Um professor branco (Tommy Lee Jones) e um operário negro (Samuel L. Jackson) estão sentados numa sala de um apartamento de periferia em Nova Iorque. O personagem de Jones acaba de tentar o suicídio pulando na frente do trem Sunset Limited. Salvo no último momento por Jackson ambos agora tentam entender as razões que o levaram à tentativa de se matar. O professor é um sujeito cético, ateu, cansado da vida, sem esperanças. Após tantos anos resolve abreviar sua própria existência. Para ele nada mais é importante ou tem relevância. O velho intelectual não tem religião alguma e está convencido que a morte se resume ao nada, ao vácuo eterno. Segundo suas próprias palavras ele estaria disposto a seguir uma religião que preparasse o homem para o nada absoluto da morte e não as que estão aí que apenas prometem uma outra vida após a morte física, cheia de paraísos e anjos celestiais. Em sua visão tudo isso não passa de meras bobagens. Já o negro, um ex-presidiário que agora trabalha na empresa ferroviária, é o extremo oposto disso. Crente, profundamente religioso, tenta trazer Jesus para a pobre alma do professor. Com a bíblia sobre a mesa, eles discutem sobre Deus, vida após a morte, o nada, o tudo, o vácuo, a salvação. Baseado na peça de Cormac McCarthy, o filme tem ótimos diálogos e um conteúdo expressivo, muito filosófico e teológico que é recomendado especialmente para as pessoas mais versadas sobre esses ramos do conhecimento humano.
A estrutura do filme é teatral. Só existem de fato dois personagens em cena que levantam as questões sobre a existência ou não de Deus. O cenário também é único. A força de Sunset Limited vem de seus diálogos, de sua proposta, das idéias que são debatidas em cena. Não há nenhuma válvula de escape em sua trama, tudo é baseado em seu texto que faz refletir e que lança questões existenciais que ficam conosco mesmo após o final do filme. Adianto que “Sunset Limited” não é um filme de conversão religiosa, nada disso. O roteiro procura sempre não tomar partido, dando chances iguais para ambos os personagens em cena. Em nenhum momento o argumento se mostra verdadeiro para o ateu ou para o religioso. As questões são expostas para que o espectador forme sua própria opinião depois. Essa certamente é sua maior qualidade. Sendo imparcial cada um irá seguir suas próprias convicções pessoais. Enfim indico “Sunset Limited” para pessoas inteligentes que gostem de filosofia, teologia e grandes temas universais. Esses certamente irão gostar da proposta singular do filme.
The Sunset Limited (Estados Unidos, 2011) Direção: Tommy Lee Jones / Roteiro: Cormac McCarthy / Elenco: Samuel L. Jackson, Tommy Lee Jones / Sinopse: Após tentar se suicidar um professor branco debate sobre ateismo, materialismo, teologia e filosofia com um operário negro da linha ferroviária que lhe salvou a vida no último segundo.
Pablo Aluísio.
The Sunset Limited
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