sábado, 17 de janeiro de 2009

Elvis Presley - It Happened At The World´s Fair (1963)

No outono de 1962 Elvis começou as filmagens de It Happened At The World's Fair (loiras, ruivas e morenas, 1963). Mas esta não seria uma produção isenta de problemas. Logo no começo dos trabalhos Elvis reclamou a seu empresário da qualidade do material da trilha sonora, depois de ouvir as músicas que iria gravar, Elvis chegou a conclusão de que todo o repertório era muito fraco. Depois Elvis teve que se deslocar para Seattle, para as tomadas externas e novos aborrecimentos surgiram. Como as gravações eram feitas ao ar livre e durante a feira mundial, as cenas sofreram várias interrupções em decorrência do assédio dos fãs, tornando tudo mais longo e demorado. 

Além disso o cantor não gostou nada do roteiro e muito menos do script, ele queria papéis mais sérios e estava insatisfeito com os que Hollywood lhes dava. Elvis queria fazer personagens com mais profundidade e não apenas comédias musicais românticas. Ele nunca entendeu que grandes astros não esperam e nem pedem bons papéis, eles exigem. Para piorar ainda mais, as filmagens ocorreram durante a crise dos mísseis de Cuba, um dos momentos mais tensos entre EUA e URSS, quando o mundo chegou bem perto de uma guerra nuclear entre as duas potências. Enfim, desde o começo estava previsto que esse não seria um projeto fácil para o cantor e a equipe técnica. Apesar de tudo o filme foi completado dentro do cronograma. A história tratava do romance entre um piloto de avião e uma enfermeira do hospital, durante a feira mundial de Seattle. Como resultado final o filme fez sucesso e apesar de todas as críticas o público prestigiou.


BEYOND THE BEND (Weisman / Wise / Fuller) – A primeira música do disco dá bem o tom da trilha sonora de Loiras Ruivas e Morenas. Tudo muito leve e soft, beirando o infantil, com Elvis deixando de uma vez por todas sua imagem de rebelde dos anos 50. Aqui está Elvis, vestindo um terno e gravata impecáveis, devidamente embrulhado para a família americana. Os dias de roqueiro rebelde ficariam para trás de uma vez por todas, sob os aplausos do Coronel Parker e dos produtores da MGM.

RELAX (S. Tepper / Roy C. Bennett) – Tentativa mal sucedida de reviver Fever do disco "Elvis Is Back!". Faltou entrosamento e produção nessa música muito fraquinha do filme. Elvis está até mesmo transparecendo um certo desinteresse pelo conjunto e harmonia musical. Não o culpo. Faltou mesmo talento aos escritores dessa canção. Nem quando muda para uma contagem de tempo mais rápida gera interesse. Perda de tempo.

TAKE ME TO THE FAIR (S.Tepper / Roy C. Bennett) – Esse seria o tema principal do filme, mas os produtores mudaram de idéia e elegeram "One Broken Heart for Sale" como tema central da trilha sonora. Novamente a tentativa de produzir um material pasteurizado demais, que satisfizessem a todos, prejudicou o resultado final. Mal executada, a canção não desperta maior atenção. A banda de Elvis também não colabora muito e está no piloto automático. Desnecessária e burocrática.

THEY REMIND ME TOO MUCH OF YOU (Don Robertson) – O sempre correto Robertson escorrega um pouco com essa canção. Não que ela seja ruim, mas que fica abaixo do esperado fica, principalmente por fazer parte de um single de Elvis. Era de se esperar por isso que ela fosse mais bem produzida e cuidada. Mas no fim das contas é apenas mais uma canção romântica pop de rotina. O Single foi lançado em janeiro de 1963. Elvis a canta corretamente e imprime um toque mais sofisticado à harmonia original. Realmente mostra que o cantor conseguia, mesmo em material de baixa qualidade, imprimir sofisticação e classe. Não é a melhor música do filme, mas imprime um mínimo de qualidade ao material de forma geral. Um dos momentos mais interessantes da trilha, o que não quer dizer grande coisa.

ONE BROKEN HEART FOR SALE (Otis Blackwell / W. Scott) - Elvis tinha razão, as músicas deste filme deixavam muito a desejar. A trilha de "It Happened At The World's Fair" é considerada uma das piores de toda a carreira de Elvis. Além de ser muito ruim é muito curta (menos de 30 minutos). A reclamação dos fãs foi geral e a crítica caiu em cima do disco. Como fato preocupante foi o primeiro single de Elvis a não atingir o Top Ten da Billboard, conseguindo apenas a décima primeira posição. O álbum saiu-se melhor e vendeu de forma razoável, conseguindo a quarta posição entre os mais vendidos. Mas mesmo atingindo esses índices de vendas, a RCA e o Coronel ficaram descontentes com as posições, pois eles esperavam um primeiro lugar, o que efetivamente não ocorreu. O fato demonstrava que algo não estava nos eixos, pois o público já estava demonstrando sinais claros de insatisfação.

I'M FALLING IN LOVE TONIGHT (Don Robertson) – Aqui o maior problema é do arranjo musical ultrapassado. Mesmo sabendo que o uso de órgãos estavam em moda por essa época, não deixamos de nos sentir incomodados com o estranho instrumento (mais apropriado para hinos de Igreja) pautando toda a música. Aliás o órgão foi tocado pessoalmente pelo autor Don Robertson, que fez questão de participar das sessões. Apesar da boa vontade não ajudou muito no resultado final. Por ser fruto de apenas uma moda típica da primeira metade dos anos 60 a música envelheceu e mal.

COTTON CANDY LAND (B. Batchelor / B. Roberts) – Outra fraquíssima música da trilha sonora. A letra não empolga, o ritmo deixa a desejar e toda a estrutura rítmica é muito fraca. Apenas a voz de Elvis se salva, mas isso é muito pouco para manter o interesse, passe direto para a próxima faixa e não olhe para trás.

A WORLD OF OUR OWN (Giant / Baum / Kaye) – Se destaca e tem ritmo agradável. No meio do pântano de músicas ruins, essa consegue agradar e manter o interesse do começo ao fim. Mostra que Elvis ainda podia ser muito relevante, quando contava com material com um mínimo de qualidade. A guitarra de Scotty também se faz presente dando um bom embalo à canção de uma forma geral. Bom entrosamento entre Elvis e os Jordanaires salvam essa canção do esquecimento geral que se abateu sobre quase todo o material dessa trilha. Só escorrega no final com o famigerado órgão, mas aí o jogo já está ganho. Enfim, esse é um ponto positivo do disco.

HOW WOULD LIKE TO BE (B. Raleight / M. Barkan) – Depois que Elvis cantou "Wooden Heart" em "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha, no Brasil) com as marionetes, os produtores chegaram a brilhante conclusão de que todos os seus filmes seguintes teriam que Ter pelo menos uma música mais voltada para o seu público infantil. Péssima ideia. E essa foi feita exatamente para atender aos desejos deles em Hollywood. Então lá foi Elvis cantar durante mais de 3 minutos (uma eternidade para o padrão geral de duração de sua músicas) uma musiquinha muito maçante e boba, que não chega a lugar nenhum. O pior é acompanhar um irritante arranjo de percussão que dura toda a canção, ficando no mínimo chato e no máximo constrangedor. Fico imaginando Elvis no estúdio ao lado de seu grupo, que outrora revolucionou a música mundial, ensaiando tamanha bobagem. Não me admira que Elvis muitas vezes perdia a paciência durante algumas sessões desses filmes dos anos 60. E você também vai perder a paciência ao ouvir esse equívoco musical, tenha certeza. Esse é sem dúvida um dos pontos mais baixos da carreira do "Rei Do Rock".

HAPPY ENDING (B. Weisman / S. Wayne) – Para fechar a trilha e tentar salvar alguma coisa que preste, finalmente conseguiram produzir um material de melhor qualidade. Não falo da letra, que também é boba, mas do ritmo, que é muito bom. Pelo menos aqui Elvis demonstra empolgação e a canta com vontade, o que não acontece no restante da trilha. Pena que essa é a última música e não dá mais para salvar o disco, que aliás é muito curto, com 28 minutos, provando que nem tudo que é bom dura pouco. Quando você pensa que não, a trilha já acabou. Para alguns isso seria uma pena, mas para os demais é um alívio, pois ninguém quer ouvir Elvis desperdiçando seu talento em um material tão sem consistência e profundidade. "It Happened At The World's Fair" é séria candidata para levar o prêmio de pior trilha sonora da carreira de Elvis, ao lado de "Kissin Cousins", que também é uma forte candidata ao título, sem dúvida. No final, perdeu Elvis e perdemos todos nós. Saldo negativo.

Ficha Técnica: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Billy Strange (guitarra) / Ray Siegel (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Frank Carlson (bateria) / Don Robertson (piano e órgão) / Dudley Brooks (piano) / Clifford Scott (sax) / The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / The Mello Men (Thurl Ravenscroft, Bill Lee, Bill Cole e Max Smith) / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: setembro de 1962 / Produzido e arranjado por Leith Stevens / Data de lançamento: abril de 1963 / Melhor posição nas charts: #4 (USA) e #4 (UK).

PABLO ALUÍSIO - fevereiro de 2003 / revisado e atualizado em março de 2005.

Elvis Presley - Girls, Girls, Girls (1962)

"Girls, Girls, Girls" é um típico filme de Elvis Presley dos anos 60. Rodado no Hawaii, com direção de Norman Taurog e produzido por Hal B. Wallis, a película foi o maior sucesso do cantor nas telas no ano de 1962. Começou a ser filmado com os títulos provisórios de "Cumbo Ya-Ya", "Welcome Aboard", "Jambalaya" e "A girl in Every Port" e finalmente mudado para "Girls, Girls, Girls" por causa da música dos Drifters. O grande problema de filmes como este é que acabaram levando Elvis a se distanciar de seu público, pois nesta época ele parou de fazer shows ao vivo. Assim quem queria ver Elvis, só pagando uma entrada de cinema. Esta era a visão equivocada do empresário do cantor, Tom Parker. Sem shows, gravando as músicas que os estúdios lhe colocavam a disposição, Elvis começou a se isolar cada vez mais. As trilhas ainda faziam sucesso nesta época, mas a partir de 1963, os fãs clubes iriam promover uma campanha para ele voltar à estrada. Infelizmente isso só iria ocorrer seis anos depois. Isolado e distante da realidade das pessoas, que eram sempre a grande fonte de inspiração do estilo Presley, ele iria amargar nos anos seguintes uma grave crise artística. Mas essa é uma outra história... As músicas da trilha "Girls, Girls, Girls" são:

GIRLS! GIRLS! GIRLS! (Leiber / Stoller) - Dois minutos e trinta segundos de prazer. Um dos melhores temas principais de filmes do cantor. A dupla Leiber e Stoller escreveu esta canção para o grupo The Drifters em 1961. Foi lançada no mesmo ano pelo selo Atlantic, alcançando um grande sucesso. Elvis gravou duas versões diferentes: uma na tarde do dia 27 e outra na madrugada do dia 28. Esta última versão foi utilizada na cena final do filme. Destaque para o saxofonista Boots Randolph e o grupo The Jordanaires.

I DON'T WANNA BE TIED (Giant / Baum / Kaye) - Belo embalo. Bem ao estilo do Pop dos anos 60. Aqui Scotty Moore se faz mais presente comandando a banda de apoio de Elvis. O arranjo aliás é bem elaborado com introdução de novos instrumentos de percussão. O final é característico das canções de Blues.

WHERE DO YOU COME FROM (Batchelor / Roberts) - Lado B do único single extraído deste disco. A introdução é puro romantismo, com Elvis acompanhado sozinho pelo piano. Logo após entra o apoio vocal do grupo The jordanaires de forma soberba. Em resumo: Elvis, o pianista Dudley Brooks e os Jordanaires em grande momento.

I DON'T WANT TO (Tarre / Spielman) - A introdução de guitarra afinada no estilo havaiano é de Scotty Moore. Canção romântica de verão, típica do Hawaii. Há o uso de harpas e sinos de forma discreta. O solo final é de Scotty, que estava inspirado nesta sessão de gravação. Primeira canção desta trilha a ser gravada.

WE'LL BE TOGETHER (O'Curran / Brooks) - Começa com um belo dedilhado em uma guitarra espanhola, tocada pelo músico Berney Kessel. Em uma segunda guitarra Scotty Moore passa a solar durante toda a canção. Elvis aqui canta um trecho em espanhol, o que não deixa de ser um pouco engraçado por causa de seu sotaque do Sul dos Estados Unidos. Para caracterizar ainda mais o som ao estilo ibérico foram acrescentadas maracas. No final o resultado é muito bonito.

A BOY LIKE ME, A GIRL LIKE YOU (Tepper / Bennett) - Música romântica executada corretamente. No filme Elvis a canta em um barco pois o personagem do Rei do rock é um pescador. A voz de Elvis está em um bom momento. Há no arranjo o uso de bongôs e harpas o que lhe enriquece musicalmente. Gravada na manhã do dia 27 de março de 1962.

EARTH BOY (Tepper / Bennett) - Bobinha e infantil. É a parte "gracinha" da trilha. Elvis a canta para duas chinesinhas no filme, por isso o arranjo segue o estilo oriental. A letra é bonitinha mas é só. Sempre faz parte daquelas coletâneas da RCA "Elvis para Kids". O Rei do Rock poderia passar sem essa. Em suma: chatinha.

RETURN TO SENDER (Blackwell / Scotty) - O grande sucesso do filme. Foi lançado como lado principal de um single de grande sucesso. Chegou ao segundo lugar nas paradas. Aqui Elvis homenageia o estilo do cantor de soul Jackie Wilson. Inclusive na cena em que ele canta esta música ele faz questão de usar os mesmos movimentos de Wilson. Um fato curioso e engraçado: Uma vez em Las Vegas um sujeito jogou um sapato no palco, Elvis que não perdia uma piada, pegou o sapato e jogou de volta cantando "Return to Sender" (de volta ao remetente). A platéia foi ao delírio.

BECAUSE OF LOVE (Batchelor / Roberts) - Romântica, linda, voz perfeita de Elvis, um verdadeiro prazer sem culpas. Foram gravadas 16 canções para este filme, mas só utilizaram 13, deixando de fora: "Mama", "Dainty Little Moonbeams" e "Plantation Rock", esta última aliás uma injustiça, pois é muito boa. Não perde em nada para outras canções deste disco, mas, o pessoal da Paramount resolveu fazer alguns cortes e a música foi arquivada. Uma pena.

THANKS TO THE ROLLING SEA (Batchelor / Roberts) - Música para pescadores, pelo menos para pescadores americanos. O filme foi rodado no Hawaii, em Kona Coast. O projeto original era filmar tudo no golfo de New Orleans, mas com o sucesso do filme "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961), a produtora resolveu levar todo mundo para as ilhas do pacífico. Era uma maneira de tentar repetir o sucesso anterior, além disso a fotografia ficaria mais bonita. Esta canção é cantada por Elvis em uma cena externa, aproveitando todo o cenário natural.

SONG OF THE SHRIMP (Bennett / Tepper) - A canção começa com um solo vocal de Elvis acompanhada por uma guitarra espanhola chorosa. Belo arranjo, principalmente pelas presenças marcantes de instrumentos de percussão. O solo vocal final é de um dos membros do grupo vocal The Jordanaires. Outra que foi gravada na noite do dia 27 de março de 62.

THE WALLS HAVE EARS (Bennett / Tepper) - Bobagem. Outra com arranjo de música latina. Foi o mais próximo que Elvis chegou de cantar um tango em sua carreira. Tudo arranjado para um cena cômica no filme. A cena como a música é bem fraquinha. Passe direto. Gravada no dia 27 de março.

WE'RE COMING IN LOADED (Blackwell / Scotty) - Fechando o disco temos mais esta composição de do grande compositor Otis Blackwell. Infelizmente o resultado fica abaixo do esperado, principalmente pelos talentos envolvidos. A canção começa com um instrumento esquisito (não sei especificar qual), depois ela prossegue com um ritmo bem forte e lá pelo meio vira um roquinho. Razoável. Não aborrece, mas também não vai mudar sua vida.

Elvis Presley - Girls, Gilrs, Girls (1962): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / D.J Fontana (bateria) / Berney Kessel (guitarra) / Harold Bradley (percussão) / Robt Bain (guitarra) / Al Hendridcson (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Dudley Brooks (piano) / Ray Siegel (baixo) / Boots Randolph (Sax) / The Jordanaires (vocais) / The Amigos (vocais) / Joey Lilley e sua Orquestra / Produzido por Joseph Lilley / Arranjado por Steve Sholes e Joey Lilley / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 26, 27 e 28 de março de 1962 / Data de lançamento: novembro de 1962 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #2 (UK).

PABLO ALUÍSIO - fevereiro e março de 2002 / revisado e atualizado em novembro de 2001.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Kid Galahad (1962)

Quando Elvis voltou do exército ele tinha duas grandes pretensões. Uma era se tornar um grande ator e a outra desenvolver sua habilidade vocal. Primeiro fez G.I. Blues (Saudades de um Pracinha), um filme que ele não gostou de jeito algum, criticando inclusive a qualidade da trilha sonora. Porém, a ele era dito para fazer G.I Blues para reconquistar os fãs e depois lhe seriam oferecidos papeis mais dramáticos. Flaming Star (Estrela de Fogo) seu filme seguinte foi um bom início, seguido de Wild in the Country (Coração Rebelde) que, originalmente, tinha um ótimo roteiro, mas foi estragado pelos engravatados de Hollywood e a raposa velha Coronel Tom Parker.

A segunda pretensão, todavia foi alcançada: Elvis nunca cantou melhor e sua voz nos 3 primeiros anos da década de 60 está excelente, com performances lindíssimas em clássicos como Are You Lonesome Tonight?, It´s Now Or Never. They Remind Me Too Much Of You, There´s Always Me e muitas outras. 1961 chegou e definitivamente foi um ano que dividiu a carreira de Elvis. Ele começou o ano com dois shows beneficentes em Memphis em fevereiro, seus primeiros após a sua volta do exército e em março gravou o álbum Something for Everybody, que apesar de ser muito bom e ter chegado ao primeiro lugar, perde se comparado com Elvis is Back. Logo após as sessões de gravação Elvis viajou para o Havai para filmar Blue Hawai (Feitiço Havaiano no Brasil) e fazer um show beneficente, que acabou sendo seu último até 1968. Blue Hawai foi a pior coisa que aconteceu na carreira de Elvis por ter sido um sucesso.

O álbum passou absurdas 20 semanas em primeiro lugar e o filme foi um estrondoso sucesso, apesar de ser muito fraco. A sua trilha é na verdade uma das piores de Elvis, se salvando umas 4 músicas, incluindo o clássico absoluto Can´t Help Falling in Love. Afinal botar o rei do rock para cantar uma dúzia de músicas havaianas é o fim!! Em junho, antes de ir filmar Follow that Dream (Em Cada Sonho Um Amor) Elvis ainda entrou em estúdio e gravou entre outras, um de seus melhores singles: “His Latest Flame / Little Sister”, que injustamente não chegou ao primeiro lugar nos EUA. Na Inglaterra ambas as músicas atingiram o topo das paradas. Surrender foi a música de Elvis nesse ano que alcançou o número 1 nas paradas em ambos lados do Atlântico.

O filme seguinte Follow That Dream era um comédia bem leve onde Elvis se saiu muito bem. Infelizmente, foi durante as sessões desse filme que Elvis perdeu um de seus melhores guitarristas: Hank Garland, vitimado em um acidente de carro que quase tirou sua vida e destruiu sua carreira de guitarrista. O som de Elvis perderia muito com a saída de Garland. Fora isso, o quadro profissional de Elvis era excelente. Ele ainda chegava fácil ao primeiro lugar, seus filmes ainda mantinham um certo nível, ele ainda gravava em ritmo muito bom e produtivo e a qualidade das músicas era ainda muito boa. Mas esqueci de outro objetivo que Elvis tinha ao voltar do exército: se divertir!!! Se Elvis era um garoto que na década de 50 levava uma vida nada mundana, namorando firme garotas e morando com os pais, a situação se inverteu. Elvis agora, sem a balança moral de sua mãe, entupia sua mansão da maior quantidade de mulheres que conseguia e se divertia com os caras da máfia de Memphis destruindo hotéis (nunca de forma propositada), tendo sido expulso de vários deles. Para solucionar o problema Elvis adquiriu a sua casa em Bel Air.

Onde podia destruir o que quisesse e onde promovia algumas das festas mais badaladas de Holywood, sem contar nunca com a presença de estranhos, só o circulo fechado dele, alguns sortudos e centenas de garotas. Em outubro após mais uma ótima sessão de gravação em Nashville, Elvis foi filmar o seu décimo filme, Kid Galahad (Talhada para Campeão), uma refilmagem de um filme homônimo de 1937, dirigido por Michael Curtiz (o mesmo que dirigiu Elvis no excelente King Creole), e estrelando Edward G. Robinson, Bette Davis e. Humphrey Bogart. Na refilmagem, a idéia básica da trama foi mantida, com as alterações no nome do ator principal que seria agora Walter Gulick e na sua ocupação anterior a entrada no mundo do boxe, que agora seria de um mecânico recém-saído do exército que volta para sua cidade de nascimento e acaba encontrando um promotor de boxe que acaba descobrindo que o mecânico Walter leva jeito para a coisa (interpretado pelo ótimo Gig Young). Logo, Elvis se apaixona pela irmã do promotor interpretada por Joan Blackman, (mais linda do que nunca). Ela havia trabalhado com Elvis em Blue Hawai. Walter tem que lidar com os problemas com a máfia de Gig e uma luta final com o campeão e invencível lutador de boxe Sugarboy.

Como treinador Elvis tem ninguém menos que Charles Bronson, o mesmo que dez anos depois estrelaria o filme “Desejo de Matar”. Bronson e Elvis não se deram bem nos sets de filmagem e Bronson considerou as habilidades de luta de Elvis como ridículas.Apesar disso a química entre os dois na tela é boa. O filme tem um roteiro superior aos demais filmes de Elvis, um elenco de apoio ótimo, uma trilha muito boa e equilibrada. Além desses aspectos positivos Elvis ainda tem a chance de participar de algumas cenas mais dramáticas, como a que ele discute com Gig, quando este o proíbe de sair com sua irmã. As cenas de lutas são razoáveis e o câmera mostra alguns ângulos interessantes. Porém o papel aqui exige um Elvis um pouco menos educado e mais casca grossa. Elvis aqui suaviza muito o personagem, o que é um ponto negativo. Interessante é que o cabelo de Elvis está quase ao natural, com pouca brilhantina e louro, pela última vez em sua carreira. O final, felizmente, não acaba com uma música, apesar de ser um pouco sem graça.

O grande problema de Kid Galahad é que as músicas não se contextualizam no filme, que poderia muito bem ter sido rodado sem elas. Interessante é que quando Elvis foi rodar o filme ele levou o famoso macaco chimpanzé Scatter em sua primeira viajem para Hollywood. Scatter havia sido comprado recentemente e era tratado como se fosse um membro da Máfia de Memphis. Gostava de beber cerveja e olhar embaixo das saias das garotas e era responsável por uma verdadeira bagunça nos estúdios que deixava os diretores loucos. Kid Galahad foi o último filme um pouco mais sério de Elvis. No final das contas teve uma bilheteria medíocre se comparada a de Blue Hawai e foi 37º filme mais assistido do ano. Lançado em agosto de 62 a trilha sonora foi lançada como EP alcançando a média 30º posição. A carreira cinematográfica de Elvis, após essa película, foi jogada em um mar de garotas, canções ruins, diretores medíocres e roteiros ridículos.

KING OF THE WHOLE WIDE WORLD (Batchelor / Roberts) - Não só a melhor canção do filme mas também uma das melhores músicas de Elvis na primeira metade da década de 60, que não fica devendo em nada às músicas de estúdio de Nashville. É daquelas canções que fazem de Elvis o Rei do Rock. Com uma letra simples, porém inteligente e ainda com uma lição de moral, essa música ainda prima por um ritmo alucinante, daqueles "levanta defunto" que só Elvis sabia fazer. A banda dá um show, especialmente o excelente saxofonista Boots Randolph, um dos músicos mais subestimados que trabalharam para Elvis. Saxofonista de mão cheia, Boots apareceu no palco com Elvis nos shows de 61 de Memphis e Honolulu e é responsável por solos incríveis de sax em músicas como The Meanest Girl in Town, Fools fall In Love, Witchcraft, Return to Sender e a obra prima, Reconsider Baby. Ele fez na década de 60 o equivalente ao que Scotty fazia na década de 50, tendo seus solos de sax substituído os de guitarra de Moore em várias músicas. Trabalhou com Elvis até 68 em sua última sessão em Nashville da década. Nessa música não é diferente, nos presenteando com dois solos, sendo o último o melhor deles. A voz de Elvis aqui também é o destaque, ainda exibindo um timbre parecidíssimo com o da década de 50. Como a maioria das cenas musicais de Elvis a música é apresentada de forma ridícula, com Elvis cantando na traseira de um caminhão. Uma versão mais lenta e sem a pegada foi tentada e exigiu quase 30 takes! A versão definitiva lançada alcançou o master com apenas 4. Essa é pra mostrar aos amigos.

THIS IS LIVING (Weisman / Wise) - Outro exemplo de uma boa música em um filme de Elvis. Também muito pra cima, essa canção tem uma letra meio escapista, o que nem sempre é ruim. Dificilmente alguém com mais de 25 anos vai se identificar com ela, mas temos que lembrar que em 61, o público de Elvis ainda era abaixo de dessa faixa etária. Afinal, uma música que fala sobre liberdade (de uma forma bem inocente, convenhamos) e sobre um cara que não quer se amarrar e só curtir a vida, não é para todas as idades. O primeiro verso é cantado só pelos Jordanaires e Elvis só entra do refrão em diante. O ritmo é contagiante. A única crítica fica para a banda que deveria ter tocado, digamos, de uma forma mais pesada, ficando o resultado final uma música legal, com bom ritmo, mas com uma pegada um pouco falha, sem muito "feeling".

HOME IS WHERE THE HEART IS (Edwards / David) - Se você é daqueles fãs que acham “Love Me Tender” a melhor balada gravada por Elvis, então você precisa se aprofundar mais na discografia de seu ídolo. Do contrário, você vai perder pérolas como essa belíssima canção. Com uma melodia celestial, instrumentalmente simples e um vocal soberbo de Elvis, essa música merece ser ouvida mais de uma vez. Aqui, pessoalmente, eu acho um dos pontos altos, vocalmente falando, na carreira de Elvis que vai de um grave até então inédito até aquele agudo característico dos anos da Sun Records. Nessa música Elvis dá uma aula de canto em menos de 3 minutos! Os takes iniciais são mais lentos, porém prefiro o master, um pouco mais acelerado.Como em Don´t, por exemplo, Elvis pega uma música aparentemente boba e simples e suga sua essência de tal maneira que ela se transforma em Elvis e ele nela, fato que iria ocorrer em dezenas de outras ocasiões como em Bridge Over Troubled Water, guardada as devidas proporções na qualidade do material. Como Pomus e Shuman diziam: "Elvis era o único cantor que conhecíamos que nos mostrava algo em nossas músicas que ainda não sabíamos ou não tínhamos percebido."

I GOT LUCKY (Fuller/ Weisman/ Wise) - Puro Pop dos anos 60. I Got Lucky, inexplicavelmente, não fez sucesso nas paradas, talvez por não ter sido dada a devida atenção e ter sido lançada em um EP e não em um single. Amostra perfeita do som que os adolescentes escutavam na época: músicas bobinhas, com letras falando de amor adolescente e ritmo extremamente pegajoso e impregnante (no bom sentido!). Nada de errado com isso, em uma América ainda inocente. Essa canção é daquelas que envelheceram e ouvindo-a, imediatamente vem aquele gostinho de nostalgia. Me lembra muito I Gotta Know, do ano anterior. Na cena do filme em que Elvis a canta o vemos em um picnic tipicamente americano e meninas com saia rodada, características da época. Elvis ensaia um pouco de seus movimentos de Pelvis, contidos, é claro, do mesmo jeito que a música é. Doo Woop de primeira para ninguém botar defeito.

RIDING THE RAINBOW (Weisman / Wise) - Junto com "A Whistling Tune", as mais fracas da trilha, porém, sem prejudicar em momento algum a qualidade do material. O interessante dessa trilha é que até as músicas mais bobinhas são infinitamente superiores a materiais futuros como Harum Scarum ou Easy Come Easy Go. Na mesma linha de I Got Lucky, essa canção aparece no filme na parte em que Elvis após reformar um antigo Cadillac leva todos para dar uma voltinha, incluindo no banco traseiro o troglodita Charles Bronson. Interessante é ver Bronson, o brutamontes de "Desejo de Matar" escutando versinhos inocentes como " I´m riding the rainbow, I´m Following my star to where you are". Irônico, no mínimo! Uma das primeiras, de muitas músicas que Elvis canta em um filme dentro de um carro.

A WHISLING TUNE (Edwards / David) - A mais fraquinha da trilha, essa havia sido rejeitada, apesar de gravada, para a trilha de Follow That Dream. A diferença é que no filme anterior o arranjo é feito com o piano e aqui a melodia é feita com assovio mesmo, justificando o título da música. Apesar da melodia e letra agradáveis, essa canção representa uma parcela de tudo errado nas músicas nas trilhas: letras bobinhas e melodias suaves e pueris demais. Nem o adolescente de 61 iria dar atenção e se identificar com essa aqui. (Victor Alves)

Elvis Presley - Kid Galahad (1962): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Buddy Harman (bateria) / D.J. Fontana (bateria) / Neal Mathews (guitarra) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker (vocais) / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: 26 e 27 de outubro de 1961 / Produzido e arranjado por Jefrey Alexander / Data de lançamento: Agosto de 1962 / Melhor posição nas charts: #30 (USA) e #23 (UK) Obs: O EP só foi lançado na Inglaterra em janeiro de 1963. Ficha Técnica / Filme: KID GALAHAD (talhado para campeão, 1962) - Dirigido por Phil Karlson / Produzido por David Weisbart / A Four Leaf Production / A Mirisch production / Elenco: Elvis Presley, Gig Young, Lola Albright, Joan Blackman, Charles Bronson, David Lewis.

Pablo Aluísio e Victor Alves.

Elvis Presley - Pot Luck With Elvis (1962)

Durante os anos sessenta a carreira de Elvis iria seguir os objetivos traçados pelo Coronel Tom Parker, ou seja, Elvis iria estrelar três filmes por ano. Estes filmes iriam ser acompanhados por trilhas sonoras que seriam lançadas junto com os filmes durante os feriados americanos. A meta sem dúvida era transformar Elvis em um ator e para isso até sua maravilhosa carreira musical deveria ser colocada de lado. Desta forma poucas músicas foram gravadas por Elvis sem que estas fizessem parte de alguma trilha de filme durante este período. As canções deste disco não fazem parte de nenhum filme de Elvis (exceto "Steppin'Out of line") e foram gravadas entre as gravações das trilhas dos filmes "Follow That Dream" (em cada sonho um amor, 1962) e "Kid Galahad" (talhado para campeão, 1962). O maior sucesso de Elvis nas telas em 1962 foi o filme "Girls, Girls, Girls" (garotas e mais garotas, 1962). O que se pode notar é que mesmo toda a correria para gravar as canções deste disco, elas são muito superiores às músicas das trilhas que Elvis gravou no período. Elvis era um ótimo cantor e um ator apenas mediano, infelizmente o empresário Tom Parker só iria chegar a esta conclusão no final dos anos sessenta. Estas são as músicas do disco "Pot Luck" (LSP 2523):

KISS ME QUICK (Doc Pomus / Mort Schuman) - O maior sucesso de Elvis Presley no Brasil. Interessante notar que este sucesso todo só ocorreu mesmo em nosso país, sendo que "Kiss me Quick" teve uma discreta passagem pelas paradas americanas (trigésimo quarto lugar na parada da revista Billboard). Ela foi lançada também como canção principal de um single com "Suspicion" no lado B. "Kiss me Quick" foi gravada no dia 25 de Junho de 1961 em Nashville. Em 1977 foi lançado um disco no Brasil que se tornou um de seus mais populares LPs por aqui. A coletânea se chamava "Elvis - Disco de Ouro", e tamanho foi o sucesso que ela foi relançada no mínimo seis vezes ao longo dos anos. As faixas que puxavam o disco eram justamente "Kiss me Quick" e "It's Now or Never".

JUST FOR OLD TIMES SAKE (Sid Tepper / Roy Bennett) - Canção romântica bem ao estilo dos anos dourados. Vocalização perfeita de Elvis. O Destaque fica mais uma vez por conta do pianista Floyd Cramer. Foi gravada no dia 18 de março de 1962. Não confundir com "For Ol' Times Sake", música título de um disco e de um single com "Raised on Rock" lançado em 1973.

GONNA GET BACK HOME SOMEHOW (Doc Pomus / Mort Schuman) - A dupla Pomus/Schuman foi a tentativa do Coronel Parker de substituir Leiber/Stoller como os principais compositores de Elvis, mas o que se percebe é que apesar deles terem compostos algumas belas canções para Elvis, ficaram muito longe da genialidade de Jerry Leiber e Mike Stoller. De qualquer forma esta é outra tentativa dos dois de chegarem lá.

EASY QUESTION (Otis Blackwell / Winfield Scott) - composição fruto da parceria entre o compositor negro Winfield Scott (praticamente fazendo sua estréia com Elvis) e o genial compositor Otis Blackwell, autor de "Don't be Cruel" e "All Shook Up". Desta união só poderia nascer uma deliciosa canção como esta. Ela foi gravada no dia 18 de março de 1962 em Nashville. Em Junho de 1965 "Easy Question" foi relançada como single junto com "It Feels so Right" no Lado B.

STEPPIN OUT OF LINE (Wise / Weisman / Fuller) - Música que faz parte do filme "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961). Esta trilha foi a mais vendida da carreira de Elvis sendo que esta canção acabou ficando para trás por falta de espaço na trilha sonora original. O Coronel não deixou que ela ficasse em branco e resolveu inclui-la neste disco. Foi gravada no dia 22 de março de 1961 em Hollywood, a terra do cinema.

I'M YOURS (Don Robetson / Hal Blair) - Don Robertson foi o melhor compositor romântico da carreira de Elvis nos anos 60. Aqui fica registrada uma vocalização bem ao gosto do cantor, sendo o estilo bem próximo do Gospel. Esta canção foi também relançada como single em 1965 junto com "(It's A) Long, Lonely Highway", esta última gravada em Nashville em 1963 e que chegou a ser lançada também como bonus song na trilha sonora do filme "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, 1964).

SOMETHING BLUE (Paul Evans / Al Byron) - Outro momento romântico do disco. O disco Pot Luck alcançou a quarta posição na parada da revista Billboard, sendo este desempenho considerado insatisfatório pelo Coronel e pelos executivos da RCA, porém se ele não obteve o sucesso esperado a sua qualidade é indiscutível como se percebe quando se ouve esta canção. Ela foi gravada no dia 18 de março de 1962. Bom momento romântico deste trabalho musical, que é caracterizado pelo bom gosto, estilo e qualidade.

SUSPICION (Doc Pomus / Mort Schuman) - Lado B do Single que foi lançado em abril de 1964. Este single foi considerado um grande fracasso de vendas, tendo o mesmo atingido uma das mais baixas colocações da parada americana. Talvez isto tenha ocorrido pela super exposição de Elvis em filmes, revistas, discos etc.. o que ocasionou uma avalanche de lançamentos com Elvis o que acabou de certa forma cansando o público. "Suspicion" é por outro lado, um belo momento romântico deste disco.

I FEEL THAT I'VE KNOW YOU FOREVER (Doc Pomus / Alan Jefreys ) - Mais uma composição de Pomus aqui sem a parceria de Schuman. É mais uma balada romântica que não decepciona tendo um ótimo acompanhamento e desenvolvimento. Em 1965 ela foi relançada na trilha do filme "Tickle-Me" (o cavaleiro romântico, 1965), o filme de Elvis que não contava com trilha própria sendo a mesma uma coleção aleatória de canções de Elvis de períodos distintos de sua carreira.

NIGHT RIDER (Doc Pomus / Mort Schuman) - Outra que foi relançada no filme "Tickle-me" (o cavaleiro romântico, 1965). É talvez o momento mais fraco do LP, nada acrescenta na carreira de Elvis mas também não chega a aborrecer.

FOUNTAIN OF LOVE (Bill Giant / Jeff Lewis) - versão caliente com toques latinos! Bem poderia fazer parte da trilha de "Fun in Acapulco" (o seresteiro de Acapulco, 1963), por exemplo. Mantém semelhanças de arranjo com "You'll be Gone" que foi gravada na mesma sessão. "Fountain of Love" foi gravada no dia 18 de março de 1962 em Nashville, a capital da música Country and Western. "You'll be Gone", por sua vez, foi lançada como bonus song na trilha sonora do filme "Girl Happy" (louco por garotas, 1965).

THAT'S SOMEONE YOU NEVER FORGET (Red West / Elvis Presley) - Composição do Rei do Rock junto com seu guarda-costas Red West. Elvis conheceu Red ainda adolescente e ambos se tornaram grandes amigos. Em 1976 Elvis acabou demitindo Red que junto com seu irmão Sony escreveriam o livro "Elvis, What Happened?" (Elvis, o que aconteceu?). Este livro trazia pela primeira vez ao público aspectos da vida particular de Elvis como o abuso de drogas entre outras coisas. Triste fim para uma longa amizade.

Elvis Presley - Pot Luck With Elvis (1962): Elvis Presley (voz e violão) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Scotty Moore (guitarra) / Harold Bladley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / Neal Matthews (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J Fontana (bateria) / Buddy Harmon (bateria) / Floyd Cramer (piano e orgão) / Boots Randolph (sax) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Elvis Presley / Gravado no RCA's Studios B / Data de Gravação: 25 e 26 de junho de 1961 e 18 e 19 de março de 1962 / Data de Lançamento: junho de 1962 / Melhor posição nas charts:#4 (EUA) e #1 (UK).

PABLO ALUÍSIO - Agosto de 1999 / revisado e atualizado em novembro de 2001.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Follow That Dream (1962)

Após o sucesso estrondoso de Blue Hawaii, Elvis praticamente deu adeus ao sonho de se tornar um ator dramático em Hollywood. Embora ele pessoalmente tentasse bravamente lutar por bons papéis a simples verdade era que o público preferia assistir filmes em que Elvis cantasse e não interpretasse seriamente como havia acontecido em Wild In The Country e Flaming Star. Ele mesmo já havia entendido o recado dado pelas bilheterias de seus últimos filmes. O próprio Elvis acabou se vendo defendendo seus filmes em certas entrevistas. Numa delas ele declarou: "Intelectuais criticam os filmes que faço, porém o público os adora. Seria um louco se mexesse em algo assim!" Pois é, Elvis estava devidamente domado pelos dólares vindo da indústria cinematográfica. E foi assim que Elvis voltou aos estúdios de gravação em julho de 1961 para gravar uma nova trilha sonora para seu próximo filme. As canções foram gravadas por encomenda dos estúdios da United Artists, que iria produzir o filme. Embora Elvis tivesse assinado com a Paramount Pictures por sete anos em 1960, o contrato não exigia exclusividade, o que permitia Elvis trabalhar em outros estúdios nos períodos em que não estava trabalhando na Paramount (em 1963 ele assinaria outro contrato semelhante com a MGM). Com essa lacuna contratual Elvis já tinha nos dois anos anteriores estrelado filmes na 20th Century Fox e agora arriscava a sorte na United, empresa formada por artistas durante o cinema mudo, tendo como um de seus fundadores Charles Chaplin.

Infelizmente o espírito artístico que caracterizava a United Artists em sua fundação estava obscurecido pela necessidade urgente do estúdio em equilibrar suas contas. O estúdio (que anos mais tarde iria à falência) lutava para obter um grande sucesso de bilheteria. Assim qualquer tentativa de inovar ou trazer mudanças no novo filme de Elvis Presley foi varrida imediatamente para debaixo do tapete. O que a United precisava mesmo era de um sucesso ao estilo de Blue Hawaii. Dessa forma não era necessário ser adivinho para saber rapidamente o que isso significava. A United tratou logo de elaborar com seus roteiristas uma versão genérica de Blue Hawaii. Assim Follow That Dream seguiria a "fórmula Elvis" de fazer cinema nos anos 60. O filme não passaria de mais uma comédia romântica ao velho estilo, com canções suaves e familiares, enredo engraçadinho e fotografia turística, com belas locações na ensolarada Flórida. O papel escrito para Elvis era apenas um clichê, baseado numa versão distorcida dos caipiras americanos, o colocando como um tolo ingênuo e beirando as raias da idiotice. Para quem vinha almejando seguir os passos de James Dean e Marlon Brando realmente foi um grande retrocesso.

A trilha sonora foi gravada com a turma tradicional que acompanhava Elvis nos estúdios. Ao contrário da 20th Century Fox que sempre trocava os músicos nas sessões de gravação de suas trilhas, aqui Elvis contou com a banda de sempre. Até mesmo o estúdio de gravação foi o de rotina, ou seja, o velho e bom RCA Studio B em Nashville, onde Elvis raramente gravava músicas para trilhas. Evitando tirar Elvis de seu ambiente a United Artists deslocou o produtor Hans Salter para comandar as gravações na cidade sulista. Apesar dos esforços em tentar arranjar um sucesso à la Blue Hawaii, Follow That Dream fez um sucesso modesto em seu lançamento. O EP contendo a trilha sonora foi lançado sem muito estardalhaço e conseguiu apenas um tímido 15º lugar entre os mais vendidos, o mesmo se repetindo nas bilheterias do cinema. Não seria dessa vez que o sucesso de Blue Hawaii se repetiria.

Elvis Presley - Follow That Dream (1962)
Follow That Dream
Angel
What a Wonderfull Life
I´m Not The Marrying Kind
Sound Advice
A Whistiling Tune

Ficha Técnica: Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Hank Garland / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Neal Matthews / Baixo: Bob Moore / Bateria: Murrey "Buddy" Harman / Bateria: D.J. Fontana / Piano: Floyd Cramer / Saxophone: Homer "Boots" Randolph / Backup Vocals: Millie Kirkham / Backup Vocals: The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Produzido por Hans Salter / Engenheiro: Bill Porter / Gravado no RCA Studio B, Nashville, Tennessee / Data de Gravação: 02 de julho de 1961 / Data de lançamento: abril de 1962 / Melhor posição nas charts: # 15 (Billboard) / # 34 (UK)

Pablo Aluísio - agosto de 2009.

Elvis Presley - Wild In The Country (1961)

Um ano após deixar o exército Elvis Presley deu seguimento ao seu plano de se tornar um ator respeitado em Hollywood. Depois de fazer concessões aos estúdios com G.I.Blues Elvis se sentia forte o suficiente para exigir certo controle artístico sobre sua carreira no cinema. O chefão da Fox, Darryl F. Zanuck, já havia dado carta branca a Elvis para ele escolher o roteiro que quisesse para seu próximo filme no estúdio. Então Elvis foi à caça de uma boa história  para ser filmada. Depois de ler pilhas de scripts e roteiros Elvis escolheu "Wild in The Country", uma adaptação de uma peça teatral que havia sido escrita para ser estrelada pelo ator Montgomery Clift. Infelizmente antes das filmagens programadas Clift sofreu um sério acidente de carro ao sair da casa de Elizabeth Taylor e teve o rosto completamente desfigurado pelo painel de seu carro. Com isso o projeto do filme foi arquivado. Ao cair nas mãos de Elvis no verão de 1960 o rei do rock se entusiasmou pelo roteiro e pela chance de finalmente fazer um filme com conteúdo mais dramático. Para Elvis esse filme deveria ser filmado de forma fiel à adaptação da peça teatral. Com a aprovação de Darryl F. Zanuck o projeto começou a tomar forma com a contratação do conceituado diretor Phillp Dune e a escalação das atrizes Hope Lange, Tuesday Weld e Cristina Crawford. Tudo ia bem até o dia em que o coronel Parker resolveu ler o teor da trama do novo filme de Presley. Parker ficou chocado com o que leu! Em primeiro lugar a história era completamente dramática com final trágico - Elvis faria um personagem que se envolvia com uma mulher mais velha, não haveria músicas e o pior: Elvis se suicidaria no final! Uma coisa inaceitável na visão de Tom Parker, sempre preocupado com a imagem de seu principal (e único) cliente!

Atuando pelas costas de Elvis o coronel começou a tomar as rédeas do projeto: o final foi mudado por um grupo de roteiristas contratados pelo empresário, o romance entre Elvis e uma mulher mais velha foi suavizado e foi encaixada diversas músicas dentro do filme (no roteiro original o personagem principal nem sabia cantar!). Elvis ficou completamente desapontado pois o filme agora se aproximava cada vez mais de sua comédias bobocas! Tudo em que havia apostado agora estava indo por água abaixo! Tentou vencer a queda de braço com Parker e Zanuck mas não conseguiu, principalmente depois que o diretor Phillip Dune resolveu ceder às pressões comerciais envolvidas na realização da película. Assim Elvis se viu totalmente sozinho na defesa do roteiro original que havia lido. Finalmente o presidente da Fox se reuniu com Elvis e demonstrou que as mudanças seriam mais benéficas ao sucesso do filme. Elvis resolveu então tentar salvar o que restava do script mas não obteve êxito em um set completamente controlado pela mão forte do todo poderoso magnata Darryl F. Zanuck. Finalmente acabou cedendo as pressões, com um forte sentimento de frustração e decepção com a maneira de fazer filmes em Hollywood. E assim "Coração Rebelde" se tornou um filme sem identidade própria, um mistão indigesto que tentava colocar sob o mesmo teto conceitos teatrais complexos com romances inventados na última hora para suavizar a forte densidade melodramática da trama. E também se tornou o adeus de Elvis às suas pretensões de exercer uma atividade de ator independente de sua carreira musical, principalmente depois do sucesso arrasa quarteirão do filme "Feitiço Havaiano", que chegou nas telas nesse mesmo ano. E a fusão desse dois fatores: o sucesso de "Feitiço Havaiano", comédia musical leve cheia de canções, e o relativo fracasso de "Coração Rebelde", filme com pretensões mais sérias, iria determinar como seria a futura carreira de Elvis no cinema, onde ele não iria mais sair do esquema imposto pelos grandes estúdios, das comédias musicais românticas. Era o fim do sonho de Elvis em se tornar um novo Marlon Brando ou James Dean. Será que se tivesse tido a oportunidade ideal, Elvis teria se tornado um grande ator? Nunca saberemos ao certo, infelizmente.

Elvis Presley - Wild In The Country (1961)
Wild In The Country
Lonely Man
I Slipped I Stumbled I Feel
In My Way
Forget Me Never

Elvis Presley - Wild In The Country (1961): Vocais e violão: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarrra: Hilmer J. "Tiny" Timbrell / Baixo: Michael "Meyer" Rubin / Bateria: D. J. Fontana / Acordeon: James Haskell - somente em Lonely Man / Piano: Dudley Brooks / Backup Vocals: The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker / Produzido por Urban Thielmann / Engenheiro: Thorne Nogar / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de Gravação: 07 e 08 de setembro de 1960 / Lançado em maio de 1960 (single I Feel So Bad / Wild In The Country) / Melhor posição nas charts: #26 (Billboard) e #2 (UK)

Pablo Aluísio - janeiro de 2005

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Elvis e o Pop dos anos 60!

Um dos melhores álbuns de Elvis Presley nos anos 60 foi também um dos mais subestimados. Lançado no meio de vários filmes, singles e trilhas sonoras, Something For Everybody foi sendo paulatinamente esquecido pelos fãs do cantor ao longo dos anos. Grande injustiça. O disco é excepcionalmente bom e retrata um ótimo momento vocal de Elvis. Talvez a pouca atenção que tenha recebido ao longo das décadas que se seguiram ao seu lançamento tenha advindo do fato desse ser mais um grande representante do momento em que Elvis trocou definitivamente o Rock´n´Roll dos anos 50 pelo suave e doce pop romântico do começo da década de 60.

É fato. O disco é essencialmente um trabalho anos luz de distância dos momentos mais roqueiros do cantor. Elvis canta canções ternamente suaves como Gently e mesmo quando se arrisca a acelerar o ritmo, como em I´m Coming Home, não se arrisca a ultrapassar a linha que separa o pop do rock mais visceral. Muito se criticou essa nova postura que Elvis tomou em sua carreira mas os críticos se esqueceram também de analisar o contexto musical em que a volta de Elvis do exército estava inserida.

Não foi apenas Elvis que suavizou sua música, todos os cantores do ínício da década de 60 fizeram isso. Até mesmo artistas que foram endeusados pela mídia, como os Beatles, faziam um som bastante suave, com letras pueris e comportadas em sua primeira fase. Com o fim da década de 50 os antigos roqueiros caíram em ostracismo e o Rock teve que se adequar e se reinventar para sobreviver. Analisando friamente em contexto histórico o Rock, como gênero musical, só conseguiu encontrar sua antiga garra após 1967, quando surgiu o movimento Hippie e o Rock abraçou o psicodelismo que imperava entre a juventude da época.

Exigir uma postura diferente dessa, antes dessa data, soa fora de foco. Para 1961 e para o som que se ouvia nessa época, Something For Everybody se enquadrava bem na média do que era produzido pela indústria do disco nos Estados Unidos. O álbum chegou ao primeiro lugar naquele país e consolidou uma ótima fase comercial em sua carreira, que iria se acentuar depois com a trilha sonora de Blue Hawaii, um grande sucesso de vendas. Para Elvis, naquele momento, tudo parecia ir bem e no caminho correto pois desde sua volta das forças armadas no ano anterior Elvis vinha colecionando um sucesso após o outro. Something For Everybody também se destaca por ser um dos poucos discos de estúdio de Elvis nos anos 60.

Como sabemos Elvis se dedicou de corpo e alma a Hollywood durante essa fase da carreira e o foco foi desviado para a gravação de trilhas sonoras, deixando em segundo plano os LPs convencionais de estúdio. Ao lado de Pot Luck e Elvis is Back, Something For Everybody foi o único disco convencional gravado por Elvis até 1969 quando foi lançado From Elvis in Memphis! Por tudo isso e muito mais o disco realmente necessitava de um revisão que lhe colocasse no lugar que sempre mereceu.

Foi então que o selo FTD promoveu o lançamento de um CD duplo com grande parte das sessões que deram origem ao disco original. Ernst Jorgensen, produtor e diretor do selo FTD, também resolveu prestigiar as canções dos singles I Feel So Bad, Good Luck Charm, Little Sister, His Latest Flame e Anything That´s Part Of You. Foi uma decisão correta e evita que o CD fique cansativo, pois como demonstrado em outros títulos, a repetição de poucas músicas em um CD duplo acaba cansando de certa forma o ouvinte. Ouvindo as canções hoje, tantos anos depois, podemos perceber que não há muito o que debater em termos de qualidade. O disco em si continua ótimo.

O único senão é que no CD 2 não houve, pelo menos na minha visão, um trabalho mais consistente de restauração. Mesmo que as fitas masters estivessem um pouco estragadas pela passagem do tempo penso que um trabalho mais criterioso teria deixado os takes ali presentes com uma sonoridade mais qualificada. De qualquer forma o resgate histórico já tem em si mesmo seu valor. Uma das características mais lembradas de Something For Everybody é a extrema agilidade em que Elvis gravou a maioria das músicas. Em tempos atuais, quando cantores levam meses para finalizar um álbum, Elvis nesse disco demonstrou com rara felicidade que nem sempre a qualidade está desvinculada da agilidade.

Ouvindo os takes percebemos como Elvis estava entrosado com a banda, sutis diferenças existem entre os takes alternativos e a versão master provando que todos estavam afiados quando entraram em estúdio. Dessa forma foi apenas uma questão de tempo até que a versão definitiva fosse gravada. Por todas essas razões o FTD Something For Everybody é altamente recomendado aos fãs de Elvis Presley. Captura o cantor em plena atividade e como protagonista dos eventos, algo que não aconteceu em suas trilhas sonoras onde o cantor era mero coadjuvante do ator Elvis, infelizmente.

Pablo Aluísio - junho de 2009.

Elvis Presley - Elvis e a Surf Music!

Trilhas sonoras como Blue Hawaii e Girls, Girls, Girls, lançadas por Elvis Presley na primeira metade dos anos 1960, deixaram alguns dos fãs mais antigos e leais Rei do "Rock" de orelhas em pé. As composições, os arranjos, as ideias por trás de cada música das novas trilhas sonoras de Elvis bebiam diretamente de um movimento musical que vivia naquela altura uma de suas melhores fases de sucesso: a Surf Music. Esse estilo de música louvando o verão, o surf e a vida dos praticantes desse esporte tinha definitivamente caído no gosto da juventude americana e dominava o espaço que até bem pouco tempo atrás era exclusivo do Rock ´n´ Roll, que naquele momento estava adormecido e ofuscado pelas novas manias musicais.

O Surf Music surgiu ainda nos anos 50 mas sua repercussão não foi tanta a ponto de chamar a atenção. A primeira geração do Rock (formada por artistas como Chuck Berry, Bill Halley e o próprio Elvis) dominava inteiramente as paradas musicais no final dos anos 50, deixando pouco espaço para que os astros que iriam influenciar o surgimento do surf Music como Dick Dale ou Duanne Eddy se sobressaíssem mais. A nova onda musical só começou a crescer mesmo no momento do esfacelamento das carreiras dos roqueiros pioneiros. Enquanto Elvis estava no exército americano vários ídolos teen, que bebiam diretamente dessa nova onda, como Fabian e Frankie Avalon, alcançavam o estrelado tanto nos discos como no cinema.

Então quando retornou do exército em 1960 Elvis acabou aderindo, embora nunca de forma direta ou assumida, ao novo estilo. Em 1961 Elvis estrelou Blue Hawaii, um filme que hoje é considerado um dos maiores símbolos da dominação da Surf Music no cinema. A ligação de Elvis com esse estilo musical iria se aprofundar nos filmes que viriam, como Girls, Girls, Girls (que embora não mostrasse um personagem ligado ao Surf em si, trazia nos arranjos de suas canções todas as características desse som). A coisa continuaria até bem mais tarde na carreira de Elvis, em canções espalhadas por diversos filmes dele, como o fraquíssimo Paradise Hawaiian Style e Clambake (com todas aquelas canções falando de mariscos, praia e biquínis).

Elvis de certa forma ficou entre a cruz e a espada durante esses anos. De um lado a Surf Music alcançava ainda mais sucesso, notadamente a partir de 1961 quando os grupos musicais ligados ao estilo (como The Beach Boys, The Trashmen, The Rivieras, etc) começaram a frequentar os primeiros postos da Billboard e do outro lado os grupos britânicos começavam a dominar também as paradas com a invasão Britânica (com grupos como The Beatles e Rolling Stones, os maiores símbolos dessa era). No meio de tanta novidade e sem fazer parte totalmente de nenhum dos lados, Elvis começou a sumir das paradas musicais. Definitivamente não havia mais espaço para um pioneiro do Rock que só apresentava trilhas sonoras tentando em vão copiar o estilo das bandas da moda.

Elvis só iria reencontrar o caminho do sucesso mesmo em 1968 quando usando um blusão de couro negro (símbolo de ídolos da primeira leva de roqueiros como Gene Vincent) lembrou a todos da importância daquele inigualável grupo de artistas dos anos 50, que ao fundirem o som negro ao branco trariam ao cenário musical uma revolução cultural que sobrevive até os dias de hoje. Elvis certamente nunca convenceu como um membro da turminha da praia, até porque ele não era mesmo, tampouco foi produtiva sua passagem pela nova onda da Surf Music.

Mas tudo serviu como lição. Nos anos 70 Elvis deixaria de uma vez por todas de tentar seguir as modinhas que iam surgindo no mundo da música. Assumiu seu lado mais verdadeiro e recheou seus álbuns setentistas com canções que tocavam fundo em sua alma e em seu sentimento, sem ligar para os modismos e as tendências musicais que dominavam as paradas. Se tivesse seguido esse caminho certamente seus discos dos anos 70 estariam cheios de canções do estilo Discoteca, o que definitivamente seria um terror para seus antigos fãs. Mas isso era passado definitivamente, os filmes e discos da praia mudaram a visão de Elvis. Os dias de verão eterno finalmente foram deixados para trás para todo o sempre. Amém.

Pablo Aluísio - agosto de 2009.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Blue Hawaii (1961)

Trilha sonora do oitavo filme de Elvis Presley, que no Brasil, recebeu o título de "Feitiço Havaiano". Este disco se tornou um enorme sucesso de vendas quando foi lançado em outubro de 1961, se tornando o disco mais vendido da carreira do cantor. Ele atingiu rapidamente o primeiro lugar ficando nesta posição durante 5 Meses!!! (recorde absoluto). O single extraído da trilha com "Can't Help Falling in Love / Rock A-Hula Baby" também acompanhou o grande sucesso deste filme. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) seria o grande responsável pelos rumos que a carreira de Elvis iria tomar a partir daí. Praticamente todos os seus filmes posteriores iriam seguir a fórmula desta película, com o roteiro versando sobre garotas bonitas, praias turísticas e o interesse romântico do personagem principal. 

 A direção do filme ficou novamente a cargo de Norman Taurog e a estrela seria novamente a atriz Joan Blackman que já havia contracenado com Elvis em "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957). O roteiro era baseado no romance "O rapaz Havaiano da praia" e a história versava sobre um jovem de família rica, recém saído do exército, que tentava vencer na vida sozinho. O disco, é claro, segue a mesma temática do filme e Elvis pelo menos no caso desta trilha nos brinda com algumas belas canções que ficaram imortalizadas na sua voz e que iriam se incorporar definitivamente em seu repertório de Shows durante os shows dos anos 70. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) é isso aí: um filme bonito de se ver, mostrando os pontos mais turísticos das ilhas havaianas, com Elvis pegando umas ondas com seu "jacaré", namoros, diversão e música. Talvez por ser sido tão "relax e na paz" tenha tido tanto sucesso. Estas são as canções de "Blue Hawaii" (LSP 2426) :

BLUE HAWAII (Robin/Rainger) - Música título do filme. A versão original desta canção foi lançada em 1937 por Bing Crosby para a trilha do filme "Waikiki Wedding". Em 1957 o cantor Billy Vaughn a relançou com grande sucesso. Finalmente Elvis gravou sua versão em 22 de março de 1961. Sem sombra de dúvida é uma bela canção que faz jus ao talento do Rei do Rock. A crítica Pauline Kael escreveu sobre "Blue Hawaii": "Elvis parece que deixou sua moto e seu casaco de couro negro à la Brando de lado e o trocou por uma prancha de surf! Só uma coisa parece não ter mudado: seu topete para fazer filmes bobinhos".

ALMOST ALWAYS TRUE (Wise/Weisman) - Música deliciosa e empolgante da trilha. O grande destaque fica com a maravilhosa participação do Saxofonista Boots Randolph. O elenco de "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) contava ainda com Nancy Winters, Angela Lansbury, Roland Winteres e Joan Blackman. O filme foi produzido por Hall Wallis para a Paramount Pictures.

ALOHA-OA (Queen Liliuokalani) - Esta é uma canção folclórica das ilhas havaianas. Foi creditado seu arranjo musical ao próprio Elvis e alguns fãs mais exaltados afirmaram que a divindade citada na letra era o próprio cantor!!? O roteiro foi escrito por Allan Weiss, que escreveu a maioria dos filmes de Elvis, anos depois ele diria: "minhas ordens eram claras: faça uma história de base para Elvis cantar suas canções e é só".

NO MORE (Yradler/Robertson/Blair) - Adaptação do grande sucesso mundial "La Paloma" do compositor cubano Sebastian Yradler. A adaptação foi feita por Don Robertson, que novamente compareceu em estúdio para ajudar nas gravações. É um dos mais belos momentos de toda a carreira de Elvis Presley. Aqui fica claro que quando o Rei contava com material de ótima qualidade ele demonstrava toda a plenitude de seu talento. A inclusão desta canção italiana se justifica porque o personagem de Elvis serviu o exército na Itália. Assim ele a canta para seus amigos na praia para mostrar o som que rolava nas forças armadas.

CAN'T HELP FALLING IN LOVE (Peretti/Creatore/Weiss) - Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso.

ROCK A HULA BABY (Wise/Weisman/Fuller) - Lado B do Single "Can't Help Falling in Love". Vinha classificado no compacto como "twist special". A verdade é que esta não é uma canção do ritmo imortalizado por Chubby Checker e sim apenas mais uma canção pop da trilha. Curiosidade: as filmagens, ao contrário do que pode parecer, foram um tédio para Elvis. Ele afirmou depois que tinha que ficar trancado no Hotel e só descia para as tomadas de cena. Elvis não poderia sair à praia para se divertir como um pessoa comum, pois certamente iria acontecer um tumulto, assim ele só sairia do hotel para realmente trabalhar.

MOONLIGHT SWIM (Dee/Weisman) - Um dos melhores momentos do disco contando com a ótima vocalização feminina de Doroth McCarthy, Virginia Rees, L.Jean Norman e Jackline Allen. A canção foi sucesso em 1957 com Tony Perkins e Nick Noble. Elvis a canta no filme em um carro, junto de turistas que ele leva para conhecer as plantações de abacaxi da ilha havaiana.

KU-U-I-PO (Peretti/Creatore/Weiss) - Bela balada romântica. Nos anos setenta durante o show "Aloha from Hawaii" Elvis gravou algumas músicas deste filme, que não constaram no disco original com a trilha do especial de TV e que só saíram no mercado através do disco "Alternate Aloha" muitos anos depois.

ITO EATS (Tepper/Bennett) - Esta é uma música muito fraquinha da trilha. As trilhas sonoras de Elvis nos anos sessenta apresentavam canções de qualidade misturadas com musiquinhas como esta. O importante é sempre separar o que é realmente bom das ruins. O diretor Norman Taurog dirigiu ao todo nove filmes de Elvis. Era considerado um diretor de estúdio e não um cineasta. Sempre que Elvis foi dirigido por grandes diretores como George Sydney em "Viva Las Vegas" (amor a toda velocidade, 1964) ou Michael Curtiz em "King Creole" (balada sangrenta, 1958) ele apresentava um grande trabalho como ator.

SLICIN' SAND (Tepper/Bennett) - Realmente a dupla de compositores Tepper e Bennett não estavam em seus melhores dias quando compuseram algumas canções deste filme. Esta é outro exemplo de como se desperdiçar o talento de Elvis em bobagens. O filme foi lançado nos Estados Unidos no dia 14 de novembro de 1961 e foi o maior sucesso de Elvis Presley no cinema.

HAWAIIAN SUNSET (Tepper/Bennett) - Outra canção bem ao estilo das ilhas do pacífico. Aqui fica registrado a participação de Bernie Lewis na Steel Guitar, Fred Tavares e Alvino Rey no Uekele a orquestração complementar do filme pelo maestro Joseph Lilley. Tudo muito relax e na paz, bem no espírito do Havaí.

BEACH BOY BLUES (Tepper/Bennett) - Blues que é muito bem executado por Elvis e seus músicos, porém mais uma vez fica evidente a péssima qualidade da letra. Esta sem dúvida é uma das piores letras de todos os tempos só sendo superada talvez pela canção "Yoga is a Yoga Does" do filme "Easy Come, Easy go" (meu tesouro é você, 1967) e "A Dog's Life" do filme "Paradise, Hawaiian Style" (no paraíso do Havaí, 1966).

ISLAND OF LOVE (Tepper/Bennett) - Canção bem ao estilo Havaiana. Para caracterizar bem o clima do havaí foram chamados alguns músicos como "The Surfers" para acompanhar o Rei. O filme "Paradise, Hawaiian Style" (no paraíso do Havaí, 1966) foi uma tentativa mal sucedida do empresário de Elvis em repetir o sucesso desta película.

HAWAIIAN WEEDING SONG (King/Hoffman/Manning) - Canção que Elvis cantou para Priscilla na sua lua de mel segundo o próprio relato dela no livro "Elvis e Eu" (Elvis and Me, Editora Rocco, 1985). Pode-se encontrar duas versões ao vivo desta canção gravadas pelo cantor nos anos setenta. Uma está presente no já citado disco "Alternate Aloha" e a outra que faz parte do trabalho musical póstumo "Elvis in Concert". Termina assim a trilha, como no filme, com a "canção havaiana de casamento"

Elvis Presley - Blue Hawaii (1961): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / D.J. Fontana(bateria) / Hal Blaine (bateria) / Bernie Matinson (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Dudley Brooks (piano) / Boots Randolph (sax) / George Fields (gaita) / Bob Moore (baixo) / Bernie Lewis (steel guitar) / Fred Tavares (ukelele) / Alvino Rey (ukelele) / The Surfers (vocais) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Joseph Liley e Hall Wallis / Arranjado por Joseph Liley / Gravado no Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 21, 22 e 23 de março de 1961 / Data de Lançamento: outubro de 1961 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

PABLO ALUÍSIO - Outubro de 1999 / revisado e atualizado em novembro de 2001.

Feitiço Havaiano

Chad Gates (Elvis Presley) dá baixa no exército e volta para o Havaí, onde mora com seus pais. Ao retornar o jovem deseja trilhar seu próprio caminho sem precisar ir trabalhar na empresa de frutas tropicais de seu pai. Ao lado da namorada (Joan Blackman) ele resolve abrir uma empresa de guia de turismo nas ilhas. "Feitiço Havaiano" foi um dos maiores sucessos de Elvis Presley nos cinemas. Seu empresário o Coronel Tom Parker chamava o filme de "o produto perfeito". A trilha sonora vendeu horrores e o compacto simples com "Can´t Help Falling in Love" foi um dos discos mais vendidos do ano. Com "Blue Hawaii" Elvis finalmente encontrou seu nicho em Hollywood. A partir daí ele basicamente iria fazer esse filme várias e várias vezes novamente. O roteiro era basicamente uma desculpa para que Elvis fosse apresentando uma música atrás da outra nas cenas, o que nesse caso era muito bem-vindo aos fãs pois há vários clássicos do astro na trilha como a música título, "No More" e "Hawaiian Wedding Song" (que ele levaria aos palcos nos anos 70 em Las Vegas). Já a trama desse musical é leve, simples e como pano de fundo traz a beleza natural do próprio Havaí.

Além do grande sucesso "Feitiço Havaiano" também ficou conhecido entre os fãs por outro fato curioso. Foi nas ilhas havaianas, enquanto filmava o filme, que Elvis realizou um dos poucos shows ao vivo que fez durante a década de 60. Ele se apresentou para arrecadar fundos para o monumento do navio Arizona que afundou durante o ataque japonês ao porto de Pearl Harbor. Elvis visitou o local e realizou a apresentação. Com o dinheiro o monumento finalmente foi finalizado. O diretor do filme era velho conhecido de Elvis, Norman Taurog, veterano que iria dirigir várias produções de Hal Wallis com o cantor. A parceira deu certo e juntos acabaram emplacando alguns dos grandes sucessos do Rei do Rock no cinema. O filme inicialmente seria estrelado por Juliet Prowse, que já havia dividido a cena com Elvis em "Saudades de um Pracinha". Cinco dias antes do começo das filmagens porém ela entrou em atrito com o produtor Wallis. Exigiu tratamento de estrela, com despesas pagas para profissionais próprios (maquiadoras, esteticistas, etc) que ela queria levar ao Havaí. O produtor não concordou e Prowse abandonou o filme. Depois do incidente, às pressas, foi convocada a linda atriz Joan Blackman, uma bela morena de olhos verdes que trouxe muita beleza ao já bonito filme. Enfim, "Feitiço Havaiano" é isso, música, praia e diversão. Um filme de verão típico dos anos 60.

Feitiço Havaiano (Blue Hawaii, EUA, 1961) / Direção de Norman Taurog / Roteiiro de Allan Weiss e Hal Kanter / Com Elvis Presley, Joan Blackman, Angela Lansbury / Sinopse: Chad Gates (Elvis Presley) dá baixa no exército e volta para o Havaí, onde mora com seus pais. Ao retornar o jovem deseja trilhar seu próprio caminho sem precisar ir trabalhar na empresa de frutas tropicais de seu pai. Ao lado da namorada (Joan Blackman) ele resolve abrir uma empresa de guia de turismo nas ilhas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Something For Everybody (1961)

Ótimo momento da discografia de Elvis Presley nos anos 60. Este disco quando foi lançado em maio de 1961 alcançou rapidamente o primeiro lugar da parada musical da Revista Billboard ocupando esta posição durante três semanas consecutivas. "Something For Everybody" foi gravado em apenas uma sessão de gravação em Nashville! Elvis entrou nos estúdios às 10 da noite do dia 12 de março e gravou até às cinco da manhã do dia seguinte. Em pouco mais de 7 horas o cantor já havia terminado sua parte deixando todas as músicas prontas para a RCA. Neste caso a pressa não foi inimiga da perfeição, pois este fato demonstra o alto poder de trabalho de Elvis e também o qualifica como o mais rápido "hit maker" da história. 

O que aconteceu realmente era que Elvis e banda já estavam devidamente ensaiados ao entrar em estúdio, então foi apenas uma questão de se chegar ao take adequado. No mesmo mês que este disco foi lançado o single "I Feel So Bad / Wild in the Country" chegava ao quinto lugar na parada americana e ao primeiro na parada britânica. O lado B deste single promovia o lançamento de mais um filme de Elvis "Wild in the Country" (coração rebelde, 1961). Este filme marca a tentativa de Elvis em estrelar filmes de maior qualidade com roteiros melhores e papéis dramáticos, porém seu objetivo não foi alcançado pois seus maiores sucessos cinematográficos iriam ser as comédias musicais românticas como "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961). De qualquer forma a música "I Sleeped, I Stumbled, I Feel" foi incluída no disco para promover o lançamento do filme. Estas são as canções do disco "Something For Everybody (LSP 2370) :

THERE'S ALWAYS ME (Don Robertson) - Maravilhosa canção romântica escrita pelo ótimo compositor Don Robertson. Robertson inclusive compareceu ao estúdio de gravação e trocou algumas ideias com Elvis. É sem sombra de dúvida uma das mais belas músicas interpretadas pelo Rei do Rock, que nos presenteia com um momento mágico. Além de contar com a voz de Elvis em um de seus melhores momentos, esta traz ainda a participação muito especial da vocalista Millie Kirkham. Simplesmente ouça e se emocione.

GIVE ME THE RIGHT (Wise / Blagman) - Este disco trazia uma curiosidade em relação a outros trabalhos de Elvis: um dos lados do antigo LP era composto exclusivamente com baladas românticas e o outro com músicas mais agitadas. Esta canção é um exemplo do primeiro tipo com ótimo acompanhamento dos músicos do cantor. Elvis e seu produtor resolveram acrescentar novos instrumentos na música para melhorá-la.

IT'S A SIN (Rose / Turner) - Outra ótima balada romântica do disco. Alguns dias antes de Elvis gravar estas músicas ele foi homenageado pela Assembleia Legislativa do Estado do Tennessee pelo seu sucesso e também por sua ajuda a diversas instituições de caridade de Memphis. Duas semanas depois Elvis iria para o Hawaii, para começar as filmagens de seu novo filme, "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961).

SENTIMENTAL ME (Cassin / Moreheread) - Sucesso em 1949. Elvis foi de certa forma fiel à original dando apenas uns toques para que ela se encaixasse em seu estilo musical. No final tudo saiu bem como podemos conferir. Nesta época começaram a surgir as primeiras críticas ao excesso de músicas românticas nos discos de Elvis. Ele porém não se importou com elas e continuou a gravar belas canções de amor como esta.

STARTING TODAY (Don Robertson) - O Compositor Don Robertson dá o tom do lado romântico deste disco. Aqui outra de suas pérolas musicais interpretada de forma impecável pelo Rei do Rock e seu grupo. Elvis e Don Robertson se tornaram amigos, inclusive o cantor o convidou a ir a Graceland para juntos discutirem e falarem sobre música.

GENTLY (Wizeth / Lisbona) - Canção Romântica bem ao estilo acústico que difere bastante das outras músicas do disco. Sem dúvida é um belo momento da carreira de Elvis. Fez parte também da última coletânea da discografia de Elvis o LP "Welcome to my World". Elvis a gravou três vezes e escolheu uma das versões como a definitiva. As outras duas seriam lançadas em discos piratas nos anos 80.

I'M COMIN HOME (Charlie Rich) - A Melhor canção de todo o disco. Conta com ótimos solos musicais de Scotty Moore na guitarra e Floyd Cramer no Piano. A canção se tornou um grande sucesso na época chegando ao primeiro lugar nas paradas. Ele representa a típica canção pop do início dos anos sessenta. Sem dúvida uma música para entrar na história do Rock mundial.

IN YOUR ARMS (Schroeder / Gold) - Aqui se nota a importância do conjunto vocal The Jordanaires no som de Elvis. Esta bela música conta com o acompanhamento impecável deste grupo. Há uma versão bem interessante desta canção em discos piratas, em que Elvis inverte a ordem da letra, percebe-se o quanto ele trabalhava em uma canção antes de achar o "take" perfeito.

PUT BLAME ON ME (Wise / Twoney / Blagman) - Canção que posteriormente em 1965 foi utilizada como parte da trilha sonora do filme "Tickle-me (o cavaleiro romântico, 1965). Este filme dirigido por Norman Taurog, sem sombra de dúvida é um dos piores filmes de Elvis nos anos sessenta, em que não se teve nem ao menos a preocupação de se gravar um trilha sonora. Lamentável. Todas as músicas de sua trilha já tinham sido lançadas antes.

JUDY (Teddy Redell) - Outro grande momento deste trabalho musical é representado por esta ótima balada de nome tão singelo: "Judy". Este era um truque dos primeiros compositores de Rock'n'Roll: utilizar nomes de pessoas ou cidades para sensibilizar os moradores destes mesmos lugares ou que tivessem o nome destas canções para que elas comprassem o disco! "Judy" foi ainda lado B de um single lançado em 1967, (seis anos depois!?) com "There's Always Me" no lado principal.

I WANT YOU WITH ME (Woody Harris) - Canção pop de ritmo rápido. Elvis nos anos sessenta glamourizou seus arranjos incorporando diversos instrumentos novos em sua música o que lhe deu maior consistência musical. Isto iria se acentuar mais tarde quando Elvis trocaria de produtor, saindo Steve Sholes e entrando Chet Atkins. Este último era considerado um dos grandes nomes de Nashville e era conhecido pelo melhoramento e embelezamento que dava às gravações. Chet Atkins morreu em 2001, causando uma grande comoção no mundo artístico dos Estados Unidos.

I SLEEPED, I STUMBLED, I FEEL (Wise / Weisman) - Única Canção que faz parte da trilha sonora do filme "Wild in The Country" (coração rebelde, 1961) presente no disco. Na edição brasileira isto não ficou bem claro levando muitos a pensar que todo o LP era a trilha sonora do filme. Na época muitos estranharam quando foram ao cinema assistir ao filme e não viram Elvis interpretar as músicas deste disco! A trilha de "Wild In The Country (coração rebelde, 1961) por sua vez era composta pelas seguintes canções: "Lonely Man", "Wild in The Country", "In My Way" e "Forget Me Never". As duas últimas foram lançadas no disco "Elvis for Everyone".

Elvis Presley - Something For Everybody (1961): Elvis Presley (vocais) / Scotty Moore (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Elvis Presley / Gravado no RCA'S Studio B, Nashville / Data de Gravação: 12 e 13 de março de 1961 / Data de lançamento: maio de 1961 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #2 (UK).

PABLO ALUÍSIO - Outubro de 1999 / revisado e atualizado em novembro de 2001.

Elvis Presley - FTD Something For Everybody

Um dos melhores álbuns de Elvis Presley nos anos 60 foi também um dos mais subestimados. Lançado no meio de vários filmes, singles e trilhas sonoras, Something For Everybody foi sendo paulatinamente esquecido pelos fãs do cantor ao longo dos anos. Grande injustiça. O disco é excepcionalmente bom e retrata um ótimo momento vocal de Elvis. Talvez a pouca atenção que tenha recebido ao longo das décadas que se seguiram ao seu lançamento tenha advindo do fato desse ser mais um grande representante do momento em que Elvis trocou definitivamente o Rock´n´Roll dos anos 50 pelo suave e doce pop romântico do começo da década de 60. É fato. O disco é essencialmente um trabalho anos luz de distância dos momentos mais roqueiros do cantor. Elvis canta canções ternamente suaves como Gently e mesmo quando se arrisca a acelerar o ritmo, como em I´m Coming Home, não se arrisca a ultrapassar a linha que separa o pop do rock mais visceral. Muito se criticou essa nova postura que Elvis tomou em sua carreira mas os críticos se esqueceram também de analisar o contexto musical em que a volta de Elvis do exército estava inserida.

Não foi apenas Elvis que suavizou sua música, todos os cantores do início da década de 60 fizeram isso. Até mesmo artistas que foram endeusados pela mídia, como os Beatles, faziam um som bastante suave, com letras pueris e comportadas em sua primeira fase. Com o fim da década de 50 os antigos roqueiros caíram em ostracismo e o Rock teve que se adequar e se reinventar para sobreviver. Analisando friamente em contexto histórico o Rock, como gênero musical, só conseguiu encontrar sua antiga garra após 1967, quando surgiu o movimento Hippie e o Rock abraçou o psicodelismo que imperava entre a juventude da época. Exigir uma postura diferente dessa, antes dessa data, soa fora de foco. Para 1961 e para o som que se ouvia nessa época, Something For Everybody se enquadrava bem na média do que era produzido pela indústria do disco nos Estados Unidos. O álbum chegou ao primeiro lugar naquele país e consolidou uma ótima fase comercial em sua carreira, que iria se acentuar depois com a trilha sonora de Blue Hawaii, um mega sucesso de vendas. Para Elvis, naquele momento, tudo parecia ir bem e no caminho correto pois desde sua volta das forças armadas no ano anterior Elvis vinha colecionando um sucesso após o outro. Something For Everybody também se destaca por ser um dos poucos discos de estúdio de Elvis nos anos 60.

Como sabemos Elvis se dedicou de corpo e alma a Hollywood durante essa fase da carreira e o foco foi desviado para a gravação de trilhas sonoras, deixando em segundo plano os LPs convencionais de estúdio. Ao lado de Pot Luck e Elvis is Back, Something For Everybody foi o único disco convencional gravado por Elvis até 1969 quando foi lançado From Elvis in Memphis! Por tudo isso e muito mais o disco realmente necessitava de um revisão que lhe colocasse no lugar que sempre mereceu. Foi então que o selo FTD promoveu o lançamento de um CD duplo com grande parte das sessões que deram origem ao disco original. Ernst Jorgensen, produtor e diretor do selo FTD, também resolveu prestigiar as canções dos singles I Feel So Bad, Good Luck Charm, Little Sister, His Latest Flame e Anything That´s Part Of You. Foi uma decisão correta e evita que o CD fique cansativo, pois como demonstrado em outros títulos, a repetição de poucas músicas em um CD duplo acaba cansando de certa forma o ouvinte. Ouvindo as canções hoje, tantos anos depois, podemos perceber que não há muito o que debater em termos de qualidade. O disco em si continua ótimo. O único senão é que no CD 2 não houve, pelo menos na minha visão, um trabalho mais consistente de restauração. Mesmo que as fitas masters estivessem um pouco estragadas pela passagem do tempo penso que um trabalho mais criterioso teria deixado os takes ali presentes com uma sonoridade mais qualificada.

De qualquer forma o resgate histórico já tem em si mesmo seu valor. Uma das características mais lembradas de Something For Everybody é a extrema agilidade em que Elvis gravou a maioria das músicas. Em tempos atuais, quando cantores levam meses para finalizar um álbum, Elvis nesse disco demonstrou com rara felicidade que nem sempre a qualidade está desvinculada da agilidade. Ouvindo os takes percebemos como Elvis estava entrosado com a banda, sutis diferenças existem entre os takes alternativos e a versão master provando que todos estavam afiados quando entraram em estúdio. Dessa forma foi apenas uma questão de tempo até que a versão definitiva fosse gravada. Por todas essas razões o FTD Something For Everybody é altamente recomendado aos fãs de Elvis Presley. Captura o cantor em plena atividade e como protagonista dos eventos, algo que não aconteceu em suas trilhas sonoras onde o cantor era mero coadjuvante do ator Elvis, infelizmente.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Flaming Star (1960)

Quando Elvis voltou do serviço militar no começo de 1960 ele trazia na mala não apenas seus pertences pessoais mas também uma idéia fixa que havia desenvolvido enquanto estava na Alemanha. Ao longo dos meses em que passou em serviço militar Elvis acompanhou surpreso o desaparecimento e surgimento de vários cantores e músicos. Aqueles que tinham começado sua trajetória musical ao seu lado na década de 1950 estavam todos passando por enormes dificuldades com as carreiras, que naquela altura estavam praticamente arruinadas. Jerry Lee Lewis, Chuck Berry, Little Richard, todos estavam em baixa no alvorecer da nova década. Ao mesmo tempo novos ídolos juvenis surgiam com uma velocidade espantosa. Fabian, Frankie Avalon e Neil Sedaka, por exemplo, eram novos artistas que tinham surgido do nada e da noite para o dia estavam arrasando nas paradas e nos cinemas. Para Elvis toda essa situação era motivo de grande preocupação pois demonstrava como era efêmera a carreira de um cantor jovem naqueles anos.

Em vista de tudo isso Elvis chegou na conclusão inabalável de que sua única saída para sobreviver como artista quando voltasse aos EUA era se dedicar de corpo e alma ao cinema. Se tornar um ator, acima de tudo. Para Elvis, em suas próprias palavras, "cantores surgem e desaparecem rapidamente, porém se você for um bom ator pode ficar por aí por muitos anos!". Sim, Elvis estava receoso e convencido de que ao voltar para a América sua carreira musical teria apenas mais alguns anos de sobrevida e ele sumiria do mapa, como havia acontecido a todos os demais, a não ser que começasse desde já a virar um ator e dos bons. Infelizmente suas esperanças em desenvolver uma carreira séria como ator de cinema começaram a virar água logo após voltar a Hollywood. "G.I. Blues", seu primeiro filme após o retorno à vida civil, logo se tornou uma enorme frustração para o astro. Priscilla Presley em seu livro relembra o profundo desapontamento de Elvis em relação a esse filme: "Poucas semanas depois Elvis ligou de novo. Seu entusiasmo por G.I. Blues se transformara em amargo desapontamento. Elvis disse: 'Acabei de concluir a droga do filme. Estou detestando. Eles puseram uma dúzia de canções que não valem nada.' — Ele estava furioso — 'Tive uma reunião com o Coronel Parker a respeito. Quero cortar a metade das canções. Sinto-me como um idiota, desatando a cantar no meio de uma conversa com uma garota num trem. (...) O Coronel pediu melhores roteiros. O problema é que se trata do meu primeiro filme depois que voltei e não passa de uma droga." Como se pode perceber pelo relato Elvis simplesmente odiou G.I. Blues porém a despeito de suas ideias sobre o filme esse logo se transformou em um enorme sucesso, tanto em termos de bilheteria como em relação a sua trilha sonora que logo chegaria tranquilamente ao primeiro lugar entre os mais vendidos, mesmo sendo composta de "músicas que não valem nada" como disse Elvis...

De qualquer forma Elvis não se deixou abater e correu atrás de seu sonho de se tornar um ator respeitado em Hollywood. Em razão da promessa que havia feito ao seu cliente, o Coronel Parker logo se colocou à busca de algum roteiro mais consistente e de qualidade, bem ao contrário do enredo ao estilo comédia musical romântica de G.I. Blues. A procura finalmente acabou nos estúdios da 20th Century Fox, a mesma empresa que havia dado a primeira oportunidade a Elvis no cinema em 1956 com o western Love Me Tender. Embora ainda sem título definitivo o roteiro desse novo filme prometia, também era um western, porém com uma visão socialmente correta, envolvendo índios e brancos tentando levar uma convivência pacífica no período pós guerra civil. O projeto havia caído nas mãos de Marlon Brando e Frank Sinatra mas não foi em frente pois Brando detestava o poderoso executivo da Fox, Darryl F. Zanuck. Com Brando fora do projeto, mesmo tendo bastante interesse em um dia fazê-lo por causa de seu tema, a Fox se apressou em oferecer o papel principal a Elvis, pois afinal todos queriam faturar em cima da enorme publicidade que ele tinha logo após retornar a vida civil. Elvis leu o roteiro e gostou muito. Não havia músicas no filme, sem dúvida seria uma grande chance para ele se desenvolver como ator.

Com a aprovação de Elvis o Coronel Parker finalmente fechou o acordo com a Fox para a realização do filme. Os executivos do estúdio porém não estavam contentes justamente com a falta de músicas no roteiro e deixaram claro ao empresário de Elvis que ele deveria cantar no filme, mesmo que os números musicais fossem limitados. Parker também concordava com os chefões da Fox, não havia sentido em fazer um filme com o cantor mais famoso do mundo e não explorar seu talento em uma trilha sonora. Prometeu a eles que conversaria com Elvis e o convenceria a cantar em cena. Elvis ficou muito contrariado ao saber que deveria aparecer no filme cantando, porém como o contrato já estava assinado resolveu abrir mais essa concessão. Assim ficou acertado que a primeira obrigação de Elvis com a Fox seria a gravação da trilha sonora nos estúdios Radio Recorders em agosto daquele mesmo ano.

A trilha sonora - Sempre que Elvis trabalhava na Fox seu grupo musical era educamente colocado de lado pelos executivos do estúdio. Havia sido assim em Love Me Tender e a mesma situação se repetiria em Flaming Star. Scotty Moore, DJ Fontana e os demais sequer foram chamados, ao invés disso o produtor Urban Thielmann resolver escalar um grupo totalmente novo para acompanhar Elvis. Entre as novidades havia o guitarrista Howard Roberts e o baixista Michael "Meyer" Rubin. Da tradicional turma de Elvis em estúdio apenas o pianista Dudley Brooks e os Jordanaires no apoio vocal foram convocados. Elvis chegou ao estúdio com a expectativa de gravar apenas duas canções, que seriam justamente a música tema do filme e mais uma para que fosse apresentada em cena durante o filme. Porém para sua surpresa havia mais de sete canções na pauta! Ele começou os trabalhos com Black Star, depois uma a uma as demais foram sendo gravadas: Summer Kisses, Winter Tears (cortada da trilha e lançada cinco anos depois no disco Elvis For Everyone), Britches (que permaneceria inédita por muitos anos) e A Cane and a High Starched Collar (a escolhida para Elvis cantar durante o filme).

As outras canções da pauta foram ignoradas por Elvis e jamais gravadas. Mesmo assim os trabalhos na trilha não foram definitivos, Elvis ainda retornaria aos estúdios para tentar uma nova versão de Summer Kisses, Winter Tears e em outubro ainda voltaria para gravar Flaming Star, já que o filme havia mudado de nome durante sua produção. Livre da parte musical do filme Elvis então resolveu se dedicar de corpo e alma a sua atuação como ator. Para dirigir o filme a Fox contratou Don Siegel, um diretor ainda considerado de segundo escalão no cinema, proveniente da TV que tinha como maior sucesso no currículo um filme B de ficção científica dos anos 50, que viraria cult ao longo dos anos, Vampiros de Almas. Na realidade ele só se tornaria um grande diretor nos anos que viriam, principalmente após sua parceira vitoriosa ao lado de Clint Eastwood.

Para contracenar com Elvis no filme foram contratadas duas atrizes, uma veterana e uma novata. A novata era Barbara Eden, ex-Miss San Francisco, que tinha como currículo pequenas participações na TV, entre elas uma pequena ponta na popular I Love Lucy e que no cinema só havia estrelado filmes B sem grande importância. Apenas cinco anos depois ela encontraria finalmente o caminho do sucesso ao estrelar a série I Dream of Jeannie (Jeannie é um gênio, no Brasil). A veterana era a mexicana Dolores del Río, cuja carreira de sucesso vinha desde a chamada era de ouro de Hollywood. As filmagens transcorreram sem maiores incidentes com Elvis profundamente empenhado em dar o melhor de si como ator.

A própria Barbara Eden relembra sobre o comportamento profissional do cantor no set: "Elvis tinha uma facilidade muito grande em atuar. Era completamente natural para ele. Em pouco tempo ele se incorporava no papel. Também foi a pessoa com a melhor educação que já conheci, ele tinha boas maneiras, sempre ouvia atentamente o que o diretor Siegel lhe transmitia em termos de instruções na cena, sempre estava aberto a novas sugestões e ao contrário de muitos atores isso não era um problema para ele. Ele não era um astro com um ego monumental, como muitos que encontrei ao longo da minha carreira. Eu sabia que ele queria apenas atuar no filme e não cantar, porém uma música foi encaixada no script e Elvis resolveu não fazer confusão sobre o fato. Ele era muito solícito". O filme foi lançado no final do ano, durante as festas natalinas, e Elvis recebeu boas críticas nos principais órgãos de imprensa, incluindo a prestigiada Variety. Infelizmente o público não respondeu à altura em termos de bilheteria, sendo que no saldo final o filme iria render bem menos do que seu antecessor G.I. Blues.

Para quem esperava um grande sucesso os números finais mostravam apenas uma bilheteria morna, sem grandes atrativos. A RCA Victor também não se empolgou com as músicas gravadas na trilha sonora e resolveu não editar um álbum e nem ao menos um single promocional do filme pois os executivos preferiam apostar em material convencional de estúdio para que os singles de Elvis fossem realmente competitivos nas paradas. Assim em relação ao material gravado para a trilha a RCA resolveu aproveitar apenas a música título Flaming Star e Summer Kisses, Winter Tears que amarradas aos recentes sucessos It´s Now Or Never e Are You Lonesome Tonight? fariam parte do compacto duplo "Elvis by Request". Seguindo o mesmo resultado do filme o lançamento em disco também traria um retorno morno, apenas 14º lugar entre os mais vendidos. De qualquer forma Flaming Star não seria tão facilmente esquecido assim e seu passo rumo a eternidade não viria da indústria do disco e nem do cinema, viria do mundo das artes plásticas. O artista Andy Warhol acabou escolhendo parte do material promocional do filme para criar uma homenagem a Elvis e sua carreira. Suas obras em silk-screen "Double Elvis", "Triple Elvis", e "Elvis 11 Times" acabaram se tornando mais famosos que o próprio filme que lhes deu origem e garantiu a Elvis e sua imagem no filme Flaming Star nada mais, nada menos do que a imortalidade artística.

Elvis Presley - Flaming Star (1960)
Flaming Star
Summer Kisses, Winter Tears
Britches
A Cane and a High Starched Collar
Black Star

Elvis Presley - Flaming Star (1960): Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Howard Roberts / Guitarra: Hilmer J. "Tiny" Timbrell / Baixo : Michael "Meyer" Rubin / Bateria: Bernie Mattinson / Acordeon: James Haskell / Piano: Dudley Brooks / Backup Vocals: The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker / Produzido por Urban Thielmann / Engenheiro: Thorne Nogar / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de Gravação: 08 de agosto de 1960 / Data de Lançamento (Elvis by Request): fevereiro de 1961 / Melhor posição nas charts: # 14 (Billboard)

Escrito por Pablo Aluísio - Março de 2009.