sexta-feira, 31 de março de 2023

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 15

A década de 1940 começou, o mundo estava em guerra, mas John Wayne não conseguiu se alistar para lutar na Europa, como muitos de seus colegas atores. Embora existam muitas versões diferentes sobre isso, o mais plausível talvez seja o fator idade. Ele já não tinha a idade certa para entrar nas forças armadas. Ao ficar nos Estados Unidos, o ator acabou tendo acesso a filmes que normalmente não faria, pois os estúdios dariam esses papéis para outros atores. De certa forma foi um lance de sorte em sua carreira, algo que mudaria seu status em Hollywood dali em diante. Exemplos dessa mudança de ares pode ser vista em seus filmes seguintes. 

"O Morro dos Maus Espíritos" era um western muito requintado. Nada parecido com os filmes de faroeste B que o ator vinha aparecendo desde o começo de sua trajetória como ator em Hollywood. A produção era classe A, realmente contando com um roteiro muito bem elaborado, baseado em um best-seller da época. A história tinha um ótimo argumento, lidando com conflitos familiares e a chegada de um estranho misterioso que poderia trazer segredos do passado que deveriam ser esquecidos. Na época o próprio John Wayne declarou que aquele havia sido o melhor personagem de sua carreira. 

Enquanto a segunda guerra mundial devastava a Europa, as coisas só melhoravam para o "Duke" nos Estados Unidos. Os roteiros que eram oferecidos a ele eram primorosos, afinal os estúdios ficaram sem seus principais astros como James Stewart e Clark Gable, pois ambos entraram no esforço de guerra. Até mesmo os que não vestiram farda foram se apresentar no exterior para as tropas americanas que lutavam no front europeu e do Pacífico Sul. 

"Vendaval de Paixões" foi outro grande sucesso de bilheteria de John Wayne. O papel tinha sido preparado para contar com Clark Gable no elenco, mas como ele estava na guerra, o único nome capaz de fazer frente em termos de chamariz de público era justamente o de John Wayne. Com uma produção de encher os olhos, assinada pelo lendário Cecil B. DeMille, Wayne arrancou elogios da crítica e aclamação do público que adorou esse épico romântico ao velho estilo. Cecil B. DeMille, que também dirigiu o filme, disse aos jornais da época que John Wayne iria se tornar o maior nome de Hollywood e conforme os anos foram passando suas previsões se tornaram realmente certeiras. No dez anos seguintes ele realmente se tornaria o mais popular astro do cinema americano. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 30 de março de 2023

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 32

E então Marilyn entrou na fase de maior sucesso de sua carreira. Ela colecionou uma série incrível de grandes sucessos de bilheteria. Praticamente todos os seus filmes entraram na lista dos dez maiores sucessos do ano, muitas vezes conseguindo emplacar dois ou mais filmes nessa mesma lista top 10. Era um sucesso de público realmente espetacular. "O Pecado Mora ao Lado" foi bem simbólico desse período. O filme foi bastante elogiado pela crítica e alguns chegaram a cogitar até mesmo sua primeira indicação ao Oscar pela inspirada interpretação nessa comédia romântica saborosa. 

Marilyn interpretava uma loira de fechar quarteirão que se mudava por alguns dias para o apartamento vizinho ao de um quarentão, cuja esposa tinha ido passar algumas semanas na casa de sua mãe. Claro que um monumento de mulher como aquele iria mexer com esse sujeito bem comum, que ficava caidinho por ela. Situação mais do que delicada. Marilyn aqui caprichou no tipo de papel que sabia fazer muito bem, a da loira de olhos azuis, extremamente bonita, mas obviamente não muito inteligente, chegando ao ponto de ser meio bobinha, embora sua sensualidade estivesse a mil graus! Beleza e ingenuidade, uma combinação explosiva para muitos homens!

O filme se notabilizou também por causa da imagem icônica de uma linda Marilyn Monroe de vestido branco, vendo surpresa suas saias sendo levantadas pelo ar do metrô de Nova Iorque logo abaixo. Para os anos 50 esse tipo de cena sensual era pura dinamite e causou grande furor entre os conservadores (tem gente mais chata no universo do que eles?). Nem preciso dizer que as filas nas portas do cinema só aumentaram depois que o poster do filme foi exibido orgulhosamente pela Fox na Times Square. As fotos da cena também encheram as revistas populares. Era um big hit cinematográfico sem precedentes. 

Depois de todo esse sucesso, Marilyn resolveu exigir do estúdio um maior cachê e um maior cuidado com seus filmes. Queria apenas os melhores diretores e o melhor que a Fox poderia disponibilizar em termos de cinema na época. Ela também exigiu a assinatura de um novo contrato que lhe desse controle total da produção de seus filmes, com direito de escolher pessoalmente os diretores e de vetar qualquer nome do elenco que lhe desagradasse. Como se pode ver, de loira burra ela não tinha absolutamente nada, sabia exigir seus direitos de estrela de cinema. E quando todos pensavam que ela iria ficar em Los Angeles brigando com os executivos da Fox, ela surpreendeu a imprensa e seus fãs ao subir em uma avião para ir morar em Nova Iorque. Queria estudar no Actors Studio, queria melhorar como atriz. Quem poderia criticar a deusa por fazer essa escolha?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 29 de março de 2023

Elvis Presley - Elvis' Christmas Album - Parte 4

"Here Comes Santa Claus" já era uma música bem antiga quando Elvis resolveu gravar essa sua nova versão. Essa canção na realidade era bem recorrente entre artistas do circuito country. E as pessoas esquecem que foi nesse mesmo circuito que Elvis realizou suas primeiras apresentações. Eu sempre gostei dessa canção. Ela chegou a ser usada em um clip de Natal nos anos 80 pela extinta Rede Manchete. Todo Natal ela entrava na programação, por essa razão eu criei um certo vínculo emocional e sentimental com ela. Muito pueril, mas igualmente muito carismática. 

"Santa Bring My Baby Back (To Me)" novamente traz em sua letra um pedido para o Papai Noel. Para quem anda esquecido das aulinhas de inglês, ele é conhecido nos Estados Unidos como Santa Claus, por isso o nome Santa em seu título. E o pedido dessa vez era para trazer a garota do autor da letra de volta. Se já não bastassem os milhares de presentes para as crianças que o Papai Noel tinha que distribuir na noite natalina, ainda tinha que dar uma de cupido também! Acho que confundiram as funções dos dois personagens!  

"O Little Town of Bethlehem" é muitas vezes creditada como uma música gospel em sua essência. Embora haja diferenças sutis, eu penso que ela seria melhor enquadrada como uma música natalina mesmo. As referências da letra evocam justamente o nascimento de Jesus, que ninguém sabe ao certo em que data se deu, mas que foi convencionada pela Igreja Católica em seus primórdios como tendo sido em dezembro. Historiadores acreditam que ele nasceu mesmo em março, por causa de pequenos detalhes colocados no evangelho. Então agora estaríamos em plena época do Natal! Mas enfim, essa é uma questão que não nos interessa nesse texto. O que vale salientar aqui é a boa performance de Elvis, embora muitos critiquem a canção por ser excessivamente melancólica. 

"Take My Hand, Precious Lord"  faz parte do pacote "Peace in The Valley", ou seja, foi lançada originalmente naquele compacto duplo (EP) que chegou às lojas americanas nos anos 50. Esse foi, não deixo de lembrar, o primeiro trabalho exclusivamente religioso da discografia de Elvis. E isso causou uma certa perplexidade nos jovens e na sociedade da época. Afinal o que estaria fazendo aquele roqueiro rebolativo e com cabelos cheios de brilhantina ao cantar esse tipo de material? Seria alguma gozação com os cristãos da época, os mesmos que o estavam acusando de corromper os bons costumes da juventude? Claro que nao, Elvis era mesmo uma pessoa religiosa, mas nem todo mundo entendeu isso perfeitamente. Nao faltaram acusações infundadas contra o cantor. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de março de 2023

Irmão Contra Irmão

Título no Brasil: Irmão Contra Irmão
Título Original: Saddle the Wind
Ano de Lançamento: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Sturges, Robert Parrish
Roteiro: Rod Serling, Thomas Thompson
Elenco: Robert Taylor, Julie London, John Cassavetes, Donald Crisp, Charles McGraw, Royal Dano

Sinopse:
Depois de uma vida como pistoleiro em pequenas cidades do velho oeste, Steve Sinclair (Robert Taylor) decide cuidar de um rancho na Califórnia. E Nesse novo momento de sua vida tudo parece correr certo. Ele trabalha na propriedade rural, tem um pequeno rebanho de gado e consegue viver bem, mesmo que modestamente. Só que tudo muda com a chegada de seu irmão na região. Tony Sinclair (John Cassavetes) abre caminho para uma amarga rivalidade entre irmãos. Quem sairá vencedor desse trágico duelo entre eles?

Comentários:
Eu nunca considerei o ator Robert Taylor muito adequado para estrelar filmes de faroeste. Ele sempre fez mais o tipo galã, com sombras nos olhos para parecer mais bonito nas cenas, além de sempre aparecer com figurinos e cabelos impecáveis nos filmes em que atuava. Era um homem extremamente vaidoso de sua aparência pessoal. Uma imagem que não era condizente com os cowboys e pistoleiros reais que viveram no velho oeste. Mesmo assim ele colecionou bons filmes no gênero, algo inegável de se constatar. Esse filme aqui pode ser considerado um dos melhores de sua longa filmografia. Baseada em uma boa produção do estúdio MGM e contando com a preciosa direção do especialista John Sturges, o filme se destacava mesmo entre os bons filmes de faroeste de sua época (considerada a era de ouro do western americano). O roteiro era muito bom e o elenco estava em momento de graça. Sem dúvida um belo momento do gênero na década de 1950. Por fim uma curiosidade até divertida: muitos brasileiros que gostavam  de cinema na época acreditavam que Robert Taylor era o imrão mais velho de Elizabeth Taylor! Claro que eles não tinham parentesco, apenas usavam o mesmo sobrenome artístico. A confusão era fruto mesmo da falta de informações que havia naquela época em nosso país. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Tempos Modernos

Título no Brasil: Tempos Modernos
Título Original: Modern Times
Ano de Lançamento: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: Charles Chaplin Productions
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard, Henry Bergman, Tiny Sandford, Chester Conklin, Stanley Blystone

Sinopse:
Carlitos (Charles Chaplin) arranja emprego em uma fábrica de peças industriais. Na linha de montagem descobre que está perdendo aquilo que lhe é mais precioso: sua humanidade. A série de atos repetitivos o transformam quase em uma máquina. Apenas o amor de sua amada poderá resgatar sua alma e seus ricos sentimentos humanos. 

Comentários:
Esse filme é considerado uma das grandes obras-primas de Chaplin. Aqui ele centra seu foco nas condições sub-humanas que os operários de grandes fábricas eram submetidos na época. Seu personagem, o eterno Carlitos, sente na pele como seria desgastante passar horas e mais horas fazendo a mesma coisa, parafusando máquinas, repetindo tudo à exaustão. Quando o filme foi lançado Chaplin declarou: "As condições dos operários é a pior possível. Eles não são máquinas, são seres humanos e seus direitos devem ser respeitados!". Além de sua mensagem de apoio à classe trabalhadora o filme também se notabilizou por ter sido o primeiro filme falado de Chaplin. Ele teve que se render a uma nova realidade no cinema, mas aproveitou para fazer humor com isso também. Quando Carlitos abre finalmente a boca para falar e cantar, tudo o que sai dela são palavras sem o menor sentido. Com essa cena Chaplin quis passar o recado de que o cinema mudo era a verdadeira essência da sétima arte. O cinema falado era algo que ele realmente não tinha o menor apreço. Enfim "Tempos Modernos" é um grande clássico da história do cinema. Mais uma obra de arte cinematográfica assinada pelo gênio Charles Chaplin. 

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de março de 2023

Império da Luz

Título no Brasil: Império da Luz
Título Original: Empire of Light
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos; Reino Unido
Estúdio: Searchlight Pictures
Direção: Sam Mendes
Roteiro: Sam Mendes
Elenco: Olivia Colman, Micheal Ward, Colin Firth, Toby Jones, Tom Brooke, Tanya Moodie

Sinopse:
Hilary (Olivia Colman) é uma senhora que trabalha em um cinema no sul da Inglaterra nos anos 80. Sua situação é delicada porque ela tem histórico de problemas de saúde mental e está sempre tentando se manter em uma situação de controle emocional. E ser assediada sexualmente pelo dono do cinema não ajuda em nada sua situação. E tudo complica quando ela se envolve com o novo empregado, um jovem que vai trabalhar naquele cinema. 

Comentários:
Muito bom filme, outro que acabou sendo esnobado injustamente no Oscar. Merecia muitos prêmios, mas a Academia parece firme no seus anseios de premiar porcarias. Aqui temos uma clara homenagem ao cinema de antigamente. O cenário é um bonito cinema no sul da Inglaterra, chamado Empire. Ele já está meio decadente, mas ainda consegue atrair certo eventos como a estreia mundial do filme "Carruagens de Fogo". O foco do filme centra na história dos empregados desse cinema. A protagonista é uma mulher já com certa idade que tenta viver dignamente, algo complicado por causa de seus problemas mentais e do chefe que promove assédio sexual contra ela. Esse personagem asqueroso é interpretado por Colin Firth! Veja que ironia, logo um ator que sempre se destacou por suas atuações de gentlemens e homens finos. É sem dúvida um bom filme, mas em minha opinião o diretor errou ao escolher seu final. O filme deveria terminar na cena em que a protagonista assiste no cinema ao filme "Muito Além do Jardim". Seria o desfecho ideal, mas o filme ainda se arrasta por 10 minutos inúteis, perdendo o lirismo de um final que teria sido perfeito. 

Pablo Aluísio.

Respire Fundo

Título no Brasil: Respire Fundo
Título Original: A Mouthful of Air
Ano de Lançamento: 2021
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Amy Koppelman
Roteiro: Amy Koppelman
Elenco: Amanda Seyfried, Paul Giamatti, Amy Irving, Olivia Katz, Christian Kutz, Finn Wittrock

Sinopse:
Julie Davis (Amanda Seyfried) é uma jovem mãe que após o nascimento do primeiro filho desenvolve uma grande depressão. E as coisas só pioram quando ela descobre que está novamente grávida, agora de uma filha. Anteriormente ela havia tentado se matar, cortando seus pulsos, e tudo parece voltar. Para piorar, ela tem uma forte resistência em tomar os remédios prescritos, o que pode levar a uma grande tragédia naquela família. 

Comentários:
Esse filme tem uma história de cortar o coração! Lida com temas sensíveis e delicados por si mesmos. O roteiro tem que tratar de maternidade, depressão e suicidio, tudo ao mesmo tempo. Não é fácil. Por essa razão não recomendaria esse filme para todos os tipos de públicos. Há gatilhos psicológicos em sua história, mesmo que eles sejam amenizados o tempo todo pela narrativa que chega a usar elementos infantis, como desenhos animados com personagens coloridos. Só que o tema é tão pesado, o drama que se desenvolve ao redor é tão dramaticamente marcante, que nem isso consegue suavizar o filme como um todo. Em termos de elenco me surpreendi completamente com o trabalho de atuação da atriz Amanda Seyfried. Ela que construiu toda a sua carreira com filmes leves, comédias românticas, aqui interpreta uma personagem tão trágica. Merece todos os elogios. É um ótimo filme, só não espere por um final feliz. 

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de março de 2023

Luther: O Cair da Noite

Título no Brasil: Luther: O Cair da Noite
Título Original: Luther: The Fallen Sun
Ano de Lançamento: 2023
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: Jamie Payne
Roteiro: Neil Cross
Elenco: Idris Elba, Cynthia Erivo, Andy Serkis, Dermot Crowley, Thomas Coombes, Hattie Morahan

Sinopse:
O detetive John Luther (Idris Elba) cai em uma armadilha. Enquanto um velho inimigo começa a ganhar terreno com seus planos mirabolantes de vingança contra todos os que lhe prejudicaram no passado, o veterano detetive vai parar na prisão - e pelo visto não vai conseguir sair dali pelos meios mais tradicionais. Ele vai ter mesmo que fugir para colocar a situação em sua devida ordem. 

Comentários:
O púbico brasileiro não conhece muito, mas na Inglaterra esse personagem Luther é bem popular, tanto que sua série ficou no ar por longos dez anos. A novidade é que com o cancelamento da série original, o personagem desse detetive foi migrado para um novo formato, o de Longa-Metragem. O filme é bom, bem interessante. O clima em certos aspectos até mesmo me lembrou de Bond, James Bond, só que mais pé no chão. O ator Idris Elba mantém todo o interesse, pois ele é realmente muito bom nesse tipo de personagem. O vilão é interpretado por Andy Serkis, que tem uma chance de mostrar seu trabalho em um filme, sem estar escondido em um personagem digital feito de puro pixel. Talvez seu estilo seja um pouco caricato demais, entretanto dentro da proposta desse filme até que no final tudo se encaixou bem. Pelo visto o detetive seguirá em frente, pois o filme foi bem sucessido em seu lançamento, chegando a liderar a lista dos mais vistos da Netflix.

Pablo Aluísio.