quarta-feira, 4 de julho de 2018

Gotti

O filme foi massacrado pela crítica nos Estados Unidos e Europa. Alguns críticos chegaram a dizer que se tratava do pior filme sobre máfia já feito! Um exagero. Tudo bem que "Gotti" passa longe de ser uma obra prima, mas até que tem seus momentos. O interessante de tudo - pelo menos no meu caso pessoal - é que eu me lembro bastante da figura desse chefão mafioso John Gotti. Ele era figurinha fácil nos telejornais da época. Durante os anos 80 ele se tornou praticamente uma celebridade, o que em se tratando de um líder do crime organizado não era bem uma boa ideia a se seguir.

John Gotti adorava a mídia, sempre debochando das autoridades. Chegou a ser chamado de "Don Teflon" porque nenhuma acusação conseguia grudar nele, o levando a ser absolvido inúmeras vezes. Processado por anos e anos, só caiu na malha do FBI porque cometeu o erro de ficar deslumbrado com seu próprio poder dentro da máfia. Vindo de baixo, subiu ao topo do comando da família Gambino de Nova Iorque ao executar o chefão anterior, Paul "Big Paul" Castellano. Quebrando o código de honra que deveria ser seguido pelos membros da cosa nostra acabou virando alvo não apenas dos federais, mas também dos demais membros de famílias rivais.

John Travolta faz o possível para encarnar John Gotti. Em minha opinião a maquiagem ficou um pouco esquisita. Ele também exagera em certos momentos, adotando uma postura quase de caricatura. Mesmo assim ainda consegue sobreviver ao vexame. O roteiro também falha por ser mal estruturado. Com idas e vindas no tempo, acaba se tornando um pouco cansativo para o público em geral. De qualquer forma há bons momentos, como a recriação do assassinato do chefão Castellano em frente a um restaurante de Nova Iorque. Enquanto o rival é executado, Gotti vai assistindo a cena, curtindo todos os detalhes sangrentos. Em suma, apesar de não ser um grande filme até que "Gotti" se torna interessante, justamente por causa de seu protagonista, talvez o último grande chefão mafioso da história. 

Gotti (Estados Unidos, 2018) Direção: Kevin Connolly / Roteiro: Lem Dobbs, Leo Rossi / Elenco: John Travolta, Spencer Rocco Lofranco, Kelly Preston / Sinopse: Durante a década de 1980 um mafioso de escalão menor, John Gotti (Travolta), decide executar o chefão de seu bando, o líder da infame família Gambino de Nova Iorque. Com sua morte ele assume o controle da quadrilha, mas ao mesmo tempo passa a ser alvo do FBI e das famílias rivais, dando começo a uma sangrenta luta pelo poder dentro da cosa nostra.

Pablo Aluísio.

Passageiros

Até que gostei desse filme "Passageiros". Se fosse resumir de uma forma bem concisa diria que é um Sci-fi romântico, uma definição esquisita, mas que tem sua razão de ser. A história do filme se passa toda numa nave espacial. Em viagens de grandes distância - estou aqui me referindo a distâncias cósmicas! - a única forma de manter a vida seria colocar todos os tripulantes e passageiros numa espécie de hibernação. Por um erro do sistema porém um dos membros da tripulação é retirado desse estado. Isso também significaria que ele estaria só pelo resto da viagem que duraria um tempo maior do que a expectativa de vida de um ser humano normal.

Aí entra a grande inventividade do roteiro. Para não ficar solitário até o fim de seus dias esse mesmo tripulante decide tirar uma jovem garota de sua hibernação - para viver ao seu lado. Falta de ética? Absurdo moral? Tudo isso, mas o roteiro tenta contornar essas questões para contar uma história de amor. Com praticamente apenas dois atores em cena (Jennifer Lawrence e Chris Pratt) o filme funciona, o que não deixa de ser uma surpresa. Os dois vão se conhecendo e como estão sozinhos no meio do universo acabam se apaixonando. O filme não fez o sucesso esperado, talvez por não ter sido muito bem entendido e recebido pela crítica, mas vale a pena ser conhecido. É um daqueles roteiros que ficam em nossa mente por bastante tempo, justamente por causa de sua originalidade. Algo, convenhamos, bem complicado de encontrar hoje em dia dentro do cinemão comercial americano.

Passageiros (Passengers, Estados Unidos, 2016) Direção: Morten Tyldum / Roteiro: Jon Spaihts / Elenco: Jennifer Lawrence, Chris Pratt, Michael Sheen, Andy Garcia / Sinopse: Trpulante de uma viagem espacial acaba sendo despertado antes da hora de sua câmara de hibernação. Para não ficar sozinho até o fim de seus dias ele resolve retirar desse estado uma jovem passageira, bem bonita e atraente. Isso acaba selando seus destinos para sempre.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Até o Último Homem

Um filme interessante por ser diferente. É a história de um soldado americano chamado Desmond Doss (Andrew Garfield) que é levado para lutar nos campos de batalha da II Guerra Mundial. Até aí, nada demais, seria uma história convencional sobre esse conflito. A diferença vem do fato do jovem soldado ser um adventista do sétimo dia, o que teoricamente o impediria de lutar no front, matando os inimigos. Alegando exceção de consciência (algo que também existe no direito brasileiro) ele então é designado para o corpo médico da corporação. Assim ele vai para a guerra não para tirar vidas, mas sim para salvar as vidas do maior número possível de soldados americanos atingidos pelo fogo inimigo.

A direção é de Mel Gibson. Após alguns anos em que ficou brigado com os principais nomes da indústria cinematográfica americana, ele retornou para dirigir essa produção. Gibson dividiu seu filme em dois atos bem distintos, na primeira parte mostrando aspectos da vida pessoal de seu protagonista e a segunda, já no campo de guerra na Europa, quando seu personagem principal acaba se tornando um herói no front. O segundo ato do filme é bem mais interessante. Gibson mostra muita habilidade em explorar as cenas de batalha. Por fim uma curiosidade histórica. Esse roteiro foi escrito originalmente para ser estrelado por Audie Murphy, um herói de verdade da guerra que havia virado astro de filmes de cowboy nos anos 50.

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, Estados Unidos, Austrália, 2016) Direção: Mel Gibson / Roteiro: Robert Schenkkan, Andrew Knight / Elenco: Andrew Garfield, Hugo Weaving, Vince Vaughn, Sam Worthington / Sinopse: O filme conta a história real do soldado Desmond Doss (Andrew Garfield). Ele é um jovem adventista do sétimo dia que se alista no exército americano durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Alegando objeção de consciência (de natureza religiosa), ele acaba se dispondo a ajudar os companheiros no campo de batalha, trabalhando como assistente médico. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Andrew Garfield), Melhor Direção (Mel Gibson), Melhor Edição (John Gilbert), Melhor Mixagem de Som (Kevin O'Connell e Andy Wright) e Melhor Edição de Som (Robert Mackenzie e Andy Wright).

Pablo Aluísio. 

Um Limite Entre Nós

Uma das melhores atuações da carreira do ator Denzel Washington que inclusive deveria ter sido premiado com o Oscar por esse seu trabalho. Em ritmo teatral ele interpreta um lixeiro chamado Troy. No passado ele foi considerado um promissor jogador de beisebol, mas a promessa não se cumpriu. O tempo passou, ele envelheceu e diante de uma família para criar acabou arranjando um trabalho comum. Isso porém não tornou Troy uma pessoa amargurada ou depressiva. Ele tem seus valores e não deixa de ser um homem muito rico em experiências de vida. Sua visão de mundo pode até ser considerada dura demais pela esposa, filhos e amigos, mas é assim que ele pensa.

O roteiro traz ótimos diálogos para o elenco. Nesse altura de sua carreira é realmente um presente para Denzel Washington encontrar um texto tão bom para declamar em cena. Entre risos e lágrimas, ele demonstra que é um dos grandes atores de sua geração. Palmas merecidas também para Viola Davis. Premiada como melhor atriz no Oscar e no Globo de Ouro, ela é sem dúvida a alma de um filme muito humano, muito caloroso e também verdadeiro. Provavelmente Denzel Washington tenha criado um carinho tão grande pelo filme que resolveu ele mesmo dirigir. Acabou fazendo também uma excelente direção de atores. Enfim, se você é fã e admirador de Washington não pode deixar passar em branco esse fenomenal momento de sua filmografia. Filme realmente grandioso.

Um Limite Entre Nós (Fences, Estados Unidos, 2016) Direção: Denzel Washington / Roteiro: August Wilson / Elenco: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson, Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson / Sinopse: Troy (Denzel Washington) é um pai de família que trabalha como lixeiro na cidade onde vive. Além das dificuldades do trabalho duro, ele ainda precisa lidar com todos os problemas familiares que vão surgindo em sua vida, sempre com uma visão peculiar, própria, do mundo. Filme premiado no Oscar e no Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Viola Davis). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Denzel Washington), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Somente o Mar Sabe

Desconhecia totalmente a história que é baseada em fatos reais. Nos anos 60 um prêmio foi prometido ao primeiro navegador que conseguisse dar a volta ao mundo em um veleiro. Detalhe importante: o navegador teria que viajar completamente sozinho, sem o apoio de ninguém. Isso chama imediatamente a atenção de Donald Crowhurst (Colin Firth). Ele é inventor nas horas vagas e apesar de ter um pequeno barco sua experiência em alto-mar é zero. Mesmo assim ele resolve ir atrás de investidores para a aventura. Representando a Inglaterra, logo começa a colocar em prática seus planos. Ele mesmo desenha o projeto do veleiro e após alguns atrasos finalmente consegue colocar o barco no mar. Não há tempo a perder e no mesmo dia em que a embarcação fica pronta ele entra na competição.

O que mais me deixou surpreso nesse filme é que ele conta na verdade uma história que de certa maneira envergonha os ingleses em geral. Não vou soltar spoiler, mas o fato é que o personagem de Colin Firth passa longe de ser um herói da história britânica. No começo do filme você é levado a pensar que se trata de mais um daqueles heróis improváveis que vencendo todas as adversidades acaba fazendo um grande feito pessoal, mas não é nada disso. Embora retratado como bom pai de família, logo que se vê no meio do oceano começa a surgir nele uma personalidade mesquinha, trapaceira, que parece disposto a tudo para alcançar a fama. Conforme o tempo passa, ele também começa a demonstrar sinais de desequilíbrio mental, talvez e muito provavelmente, por ter ficado meses isolado no meio do oceano. Enfim, não é um filme para todos os públicos. Não há heroísmo e nem orgulho, mas apenas muita vergonha em cima de tudo o que aconteceu.

Somente o Mar Sabe (The Mercy, Inglaterra, 2018) Direção: James Marsh / Roteiro: Scott Z. Burns / Elenco: Rachel Weisz, Colin Firth, David Thewlis / Sinopse: Um homem comum, bom pai de família, decide participar de uma competição de volta ao mundo em um veleiro. O navegador precisa viajar completamente sozinho pelo oceano, dar a volta ao mundo e voltar para a Inglaterra no menor tempo possível. O primeiro lugar receberá uma bela bolada em dinheiro. O problema é que a viagem acaba se tornando um desafio acima das possibilidades, levando o navegador solitário a tomar atitudes completamente desprezíveis sob o ponto de vista ético e moral.

Pablo Aluísio.

A Melhor Escolha

Esse filme vai falar mais fundo ao povo dos Estados Unidos, em especial aos familiares que perderam entes queridos nas diversas guerras que o país se envolveu nesses últimos anos. É a história de três veteranos da guerra do Vietnã que se reencontram muitos anos depois. Claro que o tempo colocou cada um deles em caminhos diferentes na vida, mas eles voltam a se reunir justamente para o enterro do filho de um deles, um rapaz morto na ocupação do Iraque. Larry 'Doc' Shepherd (Steve Carell) é o pai do jovem soldado morto. Ele resolveu procurar por Sal Nealon (Bryan Cranston), velho amigo dos fuzileiros, para que ele ajude no enterro de seu filho. Ao contrário de Doc que é um sujeito introvertido, Sal é pura extroversão. Dono de um pequeno bar, ele fala pelos cotovelos. Mulherengo e expansivo, é um bom contraponto ao antigo colega de farda.

O último a se juntar ao trio é Richard Mueller (Laurence Fishburne). Na época da guerra do Vietnã ele era um soldado que gostava de jogar cartas e mulheres de bordel. Agora, passados tantos anos, virou pastor de uma pequena igreja de sua cidade. O passado ele quer deixar para trás, mas os antigos companheiros do serviço militar surgem para trazer tudo de volta. O roteiro se desenvolve assim, com os três amigos indo para o funeral do jovem fuzileiro. O choque de personalidades entre eles é o grande fator dramático explorado pelo roteiro. No geral achei um filme com narrativa bem convencional. A única coisa fora do comum é a atuação do ator Steve Carell que deixou a comédia de seus filmes anteriores para abraçar um papel bem de acordo com a proposta do enredo. Então é isso, basicamente um filme sobre o funeral de um soldado, filho de outro soldado, que tenta superar os traumas de um passado no campo de combate.

A Melhor Escolha (Last Flag Flying, Estados Unidos, 2017) Direção: Richard Linklater / Roteiro: Richard Linklater, Darryl Ponicsan/ Elenco: Bryan Cranston, Laurence Fishburne, Steve Carell, J. Quinton Johnson / Sinopse: O filme conta a história de três veteranos de guerra que voltam a se reunir após muitos anos. Eles seguem juntos para o enterro de um jovem fuzileiro naval, filho de Doc, um dos veteranos do Vietnã.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de julho de 2018

Os Estranhos: Caçada Noturna

O primeiro filme não havia me agradado muito. Embora bem feito, achei extremamente violento e brutal, além de trazer um final em aberto que parecia premiar os psicopatas do enredo. Esse segundo filme segue basicamente as mesmas linhas do anterior, mas com mudanças que me deixaram mais satisfeito como espectador. A premissa básica segue muito parecida. Uma família decide passar alguns dias de férias em um hotel isolado, pertencente a um parente. Ao chegarem lá descobrem que o lugar está meio abandonado, sem ninguém por perto. Uma estranha garota bate a porta da família perguntando por uma pessoa que não existe. Depois ela retorna para fazer a mesma pergunta. Bizarro, algo não está certo.

E realmente não está, em pouco tempo a família de mascarados psicopatas surge, com a finalidade de matar a todos. Não existe - como também não existia no primeiro filme - qualquer motivação para a matança. O roteiro também não se preocupa em mostrar a história ou o passado da família de mascarados, apenas em mostrar o sangue jorrando. Claro, não é um filme indicado para pessoas mais sensíveis ou que estejam procurando por diversão sadia. Isso porém não desqualifica "Os Estranhos" como franquia de sucesso, já que no subgênero gore ele está muito bem representado. Obviamente o roteiro se rende a alguns clichês do estilo, como a extrema ingenuidade (diria até burrice) das vítimas, mas cenas mais bem idealizadas garantem o interesse, entre elas citaria o assassinato a facadas na piscina, com toda aquela iluminação ultra brega desse tipo de hotelzinho que existe nos Estados Unidos. Fora isso também destaco a trilha sonora, cheia de hits radiofônicos dos anos 80, algo sutil que acaba tornando tudo ainda mais sinistro e macabro.

Os Estranhos: Caçada Noturna (The Strangers: Prey at Night, Estados Unidos, 2018) Direção: Johannes Roberts / Roteiro: Bryan Bertino, Ben Ketai / Elenco: Christina Hendricks, Martin Henderson, Bailee Madison / Sinopse: Duas famílias. A primeira resolve se hospedar em um pequeno hotel isolado. A segunda é formada por psicopatas que usam máscaras sinistras. O encontro entre as duas famílias vai gerar um banho de sangue no meio da madrugada. E não haverá a quem pedir socorro.

Pablo Aluísio.

Rota de Fuga 2

Muito ruim esse novo filme de Stallone! Aliás usar essa expressão nem é tão certa porque apesar de Stallone estar no elenco ele na verdade apenas vendeu a franquia "Escape Plan" para produtores chineses. Assim vários personagens orientais foram adicionados no roteiro e o que era para ser a continuação do primeiro filme de 2013 virou apenas uma venda comercial para o promissor mercado de filmes da China. E o que restou dessa transação comercial? Muito pouco. Em termos cinematográficos o filme é, como já escrevi, muito ruim. Parece que os produtores chineses fizeram de propósito para que o filme acabasse se parecendo com aquelas fitas B de Hong Kong. O roteiro é do tipo trash, mero pretexto para uma série de lutas de kung fu. Nada mais do que isso.

E qual é o enredo que ele conta? O personagem de Stallone, que era um prisioneiro no primeiro filme, agora é dono de uma empresa de seguros, mera fachada para uma equipe de resgate de presos em prisões de segurança máxima, do tipo alta tecnologia. Quando dois membros de seu grupo são aprisionados em uma prisão oriental chamada Hades, Stallone tenta tirá-los de lá. O problema é que a prisão não é a mesma, ou seja, ela muda de layout todos os dias. Uma prisão cujas paredes é móvel, tornado quase impossível uma fuga. Lendo assim a sinopse pode até parecer algo interessante, mas não se engane, o filme é realmente péssimo, mal produzido, mal roteirizado, com jeito de cinema oriental de qualidade ruim. Não adiante encarar. E o pior é que não vai parar por aí. Um terceiro filme já intitulado "Escape Plan 3: Devil's Station" já está em pós-produção. Haja ruindade!

Rota de Fuga 2 (Escape Plan 2: Hades, China, Estados Unidos, 2018) Direção: Steven C. Miller / Roteiro: Miles Chapman / Elenco: Sylvester Stallone, Dave Bautista, Xiaoming Huang, Jesse Metcalfe, 50 Cent / Sinopse: Sob a fachada de uma seguradora, o empresário Ray Breslin (Sylvester Stallone) monta uma equipe especializada em fugas de prisões de segurança máxima, de alta tecnologia. Quando dois membros de sua equipe são presos na Hades, uma prisão no Oriente, ele forma um grupo especial com o objetivo de resgatá-los de lá o mais rapidamente possível.

Pablo Aluísio.