O filme foi baseado no livro escrito por John le Carré, famoso autor de best-sellers, com uma grande legião de leitores e admiradores. Eu não li o livro original. Minha opinião segue baseada apenas no filme. E nesse aspecto não tive boa percepção desse longa-metragem. Sim, eu tenho pleno consciência que o filme foi extremamente elogiado pela crítica em seu lançamento, mas no meu caso não consegui gostar. Achei um filme extremamente frio, quase uma obra cinematográfica sem nenhuma emoção para passar ao espectador. Acontece muito e é mais comum do que muitas pessoas que curtem cinema pensam. A palavra que me vem à mente é sempre a mesma quando penso em "O Jardineiro Fiel". É uma obra fria, asséptica.
Posso dizer que a única coisa que me agradou mesmo foi a atuação da atriz Rachel Weisz. que inclusive foi premiada com o Oscar na categoria naquele ano que foi até bem disputada. A personagem dela é a única que parece ter alma nessa história, a única que passa algum sentimento verdadeiro. O papel de Ralph Fiennes é todo baseado em um personagem que tem uma frieza fora do normal. O sujeito simplesmente não consegue passar nenhum calor humano. E como ele está em cena em praticamente todo o filme seu jeito de ser passa a incomodar. Com isso tudo o filme acabou me soando bem entediante. Tédio e frio, eis o resumo.
O Jardineiro Fiel (The Constant Gardener, Inglaterra, Estados Unidos, 2005) Direção: Fernando Meirelles / Roteiro: Jeffrey Caine, baseado na obra de John le Carré / Elenco: Ralph Fiennes, Rachel Weisz, Danny Huston, Hubert Koundé / Sinopse: Um viúvo está determinado a descobrir um segredo potencialmente explosivo envolvendo o assassinato de sua esposa, um grande negócio e um caso de corrupção corporativa.
Pablo Aluísio.
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sábado, 17 de julho de 2021
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
Cidade de Deus
É um dos filmes mais elogiados da nova safra do cinema brasileiro. Realmente temos aqui uma obra-prima, tecnicamente impecável e com um roteiro realmente acima da média. As lentes de Fernando Meirelles focam na vida de um grupo de jovens nascidos e criados dentro de comunidades pobres do Rio de Janeiro. Como não poderia ser diferente, muitos deles migram para o mundo do crime, para a criminalidade. Essa história, socialmente consciente, revela um outro mundo da sociedade carioca, onde se tornar traficante de drogas nos morros violentos da cidade se transforma, muitas vezes, na única saída para a pobreza em que muitos desses jovens vivem.
O crime é assim uma escada social para um futuro com mais dinheiro, status e poder. Não deixa de ser também um retrato da falência moral da sociedade brasileira como um todo. Deixando as questões sociológicas de lado, esse filme foi a mais bem sucedida produção nacional em termos de representatividade no Oscar. O filme foi indicado nas categorias de melhor direção, melhor roteiro, melhor direção de fotografia (César Charlone) e melhor edição (Daniel Rezende). E como se isso não fosse o bantante ainda foi indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme estrangeiro. Em resumo, "Cidade de Deus" é provavelmente (beirando às raias da certeza absoluta) o filme mais brasileiro mais conhecido no exterior. O que também não deixa de ser um orgulho, já que é inegavelmente um dos melhores filmes já produzidos pelo cinema nacional.
Cidade de Deus (Brasil, 2002) Direção: Fernando Meirelles, Kátia Lund / Roteiro: Bráulio Mantovani, baseado no livro escrito por Paulo Lins / Elenco: Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino, Matheus Nachtergaele / Sinopse: Jovens moradores da cidade de Deus no Rio de Janeiro encontram no mundo do crime uma saída para para suas vidas. O filme conta a história de vários deles, desde a infância até a idade adulta.
Pablo Aluísio.
O crime é assim uma escada social para um futuro com mais dinheiro, status e poder. Não deixa de ser também um retrato da falência moral da sociedade brasileira como um todo. Deixando as questões sociológicas de lado, esse filme foi a mais bem sucedida produção nacional em termos de representatividade no Oscar. O filme foi indicado nas categorias de melhor direção, melhor roteiro, melhor direção de fotografia (César Charlone) e melhor edição (Daniel Rezende). E como se isso não fosse o bantante ainda foi indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme estrangeiro. Em resumo, "Cidade de Deus" é provavelmente (beirando às raias da certeza absoluta) o filme mais brasileiro mais conhecido no exterior. O que também não deixa de ser um orgulho, já que é inegavelmente um dos melhores filmes já produzidos pelo cinema nacional.
Cidade de Deus (Brasil, 2002) Direção: Fernando Meirelles, Kátia Lund / Roteiro: Bráulio Mantovani, baseado no livro escrito por Paulo Lins / Elenco: Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino, Matheus Nachtergaele / Sinopse: Jovens moradores da cidade de Deus no Rio de Janeiro encontram no mundo do crime uma saída para para suas vidas. O filme conta a história de vários deles, desde a infância até a idade adulta.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
360
Título no Brasil: 360
Título Original: 360
Ano de Produção: 2011
País: Inglaterra, França, Brasil
Estúdio: BBC Films
Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Jude Law, Anthony Hopkins, Ben Foster, Maria Flor, Rachel Weisz, Vladimir Vdovichenkov
Sinopse:
Vários histórias, envolvendo pessoas diversas, das mais distantes partes do mundo, se entrelaçam, mostrando que cada uma delas está ligada às demais, mesmo que isso não seja tão aparente como muitos poderiam pensar. Filme indicado no London Film Festival na categoria de melhor direção (Fernando Meirelles).
Comentários:
Esse filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles me fez lembrar até mesmo dos filmes antigos de Robert Altman. A estrutura do roteiro segue a mesma linha. É no estilo mosaico, com vários personagens vivendo suas próprias vidas sem se darem conta que todos estão ligados entre si, de uma forma ou outra. Assim temos uma verdadeira galeria de personagens diferentes. Jude Law interpreta o executivo que mesmo casado com uma bela mulher, procura por encontros com prostitutas que encontrou na internet. Anthony Hopkins dá vida ao pai que embarca numa viagem da Inglaterra aos Estados Unidos em busca de sua filha desaparecida. A polícia de Phoenix encontrou um corpo carbonizado, não identificado de uma mulher inglesa que pode ser sua filha. Ele então parte para reconhecer o corpo. Ben Foster é o maníaco sexual que acabou de sair da cadeia, está voltando para casa e precisa de todas as formas conter seus impulsos criminosos. Além disso há um capanga da máfia russa que pensa em cair fora de seu "ramo de trabalho". Há ainda uma jovem brasileira, cansada das traições de seu namorado francês. Enfim, várias histórias circulando, todas interessantes. Um bom filme para quem aprecia esse tipo de roteiro mais fragmentado.
Pablo Aluísio.
Título Original: 360
Ano de Produção: 2011
País: Inglaterra, França, Brasil
Estúdio: BBC Films
Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Jude Law, Anthony Hopkins, Ben Foster, Maria Flor, Rachel Weisz, Vladimir Vdovichenkov
Sinopse:
Vários histórias, envolvendo pessoas diversas, das mais distantes partes do mundo, se entrelaçam, mostrando que cada uma delas está ligada às demais, mesmo que isso não seja tão aparente como muitos poderiam pensar. Filme indicado no London Film Festival na categoria de melhor direção (Fernando Meirelles).
Comentários:
Esse filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles me fez lembrar até mesmo dos filmes antigos de Robert Altman. A estrutura do roteiro segue a mesma linha. É no estilo mosaico, com vários personagens vivendo suas próprias vidas sem se darem conta que todos estão ligados entre si, de uma forma ou outra. Assim temos uma verdadeira galeria de personagens diferentes. Jude Law interpreta o executivo que mesmo casado com uma bela mulher, procura por encontros com prostitutas que encontrou na internet. Anthony Hopkins dá vida ao pai que embarca numa viagem da Inglaterra aos Estados Unidos em busca de sua filha desaparecida. A polícia de Phoenix encontrou um corpo carbonizado, não identificado de uma mulher inglesa que pode ser sua filha. Ele então parte para reconhecer o corpo. Ben Foster é o maníaco sexual que acabou de sair da cadeia, está voltando para casa e precisa de todas as formas conter seus impulsos criminosos. Além disso há um capanga da máfia russa que pensa em cair fora de seu "ramo de trabalho". Há ainda uma jovem brasileira, cansada das traições de seu namorado francês. Enfim, várias histórias circulando, todas interessantes. Um bom filme para quem aprecia esse tipo de roteiro mais fragmentado.
Pablo Aluísio.
sábado, 7 de dezembro de 2019
Dois Papas
Achei excelente esse filme. O tema sobre perdão e humanidade caiu muito bem, tudo bem escrito, em um roteiro realmente acima da média. Além disso é um tema dos nossos dias e vai despertar a atenção de muitas pessoas. O filme inclusive já é cotado para ser um campeão de indicações no Oscar, com destaque para o elenco, esse realmente excepcional. O grande Anthony Hopkins, um dos meus atores preferidos de todos os tempos, interpreta o Papa Bento XVI. Quando o encontramos nas primeiras cenas, ele ainda é apenas o cardeal Joseph Ratzinger. O Papa João Paulo II está morto e um conclave é convocado. Na votação duas correntes da igreja se enfrentam, os conservadores e os progressistas, que querem modernizar essa instituição milenar. Nessa primeira eleição Ratzinger se consagra vencedor e se torna o Papa Bento XVI. Só que o segundo lugar no conclave também se destaca. Ele é um cardeal pastoral argentino chamado Jorge Mario Bergoglio (Jonathan Pryce). O caminho deles volta a se cruzar alguns anos depois, no próprio Vaticano. Bergoglio vai até Bento XVI para pedir sua aposentadoria. Se considera cansado após tantos anos de luta dentro da igreja. Jesuíta, acredita que já fez tudo o que poderia fazer. Só que Bento XVI não lhe dá ouvidos. Ambos se aproximam e acabam criando uma bela amizade.
O roteiro do filme se concentra então em uma série de conversas entre eles, tudo também mesclado com cenas de flashback do passado de ambos os religiosos. E aí o roteiro mostra toda a sua força. O filme, que poderia ser considerado de antemão chato e arrastado, jamais cai nessa armadilha. Tudo é feito com talento raro. Os dois grandes atores "duelam" em cena e quem acaba se saindo vencedor é o próprio espectador. Mesmo com a idade já um tanto avançada, Sir Anthony Hopkins brilha como poucos. Ele está perfeito em seu papel e já é considerado um dos fortes candidatos ao Oscar desse ano. Não menos bem se sai Jonathan Pryce, como o carismático, popular e "gente boa" Bergoglio. Um é o aristocrata conservador, homem de tradição, o outro é o homem do povo, popular, sempre com um sorriso no rosto, esbanjando simpatia. O alemão é um estudioso, homem de livros, teórico. O argentino é um homem do povo, que privilegia o lado pastoral, um prático da fé cristã. Do choque dessas duas personalidades tão diferentes nasce um grande filme. É uma obra-prima cinematográfica assinada pelo brasileiro Fernando Meirelles que aqui merece todas os aplausos de pé. A conclusão não poderia ser outra. É um filme realmente maravilhoso,
Dois Papas (The Two Popes, Estados Unidos, Itália, Argentina, 2019) Direção: Fernando Meirelles / Roteiro: Anthony McCarten / Elenco: Anthony Hopkins, Jonathan Pryce, Juan Minujín / Sinopse: O destino de dois membros do clero católico se encontram após a morte do Papa João Paulo II. Ambos estão destinados a também se tornarem Papas. E uma amizade sincera, baseada muitas vezes na diferença de opiniões entre eles, nasce no meio de uma crise enfrentada pela Igreja. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator (Jonathan Pryce), Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro (Anthony McCarten).
Pablo Aluísio.
O roteiro do filme se concentra então em uma série de conversas entre eles, tudo também mesclado com cenas de flashback do passado de ambos os religiosos. E aí o roteiro mostra toda a sua força. O filme, que poderia ser considerado de antemão chato e arrastado, jamais cai nessa armadilha. Tudo é feito com talento raro. Os dois grandes atores "duelam" em cena e quem acaba se saindo vencedor é o próprio espectador. Mesmo com a idade já um tanto avançada, Sir Anthony Hopkins brilha como poucos. Ele está perfeito em seu papel e já é considerado um dos fortes candidatos ao Oscar desse ano. Não menos bem se sai Jonathan Pryce, como o carismático, popular e "gente boa" Bergoglio. Um é o aristocrata conservador, homem de tradição, o outro é o homem do povo, popular, sempre com um sorriso no rosto, esbanjando simpatia. O alemão é um estudioso, homem de livros, teórico. O argentino é um homem do povo, que privilegia o lado pastoral, um prático da fé cristã. Do choque dessas duas personalidades tão diferentes nasce um grande filme. É uma obra-prima cinematográfica assinada pelo brasileiro Fernando Meirelles que aqui merece todas os aplausos de pé. A conclusão não poderia ser outra. É um filme realmente maravilhoso,
Dois Papas (The Two Popes, Estados Unidos, Itália, Argentina, 2019) Direção: Fernando Meirelles / Roteiro: Anthony McCarten / Elenco: Anthony Hopkins, Jonathan Pryce, Juan Minujín / Sinopse: O destino de dois membros do clero católico se encontram após a morte do Papa João Paulo II. Ambos estão destinados a também se tornarem Papas. E uma amizade sincera, baseada muitas vezes na diferença de opiniões entre eles, nasce no meio de uma crise enfrentada pela Igreja. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator (Jonathan Pryce), Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro (Anthony McCarten).
Pablo Aluísio.
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