sábado, 10 de março de 2012

Mississippi em Chamas

Dois Agentes do FBI, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), chegam a uma pequena cidade do Mississippi para investigar a morte de três militantes dos direitos civis durante a década de 60. Lá encontram pela frente todo tipo de dificuldade para levar em frente as investigações, tendo que lidar com a hostilidade das autoridades e da população local. "Mississippi em Chamas" é um dos melhores trabalhos do excelente cineasta Alan Parker. O filme mostra como poucos a engrenagem do ódio racial que insiste em perdurar em certas localidades mais distantes dos grandes centros urbanos dos EUA. Essa região é formada por vários Estados de forte tradição em segregação racial. Localidades onde a igualdade racial ainda não fez morada. Não é demais lembrar que foram esses mesmos Estados que tentaram sair da federação americana por causa da questão da escravidão, gerando a Guerra Civil entre norte e sul. Pelo visto a velha mentalidade confederada ainda persiste mesmo após décadas do fim do conflito. O governo americano sob a presidência de John Kennedy sancionou várias leis de igualdade entre brancos e negros mas como mostrado no filme nem sempre leis são suficientes para mudar décadas de mentalidade segregacionista.

O grande nome do elenco aqui é Gene Hackman. Ele interpreta um agente do FBI que, tendo nascido no sul racista, acaba ficando entre a cruz e a espada, entre os valores no qual foi criado e as regras da sua agência de investigação. Já Willem Dafoe interpreta o parceiro que segue as regras do Bureau mais de perto, procurando seguir os procedimentos à risca. Entre o elenco de apoio os destaques são dois: R. Lee Ermey (o sargento durão de Nascido Para Matar) na pele do prefeito da cidade e Frances McDormand como a sofrida esposa de um policial e membro da Klu Klux Klan. O roteiro é muito bem elaborado, fugindo sempre dos clichês que poderiam surgir nesse tipo de filme que mostra dois agentes da lei durante uma investigação complicada. O roteirista Chris Gerolmo foi muito feliz na condução da estória fugindo sempre de situações convencionais ou burocráticas. Já sobre Alan Parker não há muito o que falar. Sempre foi um dos meus cineastas preferidos, um diretor com uma filmografia cheia de filmes intrigantes ou viscerais tais como "Coração Satânico" (sua obra prima na minha opinião) e "O Expresso da Meia Noite". Infelizmente recentemente esteve no Brasil e explicou que anda no ostracismo pois os estúdios atualmente preferem não mais bancar filmes com temáticas sociais como a que vemos nessa produção. Pelo jeito a mentalidade tacanha não é privilégio apenas dos sulistas norte-americanos. Só podemos mesmo lamentar. De qualquer forma fica a dica - se ainda não assistiu não deixe de conferir esse grande filme dos anos 80.

Mississippi em Chamas (Mississippi Burning, Estados Unidos, 1988) Direção: Alan Parker / Roteiro: Chris Gerolmo / Elenco: Gene Hackman, Willem Dafoe, Frances McDormand, R. Lee Ermey, Brad Dourif / Sinopse: Dois Agentes do FBI, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), chegam a uma pequena cidade do Mississippi para investigar a morte de três militantes dos direitos civis durante a década de 60. No local encontram pela frente todo tipo de dificuldade para levar em frente as investigações, tendo que lidar com a hostilidade das autoridades e da população local.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Laços de Ternura

Aurora Greenway (Shirley MacLaine) é uma viúva que não concorda com o casamento prematuro e impensado de sua única filha, Emma (Debra Winger). Aurora considera o genro, o professor Flap Horton (Jeff Daniels), um sujeito sem ambições e sem um grande futuro pela frente. Além de lidar com um casamento que desaprova Aurora ainda tem que aturar um vizinho espalhafatoso e fanfarrão, o astronauta aposentado Garret Breedlove (Jack Nicholson) que apesar da idade não deixa de aproveitar cada momento de sua vida, sempre se envolvendo com mulheres mais jovens em festas e bebedeiras. "Laços de Ternura" é um filme sobre relações humanas. Não apenas entre mães e filhas mas também sobre o complicado cotidiano de envolvimentos amorosos que nem sempre parecem o ideal. O roteiro muito bem escrito se foca em Aurora, uma mãe super protetora que acaba sufocando a própria filha, se metendo em demasia em sua própria vida conjugal, ligando a toda hora. Um tipo de mãe que muitas pessoas conhecem bem. A personagem Emma, a filha, também é muito curiosa. Remando contra a maré das conquistas femininas ela se torna uma esposa ao velho estilo, sem trabalho, sem profissão, apenas uma dona de casa com um monte de filhos ao redor (uma vida que para a maioria das mulheres hoje em dia seria um verdadeiro horror!). Além do mais descobre tarde demais que o pacato professor com quem se casou é um marido infiel e sonso que não perde a chance de dar em cima de suas alunas mais bonitas.

Todos os personagens.de "Laços de Ternura" são bem construídos mas nenhum consegue superar o astronauta interpretado por Jack Nicholson. É curioso que muita da personalidade do próprio Jack foi passado para seu papel em cena. Até no figurino (óculos escuros, roupas nada convencionais), o estilo de vida, o envolvimento com jovens garotas, enfim tudo remete ao próprio Jack Nicholson em sua vida pessoal. Por essa razão ele está particularmente bem à vontade em sua brilhante caracterização que aliás lhe valeu o Oscar de melhor ator coadjuvante, um prêmio mais do que merecido. Por falar em prêmios o papel de Aurora foi o mais premiado da carreira de Shirley MacLaine. Ela não apenas venceu o Oscar de melhor atriz por sua interpretação como também levou outros importantes prêmios na mesma categoria para casa como o Globo de Ouro e o BAFTA. O filme em si também abocanhou todos os demais Oscar importantes da noite (Melhor Filme, Diretor e Roteiro Adaptado), coroando de vez sua consagração. Em conclusão podemos afirmar que "Laços de Ternura" é um sensível e delicado drama sobre relacionamentos humanos, suas contradições e seus desgastes. Um bom estudo sobre os dramas cotidianos que são consequências de nossas escolhas ao longo da vida. Uma obra cinematográfica que merece ser vista (e revista) sempre que possível.

Laços de Ternura (Terms of Endearment, Estados Unidos, 1982) Direção: James L. Brooks / Roteiro: Larry McMurtry, James L. Brooks / Elenco: Shirley MacLaine, Debra Winger, Jack Nicholson, Jeff Daniels, John Lithgow, Danny De Vito / Sinopse: Aurora Greenway (Shirley MacLaine) é uma viúva que não concorda com o casamento prematuro e impensado de sua única filha, Emma (Debra Winger). Aurora considera o genro, o professor Flap Horton (Jeff Daniels) um sujeito sem ambições e sem um grande futuro pela frente. Além de lidar com um casamento que desaprova Aurora ainda tem que aturar um vizinho espalhafatoso e fanfarrão, o astronauta aposentado Garret Breedlove (Jack Nicholson) que apesar da idade não deixa de aproveitar cada momento de sua vida, sempre se envolvendo com mulheres mais jovens em festas e bebedeiras.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Os Especialistas

A primeira impressão ao assistir "Os Especialistas" é de tristeza ao ver o grande ator de outrora, Robert De Niro, se prestando ao papel de alugar seu nome a quem pagar melhor. Sim, não existe função ou importância no personagem que ele interpreta aqui - tanto faz ele existir ou não, nada mudaria nesse filme. O Jason Statham está na dele, esse é o tipo de produção que ele sempre estrelou mas De Niro exercendo um papel tão sem relevância como esse é realmente desanimador. O roteiro é banal, a velha fórmula do assassino profissional que tem que cumprir uma série de mortes. A única diferença aqui é que ele realiza os assassinatos por causa do sequestro de seu amigo por um xeique do Oriente Médio. O roteiro só não explica como é que um profissional desse tipo consegue ter sentimentos de amizade tão fortes a ponto de se colocar em risco por qualquer pessoa que seja. Ficou forçado e bobo. Jason Statham repete seu personagem habitual, o sujeito durão que distribui farpas e tiros para todos os lados. Ele atualmente é o legítimo sucessor herdeiro dos brutamontes dos anos 80 como Chuck Norris e Arnold Scharzennegger. Seguindo nessa linha vai construindo uma vasta filmografia com muitos títulos, tantos filmes que fica até complicado de acompanhar. Algumas dessas produções são boas enquanto outras são completamente medíocres. De qualquer forma ele já tem seu público formado e por isso nada vai mudar com mais esse filme de ação de rotina.

Um dos problemas de "Killer Elite" é sua duração excessiva. É muita metragem para pouca estória. Eu sou da opinião que filmes de ação devem primar pela agilidade, pela rapidez. Filmes que não tem o que contar e que duram tanto como esse aqui geram no espectador a sensação de impaciência e nada mais. Público de filme de ação gosta de uma coisa só, não tem paciência para enrolação. Talvez a inexperiência do diretor Gary McKendry justifique isso. Com apenas 3 filmes em seu currículo a impressão que tive é que ele não soube chegar ao corte ideal, trazendo dinamismo para o argumento em si. Enfim, "Os Especialistas" deveria ser menos longo, com menos enrolação e Robert De Niro deveria ter vergonha na cara e manter a dignidade de uma filmografia tão importante como a dele. Fazendo filmes desse naipe só conseguimos ficar com vergonha alheia de sua presença insignificante em cena.

Os Especialistas (Killer Elite, Estados Unidos, 2011) Direção: Gary McKendry / Roteiro: Matt Sherring baseado no livro de Ranulph Fiennes / Elenco: Jason Statham, Clive Owen, Robert De Niro / Sinopse: Assassino profissional (Jason Statham) tem como missão cumprir uma série de mortes. Ele realiza os assassinatos por estar sendo chantageado por um xeique do Oriente Médio que sequestrou seu melhor amigo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Melancolia

Melancolia é certamente um dos filmes mais acessíveis da filmografia de Lars Von Trier. Digo isso porque se formos comparar com outros filmes do diretor chegaremos na conclusão de que Melancolia é muito mais simples, muito mais singelo do que as grandes obras que já levaram a assinatura do cineasta. Isso fica bem mais evidente quando comparamos Melancolia a Anticristo, por exemplo. Em Anticristo Lars criou um filme pleno de simbolismos, metáforas, envolvendo diversos aspectos psicológicos, teológicos, filosóficos e sociais. Já em Melancolia a impressão que tive foi que acima de tudo Lars apenas quis contar uma boa estória, fundada em um argumento muito instigante mas de certa forma limitado do ponto de vista da erudição existencial que sempre acompanhou sua obra cinematográfica..

Obviamente a crise existencial e o estado de depressão que se abatem sobre alguns personagens se sobressaem durante o filme mas em nenhum momento Lars impõe qualquer tese ou dogma em razão dessas situações. Não defende nenhuma verdade absoluta ou algo parecido. Ele apenas disserta, de forma até didática, sobre a finitude da vida humana (levada é claro a grandes proporções, a proporções universais). O filme tem imagens belíssimas, como a chuva de granitos que se abate sobre mãe e filho, que expressa como poucas vezes vi, a insuportável dor de saber de que simplesmente não há para onde fugir, para onde se esconder. Lars realizou um filme tão belo que em muitos momentos temos a sensação de estarmos assistindo a pinturas em movimento! Mas é bom frisar, tudo mostrado sem complicação, sem simbolismos inacessíveis (como ocorreu com Anticristo). Assim recomendo Melancolia a todos que gostam de cinema e até mesmo para aqueles que não gostam muito do estilo de Lars Von Trier. Melancolia pode ser assistido sem nenhum problema por qualquer pessoa, basta apenas apreciar uma boa estória. Melancolia é acima de tudo uma obra prima da simplicidade.

Melancolia (Melancholia, Estados Unidos, 2011) Direção: Lars von Trier / Roteiro: Lars von Trier / Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland / Sinopse: A vida de um grupo de pessoas é afetada de forma absoluta por um evento de proporções cósmicas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de março de 2012

Sexo Sem Compromisso

Emma Kurtzman (Natalie Portman) é uma jovem médica que certa noite aceita fazer sexo casual com Adam Franklin (Ashton Kutcher) . Embora não queira nada mais além disso o casal acaba se aproximando para algo mais, conforme os encontros vão se sucedendo. Esse foi o primeiro filme com Natalie Portman a ser lançado nos cinemas depois do grande sucesso de "Cisne Negro". Embora tenha sido filmado antes daquele, os produtores resolveram promover seu lançamento apenas após Portman vencer o seu Oscar. Seria afinal de contas uma promoção gratuita pois o nome da atriz não sairia da mídia tão cedo. Pois bem, "Sexo Sem Compromisso" foi muito esperado por tudo isso mas no final das contas foi apenas uma grande decepção para todos - inclusive para os fãs de Portman. Apesar da boa ideia, das possibilidades de se discutir a liberdade sexual da mulher nos dias de hoje, escolhendo livremente com quem sair sem necessariamente precisar sentir culpa sobre isso, "Sexo Sem Compromisso" não consegue passar de uma mera comédia romântica bem açucarada mesmo. O que poderia ser muito instrutivo acaba caindo naquele lugar comum de roteiros melosos e sem inspiração. Bem que Ivan Reitman poderia dirigir algo melhor, com mais relevância, nesse seu retorno às telas. Ao invés disso disponibilizou ao público um produto descartável e esquecível. Uma pena.

Natalie Portman continua linda e carismática. Sua personagem não tem qualquer profundidade ou possibilidade de dar a ela alguma chance de atuar melhor. Sem material bom em mãos não a culpo por no final dar ao seu público apenas uma interpretação de rotina, no controle remoto. De fato esse papel não fará nenhum diferença em sua filmografia. Já Ashton continua o mesmo ator medíocre de sempre, repetindo até a exaustão seu tipo que vem interpretando desde o seriado "That´s 70 Show". Aliás ele só consegue interpretar esse personagem mesmo, do tipo sujeito "meninão abobado" que mesmo envelhecido na idade mais parece um adolescente boboca. Não quero afirmar nada mas me parece que o Ashton no fundo só sabe fazer ele mesmo nas telas. A sensação que tenho é que ele é mais uma celebridade vazia do que um profissional de verdade. Ator não é, pelo visto. Em suma,"Sexo Sem Compromisso" não entrega o que promete. Não é em essência uma boa comédia romântica e nem muito menos desenvolve os bons temas que estão em seu roteiro. No fundo é apenas talento desperdiçado da grande atriz Natalie Portman. Do jeito que ficou o filme é que é sem compromisso, vazio, destituído de qualquer importância. Dispense sem sentimento de culpa.

Sexo Sem Compromisso (No Strings Attached, Estados Unidos, 2011) Direção Ivan Reitman / Roteiro: Elizabeth Meriwether, Michael Samonek / Elenco: Natalie Portman, Ashton Kutcher, Kevin Kline / Sinopse: Emma Kurtzman (Natalie Portman) é uma jovem médica que certa noite aceita fazer sexo casual com Adam Franklin (Ashton Kutcher) . Embora não queira nada mais além disso o casal acaba se aproximando para algo mais, conforme os encontros vão se sucedendo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Para Sempre

A jovem Paige (Rachel McAdams) sofre um sério acidente de carro e perde sua memória mais recente. Ela esquece dos últimos anos de sua vida, embora não tenha perdido a lembrança sobre sua família, seus pais e seu antigo namorado. O problema central é que ela não se lembra de seu marido, nem do casamento, absolutamente nada que envolva esse relacionamento. A premissa vai fazer você se lembrar imediatamente de um antigo filme com Drew Barrymore e Adam Sandler chamado "Como se Fosse a Primeira Vez". Realmente são argumentos semelhantes pois assim como naquele, aqui o marido (interpretado por Channing Tatum) vai tentar reconquistar o amor de sua vida. A diferença básica é que o filme de Adam Sandler era uma comédia enquanto "Para Sempre" se leva bem mais à sério. O enredo inclusive é baseado em fatos reais de um casal de Chicago (que também serve de bom cenário para esse drama romântico moderno). O tom da produção, como não poderia deixar de ser, é bem romântico, o que provavelmente irá agradar muito mais ao público feminino que tem muito mais sensibilidade do que os homens, que só assistirão ao filme mesmo por insistência das namoradas.

O filme é estrelado por Rachel McAdams que parece ter alcançado melhores papéis depois do sucesso de "Meia Noite em Paris". Ela é bonita e carismática e se sai bem. O que faltou mesmo a ela em cena foi um partner melhor, pois o tal de Channing Tatum não ajuda. Ele definitivamente não está bem em seu personagem pois aparece travado, sem expressividade, apático. Para quem vive um momento tão delicado em sua vida era de se esperar do papel grandes momentos de dramaticidade mas Tatum não consegue disponibilizar nada para o público, uma decepção! Ele não tem presença e surge sempre de forma tosca em suas intervenções. Melhor se sai Scott Speedman como o antigo namorado de Paige. O antigo galã de Felicity acaba roubando a cena do bobão Tatum. O filme foi dirigido por Michael Sucsy que é praticamente um novato no mundo do cinema. Já o conhecia da ótima produção da HBO, "Grey Gardens". Ainda não foi nesse "Para Sempre" que ele conseguiu despontar mas quem sabe nos anos que virão não possa desenvolver um trabalho melhor. Em conclusão "Para Sempre" não é um excelente romance mas é mediano, passável e indicado para os mais românticos. Se é o seu caso arrisque, possa ser que você venha a gostar.

Para Sempre (The Vow, Estados Unidos, 2012) Dureção: Michael Sucsy / Roteiro: Jason Katims, Abby Kohn / Elenco: Rachel McAdams, Channing Tatum, Sam Neill, Scott Speedman / Sinopse: A jovem Paige (Rachel McAdams) sofre um série acidente de carro e perde sua memória mais recente. Ela esquece dos últimos anos de sua vida, embora não tenha perdido a lembrança sobre sua família, seus pais e seu antigo namorado. O problema central é que ela não se lembra de seu marido, nem do casamento, absolutamente nada que envolva esse relacionamento.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Help!

Eu já peguei muita briga com fãs dos Beatles. Esses são tipos esquisitos que acreditam piamente que o grupo inglês inventou a música e nada existiu antes e nem depois deles. Eu posso falar porque ouço Beatles há mais de 30 anos então bagagem não me falta - nem de audição e nem de literatura pois já li muito sobre os cabeludos (hoje seriam apenas franjinhas, however). Escolhi Help para comentar hoje porque ele é o último álbum da fase chamada Yeah, Yeah, Yeah (ou Ié, Ié, Ié, como queiram). Aliás essa minha classificação já foi inclusive motivo de muita briga com outros fãs. Muitos acham que o disco não pode ser colocado na primeira fase porque é "revolucionário"! Mas revolucionário em quê? Aliás porque os fãs dos Beatles acham que tudo o que eles fizeram é necessariamente um marco? Caiam na real, os Beatles fizeram muita besteira também, canções tosquinhas, letras bobinhas e discos comerciais em essência, feitos para vender muito - como esse aqui, trilha sonora do filme Help! (que aliás é péssimo vamos convir).

Help não é revolucionário em nada, é um disco comercial até a medula (na Holanda sua capa vinha com uma enorme propaganda da Shell). Sim, é um produto para vender - e vendeu. Mesmo assim não deixa de ser um produto bem feito e coeso. As letras são tipicamente ié, ié, ié - "ela ama você, você me ama, todos se amam" conforme foi dito ironicamente pelo próprio John Lennon anos depois. Algumas faixas são tapa buracos mas há também grandes preciosidades no LP, entre eles aquela que talvez seja a melhor música da história do grupo, a bela "Yesterday" que é tão bem composta e executada que resistiu até mesmo à sua hiper-ultra-comercialização com mais de (dizem) mil regravações! Até cantor brega tem sua versão "iesterdei" para tocar em churrasco de casamento. Como sou chato e mala velha destaco como obras primas aqui apenas a já citada "Yesterday", "You're Going to Lose That Girl" (o trabalho de vocalização entre eles é brilhante e os arranjos pra lá de charmosos) e "Dizzy Miss Lizzy" (sim, embora nem seja uma música dos Beatles associo sua presença a um grito de socorro de Lennon pelo fim dessa fase engomadinha). Já "Help" e "Ticket to Ride", bem mais conhecidas, não me empolgam. Alguém ainda aguenta ouvir explicações de que "Help" é um pedido de socorro de Lennon afogado pela fama? Ou seria socorro pelo abuso de drogas pois ele mesmo admitiu que os Beatles por essa época tomavam drogas até no café da manhã! Estava deprimido porque ficou rico e famoso?! Faz-me rir senhor Ono! Lennon era um chorão mesmo vou te contar! Já "Ticker to Ride" me soa repetitiva e sem direção. É uma canção pop para tocar nas rádios e nada mais. Pop comercial descartável. Finalizando quero dizer que "Help" não é revolucionário, não é a sétima maravilha do mundo e nem mudou a vida como a conhecemos. Também não foi o marco zero da história da música como alguns beatlemaníacos querem fazer crer. Faz parte da fase Ié, Ié, Ié. É um álbum pop comercial (com baixo teor roqueiro pra falar a verdade) que vale por algumas pequenas (e grandes) obras primas e só. No final é bem melhor do que o filme que sendo bem sincero nem precisava existir de tão ruim que é.

The Beatles - Help! (1965)
1. Help!
2. The Night Before
3. You've Got to Hide Your Love Away
4. I Need You
5. Another Girl
6. You're Going to Lose That Girl
7. Ticket To Ride
8. Act Naturally
9. It's Only Love
10. You Like Me Too Much
11. Tell Me What You See
12. I've Just Seen A Face
13. Yesterday
14. Dizzy Miss Lizzy

Pablo Aluísio.

Colega de Quarto

Jovem estudante (Laighton Messter) se torna obcecada por sua colega de quarto (Minka Kelly) e começa a interferir de forma violenta em sua vida pessoal. O filme não é tão ruim como eu esperava. Tem coisas boas em um roteiro simples, tipicamente escrito para produções B de suspense. As duas atrizes, Minka Kelly e Leighton Meester, são estrelinhas da tv e não fizeram muito feio. A Leighton já desfila sua cara de "gatinha malvada" no seriado teen "Gossip Girl" e por isso ela de certa forma apenas repetiu os biquinhos e caras de malvadinha do seriado. Já a Minka Kelly faz a garota normal da dupla. Sobrou ponta até para outra estrelinha, Nina Dobrev de The Vampire Diaries.

Completando o elenco um presente para os fãs de Titanic, a presença de Billy Zane, fazendo o papel de um professor de moda que ora aparenta ser gay, ora parece ser "pegador". Um personagem divertido. Enfim, o filme não é nenhuma maravilha do gênero suspense, tem clichês a torta e a direita (até cena de ataque de psicopata no chuveiro como em Psicose tem) e cara de produção que vai parar direto em DVD mesmo, mas consegue manter o interesse por causa do elenco de gatinhas com olhos de mangá! É um "Greek encontra Pânico" no final das contas. Para os que gostam de seriados americanos não deixa de ser no mínimo curioso.

Colega de Quarto (The Roommate, Estados Unidos, 2011) Direção: Christian E. Christiansen / Roteiro: Sonny Mallhi, Nick Bylsma / Elenco: Minka Kelly, Leighton Meester, Cam Gigandet / Jovem estudante (Laighton Messter) se torna obcecada por sua colega de quarto (Minka Kelly) e começa a interferir de forma violenta em sua vida pessoal.

Pablo Aluísio.