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sábado, 13 de agosto de 2011

Maria, Mãe de Jesus

Os maiores momentos na vida de Maria estão devidamente registrados nas escrituras. A concepção imaculada de seu filho Jesus Cristo, sua visita ao lado do filho ao templo, seu sofrimento ao pé da cruz, entre outros acontecimentos importantes. Maria é uma das pessoas mais importantes na história do novo testamento, disso não restam dúvidas. Apesar disso ainda existem muitas dúvidas cruciais sobre sua biografia histórica. Por exemplo, quando Maria chegou ao fim de sua existência na Terra? Quantos anos tinha? Como passou o resto de sua vida? Onde viveu seus últimos anos? São questionamentos que a Igreja Católica, através de inúmeras pesquisas históricas e arqueológicas, tem feito ao longo dos séculos.

Infelizmente os grandes historiadores, os oficiais, geralmente focam sua atenção nos reis, imperadores e líderes políticos por mais infames e assassinos que eles tenham sido. Maria era uma mulher do povo. Claro que ela fez parte da maior história de todos os tempos, a do seu filho Jesus, mas a consciência sobre isso só ocorreu séculos depois de sua morte. Helena, mãe do Imperador Constantino, tentou recriar os passos de Maria através da tradição oral da região onde vivia mas claro que registros assim não primam pela realidade histórica pois foram realizados séculos depois da história ter acontecido.

Também é controvertida a idade exata em que Maria teria dado luz ao seu filho Jesus. Uma tese afirma que ela teria em média algo como 16 anos ou um pouco mais. Na antiguidade as mulheres tinham seu primeiro filho com pouca idade. Era algo normal. Outro aspecto curioso (mas não comprovado) afirma que muito provavelmente Maria tenha sido a segunda esposa de José, o que explique talvez a existência de outros irmãos de Jesus (outro ponto bastante discutido pois não se sabe se eram irmãos de fato de Jesus ou primos pois algo se perdeu na tradução original). Chamo a atenção para a aparição de Maria em Lourdes. A vidente Bernardete Soubirous teria explicado para as autoridades da Igreja Católica que na visão Maria teria a aparência de uma mulher bem jovem, na faixa de 15 a 16 anos - justamente a suposta idade em que teria sido mãe de Jesus.

Se fatos da vida de Maria são complicados de precisar ainda mais difícil é saber o que aconteceu com José, seu esposo. Conhecido pela tradição como o "santo silencioso" por causa de seu ato de manter o silêncio ao longo de todo o texto bíblico, não se sabe onde morreu e nem quando. A José, Deus deu a missão de criar o filho Jesus durante sua infância e adolescência, lhe ensinando os primeiros valores e também uma profissão, a de carpinteiro na pequena cidade onde moravam. Mas voltemos à história de Nossa Senhora.

Através de tradições o que sabemos é que Maria teria passado seus últimos dias ou em Jerusalém ou em Éfeso, cidade greco-romana da antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor. Provavelmente ela tenha morado algum tempo nas duas localidades, por isso as duas informações chegaram até nós. Quantos anos teria vivido ainda Maria? Aqui também temos duas fontes de informações. Uma que revela que Maria teria subido aos céus com pouco mais de 55 anos de idade. Uma informação mais recente - datada da idade média - afirma que ela teria chegado aos 70 anos, uma faixa etária excepcional para a antiguidade onde a imensa maioria da população mal chegava aos 40 anos por causa das dificuldades próprias da época.

De uma forma ou outra Maria passou seus últimos dias de forma exemplar, o que lhe valeu o título de santíssima entre os primeiros cristãos. Aliás é bom salientar que Maria se tornou um exemplo, um ícone, desde os primeiros anos. Sítios arqueológicos na Terra Santa datados do século I trazem registros de cultos realizados em honra à Maria. Após a morte do filho teria se encontrado com os doze apóstolos de Jesus, no último encontro entre eles, ainda nos primórdios do movimento cristão. Isso mostra que também era uma figura extremamente importante e influente entre os fundadores do cristianismo primitivo.

A Igreja Católica manteve com muita sabedoria, bem viva essa tradição de louvar a Virgem Maria. O chamado Marianismo é um dos fundamentos da fé católica. Assim a santidade de Maria foi por quinze séculos intocada até o protestantismo diminuir de certo modo a importância de Maria dentro da doutrina cristã. Alegaram que não existe nada nas escrituras que justifique seu status religioso dentro da Igreja Católica, algo complicado de explicar, uma vez que Maria foi escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus na Terra! Haveria algo mais santo e importante do que isso? Obviamente não.

Certamente nunca foi uma mulher comum ou qualquer como querem crer alguns escritores
protestantes já que a importância de Maria é vital dentro da história de Cristo e isso está devidamente registrado no Novo Testamento. O próprio Lutero não concordava com essa visão radical em relação a Nossa Senhora, tanto que escreveu textos procurando reverter essa postura mas foi em vão. É enfim uma visão teológica bastante equivocada e sem fundamento. Trataremos muito ainda sobre Maria em nosso blog, afinal ele também é dedicado a ela, em toda sua santidade imaculada.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Nossa Senhora de Lourdes

Hoje os católicos em todo mundo celebram o dia de aparição de Nossa Senhora de Lourdes. Foi em 1858 que Nossa Senhora apareceu para a jovem francesa Marie-Bernard Soubirous em Lourdes, na França. O local de sua aparição se deu na gruta conhecida como Massabielle (que em português significa literalmente "rocha velha"). Era 11 de fevereiro. Marie seria canonizada pela Igreja Católica, se tornando Santa Bernadete por causa dessa experiência divina que viveu ao lado da Virgem Santíssima. Ela inclusive deixou um relato maravilhoso do acontecimento, ao qual reproduzimos a seguir: “Eu tinha ido com duas outras meninas na margem do rio Gave quando eu ouvi um som de sussurro. Olhei para as árvores e elas estavam paradas e o ruído não era delas. Então eu olhei e vi uma caverna e uma senhora vestindo um lindo vestido branco com um cinto brilhante. No topo de cada pé havia uma rosa pálida da mesma cor das contas do rosário que ela segurava. Eu queria fazer o sinal da cruz, mas eu não conseguia e minha mão ficava para baixo. Aí a senhora fez o sinal da cruz ela mesma e na segunda tentativa eu consegui fazer o sinal da cruz embora minhas mãos tremessem. Então eu comecei a dizer o rosário enquanto ela movia as contas com os dedos sem mover os lábios. Quando eu terminei a Ave-Maria, ela desapareceu."

Depois ela continua com suas lembranças: "Eu perguntei às minhas duas companheiras se elas haviam notado algo e elas responderam que não haviam visto nada. Naturalmente elas queriam saber o que eu estava fazendo e eu disse a elas que tinha visto uma senhora com um lindo vestido branco, embora eu não soubesse quem era. Disse a elas para não dizer nada sobre o assunto porque iriam dizer que era coisa de criança. Voltei no domingo ao mesmo lugar sentindo que era chamada ali. Na terceira vez que fui, a senhora reapareceu e falou comigo e me pediu para retornar todos os próximos 15 dias. Eu disse que viria e então ela disse para dizer aos padres para fazerem uma capela ali. Ela me disse também para tomar a água da fonte. Eu fui ao rio que era a única água que podia ver. Ela me fez realizar que não falava do rio Gave e sim de um pequeno fio d’água perto da caverna. Eu coloquei minhas mãos em concha e tentei pegar um pouco do líquido sem sucesso. Aí comecei a cavar com as mãos o chão para encontrar mais água e na quarta tentativa encontrei água suficiente para beber. A senhora desapareceu e fui para casa. Voltei todos os dias durante 15 dias e cada vez, exceto em uma Segunda e uma Sexta, a Senhora apareceu e disse-me para olhar para a fonte e lavar-me nela e ver se os padres poderiam fazer uma capela ali. Disse ainda que eu deveria orar pela conversão dos pecadores. Perguntei a ela, várias vezes, o que queria dizer com isto, mas ela somente sorria. Uma vez finalmente, com os braços para frente, ela olhou para o céu e disse-me que era a Imaculada Conceição. Durante 15 dias ela me disse três segredos que não era para revelar a ninguém e até hoje não os revelei”.

Importante lembrar que o Dogma da Imaculada Conceição havia sido confirmado pelo Papa, apenas quatro anos antes. Em sua mensagem Maria, mãe de Jesus, pediu pela conversão dos pecadores, pela oração dos cristãos para que todos eles se encontrassem com Deus. Também realizou milagres ao fazer brotar uma fonte de águas puras que se revelaria nos anos seguintes milagrosa. Maria foi descrita por Santa Bernadete como uma mulher delicada e luminosa, vestindo uma túnica branca, com uma faixa azul celeste na cintura. Ela também manteria uma posição de perene oração, com as mãos juntas ou cruzadas sobre seu peito. Inicialmente as autoridades da Igreja, como era de se esperar, agiram com cautela em relação às aparições. Ao longo dos séculos a Igreja Católica sempre prezou pelo cuidado antes de tornar oficial ou reconhecer qualquer tipo de aparição de Nossa Senhora. Dez anos após Maria surgir perante Marie-Bernard Soubirous a Igreja finalmente reconheceu como legítima a aparição de Nossa Senhora de Lourdes.

A partir desse ponto milhões de pessoas durante esses 160 anos foram até Lourdes em busca de graças e milagres atribuídos a Maria Santíssima. Os relatos e as curas foram documentadas e estão por toda parte. Um santuário lindo foi erguido no local das aparições e até hoje atrai milhares de pessoas todos os anos à região. E o que aconteceu com Bernadette Soubirous após todos esses eventos santos? Sua origem foi muito humilde. Seu pai era um trabalhador comum que viu sua família passar por severas privações financeiras. Bernadette nasceu e viveu em extrema pobreza. Sua família morava em um lugar insalubre e miserável. Além das privações ela também enfrentou vários problemas de saúde em sua infância como cólera e asma. A pobreza extrema atrapalhou seus estudos e ela encontrou muitas dificuldades em ter uma educação formal. Em 11 de fevereiro de 1858 sua vida mudou para sempre ao ter a primeira visão de Nossa Senhora. Entre os dias 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858 ela teve ao todo dezoito visões da Virgem Maria.

Depois das aparições ela foi interrogada e investigada não apenas por membros do clero, mas também por autoridades locais. Jamais entrou em contradição ou mentiu sobre o que teria presenciado. Sua postura sempre firme e autêntica acabaram convencendo seus interrogadores. Em 1860 ela entrou para o convento das Irmãs da Caridade de Nevers. Sete anos depois iniciou seu noviciado. Trabalhou como enfermeira do hospital da congregação de freiras do qual fazia parte. Aos 35 anos ficou muito doente, vindo a falecer em 16 de abril de 1879 na cidade de Nevers. Amada e respeitada pelo povo local seu enterro atraiu centenas de milhares de pessoas, todas determinadas a dar o último adeus para aquela bondosa freira que tinha tido o privilégio em vida de testemunhar uma das mais famosas aparições de Nossa Senhora.


Depois de seu falecimento milagres começaram a ser atribuídos a Bernadette Soubirous. Uma jovem deficiente das mãos se curou milagrosamente. A cura de uma criança com tuberculose (uma doença incurável na época) foi também creditada à intercessão dela. Por fim a cura de um aleijado veio coroar finalmente sua santidade. Em 8 de Dezembro de 1933 o Papa Pio XI canonizou Marie-Bernard Soubirous como Santa Bernadette de Lourdes. Em relação a essa santa há um outro fator importante a se destacar. Em 1909 seu corpo foi exumado pois autoridades da Igreja Católica queriam transportar seus restos mortais para um anexo no Santuário de Lourdes. Quando abriram seu caixão veio o choque para todos os presentes: o corpo de Bernadette estava incorrupto, com a aparência tal como foi enterrada no século anterior. Ela estava em perfeito estado de conservação, sem o menor sinal de decomposição como era de se esperar. Hoje o corpo da Santa (foto acima) encontra-se em visitação pública, na Igreja de Saint Gildard, em Nevers, França, onde todos os fiéis de Nossa Senhora de Lourdes podem ver com seus próprios olhos mais um dos milagres atribuídos à Virgem Maria, em todo o seu esplendor. Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!

Pablo Aluísio.

10 Erros Históricos Sobre a Igreja Católica

1. Católicos adoram imagens e santos?
Não. Cátólicos não adoram imagens e nem santos. Os santos católicos são apenas símbolos, exemplos de vida cristã. Os santos católicos nada mais são do que exemplos de vida, de bondade, de vivência do evangelho. Sua base teológica está na própria bíblia em diversos versículos, sendo um dos mais representativos o seguinte: "Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor". (Hebreus 12:14). Esse é um erro histórico e teológico que vem sendo repetido há séculos e não importa o quanto a Igreja tenha explicado, sempre retorna, muito por causa da ideologia protestante, sempre direcionada a ganhar mais e mais adeptos.

2. O Papa Bento XVI era nazista?
Pobre Bento XVI - Todo jovem era obrigado a entrar na juventude hitlerista na época. A recusa era encarada como traição à pátria e a punição era o fuzilamento. Quem não entrasse era morto. Joseph Aloisius Ratzinger era apenas um garoto quando entrou para as fileiras da juventude nazista. Assim que teve a oportunidade porém entrou para um seminário que era o seu sonho desde a tenra idade. Lá começou sua longa e produtiva vida religiosa. As acusações de que Bento XVI era nazista ignoram propositalmente o contexto histórico com o claro objetivo de atacar a Igreja Católica como instituição.

3. Pio XII e a Igreja Católica ajudaram os nazistas?
Outra calúnia sempre repetida contra a Igreja Católica. Na verdade Pio XII salvou mais judeus do que você possa imaginar. Ele hoje é reverenciado inclusive no jardim dos justos em Israel por ter dado a ordem para a Igreja abrir suas portas para judeus perseguidos. Recentemente foi publicado um livro chamado "Espiões no Vaticano. Os Papas na mira dos serviços secretos" de autoria de Werner Kaltefleiter e Hans Peter Oschwald que revelam os planos do alto comando alemão em mandar sequestrar e matar o Papa Pio XII. O próprio Hitler teria ficado furioso com a ordem que Pio XII teria dado para que todas as igrejas, seminários, escolas, hospitais e conventos católicos espalhados pelo mundo dessem apoio irrestrito a refugiados judeus da perseguição nazista. Isso desmitifica uma das grandes calúnias da história recente.

4. Qual é o significado das imagens católicas? São instrumentos de idolatria?
Claro que não. As imagens católicas apenas representam as pessoas que foram exemplo de vida e virtude. Em um exemplo bem fácil de entender elas equivalem a fotografias. Como na antiguidade não existiam fotografias se usavam as estátuas, as imagens. O que a Bíblia condena é o uso de uma imagem como se fosse uma divindade. Os antigos acreditavam que a própria imagem era um Deus. Os católicos sabem muito bem que é apenas uma estátua de gesso. O símbolo vem do exemplo e não da imagem em si. É apenas uma ferramenta de fé e não um objeto de adoração em si mesmo.

5. Se não é idolatria porque os católicos ficaram ofendidos quando um pastor chutou uma imagem de Nossa Senhora? Deve-se haver respeito mútuo entre religiões. O chute da imagem é um ato de violência contra a fé alheia. Aquele não foi apenas um chute em uma estátua de gesso, mas um chute na fé católica. Chutar uma imagem como aquela equivale a, por exemplo, uma pessoa cuspir na imagem de um ente querido seu, cuspir na foto de sua mãe, só para citar uma analogia adequada. Isso é uma ofensa. Mas repito: nenhuma imagem católica é adorada. Está no catecismo. Essa é uma velha falácia protestante. Uma jogada de puro marketing para angariar fieis e dízimos. Nada mais do que isso.

6. Quem afinal de contas é Aparecida? O que ela significa?
Aparecida é Nossa Senhora. Maria, mãe de Jesus. Aparecida é uma pequena estátua que foi encontrada por pescadores. Vários milagres foram atribuídos a Maria e depois disso ela virou a padroeira do Brasil. Algumas representações mostram Aparecida como uma Nossa Senhora negra, o que também representa a diversidade étnica do nosso povo. Por essa razão em muitas reproduções temos uma Nossa Senhora de cor afro. A própria estátua de Aparecida foi confeccionada em material escuro, por isso a associação.

7. O catolicismo foi criado pelo Imperador Constantino?
Um velho erro histórico muito repetido pelas ideologias protestantes nos últimos cinco séculos. É outra falácia sem base na história real. O catolicismo não foi criado pelo imperador Constantino. O Imperador romano na realidade se curvou perante a proliferação da fé católica que havia se difundido tanto em Roma que não havia mais como parar seus avanços. Como era um político logo entendeu que não conseguiria se manter no poder sem o apoio dos cristãos. Assim não só oficializou a nova religião, como também ele próprio se converteu ao cristianismo, sendo o primeiro imperador romano da história a ser cristão. Definitivamente Constantino não criou o catolicismo, apenas foi convertido por ele.

8. E de onde vem o catolicismo?
De Pedro, apóstolo de Jesus. O momento de criação da Igreja Católica está no próprio evangelho. Nele Jesus se dirige a Pedro e diz: ""Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja" (Mt 16,18). Depois afirmou que os portões do inferno jamais iriam prevalecer sobre a sua Igreja, algo que se revelou verdadeiro pois há dois mil anos a Igreja Católica está de pé, firme e forte. A Igreja Católica também foi a única por quinze séculos. Durante mil e quinhentos anos havia apenas a Igreja Católica até que um um monge agostiniano católico chamado Lutero resolveu expor toda as suas críticas contra a doutrina católica. Inicialmente Lutero queria apenas reformar a Igreja por dentro, mas depois que entendeu ser isso impossível resolveu fundar sua própria Igreja que em sua opinião também deveria ser una! Quando as igrejas protestantes começaram a proliferar, sem unidade alguma, inclusive com visões antagônicas entre si, Lutero se arrependeu do que fez. Alguns historiadores afirmam que cometeu suicídio após uma noite de bebedeiras numa taverna local, muito conhecido por ser um ponto de prostituição em sua cidade.

9. Historicamente o que são os protestantes?
Historicamente protestantes são apenas dissidentes católicos. E como todos os dissidentes odeiam de onde vieram. Depois que Lutero deu a ideia as igrejas protestantes se multiplicarem, também se multiplicaram as brigas entre os próprios protestantes. Dando razão ao ditado "cada cabeça uma sentença" as seitas protestantes começaram a divergir não apenas da Igreja Católica de onde vieram, mas entre si também. Com visões teológicas bem diferentes entre si eles logo entraram em conflitos, muitas vezes sangrentos, na história. Como bem observou um analista político da Idade Média, "Pouco do "Ame ao próximo como a si mesmo" será encontrado no meio evangélico, isso porque eles são fruto da discórdia e da briga e continuarão brigando até o fim dos tempos." Como se vê a centralização religiosa e a hierarquia clerical possui muito mais vantagens em termos de organização do que desvantagens.

10. A Inquisição foi puramente católica ou existiu uma inquisição protestante também?
Vários historiadores renomados afirmam que a Inquisição protestante foi mais brutal do que a inquisição católica ao longo dos séculos. Havia requintes de tortura e fanatismo extremos. O próprio Calvino, um dos criadores da doutrina protestante, foi acusado por homens de sua época de ser um sádico que adorava torturar seus opositores. Ficou bastante conhecida a história de que teria mando derramar chumbo derretido na cabeça de pensadores católicos que eram contrários às suas ideias. A inquisição protestante inclusive atravessou os mares, indo parar na América do Norte. Na colônia britânica que mais tarde se tornaria os Estados Unidos houve inúmeros casos de queima de bruxas e de hereges. Um dos casos mais conhecidos foi das bruxas de Salem, quando um pastor local da cidade de Salem enviou dezenas de pessoas inocentes para a fogueira. Do lado católico o Papa João Paulo II pediu perdão pelos erros históricos cometidos. Do lado evangélico até hoje não se conhece nenhum pedido de perdão oficial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Papa Pio IX

Foi um dos grandes Papas da história. Giovanni Maria Mastai-Ferretti nasceu em um berço liberal na cidade de Senigália, na Itália, em 13 de maio de 1792 (reparem que na mesma data em que séculos depois ocorreria a aparição de Nossa Senhora em Fátima). Sua família era conhecida por sempre abraçar as ideologias mais progressistas, mais modernas. Na juventude foi impedido de seguir carreira militar, como muitos jovens de sua época, por causa de um sério problema de saúde: Giovanni tinha ataques de epilepsia frequentes. Muito religioso, desde cedo demonstrou ter vocação para os assuntos de Deus. Resolveu então dedicar-se ao estudo da teologia. Em poucos anos se tornou sacerdote católico, se tornando padre em 1819, com a idade um pouco acima da média da de outros membros do clero ao iniciarem sua carreira religiosa. Foi enviado então para servir na América do Sul, no Chile, onde ficou por longos anos. Foi uma grande experiência de vida pois deu a Giovanni a oportunidade de conhecer outros povos, outras culturas, outras manifestações religiosas do catolicismo. Em 1825 retornou para a Itália onde começou a alcançar postos mais importantes dentro da hierarquia da Igreja católica. Dois anos depois foi nomeado arcebispo na cidade de Spoleto e em 1840 se tornou cardeal na diocese de Imola.

Muito por causa de sua linhagem familiar, Giovanni foi por décadas considerado um representante da ala mais liberal e progressista da Igreja, abrindo diálogo com todos os setores da sociedade, inclusive com a maçonaria. Esse rótulo o acompanhou e quando seu nome surgiu com força no conclave para escolher o sucessor de Gregório XVI, ele foi apoiado justamente por esses setores mais reformistas. Eleito Papa em 1846, Giovanni resolveu adotar o nome Papal de Pio IX em homenagem a Pio VIII, a quem tinha uma admiração muito especial. Queria se espelhar nele como novo Papa da Igreja. Todos esperavam que Pio IX promovesse profundas reformas estruturais e de liturgia dentro da Igreja. No começo de seu pontificado ele foi visto como a grande esperança dos liberais por toda a Europa. Afirmava-se que a maçonaria havia celebrado sua eleição. De fato no começo de seu reinado no trono de Pedro, Pio IX realmente nutriu grandes esperanças em se aliar com esses tipos de movimentos sociais, mas um fato mudou seu modo de ver a questão.

Agentes da Igreja Católica interceptaram mensagens maçônicas que em códigos secretos traziam planos para literalmente destruir a Igreja. Nas mensagens líderes maçônicos influentes planejavam infiltrar membros ligados a eles dentro do próprio clero católico. Era uma forma de desestabilizar as bases de fundação da Igreja por dentro de sua própria estrutura. Pio IX ficou profundamente abalado com as revelações. A partir desse ponto ele entendeu que aqueles que se diziam seus aliados e amigos na verdade estavam planejando sua queda. Pio IX resolveu reagir e começou a tomar uma série de medidas para reforçar os dogmas e os princípios católicos mais importantes. Abraçando o conservadorismo dentro de seu estilo de governar Pio IX começou a surpreender todos os que diziam que ele iria adotar uma linha extremamente liberal. No documento Syllabus Errorum condenou diversas ideologias que começavam a dominar corações e mentes por todo o mundo naquela época. Condenou em especial o comunismo, o socialismo, o racionalismo e a maçonaria. Foi um choque para seus antigos admiradores liberais.

Pio IX também entendeu que a única forma de combater os setores anti-católicos era se tornar extremamente católico. Reforçar o Papado, a crença nos santos e na virgem Maria, pontos sempre atacados por setores protestantes. Começou uma série de canonizações em série, algo inédito dentro da história da Igreja. Assim determinou que os processos de canonização fossem mais céleres e rápidos (alguns levavam séculos para se chegar numa conclusão definitiva). Na visão de Pio IX a Igreja precisava de mais exemplos positivos, de mais santos consagrados em sua história. Em 1854 proclamou o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria, algo que causou forte reação dos protestantes europeus que defendiam que Maria era apenas uma mulher comum, como todas as outras. Isso porém não deveria ser considerado por católicos e Maria deveria ser sempre valorizada, algo que ficou muito claro na encíclica Ineffabilis Deus.

Dando continuidade em sua valorização do catolicismo o Papa Pio IX convocou o Concílio Vaticano I com a presença de mais de 700 bispos de todo o mundo. Nessa ocasião, procurando valorizar a figura do Papa, foi confirmado o dogma da infalibilidade papal. Os protestantes arrancaram os cabelos de tanta indignação. Os católicos celebraram. Era mais um ato de valorização da religião católica por parte de Pio IX, como sempre valorizando a Virgem Maria, os Santos e o Papa. Outra preocupação do Papa foi reforçar a presença católica em países onde havia ocorrido problemas políticos envolvendo a Igreja no passado. Na Inglaterra, onde a Igreja Católica havia sido praticamente banida por ordens do Rei Henrique VIII, a Igreja voltou a organizar seus quadros. A hierarquia foi restabelecida e muitas propriedades que tinham sido roubadas pelo antigo monarca foram devolvidas para a Igreja Romana. Em países onde havia ocorrido uma verdadeira guerra de intolerância religiosa contra católicos por parte de setores protestantes, Pio IX conseguiu das autoridades locais a garantia de proteção dos templos católicos, seus sacerdotes e os fiéis. Com isso o catolicismo começou a crescer novamente após ter sido banido por décadas por governos protestantes, principalmente nos países nórdicos da Europa.

Pio IX governou por mais de três décadas (seu papado durou 31 anos e sete meses) e foi o mais longo da história, atrás apenas de Pedro, apóstolo de Jesus e considerado o primeiro Papa. Ele enfrentou problemas sérios como a perda dos territórios papais e chegou a sofrer risco real de ser assassinado por seus inimigos. Em determinada ocasião precisou fugir de Roma, disfarçado de padre, para não ser morto por assassinos contratados. Enfrentou com coragem a ferrenha oposição de maçons, protestantes, judeus e comunistas. Sua decisão de reforçar o catolicismo foi seu maior legado. Pio IX mostrou grande inteligência e inspiração ao conduzir a Igreja Católica em um dos períodos mais duros da história, quando a fé católica estava sendo atingida por todos os lados e por setores poderosos da sociedade. Sua firmeza de caráter e perseverança em defender a Igreja é um exemplo que deve ser seguido por todos os católicos. Ele morreu aos 85 anos de idade em 7 de fevereiro de 1878. Em setembro de 2000 o Papa João Paulo II o beatificou. Sua festa litúrgica é celebrada no dia 7 de fevereiro. Um merecido reconhecimento por um homem que lutou bravamente por sua fé e suas crenças católicas.

Pablo Aluísio.

Santidade e sua Fundamentação Biblica

É curioso que dentro da doutrinação evangélica se recuse de forma veemente a figura do santo. Muitos evangélicos inclusive afirmam que os católicos estão errados ao reconhecerem santos - pessoas que por sua vida dedicada ao evangelho se tornam objetos de admiração entre os cristãos da Igreja Católica. É um ponto de vista bem equivocado, só entendido sob uma ótica de puro desconhecimento das escrituras sagradas. Não é verdade que apenas teria havido um santo ao longo da história e esse seria Jesus. Na verdade a santidade é desejada por Deus para todas as suas criaturas. O homem nasce para a santidade, apenas os desvios de uma vida repleta de pecados e iniquidades poderia justificar seu desvirtuamento do caminho. Duvida? Vamos aos pontos expressos na própria Bíblia. Veja esse trecho escrito por Pedro, um dos apóstolos mais próximos de Jesus Cristo: "Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem" (1 Pedro 1:15). Pedro, fundador do catolicismo sob orientação direta de Jesus, deixa bem claro que o seu mestre certamente era santo, mas que desejava de coração que todos aqueles que seguissem sua palavra também se tornassem santos, levando uma vida de santidade.

Outro trecho bíblico que não abre margens para dúvidas: "Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo." (Levítico 19:2). Aqui temos exatamente o que escrevi na primeira parte de meu texto. Deus chama todos para a santidade. Sejam santos, povo de Deus, pois Deus já é santo e esse é o seu desejo, expresso em vários versículos da Bíblia. Não haveria razão para a existência das escrituras se o próprio Deus não quisesse que todos os homens também trilhassem o caminho da santidade. A salvação virá como premiação de uma vida honesta, íntegra e justa. Assim todos os que seguirem essa trilha também serão santos e terão uma vida plena ao lado de Deus após nossa existência terrena. A santidade não é em absoluto privilégio apenas de Deus. É vontade Dele que todos caminhem pela estrada que leva à salvação. Tudo muito simples e de fácil entendimento. Se você ainda não se convenceu dessa fundamentação que tal ler esse outro trecho extremamente relevante da Bíblia: "Pois eu sou o Senhor, o Deus de vocês; consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo. Não se tornem impuros com qualquer animal que se move rente ao chão." (Levítico 11:44). Mais uma vez a ordem, o desejo de Deus: Sejam santos também!

Um dos problemas focais da ideologia protestante é que ela tenciona convencer o cristão de que haveria um certo paganismo no reconhecimento de santos dentro da Igreja Católica. Os santos seriam a nova versão para a galeria de deuses das religiões romanas e gregas antigas. Esse argumento é uma bobagem. Santos católicos não são deuses do paganismo. Quando a igreja Católica canoniza um cristão ela apenas está reconhecendo de forma oficial que aquela pessoa foi virtuosa em sua vida, que não se dobrou às tentações do mundo e que andou fiel aos ensinamentos de Cristo ao longo de sua existência. Um modelo a ser seguido pelas fileiras católicas ao redor do mundo. Isso encaixa perfeitamente com o texto bíblico, com o pensamento dos antigos religiosos que a escreveram. Essas pessoas consideradas santas pela Igreja nada mais fizeram do que viver de acordo com o desejo de Deus.

Para reforçar ainda mais a verdade de fé que estamos defendendo aqui vão mais alguns trechos bíblicos que são claros como as águas da glória eterna, leia com atenção: "Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade." (Tessalonicenses 4:7). "Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor." (Hebreus 12:14). São apenas mais dois exemplos que demonstram que sim, as escrituras confirmam sem sombra de dúvidas a santidade de pessoas comuns, como eu e você. Basta querer e caminhar no lado bom e justo da vida, na palavra de Jesus. Igualmente Deus quer que todos sejamos santos. Ao se afirmar que apenas Jesus seria santo o próprio crente está se colocando fora da possibilidade de também almejar sua própria santidade. Ao agir assim também está perdendo a oportunidade de ir ao encontro dos desejos de Deus. De forma indireta renega até mesmo aos próprios anseios de Deus para nossa existência.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Maria nos Evangelhos - Parte 1

Aqui nessa série de textos vamos mostrar as citações sobre Maria nos evangelhos, começando pelo Evangelho Segundo Lucas. A intenção é resgatar a importância de Maria dentro das escrituras. A primeira citação de Maria em Lucas vem no capítulo 1, versículos 26 e 27 que diz: "26 Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria.". Estamos no contexto do nascimento de Jesus e Maria surge pela primeira vez nos evangelhos. Deus envia o anjo Gabriel a uma pequenina e inexpressiva cidade da Galiléia chamada Nazaré. O povo judeu estava sob domínio da Roma Imperial e aquele lugar não tinha maior importância sob o ponto de vista militar ou econômico por parte de Roma. Embora a Judéia fosse considerada agora província romana, o fato é que não poderia haver lugar mais periférico e humilde do que aquele naquele período histórico.

Maria é apresentada como a virgem prometida em casamento a José, da casa de Davi. Infelizmente não há maiores detalhes, como por exemplo, a idade de Maria nesse momento tão crucial de sua vida ou a maneira como conheceu José. Alguns autores defendem que José seria muito mais velho do que Maria e talvez ela fosse sua segunda esposa, o que explicaria os "irmãos de Jesus" citados em determinados trechos do novo testamento. Eles seriam filhos de José em seu primeiro casamento. São meras suposições pois nada confirma esse tipo de tese. Segundo a tradição provavelmente José fosse mais velho do que Maria porém a diferença de idade entre eles se perdeu nas areias do tempo. É impossível afirmar qualquer coisa com certeza nesse sentido. Outro fato que chama a atenção é a valorização da virgindade da mulher, algo que é colocado na apresentação de Maria, confirmando sua pureza como mulher. Muito provavelmente Maria tivesse entre 16 a 17 anos, ou seja, era uma adolescente, já que essa era a faixa etária tradicional para casamento das mulheres de sua época.

Outro aspecto que parece confirmar a Maria em sua adolescência vem de suas aparições de Fátima e Lourdes, pois ela surge aos seus interlocutores como uma mulher bem jovem - mais jovem até do que vemos em imagens mais tradicionais. Deus envia então para falar com essa jovem mulher um anjo, Gabriel. Aqui ele cumpre uma das funções tradicionais dos seres angelicais, a de mensageiro, aquele enviado diretamente por Deus para passar uma mensagem extremamente importante para a humanidade. Lucas prossegue: "28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegrate, cheia de graça!- O Senhor está contigo”. 29 Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação.". Agora imagine essa jovem adolescente, que está prestes a se casar com José ter em sua presença algo tão magnifico como um anjo do Senhor. Como ele se apresentou a Maria? Também não sabemos, porém pela reação de Maria perante sua presença somos levados a considerar que o anjo Gabriel se apresentou em forma humana, não tão fora do comum. Na verdade Maria fica surpresa não com sua aparência, mas com suas palavras. O anjo lhe designa como "Cheia de graça", graça de Deus, obviamente.

Gabriel então lhe passa uma mensagem espetacular como deixa claro o Evangelho de Lucas: "30 O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. 31 Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. 33 Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria fica completamente atordoada já que ela era virgem e não poderia estar grávida. Diante de sua perplexidade ela se dirige a Gabriel perguntando: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?”. O anjo então lhe explica: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, 37 pois para Deus nada é impossível” Depois dessa revelação espantosa temos a primeira amostra da delicada e devota personalidade de Maria ao se resignar dizendo: "“Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Um exemplo perfeito e maravilhoso do amor a Deus e sua vontade.

Pablo Aluísio. 

Maria nos Evangelhos - Parte 2

Maria era de uma família profundamente religiosa. Ela era filha de Santa Ana e São Joaquim, segundo a tradição oral que atravessou séculos e séculos dentro do catolicismo. Nessa mesma tradição católica encontramos o nome das duas irmãs de Maria, são elas: Maria Salomé e Maria de Cleofas. Indo mais adiante no passado alguns textos muito antigos atribuem a origem de Santa Ana e São Joaquim. Ela pertenceria ao núcleo familiar do sacerdote Abraão e ele seria da Casa de David. O pai de Maria teria sido repreendido pelos sacerdotes por não ter construído uma família pois Santa Ana era estéril e já estava com idade avançada. Joaquim então teria se retirado ao deserto onde em penitência pediu a Deus que seu casamento gerasse filhos, ao qual foi atendido por um anjo que lhe avisou que sua esposa estaria grávida. Desse milagre teria nascido Maria, mãe de Jesus. Todo esse contexto histórico serve para explicar porque, ao receber o aviso de que daria luz a Jesus, Maria aceitara sem contestar a graça que lhe era dada. Por ser de uma tradicional linhagem familiar muito religiosa, de uma fé que se perdia no tempo, não era de se esperar outro comportamento por parte dela. Maria era uma jovem de Deus, consagrada a Ele e muito ciente de seus deveres. Além disso sua própria concepção teria sido divina. Outro fato importante, digno de nota: Joaquim e José seriam ambos da casa de Davi, ou seja, muito provavelmente tinham algum tipo de parentesco, mesmo que distante.

No Evangelho Segundo Mateus também encontramos referência a Maria logo nos primeiros versículos. No capítulo 1, versículo 16 ela é identificada como sendo a esposa de José, da Casa de Davi. Essa parte traz a genealogia de Jesus, desde Abrãao. No capítulo 2 sobre o nascimento de Jesus ela surge também com extrema importância, de acordo com o texto das escrituras que diz: "18 Ora, a origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, pensou em despedi-la secretamente. 20 Mas, no que lhe veio esse pensamento, apareceu-lhe em sonho um anjo do Senhor, que lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 22 Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: 23 “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus conosco”. 24 Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa. 25 E não teve relações com ela até o dia em que deu à luz o filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus."

Esse trecho é por demais interessante pois mostra como os evangelhos se comunicam entre si. No Evangelho Segundo Lucas acompanhamos o ponto de vista de Maria, quando Gabriel, o anjo do senhor, lhe comunica que está grávida e que seu filho seria fruto da ação direta do espírito santo. Nele também acompanhamos como Maria, surpresa, perguntava ao anjo como isso seria possível já que ela ainda não conhecia seu marido José! Aqui no Evangelho de Mateus o ponto de vista mostrado é o de José. Podemos perceber que José descobre que Maria está grávida - e como ele não tinha ainda consumado seu casamento com ela pensa em acabar com seu casamento ao dispensar Maria secretamente, ou seja, sem escândalos ou máculas. Ele não queria denuncia-la publicamente pois o adultério naquela sociedade era considerado um crime grave, apenado com a morte. Se houvesse uma denúncia pública Maria estaria condenada. Antes de colocar seu plano em ação porém novamente temos a intervenção de um anjo que surge a José em sonho, lhe explicando que Maria sim, estava grávida e daria luz a um filho, mas que esse seria fruto direto do espírito santo. Diante da mensagem José atende aos desejos do Senhor.

O anjo não é identificado pelo texto bíblico. Teria sido novamente Gabriel, o mesmo que anunciou a Maria o nascimento de Jesus? Não sabemos, a bíblia se cala sobre isso. Apenas nos informa que seu aparecimento foi realizado de forma diferente da maneira como foi realizado com Maria. Aqui ele surge em sonhos, expondo os planos de Deus a José. Com Maria ele aparece pessoalmente, em forma humana, na presença dela onde se encontrava naquele momento. É uma aparição mais concreta, pessoal. Em relação a José também surge outro nome para o Messias que está para nascer - "Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus conosco”. Essa frase vem para confirmar que Jesus era o próprio Deus que se fazia homem. Jesus, o Messias, não seria apenas um enviado de Deus, mas o próprio Deus, pois sua presença significaria isso mesmo: Ele, o Altíssimo, estaria entre os homens através de Jesus, caminharia ao lado dos homens, comeria e beberia com eles, sofreria alegrias e tristezas em sua existência material e terrena. Deus estaria ao nosso lado, fisicamente, conosco. Esse se torna assim o momento mais importante e crucial de toda a história humana. Por fim e não menos importante os Evangelhos de Lucas e Mateus confirmam o dogma da virgindade de Maria, da Imaculada concepção de Jesus Cristo. Os Evangelhos de Marcos e João, por outro lado, não tratam sobre os acontecimentos do nascimento de Jesus e por essa razão não enfocam esse vital acontecimento na história de Jesus.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

São Vicente

São Vicente foi um mártir e santo católico que viveu durante o século IV em um período turbulento para a fé cristã na Europa. Os imperadores romanos continuavam a perseguir todo aquele que se tornasse cristão. As comunidades dessa religião eram perseguidas e seus membros mortos de forma violenta. A tortura era uma prática comum para se chegar aos seus líderes. Qualquer escrito cristão era imediatamente destruído e queimado em grandes fogueiras pelos soldados romanos. Como praticamente todos os mártires dessa época poucas informações precisas chegaram até nós sobre Vicente. O que se sabe com relativa certeza foi que Vicente foi um diácono cristão que viveu entre os anos 270 a 303 na região de Saragoça, território que hoje em dia pertence à Espanha.

Sua memória é reverenciada há muitos séculos o que leva vários historiadores a acreditarem que seu exemplo de vida e morte foi muito significativo para os cristãos da época. Muito do que sabemos de São Vicente vem do poeta Prudêncio que resolveu contar parte de sua heróica vida em seus versos. Claro que ele adicionou um pouco de sua imaginação nos escritos, porém o núcleo da vida de São Vicente foi preservado dentro da história. Através dos textos de Prudêncio podemos chegar em informações importantes, como a certeza em torno de seu nome, o fato dele ter sido um diácono e o local de sua morte e sepultamento.

De acordo com essas informações e demais fontes ele teria sido martirizado por causa de um edital do imperador romano que ordenava a prisão de todos os líderes do movimento cristão na Espanha, como bispos e diáconos. Vicente foi capturado na cidade de Valência e levado para uma masmorra romana naquela mesma noite. Foi acorrentado e começou a ser torturado de forma cruel. Mesmo passando fome e sendo submetido a uma rotina de torturas não aceitou rejeitar o nome de Cristo e nem entregar outros cristãos ao seu carrasco. Depois de sofrer muito em seu cativeiro foi enviado até o governador romano da região, o general Dacian, que enfurecido por causa de suas atitudes resolveu intensificar ainda mais as torturas contra Vicente.

Milagrosamente a postura de Vicente acabou perturbando o próprio governador que ficou impressionado pela fibra demonstrada pelos membros daquela religião. Abalado, o general romano lhe propôs um trato. Ele entregaria seus escritos cristãos, lhe diria onde poderiam ser encontrados para serem queimados, negaria a Cristo e aceitaria a divindade do imperador romano e ele, Vicente, seria libertado no mesmo dia. O diácono porém recusou sua proposta. Assim as torturas continuaram. Mesmo preso Vicente continuou a evangelizar e chegou a converter seu próprio carcereiro. Dacian chorou de raiva quando soube disso, mas estranhamente, ordenou que o prisioneiro fosse poupado por enquanto de novas ssesões de torturas infames. Os ferimentos porém eram muitos e Vicente morreu poucos dias depois sem negar a Cristo e nem sua fé. Seu exemplo de amor a Deus acabou servindo como fator de conversão para vários romanos da época que acabaram se convertendo ao presenciarem a história de seu martírio.

Pablo Aluísio.

Maria nos Evangelhos - Parte 3

Jesus Cristo nasceu durante o reinado de Augusto César. Ele era o sobrinho de Júlio César e havia assumido o controle de Roma após uma longa guerra civil que devastou a República Romana. Depois de matar a Rainha Cleópatra e o general Marco Antônio ele assumiu todos os poderes da complexa sociedade romana em torno de si mesmo. Foi o fim do período histórico conhecido como República, dando origem ao Império Romano. Assim Augusto foi o primeiro imperador da história de Roma. Durante seu longo período no poder houve também a chamada Pax Romana, pois o Templo de Marte, Deus da guerra, foi lacrado, o que significava que não havia guerras dentro das fronteiras da dominação de Roma. Jesus nasceu justamente dentro das fronteiras do império romano pois sua terra natal havia sido convertida numa província de Roma. Havia um sistema repressivo brutal para quem se insurgisse contra o Império, mas também havia estabilidade dentro dos domínios do imperador.

Isso proporcionou que pessoas das mais diversas partes do mundo conhecido pudessem viajar sem precisar temer por governos ou exércitos estrangeiros pois no fundo tudo pertencia à Roma. Por isso quando Maria e José decidiram ir para o Egito, para fugir as perseguições de Herodes, eles nada mais estavam do que se movendo dentro do vasto Império Romano. Os romanos criaram um vasto sistema de estradas seguras para que suas tropas e seus cidadãos pudessem viajar por elas sem temer por suas vidas. De milhas em milhas havia postos avançados mantidos pelo exército romano onde os viajantes podiam descansar, se alimentar ou passar a noite. Para José a ida para o Egito significava assim não apenas segurança para sua família, mas também oportunidade de trabalho pois como operário não lhe faltaria trabalho no Egito, agora sob controle de Roma, onde muitas obras públicas estavam sendo feitas.

A ida de Maria, José e Jesus para o Egito está no evangelho segundo Mateus em seu capítulo intitulado "A fuga para o Egito". Lá está escrito todos os acontecimentos: "13 Depois que os magos se retiraram, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. 14 José levantou-se, de noite, com o menino e a mãe, e retirou-se para o Egito; 15 e lá ficou até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu filho”. 16 Quando Herodes percebeu que os magos o tinham enganado, ficou furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, de acordo com o tempo indicado pelos magos. 17 Assim se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18 “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, pois não existem mais”.

Esse período em que Jesus viveu no Egito é pouco explorado pelo evangelho. Apenas se informa depois sobre seu retorno: "19 Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, 20 e lhe disse:  “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel; pois já morreram aqueles que queriam matar o menino”. 21 Ele levantou-se, com o menino e a mãe, e entrou na terra de Israel. 22 Mas quando soube que Arquelau reinava na Judéia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Depois de receber em sonho um aviso, retirou-se para a região da Galiléia 23 e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: “Ele será chamado nazareno”. Alguns historiadores afirmam que Herodes teria morrido quando Jesus contava com 3 ou 4 anos de idade, não se sabe com certeza. O que podemos afirmar com segurança é justamente o que diz o texto biblíco sobre esse momento em que alertado por um anjo, José rumou com a família santa de volta a Israel.
Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Santo André

Hoje é o dia em que a Igreja Católica celebra a memória de Santo André. Quem foi ele? André, o Apóstolo, é conhecido como o "primeiro chamado" ou seja, aquele primeiro ao qual Jesus Cristo chamou para seguir ao seu lado em sua missão. Ele era irmão de Pedro (São Pedro), o apóstolo ao qual Jesus fundou sua Igreja. O nome André vem do grego e significa "Bravura" ou "Homem de Valor". Era comum em judeus daqueles tempos a adoção de nomes helênicos por causa da influência da cultura grego-romana em sua região. Seu nome de origem, da língua aramaica, se perdeu nas sombras do tempo, segundo a visão de alguns historiadores. Em outra tradição da religião Ortodoxa, a figura de Santo André se confunde com a de Bartolomeu I, o primeiro patriarca.

Historicamente o que se sabe sobre ele com certeza foi que, além de ser irmão de Simão Pedro, era também pescador no mar da Galiléia, tendo nascido na vila de Bethsaida, em ano desconhecido. Ele era um dos homens presentes quando Cristo se aproximou do barco de Pedro o convidando a ser um "pescador de homens". Não tardou a seguir os passos do Cristo, vivendo ao seu lado até sua morte na cruz. Segundo o evangelho de João, André já tinha se tornado discípulo de João Batista antes da vinda de Cristo. Depois quando reconheceu em Jesus a figura do Messias o seguiu nas pregações pela terra santa. Na Bíblia ele é considerado um dos apóstolos mais próximos a Jesus, tendo estado na Santa Ceia e em momentos decisivos na vida do Messias.

Depois da crucificação de Jesus, André seguiu as palavras de seu mestre que mandou seus apóstolos divulgarem o evangelho pelo mundo afora. Segundo registros milenares presentes na biblioteca do Vaticano, André teria viajado por terras distantes, do Mar Negro ao rio Dnieper, indo parar em Kiev, chegando até Novgorod na atual Rússia. Segundo registros teria ainda pregado na Trácia e em Bizâncio. Talvez por sua presença em terras tão longínquas tenha se tornado posteriormente padroeiro da Ucrânia, Romênia e Rússia. Sua missão evangelizadora daria origem ao Patriarcado de Constantinopla, que futuramente daria origem à Igreja Ortodoxa.

Com a pregação também veio a perseguição das autoridades do Império Romano pois o cristianismo em seus primórdios era considerada uma fé fora da lei, que atacava os alicerces da cultura e da política de Roma. Cristãos eram considerados criminosos e geralmente condenados à pena capital. Capturado, teria sido levado até a cidade de Patras (Patrae) em Acaia, no litoral norte do Peloponeso, na Grécia. Condenado, teria sido apenado com a pena de morte na cruz, tal como ocorrera com Jesus Cristo em Jerusalém. Ao contrário da cruz romana porém, André teria sido martirizado em uma cruz em formato de "x", conhecida pelos romanos como "Crux Decussata" que pelos séculos que viriam passaria a ser denominada de "Cruz de Santo André". Supostamente o próprio André teria pedido para ser crucificado dessa forma pois sentia-se indigno de morrer como seu mestre e messias, Jesus.

Com sua morte e pelo fato de ter sido um dos doze apóstolos de Cristo, logo se tornou um dos primeiros santos canonizados pela Igreja Católica. No século III surgiu um suposto evangelho escrito por Santo André porém as autoridades da Igreja o rejeitaram por não ter a veracidade comprovada. Segundo o Papa Gelásio I o suposto evangelho apócrifo não teria sido escrito por André, mas sim por um autor de nome Leucius Charinus. Diante disso o livro foi incluído no Decretum Gelasianum, que rejeitava evangelhos de origem duvidosa ou não comprovada. Segundo a tradição os restos mortais de Santo André estão preservados na Basílica de St Andrew em Patras, na Grécia. De acordo com uma lenda, St. Regulus foi um monge em Patras que descobriu sua sepultura após receber revelações em um sonho. Séculos depois parte dos ossos encontrados foram levados de Patras para Constantinopla, por ordem do imperador romano Constantino II em torno de 357 e depositados na Igreja que homenageava o apóstolo. Sua data é celebrada no dia 30 de novembro.

Pablo Aluísio.

Papa Anacleto

Anacleto foi o terceiro Papa da história. Ele sucedeu a Pedro, apóstolo e primeiro Papa, e Lino (ou Linus), o segundo bispo de Roma. Esse Papa teve um diferencial importante em relação aos demais. Ele era grego de nascimento, porém cidadão romano, o que já demonstrava que o Cristianismo deixava de ser uma religião seguida apenas por estrangeiros, para ser abraçada pelos próprios romanos. A palavra de Cristo havia criado fundações importantes dentro da própria sociedade da cidade eterna. Nessa época o culto ao Cristo era considerado crime em Roma. Não fazia muito tempo que Nero havia realizado uma das maiores perseguições contra os cristãos na história de Roma. Muitos foram sacrificados e mortos, alguns na arena, onde eram jogados aos leões para satisfazer os anseios sádicos de uma população ávida por diversão, mesmo sendo profundamente cruel e sanguinária.

Anacleto ou "Cletus" como também era conhecido, se tornou líder do movimento cristão no mesmo ano em que Vespasiano subiu ao trono de Roma. Imperador enérgico e violento, ele continuou a campanha de Nero contra a nova fé que se alastrava pelos quatro cantos do Império. Assim Cletus, apesar de ser um cidadão romano, seguiu liderando os cristãos na clandestinidade, pois caso fosse descoberto seria condenado à morte. Como era um homem culto e letrado resolveu trazer bases de administração da nascente Igreja Católica. Dividiu o território de Roma em grupos, chamadas de paróquias. Cada paróquia deveria ter um responsável por aqueles fiéis. Os cultos eram realizados muitas vezes em catacumbas para que nenhum cristão fosse capturado por autoridades romanas.
Durante algum tempo historiadores da Igreja debateram a tese de que Anacleto e Cletus, citados em livros antigos, eram pessoas diferentes e não o terceiro Papa da história. Após um minucioso estudo das fontes históricas chegou-se finalmente à conclusão que Anacleto nada mais era do que um nome que Cletus assumiu após se tornar bispo em Roma. Começou assim a tradição de Papas adotarem nomes dinásticos, algo parecido com o que acontecia com os próprios imperadores romanos. O seu nome de origem era Cletus, já Anacleto era seu nome Papal.

Curiosamente muitos soldados romanos que descobriam cristãos escondidos acabavam sendo convertidos pela fé. Como tinha cidadania romana Cletus se empenhou pessoalmente na conversão de seus próprios compatriotas. Com leituras do novo testamento e discussão das escrituras, ele com seu planejamento, colheu excelentes frutos. Essa competência administrativa da Igreja lhe valeu o título de Anacleto, palavra de origem grega que significa "Impecável". Seu papado durou doze anos e durante esse período o Cristianismo entrou definitivamente nas casas das mais influentes famílias de Roma. Inicialmente o Cristianismo foi considerado uma seita formada basicamente por escravos e pessoas marginais, porém a presença de pessoas da própria elite de Roma, como Cletus, mudou essa concepção.

Cletus também adquiriu a propriedade do monte do Vaticano com doações de seus fiéis. No local havia se dado o martírio de Pedro e Cletus sonhava em construir um belo templo no mesmo local onde foi fincada a cruz de Pedro. Seu sonho acabou se materializando, muitos séculos depois, na bela construção da Basílica de São Pedro. Livros seculares na biblioteca do Vaticano também indicam o número de paróquias fundadas por Anacleto em Roma. Foram inicialmente 25 paróquias locais, cada uma com um número próximo de 50 a 60 membros. Esses foram os primeiros cristãos romanos da história. Cletus também firmou a primeira noção de hierarquia dentro da igreja, ao colocar sob seu poder a nomeação dos líderes dessas paróquias - função que séculos depois daria origem ao cargo de Padre na hierarquia católica.

Não se sabe ao certo a causa de sua morte, mas ao que tudo indica Cletus morreu de forma natural, com idade avançada, entre 75 a 80 anos, uma expectativa de vida muito superior à média da época. Seus sucessores resolveram construir uma pequena tumba no monte Vaticano, onde acabou sendo enterrado, junto aos restos mortais de Pedro e de Linus, o segundo Papa da história. Seu grande legado foi trazer as primeiras normas administrativas e de hierarquia dentro da Igreja, ideias que seriam desenvolvidas depois, gerando ótimos frutos para a instituição como um todo. Seu nome (como Cletus) acabou incluído no Cânone Romano da Missa. Embora a data exata de sua morte tenha se perdido nas neblinas dos séculos a Igreja Católica resolveu dedicar o dia de 26 de abril em sua memória. Cletos faleceu no ano 92 e ao ser canonizado recebeu o título de Santus Anacletus, ou em nossa língua, Santo Anacleto.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de agosto de 2011

Santa Margaret (1070–1093)

Uma santa que foi exemplo da devoção a Deus. Ela era uma princesa inglesa que foi ao lado de sua mãe para a Escócia. A Inglaterra havia caído em mãos de um soberano tirano e sanguinário. Para escapar de perseguições políticas, mãe e filha foram para o norte, na fria e ainda rústica Escócia. Lá sua gentileza e caridade chamaram a atenção dos nobres escoceses, entre eles o Rei Malcolm que logo se encantou com seu charme e suavidade. A Escócia naqueles tempos medievais ainda não tinha a sofisticação dos hábitos e modos de ser dos ingleses. Era uma terra rural, onde a educação e os bons modos ainda não estavam disseminados entre as pessoas.

Assim o Rei Malcolm teve que aprender as regras de etiqueta da corte da Inglaterra para cortejar adequadamente Margaret. Após um breve romance o monarca escocês ficou tão encantando com sua amada que resolveu lhe pedir em casamento. Foi uma união feliz e duradoura, com filhos bonitos e bons, tal como o exemplo de vida de sua querida mãe. Logo Margaret começou a ser adorada por seu povo. Era uma rainha bondosa e muito prestativa, que distribuía pessoalmente alimentos para os mais necessitados e pobres. Margaret também introduziu civilidade e regras de educação a serem seguidos por todos do reino. Sua pureza de coração era admirada e a fama de sua virtude ultrapassou as fronteiras de seu reino.

Margaret foi uma bênção para todos os povos da Escócia. Como a maioria da população ainda era analfabeta ela incentivou seu marido a criar uma rede nacional de escolas para educação dos camponeses e demais membros pobres do povo. Ela trouxe professores ingleses para a Escócia e foi a criadora pioneira do sistema educacional de seu país, isso em um tempo em que esse tipo de política pública era rara na Europa medieval.

Ao lado da implantação de escolas em toda a Escócia, Margaret escreveu ao Papa Estevão IX em Roma para que ele enviasse religiosos pois iria construir igrejas católica por todo o reino. Nesse momento de sua vida, quando tudo parecia caminhar bem, surgiu uma grave disputa pelo trono e na guerra que se sucedeu seu marido e seu filho foram mortos em batalha. Margaret então subiu ao trono como Rainha da Escócia. Após vencer seus inimigos ela lamentou a morte de parte de sua família ao declarar: "Eu agradeço ao Deus Todo Poderoso a enorme tristeza que senti em minha vida nesse momento, pois entendo que isso foi um presente divino para que eu purificasse meu coração de seus pecados através do sofrimento e da tristeza".

A Rainha Margaret conseguiu em seus últimos anos trazer paz e prosperidade para a Escócia e como benção final viu seu filho David também se tornar um grande homem de Deus. Ele inclusive também seria canonizado pelo Vaticano algumas décadas depois. Hoje, 16 de novembro a Igreja celebra o dia de Santa Margaret, amém!

Pablo Aluísio.

A Profecia de São Malaquias

Não é algo para ser levado muito à sério por católicos, mas vale como curiosidade. Acontece que muitos jornais e programas de TV trouxeram de volta à tona nesse último ano essa velha profecia supostamente escrita por São Malaquias, que teria listado todos os 112 papas que viriam após sua morte em 1094. Segundo os cálculos o Papa Francisco seria o último papa! Depois do surgimento do Último papa haveria o final dos tempos. Malaquias foi um bispo que viveu no século XII, na Irlanda (onde nasceu) e posteriormente na Inglaterra (onde veio a falecer). Segundo alguns São Malaquias teria tido uma visão sobre o fim de Roma, da Igreja Católica e do próprio mundo!

Cada Papa listado por ele teria um nome que o identificaria. João XXIII, por exemplo, seria identificado pelo nome de "Paſtor & Nauta" (pastor marinheiro). João XXIII, que ficou conhecido como o Papa bondoso, teria em seu brasão o símbolo  de Veneza, cidade conhecida por seu porto e seus longos canais. Isso se confirmaria oito séculos depois. O Papa Bento XVI seria o penúltimo papa, segundo a visão de Malaquias, e seria denominado pelo nome de "Gloria Olivae". Seu brasão oficial teria um ramo de oliveira. Depois de ter recebido a profecia o bispo a teria levado ao conhecimento do Papa da época, Inocêncio II, que teria ouvido tudo atentamente para depois mandar arquivar o documento na secular biblioteca secreta do Vaticano.

O documento teria ficado por lá durante séculos, até que alguns pesquisadores tiveram acesso ao texto original. Analisando os nomes dados por Malaquias com os nomes dos respectivos papas eles tiveram algumas surpresas. O Papa Urbano VIII seria identificado como "O Lírio e a Rosa". Como se explicaria esse nome? Urbano VIII era natural de Florença (conhecida também na época como a "Rosa da Itália") e as armas dessa cidade tinham como símbolo um delicado lírio. Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, seria identificado pelo nome de "O Eclipse do Sol". E de fato ele teria nascido durante um eclipse solar, no dia 18 de maio de 1920. "Peregrinus Apostolicus" identificaria o Papa Pio VI, conhecido por suas longas viagens pela Europa. Já Pio XI seria conhecido como "Fides intrepida" ou "fé destemida" uma vez que foi um dos papas mais corajosos da história, criticando abertamente o regime fascista de Mussolini em sua encíclica "Mit brennender Sorge".

Francisco seria então "Petrus Romanus" ou "Pedro, o Romano", o último Papa da lista de Malaquias. O problema desse texto intitulado "Prophetia Sancti Malachiae Archiepiscopi, de Summis Pontificibus" é que a Igreja Católica jamais comprovou sua autenticidade, tampouco lhe deu qualquer valor do ponto de vista teológico. Para os estudiosos da Igreja a profecia sequer pode ser atribuída a Malaquias, mas sim a um monge beneditino chamado Arnold Wion que teria sido o responsável pela publicação original do texto no ano de 1595. Assim a Igreja Católica não dá qualquer aval sobre a tal profecia de São Malaquias. No fundo tudo estaria envolto apenas em boatos e manipulações que teriam sido realizadas ao longo dos séculos. Como eu disse, não pode ser levado à sério, mas serve como mera curiosidade histórica.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Arianismo e a Igreja Católica

Desde os primórdios do cristianismo se debateu bastante sobre a natureza divina de Jesus. Seria o Cristo o próprio Deus ou alguém abaixo da divindade, apenas com poderes de cura e perdão, mas sem se ligar diretamente ao Deus único dos judeus? Os primeiros membros da Igreja Católica em suas comunidades orientais defendiam que Jesus e Deus era uma só entidade. Jesus era o Deus que se fez homem, encarnando na terra para viver entre os homens de seu tempo. O verbo se fez carne, como diria uma conhecida frase dos primórdios do catolicismo.

Essa ideia acabou sendo combatida por um pregador nascido no Egito chamado Ário. Ele viveu por volta do século quarto da nossa era. Culto e enigmático, conseguiu reunir um grande número de adeptos. Ário tinha uma visão diferente de Jesus Cristo. Em sua opinião o messias de fato havia sido o homem mais elevado espiritualmente a caminhar entre a humanidade, mas que em essência era homem e não Deus. Essa forma de encarar Jesus deu origem ao Arianismo, que pregava que o homem poderia ser também extremamente evoluído espiritualmente, tal como Jesus o foi, mas que jamais conseguiria alcançar a glória e a magnitude de Deus, esse ser perfeito e único. Jesus e Deus eram duas individualidades e não apenas uma, como queria fazer crer a Igreja.

Esse tipo de visão ideológica se espalhou e começou a preocupar os doutores e membros do alto clero. O imperador Constantino ainda vivia e estava preocupado com a falta de unidade de pensamento dos membros da Igreja Católica - apesar do arianismo não ser oficialmente adotado pela doutrina cristã muitos bispos da época começavam a adotar sua ideologia, inclusive em seus sermões. Para resolver esse e outros impasses Constantino resolveu reunir os maiores nomes ligados à Igreja Católica para debater o tema. Surgiu assim o encontro em Niceia.

Durante vários dias, bispos e membros da Igreja debateram sobre a verdadeira natureza de Cristo. Havia bons argumentos de ambos os lados mas a visão que prevaleceu foi a da Igreja oriental - já naquela época chamada de ortodoxa - que defendia a tese de que "Cristo e Deus tinham a mesma matéria". Muitos historiadores da teologia cristã afirmam hoje em dia que o debate em Niceia foi muito prejudicado pela falta de mais representantes da Igreja ocidental, que por um motivo ou outro, não fizeram a longa jornada em direção àquela distante cidade.

De uma forma ou outra o arianismo foi deixado de lado pela Igreja Católica de uma vez por todas. A partir daquele momento ficou determinado que "Jesus e Deus formavam uma única pessoa e que Jesus era o próprio Deus que veio ao mundo para salvar a humanidade". Ário morreu provavelmente em 339 mas sua doutrina não! Ela encontrou franco adesão entre os povos bárbaros que vinham do norte da Europa. Ostrogodos e visigodos adotaram a visão ariana de Jesus Cristo. Hoje essa teologia pode inclusive ser encontrada em religiões modernas, como o próprio espiritismo que defende que Jesus era um espírito evoluído mas não o próprio Deus, que seria inalcançável em seu poder e glória.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os Anjos Caídos

Em todas as religiões antigas existiram deuses do mal. No Zoroastrismo, por exemplo, havia um deus representando o bem e o outro o mal absoluto. O antagonista e o protagonista. Dentro da religião cristã não é o que acontece. Embora muitos pensem que a figura de Satanás ou Lúcifer ocupe esse papel isso não é absolutamente uma verdade. O diabo não é um deus e tampouco está na mesma esfera do que o Deus único do cristianismo e do judaísmo. Na verdade Satanás não é um Deus, um criador, mas sim uma criatura, um anjo que caiu em desgraça.

Tanto no velho testamento como no livro do Apocalipse essa figura do mal é associada a um anjo, um anjo caído. Apenas isso. E o que seria um anjo caído? Afirma a teologia cristã que um grupo de anjos se rebelou contra Deus. Liderados pelo arrogante e vaidoso Lúcifer (o anjo da luz) eles foram banidos do céu para todo o sempre. Caíram nas fossas infernais e lá permanecerão pela eternidade sem fim. Assim Lúcifer e seus demônios não podem competir com o poder e a glória de Deus pois esse é o grande criador do universo enquanto as legiões do inferno são formadas por criaturas imperfeitas, pecadoras e imundas, os anjos que caíram do céu.

O Velho testamento não fala muito sobre Satã. Ele é mencionado poucas vezes e a tradição o associou à serpente que deu a maçã proibida a Eva no Gênesis. Depois disso ele é citado em passagens esporádicas, geralmente assumindo a função de tentador, um ser que tem como objetivo levar o homem a perder a salvação. Como todo anjo esse não tem o poder de dominar a humanidade, mas apenas tentar os humanos. Outro aspecto interessante é que depois do velho testamento há uma verdadeira explosão de menções ao nome de Satã no novo testamento, inclusive envolvidos em possessões demoníacas.

Jesus não perde muito tempo explicando ou dialogando com esses anjos caídos. Em um trecho apenas afirma que o diabo teria sido homicida desde o começo, desde o início dos tempos. Também qualifica esses seres de imundos e outras denominações equivalentes. Quando Jesus nas escrituras encontra um anjo caído possuindo alguma pessoa ele simplesmente a expulsa em nome de Deus. Assim foi com Maria Madalena que se tornaria a partir daí uma das mais fiéis seguidores de Jesus Cristo em sua caminhada no meio da humanidade. Por fim, no Apocalipse, o destino desses anjos é traçado. Eles serão varridos do universo pelo poder de Deus. A justiça divina se firmará entre todos os que forem salvos pela glória de Deus e seu divino amor irá reger todas as coisas para todo o sempre, amém.

Pablo Aluísio.

Padre José de Anchieta

A Igreja Católica está em festa em nosso país. O Padre José de Anchieta foi canonizado pelo Vaticano. Essa grande figura da história tem grande valor para nossa cultura e nosso país, pois sua história de vida está interligada com a própria história do Brasil. Anchieta era espanhol de nascimento mas brasileiro de coração. Ele nasceu no dia 19 de março de 1534 nas Ilhas Canárias que pertenciam ao Império Espanhol. Quando jovem foi estudar filosofia na Universidade de Coimbra em Portugal e lá sua vocação se manifestou. Sem pensar muito e atendendo ao chamado de Deus ele se aliou às fileiras da Companhia de Jesus, onde se tornou jesuíta com apenas 18 anos.

Os Jesuítas tinham a missão de levar a palavra de Deus para terras distantes, evangelizar os povos ainda em formação. Assim em 1553 ele foi enviado para a colônia do Brasil, naquela época ainda uma nação em formação, com muitas terras selvagens e nativos que não conheciam o cristianismo. Anchieta pisou em terras brasileiras e se fixou inicialmente em Salvador (BA), naquele período histórico a mais rica capitania da colônia. Lá Anchieta se uniu ao padre Manuel de Nóbrega e seus missionários.

A vida no Brasil não era fácil. Não havia estrutura nenhuma e as doenças, a falta de condições adequadas de higiene e a precariedade do poder político deixava tudo mais complicado. Mesmo assim o jesuíta, preparado para levar uma vida dura e de austeridade, seguiu em frente com sua missão.

Ele foi enviado então para a missão de Piratininga. Não havia nada na região a não ser algumas tribos de índios nativos. Ali os jesuítas construíram e fundaram uma escola. A missão dos jesuítas sempre estavam ligadas com obras de caridade que envolviam educação, saúde e evangelho para as comunidades da região. Esse colégio jesuíta acabou se tornando o marco zero da fundação da cidade de São Paulo que anos depois iria se transformar na maior metrópole do Brasil. O próprio nome São Paulo foi dado pelos jesuítas pois a primeira missa celebrada na região  celebrava a conversão do apóstolo Paulo (antes Saulo) ao cristianismo.

José de Anchieta dedicou especial carinho para os Índios. Homem culto e intelectual logo procurou aprender a língua dos povos índigenas. Assim que a aprendeu traduziu o evangelho para o Tupi. Também escreveu obras de gramática, teologia, peças de teatro e hinos religiosos na língua dos amados índios. Como era muito primitiva a época ele ensinava escrevendo nas areias da praia, para tornar o aprendizado dos nativos mais fácil. Isso acabou entrando na cultura de nosso país e em vários quadros Anchieta é retratado assim, pregando e ensinando na beira do mar, com uma simplicidade e devoção ao próximo jamais vista.

Continuou escrevendo, em português, latim, tupi e guarani, até que foi enviado ao Rio de Janeiro onde fundou uma nova escola. Diplomata participou de negociações de paz entre tribos e portugueses, tudo com o objetivo de evitar uma guerra entre as etnias. Continuou suas viagens, conhecendo um Brasil que poucos conheciam, levando a palavra de Deus a todos os rincões perdidos de nossa nação.

Homem corajoso e íntegro virou um símbolo para os religiosos do Brasil. Depois de tantas viagens, fundando missões, igrejas, escolas e hospitais finalmente veio a falecer em 9 de junho de 1597 na pequenina vila de Reritiba, situada numa região que faria parte do futuro estado do Espírito Santo. Essa localidade seria rebatizada depois de séculos com o nome de Anchieta, em devoção ao santo querido.

Anchieta foi um homem de letras e ação. Foi sacerdote, historiador, professor e poeta. Ajudou a distante colônia portuguesa a criar uma noção de país, terra, servindo de ligação para as culturas portuguesas, nativas e africanas. Foi profundo conhecedor do povo brasileiro que naquele momento se formava no horizonte. Dedicou toda sua vida à pregação do evangelho por todos os lugares por onde passou. Viajou a pé, de burritos e encarou todas as adversidades apenas para evangelizar o povo brasileiro onde quer que ele estivesse. 

Por essas e outras razões recebeu de forma muito justa o título de  “Apóstolo do Brasil”!
O Papa Francisco, um jesuíta tal como foi Anchieta, canonizou esse grande nome. Um homem santo que merece todo nosso respeito e devoção.

Pablo Aluísio.

Nossa Senhora de Fátima

No dia 13 de maio de 1917 Nossa Senhora fez sua primeira famosa aparição a três pequeninas crianças em Fátima, Portugal. Lúcia, Francisco e Jacinta foram os escolhidos por Maria, Mãe de Jesus, para transmitir sua mensagem para toda a humanidade. O surgimento de Nossa Senhora havia sido precedida por três aparições de anjos celestiais no local. Esses anjos tinham surgido para as crianças com o propósito de lhes preparar para a chegada de Nossa Senhora de Fátima. Segundo Lúcia recordaria depois os anjos tinham uma aparência de espíritos de pura luz e brilho.

Maria, mãe de Jesus, surgiu aos três pastorinhos na Cova da Iria ao meio dia. Lúcia assim a descreveu: "Era uma Senhora vestida de branco e mais brilhante que o Sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.

A sua face, indescritivelmente bela, não era nem triste, nem alegre, mas séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peito e voltadas para cima. Da mão direita pendia um rosário. As vestes pareciam feitas só de luz. A túnica era branca e branco o manto, orlado de ouro que cobria a cabeça da Virgem e lhe descia até aos pés. Não se Lhe viam os cabelos nem as orelhas."

Maria antecipou que iria surgir em novas aparições sempre no dia 13 de cada mês. Maria tratou de diversos temas mas dedicou especial atenção ao que vinha acontecendo na Rússia. O país estava caindo nas garras do comunismo ateu Marxista, dominação ideológica que subjugaria aquele povo por mais de sete décadas de ditadura vermelha brutal e sanguinária.

Sua mensagem também revelava três segredos sobre o futuro da humanidade. Muitos anos depois a Congregação para a Doutrina da Fé finalmente revelou o inteiro teor da mensagem de Fátima. Maria reforçava a fé na Igreja, como parte do corpo de Cristo em nosso mundo. O núcleo da mensagem também era um apelo de Nossa Senhora para que a humanidade se convertesse genuinamente a Jesus Cristo e ao seu evangelho. As crianças foram exaltadas por Maria para que transmitissem sua mensagem ao mundo, e que as pessoas se arrependessem de seus pecados, fizessem penitência e voltassem de corpo e alma para a fé em Deus e Jesus Cristo.

Maria também alertou que todos exercitassem sua liberdade de forma correta, afastando-se do pecado para voltar a Deus em seu plenitude. Também salientou a importância da missão redentora de Jesus Cristo através do trabalho missionário da Igreja. Maria avisou que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, promovendo mais guerras e novas perseguições à Igreja. Os bons seriam martirizados e o Papa sofreria imensamente. As nações sob julgo do comunismo viveriam dias terríveis. Maria disse a Lúcia: "“A Rússia será o instrumento de castigo escolhido pelo Céu para punir o mundo inteiro, se, de antemão não obtivermos a conversão dessa pobre nação ...”

Maria também previu em sua mensagem o fim da Primeira Guerra, a chegada da Segunda Guerra Mundial e o terrível mal que ela causaria em todos os povos do mundo. Por fim deixou o pedido para que a Rússia fosse consagrada ao seu imaculado coração pelo Papa. Essa consagração seria realizada décadas depois por João Paulo II que tinha uma grande devoção Mariana. Depois que a Rússia foi consagrada ao imaculado coração de Maria seu regime comunista veio abaixo, poucos meses depois da realização da cerimônia no Vaticano.

Os comunistas que por décadas tinham perseguidos cristãos na União Soviética, viam com seus próprios olhos o fim do comunismo naquela nação. As enormes estátuas dos genocidadas Stálin e demais ídolos assassinos do regime vieram ao chão em toda a Rússia. Os países satélites ao regime de ferro e fogo soviético proclamaram suas independências, saindo finalmente do julgo daquele sistema brutal e genocida, algo que Maria também previra em sua aparição de forma clara ao dizer: "Por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz."

E assim como Maria havia previsto o Papa passaria por grande provação. João Paulo II sofreu um atentado no Vaticano que quase custou sua vida. Segundo o próprio Papa ele só não morreu porque Maria e seus anjos o salvaram no último minuto da bala assassina. Sua devoção a Maria só aumentou depois desse fato. João Paulo II também atribuia essa tentativa de assassinato ao terceiro segredo de Fátima que havia sido mantido sigiloso pela Igreja Católica por longos anos. 

Maria também deu aos pequenos uma visão do inferno e daquilo que esperava todos aqueles que cometiam crimes contra Deus e seu Imaculado Coração. Lúcia relembrou esse dia ao escrever: "Mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que d'elas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas em os grandes incêndios sem peso, nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros."

Depois dessa visão assustadora Maria explicou: "Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior." Maria também suplicou: "Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois muitas almas irão para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas" Por fim declarou: "Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido." A aparição Mariana de Fátima é considerada até hoje pelos teólogos como a mais completa e importante da história. Até mesmo os céticos ficam intrigados pelo fato de Maria ter previsto inúmeros acontecimentos históricos que só aconteceriam de fato muitas décadas depois de sua aparição.

Pablo Aluísio.

O Exorcismo na Igreja Católica

Ao contrário do exorcismo em outras vertentes religiosas cristãs, que é praticado quase diariamente em cultos protestantes, dando origem muitas vezes a acusações de encenações e falsidade, o exorcismo católico é extremamente protegido e resguardado do sensacionalismo público. Um padre católico só pode realizar um exorcismo em uma pessoa após a autorização de seu bispo e isso apenas após serem tentadas todas as outras maneiras de entender a crise pela qual passa a pessoa supostamente possuída por um demônio.

Mesmo com tantas cautelas (deve ser provado, por exemplo, que a pessoa possuída não esteja com algum problema mental), a possessão demoníaca é considerada um fato pela Igreja e seu catecismo. Sobre isso se manifestou o cardeal Jorge Arturo Medina Estevez ao declarar: "Apesar de poucas pessoas realmente serem possuídas pelo demônio (provavelmente apenas uma a cada cinco mil que apresentam sintomas) a questão é que o diabo existe e está agindo no mundo, como bem observou o Papa João Paulo II". O exorcismo católico deve ser realizado em ambiente privado, longe dos olhares de curiosos ou pessoas que só estejam lá para presenciar a extrema agonia de quem passa por esse tipo de experiência. A privacidade é essencial.

Em um texto escrito em latim chamado "De Exorcismis et Supplicationibus Quibusdam" (Do exorcismo e certos suplícios) o Vaticano tratou sobre o tema. Esse trouxe várias recomendações para padres diante de casos supostamente decorrentes de possessão. Vários aspectos devem ser procurados em pessoas que apresentem características de possessão, entre elas o uso de línguas desconhecidas, antigas e extintas, a apresentação de força descomunal e irracional, a aversão completa à palavra de Deus, à presença da Virgem Maria, à objetos sagrados, à imagens de santos e à cruz.

O Cardeal Estevez explica: ""O exorcismo se baseia na fé da Igreja que sustenta que Satã e outros espíritos malignos existem e que sua atividade consiste em desviar os seres humanos do caminho da salvação. A doutrina católica nos ensina que os demônios são anjos que caíram por causa do pecado, que eles são seres espirituais de grande força e inteligência, mas eu gostaria de ressaltar que a influência maligna do diabo e seus seguidores normalmente é exercida pelo engano e confusão. Assim como Jesus é a Verdade, o diabo é o mentiroso por excelência. Ele engana os seres humanos fazendo-os acreditar que a felicidade está no dinheiro, no poder ou no desejo carnal. Ele os engana fazendo-os pensar que não precisam de Deus, que a graça e a salvação são desnecessárias. Ele os engana inclusive diminuindo o sentimento de pecado ou suprimindo-o completamente, substituindo a lei de Deus como critério de moralidade pelos hábitos ou convenções da maioria"

O Catecismo também é claro nessa questão: “Jesus realizou exorcismos e dele a Igreja recebeu o poder e o ofício de exorcizar. De uma forma simples, o exorcismo é realizado na celebração do batismo. O exorcismo solene, chamado ‘o grande exorcismo’, só pode ser realizado por um padre e com a permissão do bispo. O padre deve agir com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo visa à expulsão dos demônios ou à libertação da possessão demoníaca ‘por meio da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja’”

São Paulo também explica em Efésios 6:12-13: “Porque nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados e potestades, contra os governantes das trevas do mundo, contra os espíritos de malícia espalhados nas alturas. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir ao dia maligno, e havendo feito tudo, permanecer firmes”.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Paulo VI e o Diabo

Durante muitos anos criou-se uma nova mentalidade sobre a existência real ou não do diabo. Para alguns mestres em teologia o diabo nada mais seria do que uma metáfora, uma alegoria do mal e não uma entidade real, mesmo que fosse tangível apenas no mundo espiritual. Para esses pensadores o mal estaria no próprio homem, como parte de sua natureza e que as escrituras assim o tinham utilizado em suas narrativas. Certamente havia o problema complicado de contornar sobre as próprias palavras do Cristo no Novo Testamento. São inúmeras as passagens em que Jesus citava nominalmente o diabo e não apenas metaforicamente como queriam fazer crer os defensores dessa teoria. Os que defendiam essa visão moderna porém afirmavam que Jesus havia citado o diabo por conveniência pois não havia como explicar algo diferente para as pessoas rudes e ignorantes de seu tempo. As possessões demoníacas passaram a ser encaradas como simples doenças mentais e rituais, como o próprio exorcismo, passaram a ser enfocados como algo medieval, primitivo e sem nenhum fundamento.

Esse tipo de ideologia começou a adentrar e se espalhar inclusive entre o clero da Igreja Católica e isso passou a ser uma preocupação do Papa Paulo VI que viu a necessidade de alertar aos católicos sobre o equívoco dessa visão. O Papa passou a entender que seria muito conveniente ao próprio Satã esse tipo de linha de pensamento, afinal o fato de não se crer mais em sua existência iria facilitar seu trabalho de espalhar o mal e o pecado entre a humanidade. Assim Paulo VI resolveu declarar e reforçar publicamente a posição da Igreja Católica sobre o tema. Em uma audiência pública realizada em 1972 no Vaticano, ao lado de vários membros do alto clero da instituição, Paulo VI deixou claro a existência de Satã e seus demônios, e explicou mais uma vez que eles eram de fato anjos caídos que tentaram usurpar a posição de Deus no Céu e desceram ao inferno por isso. Não se tratava de mitologia ou algo apenas simbólico, metafórico, mas sim real, concreto!

E não foi só, o Papa foi além, afirmando que Satã estava perigosamente se infiltrando dentro da própria Igreja, haja visto o aumento do número de problemas envolvendo seus membros. Paulo VI afirmou estar com a sensação de que "de alguma fissura a fumaça de Satanás havia entrado no templo de Deus." Depois completou: "Acreditamos que algo sobrenatural  veio ao mundo precisamente para perturbar, para sufocar os frutos do Concílio Ecumênico e impedir a missão da Igreja". O Papa reforçou que o clero católico deveria estar preparado para enfrentar esse desafio e expulsar de suas fileiras a presença do grande pai da mentira. Paulo VI se declarava bastante preocupado com os rumos que a Igreja estava tomando. Chegou a afirmar: "Mesmo na Igreja este estado de incerteza reina. Acreditava-se que depois do Concílio Vaticano II haveria um dia de sol na história da Igreja. Ele veio em vez de um dia de nuvens, de tempestade, de escuridão, de pesquisa, de incerteza. Pregamos o ecumenismo e destacamos mais e mais dos outros. Vamos cavar abismos em vez de enchê-los"

Hoje, tantos anos depois do aviso do Papa Paulo VI, podemos olhar para o que a Igreja vem passando e entender a profundidade de sua visão. Embora esteja em pleno processo de recuperação, com uma ampla limpeza de quadros promovida pelo Papa Francisco, o fato é que a Igreja sofreu muito, principalmente nos últimos anos, com escândalos de pedofilia envolvendo padres e demais membros do clero. Nesse aspecto Paulo VI foi visionário ao afirmar que sentia que a fumaça de Satã havia adentrado dentro do próprio seio da Igreja Católica. De fato entrou e maculou a vida de vários sacerdotes com o mais repulsivo dos crimes, abalando até mesmo a próprio instituição milenar de que faziam parte. Maior prova do poder de influência do anjo negro não há. Mesmo assim bons ventos já sopram no Vaticano e na Santa Igreja Católica, pois os homens podem decair em tentações mas a Igreja como instituição viverá eternamente até o fim dos dias, como o próprio Cristo profetizou ao afirmar que "Os portões do Inferno jamais prevalecerão sobre a minha Igreja".

Pablo Aluísio.