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quinta-feira, 7 de março de 2024

Dedé Mamata

Título no Brasil: Dedé Mamata
Título Original: Dedé Mamata
Ano de Lançamento: 1988
País: Brasil
Estúdio: Embrafilme
Direção: Rodolfo Brandão, Tereza Gonzalez
Roteiro: Antônio Calmon, Vinícius Vianna
Elenco: Guilherme Fontes, Malu Mader, Marcos Palmeira, 
Luiz Fernando Guimarães, Nathália Timberg

Sinopse:
André (Fontes) é um jovem comum, vivendo no final dos anos 70 a começo dos anos 80. Seu pai foi morto pela ditadura militar. Sua família sempre foi formada por anarquistas e comunistas. Só que Dedé não está muito aí por essas questões. Ele prefere passar seus dias fumando um baseado ao lado do amigo e da nova namorada. A coisa só complica mesmo quando ele se envolve com um traficante de drogas. 

Comentários:
Filme até bem legal, com ótima trilha sonora assinada pelo Caetano Veloso. É um retrato de um jovem ali pelo começo dos anos 80. Embora seja de uma família de comunistas militantes, ele não dá muita bola para esse fato. Sente falta do pai, morto pelos militares, mas fora isso, passa o dia na dele. Gosta de um baseado de vez em quando, um cigarro de maconha e só se enrola mesmo quando vai parar nas atividades criminosas de "Cumpadi", um traficante de apartamento interpretado pelo sempre bom Luiz Fernando Guimarães. O elenco jovem de apoio é bom, passando pela beleza jovial da Malu Mader (sim, em belas cenas de nudez) e Marcos Palmeira como o amigo "brother" do Dedé Mamata. Enfim, um retrato daquela juventude dos anos 80, que viveu o fim da ditadura militar e a volta da democracia em nosso país. Não que isso importasse muito para eles. 

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Amor Bandido

Título no Brasil: Amor Bandido
Título Original: Amor Bandido
Ano de Lançamento: 1978
País: Brasil 
Estúdio: Embrafilme
Direção: Bruno Barreto
Roteiro: José Louzeiro, Leopoldo Serran
Elenco: Paulo Gracindo, Cristina Aché, Paulo Guarnieri, José Dumont, Ligia Diniz, Flávio São Thiago

Sinopse:
Veterano policial do Rio de Janeiro, o inspetor Galvão (Paulo Gracindo), precisa resolver casos de assassinatos envolvendo taxistas nas noites da cidade. Ao mesmo tempo tenta de todas as maneiras reatar sua amizade com sua filha, cujo rompimento se deu muitos anos antes, deixando cicatrizes emocionais em todos eles. Trilha sonora composta de sucessos de Roberto Carlos. 

Comentários:
Bom filme brasileiro dos anos 1970. O ator Paulo Gracindo, grande nome do nosso cinema e da nossa televisão, interpreta esse velho policial que a despeito de tudo o que aconteceu no passado tenta uma reaproximação com sua filha, que havia expulsado de casa ainda na adolescência. A jovem agora trabalha como dançarina e prostituta em um cabaré de quinta categoria em Copacabana. As coisas só pioram quando ela se envolve com um marginalzinho, michê de homossexuais e travestis, além de assaltante de motoristas de táxi nas madrugadas. Eventualmente ele também mata alguns taxistas em seus crimes. Gostei da história e do roteiro. E o elenco também está muito bem. Paulo Gracindo é um desses nomes que fazem falta na cultura nacional nos dias de hoje. Eu sempre lembrarei dele como o corrupto prefeito Odorico de "O Bem Amado", mas ele foi muito além disso. Então deixo a dica desse bom filme para quem aprecia nosso cinema nacional. 

Pablo Aluísio.

As Sete Vampiras

Título no Brasil: As Sete Vampiras
Título Original: As Sete Vampiras
Ano de Lançamento: 1986
País: Brasil
Estúdio: Embrafilme
Direção: Ivan Cardoso
Roteiro: Ivan Cardoso, Rubens Francisco Luchetti
Elenco: Simone Carvalho, Lucélia Santos, Nuno Leal Maia, Léo Jaime, Ivon Cury, Neusinha Brizola, Wilson Grey

Sinopse:
Um botânico meio doido se revela incapaz de lidar com uma planta carnívora que transforma suas vítimas em vampiros. Então surgem um detetive desajeitado e sua secretária para solucionar as misteriosas mortes que acontecem em um show de uma boate, onde se toca rock de qualidade! 

Comentários:
O diretor Ivan Cardoso sempre foi muito criativo ao longo de sua carreira, mas infelizmente nem sempre contou com os meios adequados para colocar suas ideias nas telas de cinema. Esse foi um caso. Ele tentou fazer uma espécie de paródia com filmes de terror, criando um tal gênero que chamava de "terrir", terror para rir. Não deu certo. Visto hoje em dia o filme parece um trash movie muito do mal feito. De bom mesmo, temos apenas a trilha sonora com o melhor do rock nacional dos anos 80, em especial a música tema do filme composta por Léo Jaime e as belas curvas de atrizes brasileiras gostosas, em trajes sumários. A Simone Carvalho era um pitelzinho, como diriam os cafajestes da época. Beleza pura! Fora isso, realmente, você não vai encontrar nada de muito interessante nesse filme nacional que anda esquecido. 

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente

Título no Brasil: Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente 
Título Original: Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente 
Ano de Lançamento: 2021
País: Brasil
Estúdio: Canal Brasil 
Direção: Cesar Cabral
Roteiro: Cesar Cabral, Leandro Maciel
Elenco: Angeli, Paulo Miklos, André Abujamra

Sinopse:
O desenhista Angeli sofre com a meia idade. Pior do que isso, ele agora vai ter que enfrentar seus próprios personagens, entre eles o punk veterano Bob Cuspe que foge de seu mundo pós-apocalíptico, para acertar as contas com seu criador, que no fundo não passa de seu próprio alter ego. 

Comentários:
O talentoso cartunista Angeli encerrou recentemente sua carreira nos quadrinhos. Ele foi diagnosticado com uma doença que o impossibilita de trabalhar desenhando. Isso entretanto não significou o fim de sua carreira como criador. Agora ele tem se concentrado no audiovisual. Primeiro naquele ótimo programa "Angeli, The Killer" e no momento dando voos mais altos no mundo do cinema como vemos nesse filme. O formato é basicamente o mesmo do programa de TV, só que temos aqui uma história do personagem Bob Cuspe bem mais desenvolvida, com ele velhão, vivendo em um deserto, no melhor estilo Mad Max. Ficou legal. Essa técnica de stop motion (dos bonecos de massinha) nunca perde seu charme. E juntando tudo isso com os personagem bem bolados do Angeli não havia como dar errado mesmo. Tudo muito divertido! 

Pablo Aluísio.

Tudo na Cama

Título no Brasil: Tudo na Cama
Título Original: Tudo na Cama
Ano de Lançamento: 1983
País: Brasil
Estúdio: CAM Filmes
Direção: Antonio Meliande
Roteiro: Ody Fraga
Elenco: Ênio Gonçalves, Matilde Mastrangi, Monique Lafond, Walter Forster, Zilda Mayo

Sinopse:
Um notório mulherengo, conquistador barato das ruas de São Paulo, decide finalmente que chegou a hora de se casar, o que acaba gerando uma grande confusão com suas antigas amantes e namoradas de ocasião! E agora, o tal galã de periferia vai ou não subir o altar?

Comentários:
Mais uma pornochanchada, só que em seu momento de fechar as cortinas, porque esse estilo de cinema brasileiro que havia feito tanto sucesso nos anos 70 já não conseguia mais atrair público aos cinemas como no passado. O antigo chamariz de bilheteria, com as mulheres nuas, estava agora em outra, nos filmes de sexo explícito que dominavam as locadoras de vídeo e os cinemas de baixa reputação. Pois é, o pornô acabou deixando a velha pornochanchada brasileira obsoleta e fora de moda. E isso foi uma queda e tanto em termos de bilheteria para o cinema nacional. Sobrou para a pornochanchada explorar a imagem de atrizes como Matilde Mastrangi, sem dúvida uma das maiores gostosas do cinema nacional naqueles anos. Fora isso, nada de muito relevante, a não ser um certo humor vulgar e as baixarias engraçadas de sempre. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Minha Mãe é uma Peça

Título no Brasil: Minha Mãe é uma Peça
Título Original: Minha Mãe é uma Peça
Ano de Lançamento: 2012
País: Brasil
Estúdio: Globo Filmes
Direção: André Pellenz
Roteiro: Paulo Gustavo, Fil Braz
Elenco:  Paulo Gustavo, Herson Capri, Ingrid Guimarães, Suely Franco, Rodrigo Pandolfo, Mariana Xavier

Sinopse:
Dona Hermínia (Paulo Gustavo) é uma típica mãe carioca, que mora em Niterói. Separada do marido, ela se empenha em criar os filhos, mas nunca é reconhecida em seus esforços por eles. Então um dia resolve ir embora, indo passar alguns dias na casa de sua tia. E isso vai dar origem a muitas confusões. 

Comentários:
Esse é aquele tipo de filme que se justifica e se sustenta basicamente pelo trabalho de um ator. No caso aqui do Paulo Gustavo. Ele leva o filme todo nas costas, isso sem desmerecer o trabalho do resto do elenco que no fundo está ali trabalhando como escada para sua atuação. É realmente uma pena que tenha falecido tão precocemente, vítima da pandemia de Covid-19. Era realmente um profissional muito talentoso dentro de seu nicho, no caso a comédia. E o mais interessante de tudo é que ele teve como inspiração para seu trabalho a própria mãe. No fundo a personagem de Dona Hermínia é a mãe do Paulo Gustavo, como bem fica claro na última cena do filme quando ela surge em um vídeo amador feito pelo próprio Paulo Gustavo em sua casa, em Niterói. Realmente merece todos os nossos aplausos pelo talento e pela inspiração. É um profissional que fará falta ao cinema brasileiro. Já o filme em si, bem esse pode assistir sem receios. É muito divertido e captou bem a alma do brasileiro de classe média, com suas contradições e visões do mundo, sempre priorizando o lado familiar e cômico de suas vidas cotidianas. Tem lá seus exageros, mas isso faz parte do jogo nesse tipo de produção. 

Pablo Aluísio.

O Homem Cordial

Título no Brasil: O Homem Cordial 
Título Original: O Homem Cordial 
Ano de Lançamento: 2019
País: Brasil
Estúdio: Momento Filmes
Direção: Iberê Carvalho
Roteiro: Iberê Carvalho, Pablo Stoll
Elenco: Paulo Miklos, Theo Werneck, Bruno Fatumbi Torres, Geraldo Rodrigues, Pedro Lima

Sinopse:
Um veterano roqueiro paulista decide voltar aos palcos depois de muitos anos, mas acaba sendo hostilizado por causa de um vídeo que viraliza na internet. Ele é acusado de ter envolvimento na morte de um PM, em uma grande confusão que ocorreu no passado. 

Comentários:
De maneira em geral considerei um bom filme nacional. Tem uma boa edição e um roteiro que se segura bem em sua primeiras cenas. O problema maior que vejo aqui é que a partir de um determinado momento a história fica um pouco sem rumo, perdida, com o protagonista mergulhando na noite paulistana sem ter muito o que fazer. As coisas só voltam a melhorar quando um longo flashback surge mostrando o começo de toda a confusão envolvendo um jovem menor de idade e um PM, o que explicaria a morte do policial. No fundo o mais interessante no filme é a crítica que faz do uso da internet como ferramenta de julgamentos injustos e parciais. E sobra também críticas justas e corretas para esses justiceiros de rua, que movidos por uma mentalidade fascista, pensam estar sempre com a razão, dando soluções simplistas e violentas para questões que no fundo são bem complexas. A ignorância jamais poderá prevalecer dentro da nossa sociedade. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de março de 2021

Carandiru

Título no Brasil: Carandiru
Título Original: Carandiru
Ano de Produção: 2003
País: Brasil, Argentina
Estúdio: Globo Filmes
Direção: Hector Babenco
Roteiro: Hector Babenco, Fernando Bonassi
Elenco: Rodrigo Santoro, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Caio Blat, Milton Gonçalves, Enrique Diaz

Sinopse:
Com roteiro inspirado no livro de memórias escrito pelo médico Drauzio Varella, o filme Carandiru explora os dramas humanos e sociais dos detentos de um dos maiores sistemas prisionais no mundo. Filme indicado a Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Comentários:
Esse é certamente um dos filmes mais viscerais do cinema brasileiro. Uma obra bem importante que mostra os problemas enfrentados por uma massa carcerária vivendo no presídio do Carandiru, em São Paulo. Como todos sabemos esse sistema prisional foi palco de uma das maiores tragédias da história do Brasil, quando centenas de prisioneiros foram mortos durante uma rebelião. O filme também conta esse episódio, entretanto antes disso procura expor uma série de dramas pessoais dos presos. Muitas dos dramas mostrados no filme foram baseados em fatos reais, pois parte do roteiro foi retirado do livro do médico Drauzio Varella, que trabalhou por anos dentro do presídio, conhecendo os presos, seus relacionamentos e enfrentando a questão da AIDS naquele ambiente prisional. Enfim, belo e trágico filme. Uma grande lição de história que não se aprende nos bancos escolares.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de março de 2021

O Beijo da Mulher-Aranha

Em grande parte do filme temos apenas dois personagens em cena. Ele são prisioneiros e estão dentro de uma cela. E são pessoas bem diferentes entre si. Valentin Arregui (Raul Julia) é um prisioneiro político. Socialista de formação, foi pego tentando passar um passaporte falso para outro companheiro de luta. Luis Molina (William Hurt) é um homossexual que seduziu um rapaz menor de idade. Acabou sendo condenado a oito anos de cadeia em uma prisão muito suja e super lotada. O filme não diz exatamente em que país eles cumprem pena, mas fica claro desde sempre que é no Brasil.

Precisando viver juntos, eles precisam superar as diferenças e acabam se tornando bem próximos. O personagem de William Hurt conta as histórias dos velhos filmes que assistiu no passado. Algumas vezes suas lembranças são deixadas de lado para a imaginação fluir e ele cria seus próprias enredos. Ele é um encarcerado, mas sua mente pode ir longe. O pior porém é que ele é levado pelo diretor da prisão a trair seu amigo de cela. Ele precisa trazer informações do preso político, saber suas conexões, uma espécie de traição sutil que vai desandar em um final trágico. Nesse aspecto o filme não nega suas origens bem teatrais pois tudo é desenvolvido em ambiente quase único, tudo fundado em ótimos diálogos.

"O Beijo da Mulher-Aranha" aliás foi o mais perto que o cinema brasileiro chegou de ganhar um Oscar. William Hurt venceu o Oscar de melhor ator naquele ano e fez uma saudação em português para o Brasil enquanto recebia o prêmio. O filme realmente é praticamente todo nacional, com elenco coadjuvante formado por atores brasileiros falando inglês e equipe técnica de nacionalidade verde e amarela. Então de fato, tirando Hurt e alguns outros profissionais estrangeiros, temos aqui um produto de nosso cinema. O resultado é dos melhores. O filme não envelheceu muito com o passar dos anos pela simples razão que é um daqueles filmes em que a atuação fica em primeiro plano. E nesse aspecto não há o que reclamar. É um belo momento do cinema brasileiro.

O Beijo da Mulher-Aranha (Kiss of the Spider Woman. Brasil, Estados Unidos, 1985) Direção: Hector Babenco / Roteiro: Manuel Puig, Leonard Schrader / Elenco: William Hurt, Raul Julia, Sônia Braga, José Lewgoy, Milton Gonçalves, Nuno Leal Maia, Fernando Torres, Herson Capri, Denise Dumont, Wilson Grey, Miguel Falabella / Sinopse: Dois prisioneiros vivem o drama de cumprir pena em uma prisão de um país da América Latina. Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor ator (William Hurt). Também indicado nas categorias de melhor filme, melhor direção e melhor roteiro adaptado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Meu Nome Não é Johnny

Título no Brasil: Meu Nome Não é Johnny
Título Original: Meu Nome Não é Johnny
Ano de Produção:  2008
País: Brasil
Estúdio: Globo Filmes
Direção: Mauro Lima
Roteiro: Mariza Leão, Guilherme Fiúza
Elenco: Selton Mello, Giulio Lopes, Júlia Lemmertz, Felipe Severo, Breno Guimarães, Ellan Lustosa

Sinopse:
O filme conta a história de João Guilherme Estrella (Selton Mello). um jovem que começa a vender drogas para pagar suas contas e que logo percebe que o imenso lucro dessa atividade criminosa. Em pouco tempo começa a perder o controle de suas atividades no mundo do crime.

Comentários:
"Meu Nome Não é Johnny" é mais um bom filme desse novo momento de retomada do cinema brasileiro. A própria Rede Globo entrou com mais firmeza no mundo das produções cinematográficas e no meio de uma série de comédias sem maior relevância conseguiu também produzir bons filmes como esse. E grande parte do bom resultado desse filme se deve ao ator Selton Mello, inegavelmente um dos mais talentosos profissionais de sua geração e também um artista inteligente que sempre soube escolher muito bem os projetos nos quais se envolveu. Também é interessante ressaltar que o cinema brasileiro tem longa tradição em retratar criminosos em geral, desde os tempos do bandido da luz vermelha, passando pelo filme mostrando a vida de Lúcio Flávio. Esse aqui é bem mais leve, vai em um clima menos barra pesada, mas ainda assim consegue agradar a quem estiver em busca de bom cinema.

Pablo Aluísio.

Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia

Título no Brasil: Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia
Título Original: Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia
Ano de Produção: 1977
País: Brasil
Estúdio: Embrafilme
Direção: Hector Babenco
Roteiro: Hector Babenco, Jorge Durán
Elenco: Reginaldo Faria, Ana Maria Magalhães, Milton Gonçalves, Ivan Cândido, Lady Francisco, Grande Otelo

Sinopse:
O filme conta a história real do criminoso brasileiro Lúcio Flávio. Ele ficou famoso durante as décadas de 1960 e 1970 por causa das diversas prisões e fugas ao longo de sua vida. Ele tinha envolvimento com policiais corruptos, membros do chamado Esquadrão da Morte. Acabou contando parte de sua história antes de ser assassinado. O roteiro desse filme foi baseado em seus relatos pessoais.

Comentários:
"Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia" é hoje em dia considerado um dos grandes clássicos do cinema brasileiro. Eu me recordo que assisti a esse filme ainda muito jovem e fiquei completamente impressionado com o que vi. A razão é fácil de entender. Esse filme não tem receios de mostrar o lado mais duro da criminalidade. Lúcio Flávio era ladrão e assaltante de bancos, mas quase sempre conseguia fugir dos presídios onde cumpria pena. Na época as pessoas ficavam admiradas, mas no fundo o segredo era simples: ele tinha inúmeros contatos com policiais corruptos que ajudavam em suas fugas. O sistema era todo podre. Outro aspecto muito relevante dessa produção é que ela escancara também toda a brutalidade do regime militar que imperava na época, inclusvie mostrando em detalhes todas as violações de direitos humanos perpetuados por agentes do Estado. Um absurdo completo.  Outro aspecto curioso é que esse filme fez tanto sucesso de bilheteria que acabou ganhando até mesmo uma espécie de sequência chamada "Eu Matei Lúcio Flávio". Enfim, se você estiver em busca de um cinema mais realista e até mesmo brutal, "Lúcio Flávio" é um dos mais indicados na história do cinema nacional.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Desmundo

Título no Brasil: Desmundo
Título Original: Desmundo
Ano de Produção: 2002
País: Brasil, Portugal
Estúdio: A.F. Cinema e Vídeo
Direção: Alain Fresnot
Roteiro: Sabina Anzuategui, Alain Fresnot
Elenco: Simone Spoladore, Osmar Prado, Caco Ciocler, Berta Zemel, Beatriz Segall, José Eduardo

Sinopse:
O filme "Desmundo" conta a história da jovem Orisbela, uma mulher religiosa que vem de Portugal ao Brasil para se casar com Francisco de Albuquerque, um rude dono de um canavial, em 1570. Filme premiado pelo Festival de Cinema de Brasília, entre outros prêmios importantes.

Comentários:
Esse filme nacional me impressionou. Só o assisti uma vez, mas nunca me esqueci. Isso porque ele tem nuances históricas mais do que interessantes. O roteiro procurou ser o mais fiel possível, tentando inclusive resgatar a linguagem, o português que era falado no Brasil em 1570. Era algo tão diferente que os produtores decidiram colocar legendas no filme para que o público pudesse entender direito o que os personagens falavam. Outro aspecto digno de nota é que o filme resgata o péssimo tratamento que as mulheres tinham por parte de seus maridos, em um passado não tão distante assim. As mulheres eram tratadas quase como animais. O patriarca do Brasil colonial não tinha qualquer respeito ou consideração maior pela mulher que vivia ao seu lado. Romantismo? Dignidade? Esqueça esses conceitos. As mulheres tinham quase o mesmo tratamento que era dado às mulas da fazenda. Não estou exagerando, uma coisa pavorosa. E pensar que ainda tem gente defendendo os tais "valores tradicionais"! Só se for a tradição de não tratar as mulheres com o mínimo respeito que se deve dar a um ser humano.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Cidade de Deus

É um dos filmes mais elogiados da nova safra do cinema brasileiro. Realmente temos aqui uma obra-prima, tecnicamente impecável e com um roteiro realmente acima da média. As lentes de Fernando Meirelles focam na vida de um grupo de jovens nascidos e criados dentro de comunidades pobres do Rio de Janeiro. Como não poderia ser diferente, muitos deles migram para o mundo do crime, para a criminalidade. Essa história, socialmente consciente, revela um outro mundo da sociedade carioca, onde se tornar traficante de drogas nos morros violentos da cidade se transforma, muitas vezes, na única saída para a pobreza em que muitos desses jovens vivem.

O crime é assim uma escada social para um futuro com mais dinheiro, status e poder. Não deixa de ser também um retrato da falência moral da sociedade brasileira como um todo. Deixando as questões sociológicas de lado, esse filme foi a mais bem sucedida produção nacional em termos de representatividade no Oscar. O filme foi indicado nas categorias de melhor direção, melhor roteiro, melhor direção de fotografia (César Charlone) e melhor edição (Daniel Rezende). E como se isso não fosse o bantante ainda foi indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme estrangeiro. Em resumo, "Cidade de Deus" é provavelmente (beirando às raias da certeza absoluta) o filme mais brasileiro mais conhecido no exterior. O que também não deixa de ser um orgulho, já que é inegavelmente um dos melhores filmes já produzidos pelo cinema nacional.

Cidade de Deus (Brasil, 2002) Direção: Fernando Meirelles, Kátia Lund / Roteiro: Bráulio Mantovani, baseado no livro escrito por Paulo Lins / Elenco: Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino, Matheus Nachtergaele / Sinopse: Jovens moradores da cidade de Deus no Rio de Janeiro encontram no mundo do crime uma saída para para suas vidas. O filme conta a história de vários deles, desde a infância até a idade adulta.

Pablo Aluísio.

Dona Flor e Seus Dois Maridos

Título no Brasil: Dona Flor e Seus Dois Maridos
Título Original: Dona Flor e Seus Dois Maridos
Ano de Produção: 1976
País: Brasil
Estúdio: Embrafilme
Direção: Bruno Barreto
Roteiro: Bruno Barreto, baseado na obra de Jorge Amado
Elenco: Sônia Braga, José Wilker, Mauro Mendonça, Nelson Xavier, Dinorah Brillanti, Arthur Costa Filho

Sinopse:
Na história temos Dona Flor (Sônia Braga) que após a morte do marido Vadinho (José Wilker) decide se casar novamente com um respeitável dono de farmácia em Salvador. O problema é que ele é mais velho e um grande chato. Vadinho era pura alegria, farrista, vivia de carnaval em carnaval. Era um cafajeste, mas Flor amava ele. E assim ele retorna, do mundo dos mortos, para tentar de novo a sua antiga esposa. Filme indicado ao Globo de Ouro e ao BAFTA Awards na categoria de melhor filme estrangeiro.

Comentários:

Durante muitos anos esse filme foi a maior bilheteria do cinema brasileiro. As razões são até bem fáceis de entender. A atriz Sônia Braga na época era uma das estrelas mais populares das novelas da Globo. Ela representava a pura sensualidade morena da mulher brasileira. Suas novelas, como Gabriela, estavam entre as mais assistidas do país. O interesse em seu trabalho no cinema era natural. O roteiro era baseado em um dos melhores livros da grande obra literária de Jorge Amado e a direção de Bruno Barreto se mostrou perfeita. Com tantos elementos certos, o filme realmente não poderia dar errado. Um dos aspectos interessantes aqui é que o livro de Jorge Amado conseguia, com rara sensibilidade, unir o lado mais sensual do povo brasileiro com suas crenças místicas, espirituais. Vadinho retorna ao mundo dos vivos através do candomblé, uma das ricas heranças culturas da cultura afro em nosso país. Dois elementos, corpo e alma, unidos em uma história divertida e muito simbólica. A alma do povo brasileiro poucas vezes foi tão bem capturada como nesse clássico do cinema nacional. Houve um remake em 2017, mas esqueça esse novo filme. A versão definitiva é justamente essa da década de 1970, simplesmente insuperável.

Pablo Aluísio.