica quase que de forma unânime o classificou como uma decepção. Marilyn não estava particularmente bonita em cena, surgindo fora do peso, com olheiras visíveis (fruto da sua eterna dificuldade de dormir). O público americano também não comprou a figura estrangeira de Montand e assim a produção não conseguiu se tornar um sucesso como o anterior "Quanto Mais Quente Melhor".  

Muitos anos depois Montand finalmente assumiu o romance publicamente com sua estrela mas procurou minimizar alegando que tudo não passava de uma "aventura" e que Marilyn estava louca se pensava que ele deixaria sua esposa para viver com ela. Completou dizendo que a achava muito "Infantil, quase  uma criança" e que jamais levaria algo com ela adiante. Já  Simone Signoret amenizou: "Eu sabia que Marilyn tinha um caso com meu marido. Acredito que Arthur Miller também sabia mas nunca consegui ter raiva dela! Ela me deu de presente um lindo lenço que guardo até hoje. Está um pouco puído mas ao se dobrar bem ninguém percebe. Depois que o filme acabou ela nunca mais falou comigo pensando que eu teria ficado magoada com seu caso com meu esposo mas não, ainda a guardei como uma amiga querida, apesar de tudo". Yves Montand pensou que Marilyn o deixaria em paz quando voltasse a Paris mas não foi o que aconteceu. A atriz ainda continuou por longo tempo lhe bombardeando com telefones internacionais. Montand se esquivou como foi possível, evitando falar com ela, dizendo que tinha saído de casa, etc. Até que depois de alguns meses os telefonemas finalmente cessaram. Era mais um caso amoroso fracassado na longa lista da atriz. Mais um trauma que ela tinha que lidar em suas noites solitárias.

Pablo Aluísio.

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